DESPACHO DE JULGAMENTO

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1 DESPACHO DE JULGAMENTO Referência: / Assunto: Recurso interposto por cidadã à CGU, com fundamento no art. 23 do Decreto n o 7.724, de 16 de maio de 2012, contra negativa de acesso. I - RELATÓRIO: Senhor Ministro de Estado Chefe da, 1. Trata o presente Despacho do Julgamento do recurso referente à negativa de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, registrado sob o NUP / formulado em face da Caixa Econômica Federal - CEF, cujo respectivo objeto e trâmite seguem, sistematizados. Objeto Tendo em vista o empreendimento Minha Praia Residencial Club, ter sido enquadrado no Programa Minha Casa Minha Vida, e toda documentação apresentada pela empresa e pela CEF, para o respectivo enquadramento, ser de interesse público, face a empresa e a mutuária terem sidos beneficiados com recursos públicos, através de renuncia fiscais pelos entes federativos e subsídios do Orçamento Geral da União, respectivamente, e a CEF, como Agente fiscal e financeira do PMCMV, concorda que a informação pública pertence ao cidadão e que cabe ao Estado fornecê-la de maneira clara e objetiva, conforme a Lei da Informação. PEDIDO: Solicito vistas a toda documentação apresentada pela construtora e CEF, referente ao processo de enquadramento do empreendimento minha praia residencial club no programa minha casa minha vida, e após avaliação cópia xerox do que for julgado pertinente. Data de abertura do pedido Data da resposta ao pedido 01/02/ /02/2013 Datas das interposiçõ es dos recursos 1ª: 23/02/2013 2ª: 04/03/2013 Datas das respostas aos recursos 1ª: 04/03/2013 2ª: 08/03/2013 Data de abertura do recurso à CGU 08/03/2013 1

2 2. A base da negativa de acesso apresentada pela CEF em sua resposta inicial (20/02/2013) e reiterada em ambas as contraposições aos recursos interpostos pela cidadã é destacada abaixo em excerto daquela resposta primeira: [...] O art. 22 da Lei /2011 prevê que o disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômica pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha qualquer vínculo com o poder público No caso em questão, o financiamento concedido para a Incorporadora/Construtora não envolve recursos diretos do Tesouro Nacional (Orçamento Geral da União) e sim do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS, de modo que não há recursos públicos envolvidos, Dessa forma as operações contratadas com as pessoas jurídicas no Programa Minha Casas Minha Vida Faixas II e III são verdadeiros financiamentos bancários, acobertados, portanto, pela proteção do sigilo bancário, [...] 3. A insatisfação da requerente à negativa a conduz a alterar o objeto do pedido, na forma do recurso em primeira instância (23/02/2013), a saber: [...] o documento que a requerente quer ter acesso é a PLANILHA DE CUSTO DO EMPREENDIMENTO MINHA PRAIA RESIDENCIAL CLUB, uma vez que o referido documento ser de interesse comum de todos os proprietários das unidades do empreendimento, pois será através do mesmo que poderá ser verificado se a construtora não estará cobrando valores em duplicidade, como por exemplo: taxa de comercialização, ligação de água, luz, telefone, gás etc..., e que o mesmo não pode estar arrolado no grau de sigilo bancário. 4. Diante do recurso acrescenta a CEF, em 04/03/2013, para justificar a negativa que [...] trata-se de financiamento concedido com recursos oriundos de um fundo privado FGTS administrado pela CAIXA. 5. O recurso interposto em 04/03/2013, em face das negativas, faz nova alteração do objeto do pedido ao solicitar [...] a planilha de formação de custo proporcional a unidade, edifício bloco, minha praia, de minha propriedade. 6. De forma a obter informações complementares sobre o andamento do pedido, a CGU acionou o Serviço de Informação ao Cidadão da CEF por via eletrônica e telefônica em 17/05/2013. Questionou a CGU acerca da existência de desdobramentos e do estágio em que se encontrava o pedido referido e das razões da negativa. A CEF apresenta resposta em 11/06/2013 em que reitera as alegações quanto ao sigilo bancário e reporta não ter havido qualquer desdobramento ou contato posterior com a requerente. Oportunamente, acrescenta a CEF o que segue: A CAIXA não dispõe de uma planilha de custos proporcional a cada unidade do empreendimento. Desta forma, a divulgação dos dados pertinentes a uma unidade individualizada exigiria trabalho que não é de competência desta empresa pública, 2

3 enquadrando-se na hipótese do art. 13, III, do Decreto nº 7.724/2012. Adicionalmente, sugerimos que a recorrente seja orientada a procurar a Construtora e discutir com ela qualquer possível violação de seu contrato, tal como uma eventual cobrança de valores em duplicidade. 7. É o relatório. II - ANÁLISE: 8. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva, no dia 08 de março de 2013, dado que a decisão do Recurso de 2ª Instância foi expedida em 08 de março de O Recurso foi recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2012, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012, in verbis: Lei nº /2012 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 9. O pedido em sua origem pode ser enquadrado como genérico, na forma do inciso I do art. 13 do Decreto nº 7.724/2012, no momento em que a requerente solicita toda documentação apresentada pela construtora à CEF. O fato, por si só, eximiria a CEF de atender ao solicitado. Entretanto, o dispositivo não foi utilizado pela Empresa Pública, optando ela por alegar razões de sigilo bancário. Por se tratar de operação de instituição financeira, é possível entender que em meio aos documentos referidos haja conteúdo protegido por sigilo de que trata a Lei Complementar nº 105/

4 10. Ocorre que a negativa por sigilo não é absoluta, uma vez que o mesmo Decreto nº 7.724/2012, em seu art. 33, assegura o acesso às partes não classificadas de documentos protegidos por sigilo. O presente processo não alcançou o referido estágio, devido a não especificidade do pedido original. 11. A especificação surge ao desenrolar do processo após as sucessivas negativas por parte da CEF. Nesse particular, a requerente altera deliberadamente o objeto do pedido em duas oportunidades. Entende a CGU, por interpretação ao amparo da Lei de Acesso à Informação, que a alteração do objeto implica novo pedido, devendo este seguir os trâmites regulares previstos no e-sic. 12. Ademais, é importante notar, a demanda da requerente volta-se muito mais para um terceiro ente, é dizer, a construtora responsável pela edificação do seu imóvel. Para a construtora a requerente é encaminhada pela CEF em sua última resposta após contato da CGU. Com isso não se está excluindo as responsabilidades do ente público no processo, mas apenas enquadrando a demanda conforme as suas especificidades. 13. Oportuno ainda se faz recorrer às respostas da CEF quanto ao seu posicionamento em relação ao FGTS. O ente público classifica o referido Fundo como de natureza privada. Ocorre que esse entendimento não é pacífico, havendo decisão judicial ao contrário como a que vai destacada a seguir. TRF 1ª Região. APELAÇÃO CÍVEL Nº /BA, Desembargadora Federal SELENE MARIA DE ALMEIDA. [...] O FGTS, ainda que seja patrimônio do trabalhador, não é somente dele; há interesses indisponíveis norteadores da própria existência do Fundo, como oferecer respaldo ao Sistema Financeiro de Habitação, fazendo-o assumir, nessa medida, caráter de patrimônio público. Esta é a razão, inclusive, que justifica a competência da União e da Caixa Econômica Federal na sua fiscalização e arrecadação, ainda que contra a vontade do titular da conta. Trata-se, portanto, de um fundo de natureza pública, submetido às regras legais e constitucionais regentes da matéria, o que afasta a sua livre disponibilidade pelo trabalhador. [...] 14. Em resumo: 1) O pedido original abrange conteúdo genérico que, por abrangência, engloba documentos protegidos por sigilo de que trata a Lei 4

5 Complementar nº 105/2001 (parágrafos 1 e 9); 2) Houve mudanças de objeto ao longo do processo, fatos que implicam pedidos novos sujeitos a novos registros no e-sic (parágrafos 3, 5 e 11). III - CONCLUSÃO: 15. Diante do exposto, opina-se pelo conhecimento do recurso, porque interposto tempestivamente, e pelo seu DESPROVIMENTO tendo em vista as questões de generalidade, sigilo e mudança de objeto. 5

6 Folha de Assinaturas Documento: DESPACHO nº 5187 de 08/07/2013 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Despacho Parecer a recurso de 3ª instância Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral Assinado Digitalmente em 08/07/2013 Relação de Despachos: Encaminhe-se ao Exmo. Sr. Ministro Chefe desta, Dr. Jorge Hage Sobrinho, a fim de subsidiar e, acolhendo-se o presente Despacho, atribuir fundamento a sua decisão. JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral Assinado Digitalmente em 08/07/2013 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: 801f77d9_8d04a19ccef2b2b