Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER

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1 Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER Referência: / Assunto: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recorrente: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Não há restrição de acesso Cidadão questiona o exame da ENADE como nota das matérias do curso. Queixa de Faculdade por adotar essa prática e solicita fiscalização pelos órgãos de controle para coibir essa prática nas instituições de ensino Interesse público Pedido fora do escopo da LAI Acata-se a argumentação do recorrido Não conhecimento - Esclarecimentos adicionais. Necessidade de interlocução. INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira/Ministério da Educação MEC. M.R.D.J. Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Data Teor Pedido 11/12/201 O cidadão informa que As universidades têm utilizado do artifício de obrigar aos alunos formandos (último semestre do curso) a fazerem a prova do ENADE como se fosse as provas das matérias ministradas no semestre, ou seja, a nota que tirarem no exame do ENADE vale para TODAS as matérias cursadas naquele semestre. Trocando assim, a prova individualizada de cada matéria por uma única - a do ENA- DE. Entendo que esta é uma atitude antiética e deselegante, forçando os alunos a se empenharam no exame do ENADE para que a faculdade eleve seu conceito junto aos órgãos governamentais. Cidadão registra queixa contra a Faculdade UNIMONTE de Santos/SP, informando que seu filho está no último semestre do curso de Engenharia e que foi obrigado a fazer o ENADE como prova das cadeiras deste semestre. O requerente faz 21

2 Resposta Inicial 16/12/201 Recurso à 16/12/201 Autoridade Superior Resposta do Recurso 22/12/201 à Autoridade Superior Recurso à 23/12/201 Autoridade Máxima Resposta do Recurso 29/12/201 à Autoridade Máxima Recurso à CGU 30/12/201 uma análise dessa prática, achando que pode até ser bom, no entanto, vai depender da nota que o aluno alcance no exame. O cidadão solicita que os órgãos de controle fiscalizem as faculdades, no sentido de coibi-las de fazerem dessa prática, um artifício para elevarem seu próprio conceito. O órgão agradece a informação relatada e, considera a importância da situação. Nesse sentido, o recorrido solicita que o recorrente envie à enade@inep.gov.br para os devidos encaminhamentos. O recorrente considera que órgão foi incompetente para análise da demanda e, relata que, diante da questão ora formulada, o próprio órgão poderia ter sanado o atendimento, o que não preferiu fazê-lo, sugerindo que o recorrente formulasse um ao setor competente para obter os devidos encaminhamentos do pleito. Diante da situação, o cidadão resolveu não acatar a sugestão de reencaminhar a demanda, haja vista, já ter encaminhado o pedido à inicial e, sendo assim, o recorrente irá aguardar que o órgão dê resposta ao objeto da demanda à inicial, conforme protocolo. O INEP ressaltou os incisos do artigo 7º da Lei de Acesso à Informação, Lei nº /2011, que disciplina o acesso à informação e o direito de obter as informações demandadas. O INEP reiterou que o cidadão deverá enviar para enade@inep.gov.br para que os devidos encaminhamentos sejam realizados pelo setor competente. O cidadão declara que o órgão que promoveu a análise - DAES - indeferiu o recurso apresentado sob o argumento de que a Lei /2011 limita sua atuação a um simples órgão de orientação sobre procedimentos, ou seja, não serve para mais nada salvo orientar, sem poder discricionário para agir em prol do bom andamento do serviço público. Se criaram um órgão somente para orientar sem poder para dar seguimento à uma demanda ele, de fato, não serve para nada... é um gasto sem objetivo. Deveriam sim alterar esta lei para dar uma autonomia maior ao órgão para que possa dar sequência efetiva às demandas. Diante do exposto, o cidadão ratificou o seu pedido, objeto do recurso, solicitando o efetivo encaminhamento da demanda pelo órgão que fez a análise e se julgou incompetente. O recorrido reitera os entendimentos da Diretoria de Avaliação da Educação Superior (DAES) do INEP, quanto ao envio da solicitação por meio de , conforme já exarados nas respostas encaminhadas em sede de recursos de 1ª instância e 2ª instância. O cidadão considerou a informação incompleta, conforme consta da demanda primitiva, na qual apresentou uma situação que, em 1ª instância, o setor se julgou incompetente e, 22

3 Informações Adicionais e Negociações 30/01/201 5 sugeriu que o prosseguimento fosse encaminhado por meio de . Nesse sentido, para obter êxito na demanda e, sobretudo, dar prosseguimento à demanda, o recorrente continuou com os recursos subsequentes e narrou que: Não é crível que um órgão público não tenha competência para dar sequência a uma demanda internamente, precisando o demandante entrar com outra demanda em outro órgão que, em tese, seria o órgão competente para análise. Ambos os recursos foram indeferidos com base em uma lei que, diga-se de passagem, é burra, e, em prevalecendo, simplesmente mostra a incompetência dos órgãos públicos em receber uma demanda e envidar todos os esforços para dar solução ao problema apresentado, para o bem da comunidade e da visão que se tem dos órgáos públicos. O cidadão então apresenta novo recurso, enfatizando: Para que uma demanda (qualquer que seja ela) seja analisada e dado seguimento internamente independente de apresentação de novas demandas pelo demandante para qualquer outro órgão que seja. Não pode um entrave tão ridículo, ter o cunho de travar a análise de uma denúncia. Os órgãos públicos precisam ser moralizados para se retirar o "tapa olho" - que impede a visão lateral, e parar com aquele entendimento enraizado de que só faz o que for de sua alçada, tolhendo o bom andamento da administração pública; não estou pedindo para que um setor invada a competência do outro, mas no mínimo, encaminhe para o setor competente aquilo que não for de sua alçada. Foram recebidos os esclarecimentos adicionais ora solicitados. O INEP informa ao cidadão por meio de , que por considerar a demanda não um pedido de informação e sim uma denúncia, encaminhou suas queixas ao setor, o qual dará prosseguimento aos questionamentos apresentados. É o relatório. Análise 2. Registre-se que o Recurso foi apresentado perante à CGU de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 772/2012, in verbis: Lei nº /2012 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade 23

4 hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 772/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n.º 7.72/2012, observa-se que consta da resposta que a autoridade que proferiu a decisão, em primeira instância, era a hierarquicamente superior à que adotou a decisão, assim como também consta que a autoridade que proferiu a decisão de provimento, em segunda instância, foi o dirigente máximo do órgão/entidade.. Quanto à análise do caso, observa-se que a questão central do pedido é uma queixa do cidadão contra a Faculdade UNIMONTE de Santos/SP, na qual informa que seu filho está no último semestre do curso de Engenharia e que foi obrigado a fazer o exame do ENADE como prova das cadeiras do semestre. O Requerente faz uma análise dessa prática e, requer que os órgãos fiscalizadores controlem as Faculdades, no sentido de coibi-las de fazerem dessa prática, um artifício para elevarem seu próprio conceito junto aos órgãos governamentais. 5. É indispensável delimitar, desde já, o âmbito de aplicação da Lei /11, base do presente procedimento administrativo e que regulamenta essencialmente o inciso XXXIII do art. 5 o da Constituição da República com o objetivo de garantir o acesso à informação. No entanto, a própria Lei de Acesso à Informação LAI - fixa os limites de seu escopo: orientação sobre procedimentos para consecução de acesso, bem como sobre o local, onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada, nos termos do inciso I do art. 7º. Nesse sentido, o INEP orienta que o recorrente envie para enade@inep.gov.br, no intuito de fazer as devidas considerações e solicitar os devidos encaminhamentos. 6. Sob esse prisma e, visando exemplificar o direito de acesso à informação legalmente protegido, o art. 7 o da Lei de Acesso à Informação estabelece que: Art. 7 o O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou obtida a informação almejada; 2

5 II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado; IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada; V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e entidades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; VI - informação pertinente à administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitação, contratos administrativos; e VII - informação relativa: a) à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem como metas e indicadores propostos; b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. 7. A Lei de Acesso à Informação também dispõe que, É dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse público coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas, nos termos do caput do art. 8º. 8. Registra-se que o INEP poderia ter evitado os reiterados recursos do recorrente. Considerando que, após interlocução realizada por esta Controladoria, em 27/01/2015, registra-se que o INEP, deu tratamento adequado à demanda frente ao recurso apresentado e, prestou esclarecimentos por meio de enviado ao cidadão em 30/01/2015 com nota explicativa. Considerou a solicitação não um pedido de informação e sim uma denúncia. Nesse sentido, enviou a denúncia para Instituição de Ensino Superior Faculdade UNIMONTE de Santos/SP, a qual deverá esclarecer os questionamentos apresentados à Diretoria de Avaliação da Educação Superior DAES, quanto às provas do ENADE, conforme relato do cidadão. Após receber as considerações apresentadas pela IES, o INEP enviará os documentos à Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior - SE- RES/MEC, unidade responsável pela regulação e supervisão de IES públicas e privadas, pertencentes ao Sistema Federal de Educação Superior. 9. O INEP também ressalta a observância às Súmulas aprovadas pela Comissão Mista de Reavaliação de Informações CMRI, Súmula CMRI nº 1/2015, a qual dispõe que: Caso exista canal ou procedimento específico efetivo para obtenção da informação solicitada, o órgão ou a entidade deve orientar o interessado a buscar a informação por intermédio desse canal ou 25

6 procedimento, indicando os prazos e as condições para sua utilização, sendo o pedido considerado atendido. 10. Ressalta-se que o órgão fortaleceu a sua própria imagem e satisfez a necessidade do cidadão, em atenção ao seu pedido à inicial, quando nessa situação desempenhou seu papel de mediador de intercorrências, em obediência aos princípios da administração pública e aos critérios de transparência. Nesse sentido, promove a democratização do acesso às informações e que, na gestão da documentação governamental, poderá franquear sua consulta aos que dela necessitarem. 11. Observa-se que, em todas as instâncias, foi indicado o procedimento específico efetivo para obtenção e atendimento da demanda, então, considera-se satisfativa a resposta que o indique. A justificativa está presente na Súmula 1/2015 CMRI. Portanto, presume-se que as orientações foram prestadas no pedido à inicial, haja vista que o INEP orientou o cidadão que enviasse ao setor responsável para dirimir as dúvidas e satisfazer seus questionamentos, ou seja, indicou o canal específico para o efetivo atendimento do pleito de modo adequado e atendeu aos preceitos estabelecidos na LAI. 12. Dessa forma, fica evidente que a LAI não ampara formulações de consultas, reclamações e denúncias; pedidos de providências para a Administração Pública Federal; discussões acerca de temas de fundo das respostas prestadas e, tampouco, solicitações de indenizações, devendo tal expediente ser utilizado tão-somente para pleitear acesso às informações. 13. No caso concreto, verifica-se que o recorrente não solicita acesso à informação, de modo que o pedido não encontra amparo na LAI, portanto, fora do escopo. Sendo o e-sic, o canal inadequado para tratamento do mesmo. Conclusão 1. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do recurso, uma vez que, não se trata de um pedido de acesso à informação. Além disso, consta-se que o órgão recorrido indicou adequadamente o procedimento específico para encaminhamento da demanda. DARILENE PEREIRA DE OLIVEIRA ROMERO Analista Administradora 26

7 D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para decidir pelo não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no âmbito do pedido de informação nº /201-95, direcionado ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP/Ministério da Educação MEC. LUIS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 27

8 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 201 de 0/02/2015 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Signatário(s): GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 0/02/2015 Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 0/02/2015 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: e83a3a0_8d20eb2b2da0ff