CGU Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação

Transcrição

1 Controladoria-Geral da União OGU Ouvidoria-Geral da União Coordenação-Geral de Recursos de Acesso à Informação PARECER Referência: /-08 Assunto: Providências: Restrição de acesso: Ementa: Órgão ou entidade recorrido (a): Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Encaminhamento para a Corregedoria-Geral da União Sem restrição. Recorrente: T. A. S. R. Ofícios interesse pessoal informação já disponibilizada - não conhecimento recomendações. Universidade Federal do Ceará - UFC Senhor Ouvidor-Geral da União, 1. O presente parecer trata de solicitação de acesso à informação com base na Lei nº /2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado: RELATÓRIO Ação Data Teor Movo processo, tendo como requerida a FGF, devido a demora na entrega de diploma de graduação. Pedido Resposta Inicial Recurso à Autoridade Superior Resposta do Recurso à Autoridade Superior Recurso à Autoridade Máxima 22/09/ 23/10/ 23/10/ 28/10/ 28/10/ Foram arrolados aos autos, pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza, 02 ofícios, D.G 01/2014 e D.G 04/2014, ambos sem protocolo da UFC e ambos não estão recibados. Solicito a verificação de ambos os ofícios, atestando/declarando sua autenticidade. Sic Prezado Senhor, Em resposta a sua solicitação a Universidade Federal do Ceará informa que os ofícios citados referem-se ao encaminhamento de diplomas da FGF para registro de diplomas, e declara a autenticidade dos mesmos. Os mesmos diplomas foram encaminhados duas vezes à UFC? Por gentileza anexar cópia dos ofícios protocolados e declarar a autenticidade em ofício. Prezado Senhor, Em resposta ao seu recurso a Assessora de Legislação e Ensino em exercício nos respondeu o seguinte: "Com relação à manifestação de T. A. S. R., informamos que: o diploma referido já foi devidamente registrado na UFC, desde 10 de setembro de. Os pedidos relativos ao registro deste documento perdem, portanto, o objeto". A solicitação não se refere ao registro do diploma, refere-se a dois ofícios enviados à UFC.

2 Resposta do Recurso à Autoridade Máxima Recurso à Reitero que apenas solicito cópia dos ofícios protocolados e sua autenticidade já que os mesmos foram devidamente protocolados na UFC, conforme resposta do SIC UFC Não houve resposta registrada no e-sic. 04/11/2 015 Recorrente retoma o pedido inicial e alega que: por algum motivo, a UFC não respondeu o recurso, expirado no dia Ressalto, que a IES promovida, apresentou em apresentou em Juízo, contestação informando que somente o ofício DG 04/2014 foi enviado a UFC. Desta forma, ocorreu algum equívoco, pois a UFC constatou que os ofícios DG 01/2014 e DG 04/2014 são autênticos, com o mesmo teor, e a faculdade promovida informou que apenas enviou o ofício DG 04/2014. Diante dos fatos, solicito, por impresso, em ofício, cópias do ofícios DG 01/2014 e DG 04/2014 protocolados e/ou recibados pela UFC. Saliento que não estou ajuizando ação contra a UFC, e sim contra a FGF, devido me enganar, como fez com outros alunos, prejudicando minha carreira profissional e pessoal. - Sic Recorrente anexa ainda contestação da UFC juntada ao processo judicial. É o relatório. Análise 2. Registre-se que o recurso foi apresentado perante a de forma tempestiva e recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2011, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7.724/2012: Lei nº /2011 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7.724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 3. Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto nº 7.724/2012, observa-se que não consta da resposta em primeira instância que a autoridade que proferiu a decisão era hierarquicamente superior à que adotou a decisão inicial; também não há registro no e-sic da decisão em segunda instância. 2

3 Ademais, a instituição não cumpriu a exigência prevista no inciso II do art. 19 do Decreto nº 7.724/2012, não informando a possibilidade e prazo de recurso, com indicação da autoridade que o apreciará em todas as suas respostas. Tais informações são importantes para o exercício do direito de recurso contra negativa de acesso à informação. 4. No mérito, o cidadão deseja obter confirmação de autenticidade de dois ofícios juntados pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza FGF nos autos do processo judicial que tramita no Juizado Especial Cível e Criminal de Fortaleza/CE. Os ofícios foram expedidos pela FGF e dirigidos à Universidade Federal do Ceará. 5. Reconhece-se o direito do cidadão de receber do Estado informações autênticas, conforme prescrito no art. 6 o da Lei /11: Nesse sentido, acrescente-se que: Art. 6 o Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observadas as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a: (...) II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade, autenticidade e integridade; - Destaque nosso. Informação autêntica é aquela que é verdadeira, ou seja, que corresponde à realidade, cabendo ao Estado, por meio de seus agentes, o ônus de garantir que a informação oficial é genuína e correta, conforme previsto no inciso IV do art. 7º da Lei de Acesso à Informação. (...) a autenticidade depende de circunstâncias formais e materiais ligadas ao momento da produção da informação e à sua forma de preservação. CUNHA FILHO & XAVIER, 2014, p. 145 In: Lei de Acesso à Informação: teoria e prática. 6. Todavia, a instituição pública em tese já confirmou a autenticidade dos ofícios, nos seguintes termos: Em resposta a sua solicitação a Universidade Federal do Ceará informa que os ofícios citados referem-se ao encaminhamento de diplomas da FGF para registro de diplomas, e declara a autenticidade dos mesmos. Destaque nosso. 7. Inconformado com a resposta supra citada, o cidadão demandou a esta Controladoria em grau de recurso a disponibilização dos ofícios com respectivos recibos ou protocolo, a fim de se obter prova da autenticidade dos documentos: solicito, por impresso, em ofício, cópias do ofícios DG 01/2014 e DG 04/2014 protocolados e/ou recibados pela UFC. 3

4 8. Considerando que o pedido inicial do cidadão era de confirmação da autenticidade documental, o pedido recursal no caso é medida desnecessária, pois as informações prestadas no e- SIC são presumidamente válidas. Nesse sentido, Hely Lopes Meirelles (2013) aduz que: os atos administrativos, qualquer que seja sua categoria ou espécie, nascem com presunção de legitimidade, independentemente da norma legal que a estabeleça. Essa presunção decorre do princípio da legalidade da Administração, que, nos Estados de Direito, informa toda a atuação governamental. No mesmo sentido, acrescente-se: Especificamente quanto ao deferimento do acesso à informação, lembramos que, ao disponibilizar a informação, pressupõe-se a sua autenticidade e integralidade, uma vez que é dever do Estado assegurar essas qualidades nas respostas ao cidadão. Ademais, essa presunção relativa (iuris tantum) decorre do princípio da presunção de legitimidade e de veracidade dos atos públicos. Enfim, o cidadão pode até questionar a verdade da informação, mas para tanto deverá demonstrar a existência da falsidade. CUNHA FILHO & XAVIER, 2014, p. 177 In: Lei de Acesso à Informação: teoria e prática. 9. Citem-se também os seguintes precedentes da : importa novamente ressaltar que as informações prestadas via e-sic são informações oficiais e possuem validade jurídica. (...) As informações postadas no e-sic gozam de fé pública e presumem-se verdadeiras. (...) deve-se ficar claro para o requerente que as respostas enviadas por meio do sistema E-Sic aos pedidos de acesso à informação são respostas oficiais dos órgãos/entidades do Poder Público - NUP / Não cabe à, como terceira instância recursal, verificar se as informações prestadas pela agência são verdadeiras ou falsas. Cabe a essa Controladoria averiguar se a informação requerida foi entregue ao cidadão. A veracidade e a validade da informação prestada estão sob o manto da fé pública e gozam de presunção de veracidade. NUP / Entendemos que, uma vez disponibilizada a informação pelo canal e-sic, não cabe questionamentos quando à origem, o que reputaria ao sistema inconfiabilidade não condizente com os ditames da Administração Pública. O sistema está homologado, conquanto firme também é a doutrina Pátria que entende não ser obrigação da Administração que editou tal ato provar sua validade, qual seja o pressuposto de legitimidade atribuída à resposta via sistema eletrônico. Esse encargo cabe a quem afirma existir defeito no ato. - NUP / Constatou-se, ainda, que o cidadão alterou o seu pedido inicial no curso deste processo administrativo, demandando não mais a confirmação de autenticidade, mas cópia de documentos que efetivamente já possui para aparentemente confirmar a autenticidade já declarada pela UFC. 4

5 11. Ainda assim, com foco na qualidade da prestação de serviço ao cidadão, esta Controladoria tem indicado como boa prática o atendimento de inovações pelos recorridos, caso não haja prejuízo para o Estado, conforme previsto na Súmula 02/ da Comissão Mista de Reavaliação de Informações: É facultado ao órgão ou entidade demandado conhecer parcela do recurso que contenha matéria estranha: i) ao objeto do pedido inicial ou; ii) ao objeto do recurso que tiver sido conhecido por instância anterior - devendo o órgão ou entidade, sempre que não conheça a matéria estranha, indicar ao interessado a necessidade de formulação de novo pedido para apreciação da matéria pelas instâncias administrativas iniciais. Considerando-se tratarem de dois ofícios reconhecidamente públicos, a entrou em contato com a UFC a fim de conseguir para o cidadão cópia dos documentos. Entretanto, conforme mensagem abaixo transcrita enviada ao recorrente em 16/11/, os mesmos não foram localizados: Prezado Senhor, De ordem da Pró-reitora adjunta da Pró-Reitoria de Graduação, informamos que não foram localizados no setor responsável, até a presente data, os ofícios solicitados. Reiteramos, com relação ao solicitante (...), que o devido registro do diploma, na UFC, já foi realizado em 10 de setembro de. Atenciosamente, SIC UFC Destaque nosso. 12. Considerando os precedentes de NUPs / e / da, neste caso não é possível o atendimento do pedido da informação não localizada, conforme trecho extraído da primeira decisão: Não tendo evocado o sigilo das informações, o Comando do Exército simplesmente esclareceu que não localizou em seus arquivos os documentos requeridos e quanto a isso não há como esta instância apresentar contestação. Destaque nosso. Nos autos deste processo administrativo que visa a disponibilização de informações, não é admissível avaliar a responsabilidade por eventual negativa de acesso à informação, haja vista a inexistência de contraditório e ampla defesa. 5

6 13. A despeito disso, em razão da não localização dos documentos públicos, sugere-se o encaminhamento de memorando à Corregedoria-Geral da União a fim de avaliar a possibilidade de apuração de responsabilidade. Conclusão 14. De todo o exposto, opina-se pelo não conhecimento do presente recurso, uma vez que não houve negativa de acesso à informação inicialmente solicitada. 15. Por fim, observamos que o recorrido descumpriu procedimentos básicos da Lei de Acesso à Informação. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente rever os fluxos internos. Em especial, recomenda-se: - Não se omitir nas respostas ao pedido e aos recursos de acesso à informação; - Cumprimento do previsto no inciso II do art. 19 do Decreto nº 7.724/2012; - Garantir que a autoridade responsável por julgar o recurso em primeira instância seja diferente e hierarquicamente superior àquela que adotou a decisão inicial. VÍTOR CÉSAR SILVA XAVIER Analista de Finanças e Controle D E C I S Ã O No exercício das atribuições a mim conferidas pela Portaria n da Controladoria-Geral da União, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o 6

7 parecer acima, para decidir pela não conhecimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do Decreto nº 7.724/2012, no âmbito do pedido de informação nº /-08, direcionado à Universidade Federal do Ceará UFC. Encaminhe-se cópia do parecer aprovado neste ato à Corregedoria-Geral da União, a fim de apurar eventual responsabilidade pelos fatos descritos no mesmo. LUIS HENRIQUE FANAN Ouvidor-Geral da União 7

8 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: PARECER nº 4067 de 25/11/ Referência: PROCESSO nº /-08 Assunto: Parecer LAI Signatário(s): VITOR CESAR SILVA XAVIER ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE Assinado Digitalmente em 23/11/ GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 25/11/ Relação de Despachos: aprovo. GILBERTO WALLER JUNIOR Ouvidor Assinado Digitalmente em 25/11/ Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: fbaa8aeb_8d2f5c596a91052