PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União DESPACHO

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1 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União DESPACHO Referência: / Assunto: Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação requerido ao Banco do Brasil,. Senhor Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da União, 1. O presente Despacho trata de solicitação de acesso à informação pública, com base na Lei nº /2011 (Lei de Acesso à Informação LAI), formulada, registrado sob o NUP / , com data de abertura no sistema e-sic em 27/02/2013, o qual requereu ao Banco do Brasil o que se segue: Gostaria de saber se existe alguma legislação que permita o banco após a liberação/compensação de cheque depositado, efetuar novamente o bloqueio do referido valor. O que ocorreu: Depositei um cheque em minha conta corrente no valor de, após o prazo de compensação o banco efetuou o desbloqueio do valor e o mesmo ficou disponivel na minha conta. um dia após a liberação do valor, eles bloquearam novamente, informando que o cheque foi devolvido sem fundos. Essa atitude do banco possue amparo legal? o banco pode bloquear o valor mesmo após a liberação? Vejam no anexo dia 18/02/2013 o valor foi liberado e no dia 19/02/2013 o valor foi bloqueado.

2 2. Em 28/02/13, o Serviço de Informação ao Cidadão do Banco do Brasil SICBB, respondeu ao requerente informando que: Em atenção a sua solicitação, esclarecemos que informações referentes a relações negociais e relações de consumo de produtos e serviços bancários, não estão no âmbito da Lei de cesso à Informação. Para atendimento desses casos o Banco do Brasil disponibiliza, além de suas agências de relacionamento, canais mais adequados, como: Central de Atendimento BB CABB Canal de negócios para transações bancárias: - Saldo e Extrato; - Pagamentos; - Resgates; - Transferências; - Demais transações bancárias; - Elogio; e - Sugestão Telefones: / Serviço de Apoio ao Consumidor SAC Canal de informações sobre procedimentos de atendimentos ou dúvidas relacionadas a problemas na relação de consumo. Funciona 24 horas, 7 dias por semana e se destina aos seguintes assuntos: - Informação; - Denúncia; - Dúvida; - Reclamação; - Suspensão ou cancelamento de contratos e serviços disponibilizados por telefone. Telefones: / Deficientes Auditivos ou de fala: Ouvidoria* Canal responsável por dar tratamento adequado às reclamações dos clientes e usuários de produtos e serviços, que não forem solucionadas pelos canais habituais de atendimento aos clientes. Telefone: / Deficientes Auditivos ou de fala: * Resolução 3.849, de 25/03/2010 do Conselho Monetário Nacional Art. 2º Constituem atribuições da ouvidoria:

3 I - receber, registrar, instruir, analisar e dar tratamento formal e adequado às reclamações dos clientes e usuários de produtos e serviços das instituições referidas no caput do art. 1º que não forem solucionadas pelo atendimento habitual realizado por suas agências e quaisquer outros pontos de atendimento. 3. Na data de 02/03/13, o requerente interpôs recurso em sede de 1ª instância, argumentando que: Estou solicitando a informação referente a legislação!!! demonstrei um exemplo prático na pergunta. Estou simplesmente solicitando qual legislação permite ao Banco do Brasil efetuar aquele tipo de transação. todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. EM QUE CASOS O SERVIDOR PODE SER RESPONSABILIZADO? O servidor público é passível de responsabilização quando: - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos da Lei de Acesso a Informações, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conhecimento em razão do exercício das atribuições de cargo, emprego ou função pública; - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso à informação; - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal; - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou por outrem; - ocultar da revisão de autoridade superior competente informação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo de terceiros; e - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos concernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de agentes do Estado. Contudo, a nova lei estabelece um procedimento importante: nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal ou administrativamente por dar ciência, a quem de direito, de informação concernente à prática de crimes ou improbidade. 4. A requerida respondeu ao recurso, na data de 04/03/13, considerando indeferido o pedido de informações do cidadão, argumentando que: A legislação re (sic) regulamentação da atividade bancária estão disponíveis nos sítios:

4 Não cabe ao SIC, no âmbito da Lei de Acesso à Informação, manifestar-se sobre fato em tese e nem efetuar buscas e pesquisas em base de informações que não é produzida ou custodiada pelo Banco, devendo o cidadão indicar clara e precisamente a informação desejada ao custodiante ou ao órgão que a produziu. Considerando ainda que a solicitação de V.Sa. está claramente relacionada à prestação do serviço bancário, ratificamos a informação de que, nos termos da Resolução 3849/2010 do Banco Central do Brasil, no âmbito das instituições financeiras, cabe à Ouvidoria "receber, registrar, instruir, analisar e dar tratamento formal e adequado às reclamações dos clientes e usuários de produtos e serviços das instituições referidas no caput do art. 1º que não forem solucionadas pelo atendimento habitual realizado por suas agências e quaisquer outros pontos de atendimento. 5. Em 05/03/13, inconformado com a resposta, o suplicante interpôs novo recurso, já em sede de 2ª Instância, sem acrescer novas argumentações. 6. Apreciando a solicitação de recurso, a requerida respondeu ao suplicante, em 11/03/13, citando o estabelecido no inciso XXXIII do artigo 5º da Constituição Federal. 7. A requerida ainda cita o artigo 10 da LAI, procurando demonstrar que o acesso à informação prestigiado pelo diploma legal está afeto ao interesse público. Argumenta, em favor de sua decisão denegatória que a LAI, em seu parágrafo único, artigo 2º, estabelece que a publicidade à qual se sujeita, cerca apenas a parcela dos recursos públicos recebidos. 8. Prosseguindo sua argumentação, a empresa informa... que não cabe ao BB, no âmbito da Lei de Acesso a Informação, por meio do SIC, manifestar-se em tese sobre fato ocorrido, se foram cumpridos ou não os procedimentos, normas ou leis vigentes, nem mesmo avaliar ou interpretar ocorrências, decisões ou procedimentos. 9. Por fim, o BB justifica que sugeriu ao requerente utilizar o canal da Ouvidoria, como segue:... a resposta ao pedido inicial e a resposta ao recurso em 1ª Instância informaram que o Banco Central do Brasil, conforme previsto na Resolução 3.849, de 25/03/2010, em seu artigo 2º estabeleceu: Art. 2º Constituem atribuições de ouvidoria (...) I receber, registrar, instruir, analisar e dar tratamento formal e adequado às reclamações dos clientes e usuários de produtos e serviços das instituições referidas no caput do art. 1º que não forem solucionadas pelo atendimento habitual realizado por suas agências e quaisquer outros pontos de atendimento; II prestar os esclarecimentos necessários e dar ciência aos reclamantes acerca do andamento de suas demandas e das providências adotadas; III informar aos reclamantes o prazo previsto para resposta final, o qual não pode ultrapassar quinze dias, contados da data da protocolização da ocorrência; IV encaminhar resposta conclusiva para a demanda dos reclamantes até o prazo informado no inciso III; V propor ao conselho de administração ou, na sua ausência, à diretoria da instituição medidas corretivas ou de aprimoramento de procedimentos e rotinas, em decorrência da análise das reclamações recebidas; (...).

5 10. Inconformado com a decisão denegatória, na data de 11/03/13, o recorrente interpôs recurso a esta Controladoria, informando que não recebeu a informação solicitada e acrescentando os seguintes termos: O banco do Brasil se recusa a prestar informações com relação a legislações aplicadas, solicito que as CGU cobre do Banco do Brasil, qual legislação permite o tipo de transação que iniciou essa solicitação. Não estou entendendo essa negativa do Banco do Brasil em informar uma simples legislação??? Se é um procedimento legal, qual o problema de informar uma legislação que é aplicada diariamente??? Estou achando que não existe amparo legal para alguns procedimentos praticados pelo Banco do Brasil como o caso em tela. 11. Em face dos fatos apresentados, a Controladoria Geral da União buscou maiores esclarecimentos junto à entidade por meio de contato pessoal na data de 03/05/13. Em 13/05/13, o SIC do Banco do Brasil encaminhou resposta via Inicialmente questionamos se existiria algum canal do sítio eletrônico do BB, com informação sobre a operacionalização do serviço de compensação de cheques e outros papéis, ou "link" remetendo especificamente a estes normativos no Banco Central do Brasil. 13. A resposta do Banco do Brasil foi de que:... é o prestador de serviços contratado pelo Bacen para a executar a compensação de cheques. Toda a norma é emitida pelo Banco Central. Alguns dúvidas podem ser dirimidas no link abaixo: Entretanto, como esse assunto é tratado pela Lei Complementar 105/2001 e pela Resolução Bacen de , entende este SIC BB que o disposto no Art. 6º do Decreto 7.724/12: O acesso à informação disciplinado neste Decreto não o se aplica: I - às hipóteses de sigilo previstas na legislação, como fiscal, bancário, de operações e serviços no mercado de capitais, comercial, profissional, industrial e segredo de justiça deva ser tratado pela Ouvidoria do Banco do Brasil e não pelo SIC, conforme já informado ao requerente. É o relatório,

6 Análise 14. Registre-se que o recurso foi apresentado ante a CGU de forma tempestiva, no dia 11/03/2013, dado que a decisão do Recurso de 2ª Instância foi expedida no dia 11/03/2013. O recurso foi recebido na esteira do disposto no caput e 1º do art. 16 da Lei nº /2012, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto nº 7724/2012, in verbis: Lei nº /2012 Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias se: (...) 1o O recurso previsto neste artigo somente poderá ser dirigido à Controladoria Geral da União depois de submetido à apreciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo de 5 (cinco) dias. Decreto nº 7724/2012 Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. 15. Preliminarmente, a justificativa utilizada pela requerida para negar o provimento da informação ao suplicante encontra fundamento na Portaria Interministerial nº 233, de 25/05/2012 e no disposto no 1º, do artigo 5º, do Decreto nº 7.724/12, in verbis: A divulgação de informações de empresas públicas, sociedade de economia mista e demais entidades controladas pela União que atuem em regime de concorrência, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituição, estará submetida às normas pertinentes da Comissão de Valores Mobiliários, a fim de assegurar sua competitividade, governança corporativa e, quando houver, os interesses de acionistas minoritários. 16. Destarte a Lei nº /11 determinar os procedimentos visando garantir o acesso a informações de interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, a serem observados pelos entes públicos, de qualquer esfera ou poder da Federação, não o faz de forma absoluta, mormente em relação às entidades de direito privado, dado que estas últimas gozam de atenção especial, insculpida no art. 173, 1ª da Carta da República. 17. As normas de Direito Público podem ser mitigadas, assim, quando aplicadas a tais entidades de natureza privada, face ao caráter concorrencial de sua atuação no mercado. Na verdade, a LAI interviria nesse contexto somente se houvesse a concorrência de um definido e incontestável interesse coletivo e a informação fosse prestigiada pelo caráter público do recurso que a originou.

7 18. É nesse diapasão que prospera o Decreto nº 7.724/12, prevendo a divulgação de informações das entidades sujeitas à concorrência empresarial, em atendimento à LAI, submissa às normas pertinentes da Comissão de Valores Mobiliários - CVM, a fim de assegurar sua competitividade, governança corporativa e, quando houver, os interesses de acionistas minoritários, depreendendo-se daí que, a falta de tal regulamentação, fulminaria a pretensão do requerente na obtenção de informações sobre a questão contratual na prestação dos serviços bancários, já que se trata de uma seara afeta ao Direito Comercial. 19. Entendemos que o pleito do suplicante não pode prosperar no âmbito da LAI, pois em supedâneo ao já argumentado, a publicidade a que está sujeita a requerida, em se tratando de entidade submetida à concorrência pública, refere-se somente à parcela dos recursos públicos recebidos. 20. Por derradeiro, a requerida indicou endereço eletrônico onde o pleiteante pode se socorrer sobre a legislação que rege as relações comerciais entre as instituições financeiras e seus clientes, regulamentadas pelo Órgão responsável (Banco Central do Brasil), além de ofertar seu canal de Ouvidoria para dirimir eventuais dúvidas. Conclusão 21. De todo o exposto, opina-se pelo conhecimento do recurso e, no mérito, considerando que não compete à CGU arbitrar eventuais dúvidas que versem sobre aspectos contratuais entre as instituições financeiras e seus clientes, no âmbito da aplicação da Lei de Acesso à Informação (LAI), esta Controladoria se pronuncia pelo DESPROVIMENTO do recurso.

8 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Folha de Assinaturas Documento: DESPACHO nº 5870 de 02/08/2013 Referência: PROCESSO nº / Assunto: Lei de Acesso a Informação Signatário(s): JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral Assinado Digitalmente em 02/08/2013 Relação de Despachos: À consideração superior. MAURO KOSIS ANALISTA DE FINANCAS E CONTROLE Assinado Digitalmente em 12/07/2013 Relação de Despachos: Encaminhe-se ao Exmo. Sr. Ministro Chefe desta Controladoria-Geral da União, Dr. Jorge Hage Sobrinho, a fim de subsidiar e, acolhendo-se o presente Despacho, atribuir fundamento a sua decisão. JOSE EDUARDO ELIAS ROMAO Ouvidor-Geral Assinado Digitalmente em 02/08/2013 Este despacho foi expedido eletronicamente pelo SGI. O código para verificação da autenticidade deste documento é: eda2b4a8_8d05daeb8cb7376