PN ; Ap.: Tc. Vila Flor ( Acordam no Tribunal da Relação do Porto. I. Introdução:
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- Thomas Palha Neto
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1 PN ; Ap.: Tc. Vila Flor ( Ap.es1: Ap.os2: Acordam no Tribunal da Relação do Porto I. Introdução: (a) Os Ap.es insurgem-se contra a decisão de 1ª instância que os condenou a reconhecerem que prédio seu está onerado com servidão de passagem a favor de prédio da heran ça de, a pé, de carro, e com animais, largura de 2,5m, ao longo de todo ele, próximo da sua confrontação Sul, no sentido Nasc./Po. e vice-versa. (b) Da sentença recorrida: (1)...sinais demonstram claramente... a forma pela qual os AA fazem o acesso ao seu prédio, tendo suficiente densidade e objectividade para serem qualificados como visíveis e permanentes; na verdade, pese embora aquela faixa ter sido sempre lavrada, a faixa de terreno em causa nos autos foi sempre utilizada para aceder ao prédio [em questão] donde facilmente se extrai a conclusão de apenas no momento em que era lavrada 1 Adv.: Dra. 2 Adv.: Dr. 1
2 desaparecerem tais sinais, logo repostos atento o carácter da passagem de pessoas a pé, de carro e com animais; (2)...estão preenchidos os requisitos legalmente exigidos para reconhecer a servidão de passagem por usucapião [segundo a matéria provada]. II. Matéria assente: (1), ,, e , são filhos de e de ou ou (2) faleceu em , no estado de casada sob o regime de comunhão geral de bens com ; (3) Não efectuou testamento ou outra disposição de última vontade; (4) Inexistem mais quaisquer outros herdeiros conhecidos de H ; (5) O prédio rústico, Vale Sabroso, Santa Comba da Vilariça, Vila Flor, comp osto de terra para centeio; N.: ; Nasc.. ; S.: Ribeira; Po.: sob o art. 579; ; encontra- se inscrito na matriz respectiva (6) e, durante mais de 15, 20 anos, de forma ininterrupta, efectuaram sementeiras e plantações num prédio de Vale Sabroso, colhendo os respectivos frutos, defendendo e conservando o imóvel; (7) E à vista de todos, com o conhecimento da generalidade dos vizinhos; (8) Sem oposição de ninguém; aludido (9) Convictos de exercerem um direito próprio, ignorando lesarem qualquer direito alheio; (10) Os filhos e viúvo aceitaram de, praticando em relação ao prédio de Vale Sabroso todos estes descritos actos, que continuaram; (11) O prédio rústico inscrito na matriz respectiva da freguesia de Santa Comba da Vilariça sob o nº 545 confronta N.: ; Po.: ribeiro e ; S.: ; (12) Este prédio foi adquirido pelos RR a, cc ; Nasc.: (13) E confronta com o prédio de Vale Sabroso; 2
3 (14) O acesso a este último é efectuado, há pelo menos 20 anos, através do prédio referido e que com ele confronta, através de uma faixa de terreno, ao lon go da sua extremidade Sul, junto ao ribeiro aí existente, faixa de terreno que liga ao caminho público; (15) O mencionado acesso inicia-se junto ao caminho público e desemboca junto ao prédio de Vale Sabroso, onde termina junto do limite Sul da vedação, essa que por sua vez finaliza a cerca de 2,5m da extrema sul do prédio dos RR; (16) Junto ao ribeiro existente na extremidade Sul deste são visíveis rodados com a largura aproximada de 2, 5m, que dão aceso ao prédio de Vale Sabroso, situado a Sudoeste; (17) E pela dita faixa de terreno sempre circularam, de forma ininterrupta, pessoas a pé, de carro e com animais; (18) Há mais de 20 anos que os AA utilizam, por si e antepossuidores, aquela faixa de terreno do prédio dos RR, para acederem ao seu prédio, seja a pé, com animais, ou de carro; (19) E de forma ininterrupta; (20) À vista de toda a gente, com conhecimento das pessoas que frequentam o local, incluindo os R R e antepossuidores; (21) Sem oposição de quem q uer que seja; (22) Ignorando os AA e antepossuidores que ao passarem por aquela faixa de terreno pudessem lesar qualquer direito de outrem; (23) Convencidos pelo contrário de que exerciam e exercem um direito próprio; (24) Os rodados existentes no local sempre foram visíveis a quem se acercasse dos mencionados prédios; (25) Mas uns meses antes da propositura da presente acção... os RR transferiram este acesso para o leito do ribeiro contíguo, que corre a Sul de ambos os prédios; (26) Entretanto, no tempo das chuvas uma passagem tal torna-se impraticável, atendendo ao aumento do leito do ribeiro; (27) E os RR vedaram com muro e pedras toda a confrontação do seu terreno com o aludido ribeiro, impedindo a entrada e saída do prédio deles através da sobredita faixa de terreno; (28) O prédio dos RR foi sempre lavrado em toda a sua extensão; (29) Nele se encontrav am plantadas oliveiras, com excepção de uma faixa de terreno que circundasse a Sul aquele prédio, numa extensão de cerca de 3m; 3
4 (30) O anterior dono do prédio dos RR acedia ao seu prédio através de caminho paralelo ao leito do ribeiro que ladeava a Sul e parte da confrontação Po. desse prédio; (31) Os donos e possuidores dos prédios situados a Nasc. do prédio dos AA, contíguos a este ou não, utilizam para acesso aos prédios deles uma parcela de terreno pertencente ao p rédio contíguo do leito do ribeiro e localizado a Sul do prédio de Vale Sabroso; (32) Na época das chuvas, o acesso aos mencionados prédios através do leito do ribeiro tornava-se difícil; (33) Os RR proced eram à colocação de estacas e rede ao longo da confrontação Nasc. do seu prédio; (34) A vedação inicia-se num marco existente na direcção S./N. e termina a cerca de 2,5m da extrema sul, onde foi deixada abertura a que se refere II.(15). III. Cls./Alegações: (a) Na decisão sobre a matéria de facto ex iste contraditoriedade relativamente à confrontação do lado Sul do prédio insc. mat. 545 Santa Comba da Vilariça3; (b) Mas o tribunal referiu-se na sentença recorrida à permanência de sinais quando, na decisão sobre a matéria de facto não deu co mo provada a ex istência deles, permanentes e relativos à alegad a servidão de passagem: conheceu de questões de que não podia tomar conhecimento e é nula a sentença nos termos do art. 668/1d CPC; (c) Na decisão sobre a matéria de facto, o tribunal não deu como provado que os RR são donos e legítimos proprietários do prédio insc. mat. 545 Santa Comba da Vilariça, apenas se provando que do mesmo são possuidores; (d) Assim, nunca estes poderiam vir a ter sido condenados a reconhecerem a existência da servidão de passagem sobre o prédio: os mesmos serão absolvidos da instância; (e) Ao condenar os RR a reconhecerem que tal prédio está onerado com servidão de passagem, mas ao não ter, na decisão sobre a matéria d e facto, dado a sentença como provada a existência de sinais permanentes (elemento ou requisito essencial, 3 Respostas a Q12 e Q14 [p.i.] 4
5 caracterizador da servidão predial aparente) é indiscutível que os fundamentos estão em nítida oposição com o decidido: a sentença é nula, art. 668/1c CPC; (f) Violou pois o disposto nos arts. 342, 493/1.2, 496e, 495, 1548/1.2 CC; (g) O tribunal deveria ter interpretado e aplicado este último preceito no sentido de não ser possível a constituição da servidão predial por usucapião, precisamente por se não terem revelado sinais visíveis e permanentes; (h) Deve ser r evogada a sentença reco rrida e substituída por acórdão que julgue improcedente o pedido ou, no mínimo, a anule. IV. Contra-alegações: (a) Nenhuma contradição existe na decisão da matéria de facto acerca de factos essenciais para o julgamento da causa; (b) Por outro lado, para que haja condenação dos Rr a reconhecerem a existência da servidão é suficiente a prova de que eles são possuidores do prédio serviente e que impedem o trânsito dos AA; (c) Os sinais visíveis e permanentes, reveladores da existência da servidão de passagem, não se resumem ao leito da mesma, pelo que a lavoura sobre esse prédio, por simples comodidade, mas imediatamente reposto e sem que nele seja efectuada qualquer plantação, é insuficiente para afastar a aparência e visibilidade do caminho; (d) Deve ser inteiramente mantida a sentença sob crítica. V. Recurso: pronto para julgamento, nos termos do art. 705 CPC. VI. Sequência: (a) A matéria dada como provada caracteriza e sustenta sem dificuldades a conclusão de direito da existência de uma servidão de passagem revelada por sinais visíveis e persistentes4: não é a circunstância habitual de, nas lavragens, esses sinais 4 Quanto à doutrina sobre o requisito, não é mais necessário do que remeter para as cits. da sentença recorrida: Cunha Gonçalves, Tratado..., IX, p. 661: os sinais da servidão devem ser visíveis, p ois, esta exteriorização é exigid a pa ra que o dono do prédio serviente não possa invocar ignorância da servidão;...devem ainda ser inequívocos, de modo a nã o ficar dúvida se foram postos p ara qualquer ou tro fim, ou para proveito do prédio serviente. A p ermanência dos sinais não pressupõe uma estabilidade absoluta, 5
6 desaparecerem para logo emergirem, sem oposição dos donos, através da prática do atravessamento a pé, de carro ou de animais que os anula e torna irrelevantes. Sinais, para este efeito hão-de ser aquelas marcas que o fenómeno da comunicação aceita de relevo: um caminho de todo ano, menos na lavragem, deixa e faz permanecer uma mensagem deste calibre. (b) Por conseguinte, a argumentação em contrário dos recorrentes não procede, caindo por deco rrência lógica os defeitos apontados à sentença de 1ª instância de contradição interna e de excesso de pronúncia. (c) Entretanto, dada a natureza real do direito de servidão de passagem, cuja existência e eficácia se opõe aos meros possuidores, ainda que o fossem mesmo em nome alheio, improcede também o argumento, digamos assim, da ilegitimidade dos RR: os AA têm, segundo a matéria provada, e como já acima ficou dito, um direito a que aqueles lhe reconheçam e respeitem a faculdade de atravessar por ali, por aqueles locais ocupados por outrem de ordinário, até ao prédio deles. (d) Destarte, vistos os arts. 1251, 1258 ss/1297, 1543, 1547/1 e 1548 CC, vai inteiramente mantida a sentença sob Apelação. VII. Custas: pelos Ap.es, sucumbentes. uma completa imutabilidade: Cunha Gonçalves, Op. cit., p. 623; Ac. RC., , CJ (1988 ) V/66; Ac. STJ , BMJ 87/409; Ac. STJ, , RLJ 115/2 16; Ac. RC, , CJ (1993) III/37. 6
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