QUALIDADE DE VIDA DE FAMILIARES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: uma revisão de literatura
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1 QUALIDADE DE VIDA DE FAMILIARES EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: uma revisão de literatura Aminne Oliveira da Silva Bastos 1 ; Kátia Santana Freitas 2 1. Graduanda em Enfermagem, Bolsista de iniciação científica pela FAPESB, Universidade Estadual de Feira de Santana, aminnebastos@hotmail.com 2. Docente do Departamento de Saúde pela Universidade Estadual de Feira de Santana, Doutora pelo Programa de Pós Graduação em enfermagem da UFBA, freitaskatia@yahoo.com.br INTRODUÇÃO PALAVRAS-CHAVE: qualidade de vida, família, UTI. A hospitalização é um evento que pode ocorrer em qualquer etapa da vida, esse adoecimento pode ser decorrente de diversas razões. A internação leva ao individuo e seus familiares a adaptar-se e a estabelecer uma nova rotina devido às mudanças impostas por essa atual situação (CARVALHO; ABREU, 2008). Essa condição leva os familiares que possuem um ente hospitalizado a experimentarem uma situação de fragilidade biológica, psíquica e social, já que a doença e a internação constituem-se em eventos que produzem desconfortos, como sofrimento, alteração de papéis e hábitos da vida cotidiana, bem como a incerteza de recuperação de seu parente (FREITAS et al, 2012). As mudanças originárias desse impacto externo podem afetar a qualidade de vida (QV) dos elementos do sistema familiar. Os desconfortos podem causar uma desestruturação, romper o equilíbrio familiar, bem como afetar todas as dimensões da QV do familiar durante a internação de seu parente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A QV está associada ao grau de contentamento que se têm na vida familiar, amorosa, social e ambiental e á própria forma como o individuo se vê. Diz respeito também á satisfação das necessidades mais essenciais da vida, alimentação, acesso a água potável, habitação, trabalho, educação, saúde e lazer (MINAYO; HARTZ; BUSS, 2000). Assim, acredita-se que a QV da família durante a internação de um ente é fortemente influenciada pelo processo de adoecimento. Os familiares tornam-se sujeitos sensíveis a esse evento, já que este fato altera a estrutura familiar e a rotina de vida dos seus membros, as mudanças de seus próprios papéis na família, e às vezes as múltiplas funções assumidas. Com base no exposto, o presente estudo teve como finalidade refletir sobre a QV de familiares de pessoas em unidade de terapia intensiva. METODOLOGIA Esta reflexão foi baseada na experiência das autoras com o cuidado à família que possui um de seus membros internado em unidade de terapia intensiva, além de discussões e reflexões teóricas entre as mesmas, orientadas pela análise da literatura. O levantamento bibliográfico se deu mediante busca online, realizada nos meses de março a junho de 2014,
2 nas bases de dados disponíveis na Biblioteca Virtual de Saúde, incluindo LILACS, SCIELO, MEDLINE e no Portal CAPES, utilizando-se os unitermos qualidade de vida, enfermagem e UTI. Foi encontrado somente um artigo relacionado a temática. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS As repercussões da hospitalização de parente na UTI sobre a dinâmica familiar A internação não afeta apenas o paciente, como também, provoca desestruturação familiar. A hospitalização é percebida como ameaçadora, geradora de estresse e causadora de desequilíbrios de ordem interna e externa, como as mudanças nos papéis familiares, sentimentos de insegurança, culpa, sentimentos de perda de controle, agressividade, mudanças na rotina de vida e alterações nos aspectos sócio-econômicos (SHIOTSU; TAKAHASHI, 2000). Estar com um parente hospitalizado é uma situação que requer redimensionamento na família de ordem emocional, afetiva, social e financeira (GARCIA; FARO, 2004). No cotidiano da família ocorrem, inevitavelmente, épocas de crises, entre elas geradas pela enfermidade, fazendo com que, por algum tempo, a vida familiar oscile entre o estável e o instável. O modo de enfrentar essas situações depende de vários fatores: o estágio da vida familiar, o papel desempenhado pela pessoa doente na família, as implicações que o impacto da doença causa em cada elemento familiar e o modo como a família se organiza durante o período da doença (RIBEIRO; CALDEIRA, 2004). Assim, a familia se encontra vulnerável a doenças físicas, diminuição da atenção, irritabilidade e comprometimento na capacidade de decisão, o que pode interferir na habilidade dela em entender políticas, rotinas, e procedimentos do hospital. A UTI é um ambiente que possui muitos significados negativos relacionados à morte e\ou a necessidades permanentes. Possuir um ente internado na UTI induz aos familiares a criar a relação com a possibilidade de perdê-lo, gerando medo e angústia que acaba desorganizando a rotina e o psicológico desse grupo familiar (OLIVEIRA et al, 2005). A internação na UTI, o ciclo familiar e o paciente enfrentam crises que são geradas pelos desconfortos a partir das privações do convívio, o medo da morte do membro internado, a modificação do cotidiano familiar e a falta de informações sobre o estado de saúde do familiar hospitalizado (GIBAUT et al, 2013). A família ao lidar com a hospitalização do seu ente, os equipamentos e condutas que está submetido, acaba por desenvolver altos níveis de ansiedade, o que implica na dificuldade de oferecer apoio emocional ao paciente. Para que a família esteja atuante no processo de recuperação de seu membro, é necessário que a mesma esteja bem informada sobre as condutas a serem tomadas com relação ao tratamento do seu ente, obtendo segurança e estabilidade emocional. Para contribuir com o conforto dos familiares e sua qualidade de vida durante o período da internação, suas necessidades devem ser atendidas pelos profissionais de saúde da unidade, dando-lhe suporte e informações acerca do que é estabelecido ao seu parente (OLIVEIRA et al, 2005).
3 A avaliação da Qualidade de vida de famílias em situação de hospitalização A QV tem seu conceito como subjetivo, dependente do nível sociocultural, da faixa etária e de aspirações que cada individuo possui (VECCHIA et al, 2005). No âmbito da saúde, a OMS (Organização Mundial de Saúde) definiu QV como a concepção do próprio individuo sobre sua posição na vida, seus valores culturais e sociais, suas metas, expectativas e preocupações (THE WHOQOL GROUP, 1995). Considerando o desenvolvimento dos estudos sobre qualidade de vida nos últimos quarenta anos, diferentes autores têm demonstrado que a qualidade de vida ainda é um construto complexo e polissêmico, apresentando sobreposição com outros construtos, como condições de saúde e bem-estar. Essa complexidade teórica, acompanhada da multiplicidade de dimensões descritas na literatura como constituintes da qualidade de vida e dos múltiplos focos de investigação da qualidade de vida (crianças, portadores de HIV, idosos, dentre outros) tem favorecido o desenvolvimento de inúmeras abordagens teóricas sobre o tema, bem como diferentes instrumentos para sua avaliação (SILVA et al, 2009). Ferrioli (2003) traz que é necessário ajudar as famílias a estabelecerem mecanismos adaptativos novos e úteis para superar o momento vivido. Identificar o nível de qualidade de vida direciona intervenções para ajudar pessoas essencialmente saudáveis que estão em estado de desequilíbrio, para que atinjam uma percepção cognitiva correta da situação e para que conquistem um manejo eficaz de suas emoções. A intervenção possibilita que a família crie mecanismos adaptativos diante da situação de hospitalização de um ente em uma UTI. É de grande importância se valorizar e cuidar do familiar que acompanha seu parente em unidades críticas, para que a recuperação desta ocorra da melhor forma possível, e friza que há necessidade de mais estudos acerca da QV do familiar/acompanhante de pessoas internadas em unidades críticas (PADILHA et AL, 2012). Sabe-se que as práticas de cuidado realizadas por profissionais de saúde e políticas institucionais com vistas á promoção do conforto da família, possibilitam a redução do impacto da internação de um ente na mudança do cotidiano familiar, contribuindo para a melhoria do bem-estar, recuperação da força para melhor enfrentamento da situação e consequente melhoria da qualidade de vida e adaptação do contexto que a família esta inserida, neste caso a hospitalização (FREITAS, 2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS A QV de familiares dos pacientes é um aspecto importante na avaliação da qualidade do cuidado oferecido nas instituições de saúde, sendo parte essencial das responsabilidades dos profissionais de saúde que atuam em UTI. Todavia, ainda é comum encontrar familiares dos pacientes internados em UTI nos corredores e salas de espera, em estado de choque e com medo, recebendo pouca ou nenhum suporte e atenção dos profissionais de saúde, vivenciando estágios de baixo nível de QV. Esse trabalhou realçou a escassez de estudos que avaliem o nível de qualidade de
4 familiares em situação de hopistalização, tal investigação torna-se necessária a fim de embasar e direcionar práticas de cuidado alternativas e efetivas para promover um bom nível de QV dos familiares de pessoas internadas na UTI. REFERÊNCIAS CARVALHO, M. R. ; ABREU, M. A. L.. Interconsulta psicológica. Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (Belo Horizonte), v. 11, p , FERRIOLI, D. R. et al. Cuidando de famílias de pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva. In: Revista Família, Saúde e Desenvolvimento, Curitiba, v. 5, n. 3, p , set./dez FREITAS, K. S. Construção e validação da escala de conforto para familiares de pessoas em estado crítico de saúde (ECONF) f. Tese (Doutorado em enfermagem) Escola de Enfermagem. Universidade Federal da Bahia, Salvador, FREITAS, K. S ; MUSSI, F.C. ; MENEZES, I. G. Desconforto vividos no cotidiano de familiares de pessoas internadas na UTI. Escola Anna Nery. Revista de enfermagem, v. 16, p. 704, GARCIA, P. C.; FARO, A. C. M. Necessidades e expectativas de familiares de pacientes em Unidade Intensiva de Ortopedia. Rev. paul. enferm. v. 23, n. 1, p , GIBAUT, M.A.M. ; HORI, L.M.R. ; FREITAS, K.S. ; MUSSI, F.C. Acolhimento de familiares de pessoas em unidade de terapia intensiva: uma perspectiva para a promoção do conforto. Paraninfo Digital, v. 18, p. 027d, MINAYO M, HARTZ Z, BUSS P. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciênc Saúde Coletiva, v. 5, p. 7-18, OLIVEIRA, E. A; VOLTARELLI, C. J; SANTOS, A.M; MASTOPIETRO, A.P. Intervenção junto á família do paciente com alto risco de morte. Medicina (Ribeirão Preto), v. 38, n. 1, p , PADILHA, E. F. ; VERSA, G. L. G. S. ; FALLER, J. W. ; MATSUD, L.M. ; MARCON, S. S.. Qualidade de vida do familiar cuidador em unidade de terapia intensiva pediátrica. Ciência, Cuidado & Saúde, v. 11, p , RIBEIRO, R. C. H. M. ; CALDEIRA, A. P. S. O enfrentamento do cuidador do idoso com Alzheimer. Arquivos de Ciências da Saúde (FAMERP), Arquivos de Ciências da Saúde, v. 11, n.2, p , SHIOTSU, C. H; TAKAHASHI, R. T. O acompanhante na instituição hospitalar: significado e percepções. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 34, n. 1, p , mar SILVA, C. B et al. Avaliação da qualidade de vida de pacientes com trauma cranioencefálico. Fisioterapia e Pesquisa., São Paulo, v. 16, n. 4, p , out/dez The WHOQOL Group. The World Health Organization quality of life assessment (WHOQOL): position paper from The World Health Organization. Social Science and Medicine, v. 10, p , VECCHIA, R. et al. Qualidade de vida na terceira idade: um conceito subjetivo. Rev Bras Epidemiol, v. 8, n. 3, p , 2005.
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