Inclusão de pessoas com deficiência no mercado trabalho: implicações da baixa escolarização
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- Maria do Carmo Gorjão Benke
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1 Inclusão de pessoas com deficiência no mercado trabalho: implicações da baixa escolarização Suelen Moraes de Lorenzo 1 suelen.lorenzo@gmail.com Amabriane da Silva Oliveira amabriane@r7.com Nilson Rogério da Silva nilson@marilia.unesp.br Comunicação oral Pesquisa em andamento 1. Introdução A educação é um dos princípios fundamentais para o desenvolvimento humano pessoal e coletivo, por meio dela é possível à aquisição de habilidades e comportamentos que permitem ao indivíduo compreender e transformar a si próprio e suas relações sociais. Em função da representação da educação para pessoa e sociedade, nas últimas décadas tem sido muito debatido a respeito da educação das pessoas com deficiência, que historicamente foram excluídas de diversos segmentos sociais. Para Maciel (2000), a exclusão social das pessoas com deficiências é tão antiga quanto à socialização do homem, desde os seus primórdios a estrutura das sociedades inabilitou as pessoas com deficiência, as quais foram marginalizadas, privadas de liberdade, respeito, atendimentos e direitos. 1. Pesquisa de mestrado em andamento da primeira autora.
2 Não obstante, a educação permite romper esta condição de exclusão. Notase que é no ambiente escolar que se origina o processo de inclusão, já que a formação dispensada implica sobre as futuras condutas sociais das crianças e possibilita o desenvolvimento de sujeitos críticos e ativos frente à realidade na qual estão inseridos. Para Oliveira (1996), a escola pode modificar a consciência de seus estudantes, os quais na coletividade podem transformar a realidade. A formação obtida durante o processo de escolarização é fundamental para a inserção no mercado formal de trabalho. Segundo Del Masso (2000), para obter um bom desempenho em uma atividade profissional é preciso o desenvolvimento de habilidades, hábitos e atitudes que se iniciam na infância e perduram até a vida adulta, esses elementos são importantes para a decisão profissional, integração e interação social, podendo assegurar ao indivíduo a possibilidade de um trabalho produtivo. Desse modo, as dificuldades no processo de educação escolar das pessoas com deficiência acabam por implicar diretamente sobre suas possibilidades de inserção de mercado formal de trabalho. Em relação à escolarização das pessoas com deficiência, diferentes estudos (TANAKA; MANZINI, 2005; GÖDKE, 2010) tem apontado o baixo nível de escolarização como um dos principais obstáculos à contratação destas pessoas. A inserção e manutenção no mercado formal de trabalho brasileiro emergem como um desafio e conquista, devido à alta competitividade. Araújo e Schmidt (2006), em seu estudo alertam que nos dias de hoje o acesso ao mercado de trabalho encontra-se altamente competitivo o que exige funcionários cada vez mais capacitados. Nesse sentido, as instituições de capacitação profissional devem estar atentas para promover uma formação que corresponda às demandas do mercado de trabalho, e assim fornecer o ensino e a aprendizagem de conhecimentos que possibilite a inserção e manutenção das pessoas com deficiência no mercado formal de trabalho. Segundo Gödke (2010), a profissionalização das pessoas com deficiência tem se mostrado distante das necessidades do mercado de trabalho. Portanto, conhecer o perfil das pessoas com deficiências inseridas no mercado de trabalho local e quais os cargos geralmente ocupados por esta população podem oferecer subsídios para uma maior compreensão a respeito das práticas que estão sendo desenvolvidas para inserção profissional destas pessoas, 1
3 bem como nortear ações de colocação e capacitação profissional a fim de favorecer este processo de inclusão social. 2. Objetivo: Caracterizar o perfil das pessoas com deficiência contratadas pelas empresas do setor alimentício em um município do interior paulista. 3. Método: As empresas participantes foram do setor alimentício, por ser o principal setor econômico do município estudado, e que apresentavam quadro de cem ou mais funcionários, sendo o número de funcionários critério para aplicação da Lei de Cotas. Participaram da pesquisa os profissionais responsáveis pelo setor de recursos humanos (RH) das empresas. Os dados foram coletados por meio de uma entrevista semiestruturada e para o tratamento dos dados foi realizado análise estatística. 4. Resultados parciais e discussão: O município estudado, em 2013, registrou no setor alimentício o total de 24 empresas preceituadas pela Lei de Cotas, conforme os dados fornecidos pela RAIS Relações Anuais de Informações Sociais. Destas 12 (50%) participaram da pesquisa. Em relação ao grau de escolaridade da maioria das pessoas com deficiência contratadas nestas empresas identificou-se que 28% dos funcionários possuem ensino fundamental incompleto, 33% tem ensino fundamental completo, 17% possuem ensino médio incompleto e 22% tem ensino médio completo. Nota-se que há um predomínio de funcionários com ensino fundamental completo e consequentemente com uma menor qualificação profissional, em outros estudos da área, a presença de baixa escolarização entre as pessoas com deficiência e suas implicações para a inserção no mercado de trabalho também tem sido observado e debatido (ARAÚJO; SCHMIDT, 2006; SIMONELLI; CAMAROTTO, 2011; PEREIRA; PASSERINO, 2012). A baixa escolarização torna-se um obstáculo a mais para inserção no mercado formal de trabalho, além gerar restrições de cargos. Nesse sentido, os resultados também mostram que em todas as empresas participantes da pesquisa, 2
4 as funções geralmente realizadas pela maioria das pessoas com deficiência contratadas foram para cargos operacionais, com atividades consideradas simples. Não obstante, a faixa salarial recebida pelos funcionários com deficiência nos cargos ofertados foram que 46% dos funcionários recebem em média um salário mínimo, 27% recebem em torno de dois salários mínimos, o restante também de 27% recebem aproximadamente três salários mínimos e uma empresa relatou não poder informar a faixa salarial, devido sua política de sigilo. Além disso, somente 33% das empresas relataram a presença de plano de carreira para seus funcionários, enquanto 67% das empresas disseram não ter implantado plano de carreira para os seus funcionários, em geral. Tais resultados evidenciam que a maioria das pessoas com deficiência recebe até um salário mínimo e sem plano de carreira nestas empresas. 5. Conclusão e considerações Finais Por muito tempo as pessoas com deficiência foram excluídas de diversos segmentos sociais, entre eles do ambiente escolar e consequente do mercado de trabalho. A baixa escolarização acaba por desencadear problemas para a inserção profissional e oportunidades de cargos mais atrativos, isto é, com melhores salários e perspectivas de plano de carreira. O processo de inclusão é algo dinâmico e que ainda se encontra em construção, por isso a baixa escolaridade das pessoas com deficiência é uma problemática de cunho coletivo e requer aplicação de medidas envolvendo diferentes agentes sociais, isto é, pessoas com deficiência, instituições de formação, sociedade e governo. Portanto, é preciso uma mudança cultural na forma de compreender a inclusão das pessoas com deficiência, seja nas escolas, no mercado de trabalhos ou em outros ambientes sociais. Para que mudanças possam ocorrer, a educação de conscientização social é imprescindível para promover uma efetiva inclusão. Palavras- Chave: Inclusão; Educação; Mercado de trabalho; Pessoas com deficiência. Referências 3
5 ARAÚJO, J. P.; SCHIMIDT, A. A inclusão de pessoas com necessidades especiais no trabalho: a visão de empresas e de instituições educacionais especiais na cidade de Curitiba. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 12, n. 2, p , DEL MASSO, M.C.S. Orientação para o trabalho: uma proposta de adaptação curricular para alunos com deficiência mental f. Tese (Doutorado em Educação) Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, GÖDKE, F. A inclusão excludente dos trabalhadores com deficiência nos processos produtivos industriais f. Tese (Doutorado em Educação) - Setor de Educação, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, MACIEL, M. R. C. Portadores de deficiência: a questão da inclusão social. São Paulo em Perspectiva. São Paulo, v. 14, n. 2, p , PEREIRA, A. C. C.; PASSERINO, L. Um estudo sobre o perfil dos empregados com deficiência em uma organização. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v.18, n.2, p , SIMONELLI, A. P.; CAMAROTTO, J. A. Análise de atividades para a inclusão de pessoas com deficiência no trabalho: uma proposta de modelo. Gestão de Produção, São Carlos, v. 18, n. 1, p , OLIVEIRA, B. O trabalho educativo: reflexões sobre paradigmas e problemas de pensamento pedagógico brasileiro. Campinas: Autores Associados, TANAKA, E. D. O.; MANZINI, E. J. O que os empregadores pensam sobre o trabalho da pessoa com deficiência? Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v.11, n.2, p ,
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