PREÇO AO PRODUTOR ATINGE NOVO RECORDE; CENÁRIO INDICA MUDANÇA NA TENDÊNCIA

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1 Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 22 nº 256 Setembro Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP PREÇO AO PRODUTOR ATINGE NOVO RECORDE; CENÁRIO INDICA MUDANÇA NA TENDÊNCIA O valor médio bruto pago ao produtor (que inclui frete e impostos) atingiu R$ 1,6928/litro em agosto, novo recorde, em termos reais, considerando-se toda a série histórica do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, iniciada em janeiro de Essa média de agosto, ponderada pelo volume captado nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA, superou em quase 13% o valor até então recorde de julho/16 e esteve 54,4% acima do de agosto/15, em termos reais (valores foram deflacionados pelo IPCA de julho/16). Pesquisadores do Cepea alertam que essa tendência, no entanto, pode ser alterada no próximo mês, já que os estoques nas indústrias e a captação de leite vêm aumentando. Com a demanda enfraquecida e estoques nas indústrias, atacadistas consultados pelo Cepea acreditam em novas quedas nos preços dos derivados, cenário que pode refletir nos valores pagos aos produtores. Essa pesquisa sobre o segmento de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas do estado de São Paulo e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Gráfico 1: ICAP-L/Cepea Índice de Captação de Leite JULHO/16. (Base 100=Julho/2004) De acordo com o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea), o volume adquirido pelos laticínios cresceu 5,03% em julho no acumulado deste ano, porém, a variação ainda é negativa, em 14,5%. Apesar de ser período de entressafra, indústrias de grande porte têm aumentado a captação leiteira frente às pequenas empresas, por conta da maior capacidade de remuneração aos produtores. No campo, a produção deve crescer nas próximas semanas, devido ao possível retorno das chuvas e também ao fato de muitos produtores estarem em época de parição de vacas. Neste caso, pecuaristas mais tecnificados concentram o nascimento dos bezerros em momentos que antecedem o início das chuvas. Além disso, as altas nos preços ao produtor no correr deste ano e a recente queda nos valores do milho e do farelo de soja, componentes do concentrado, também incentivaram maiores investimentos dentro da porteira, o que já vem resultando em aumento na produção de leite. Por outro lado, a demanda por derivados lácteos está retraída. A perda do poder de compra de consumidores na atual conjuntura econômica do País e o elevado patamar de preço dos derivados afastaram consumidores. Nesse cenário, indústrias relatam que teriam chegado ao limite do repasse de preços da matéria-prima ao derivado para o consumidor final. Para setembro, 54,5% dos representantes de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea, que representam 70,5% da amostra, têm expectativa de queda nos preços. Entre os entrevistados, 32,7% acreditam em estabilidade nos preços do leite em setembro e somente 12,7% esperam alta. DERIVADOS Depois de seis meses de alta consecutiva, os preços dos derivados lácteos caíram em agosto. O leite UHT teve média de R$ 3,4256/litro no mês, queda de 14,4% em relação a julho/16, mas ainda acumula alta de 47% neste ano, em termos reais. O queijo muçarela teve média de R$ 21,20/kg em agosto, recuo de 1,27% frente ao mês anterior, porém, aumento de 48,54% neste ano. PANORAMA pág. 05 pág. 06 pág. 07 Possível diminuição das compras da Venezuela pode limitar exportação nacional Preços interrompem altas de seis meses e caem Setor deve focar potencial produtivo e consumo doméstico MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA

2 Fonte: Cepea AGOSTO/16 JULHO/16 Sul / Sudoeste de Minas 1,8317 1,6386 1,7932 1,9081 1,6372 1,8474 1,5993 1,7287 1,9542 1,9629 1,7870 1,8184 1,7532 1,7030 1,7317 2,0266 1,7572 2,0844 2,0635 1,7559 1,9160 1,8543 1,9522 1,8717 1,3750 1,5425 1,4936 1,8298 1,4788 1,2436 1,4263 1,4779 1,1032 1,4236 1,4430 1,6346 1,1034 1,6124 1,5593 1,4474 1,6627 1,5711 1,4555 1,5697 1,2920 1,6196 1,1644 1,5038 1,4155 1,4893 1,4548 1,4446 1,2087 1,2232 1,1858 1,4404 1,6662 1,5239 1,6403 1,7290 1,4511 1,6750 1,5738 1,6824 1,7395 1,7922 1,6981 1,7056 1,7088 1,6316 1,6465 1,9023 1,6347 1,8553 1,6414 1,7056 1,7366 1,7744 1,8471 1,7764 1,2941 1,3789 1,3426 1,6928 1,6991 1,5438 1,6805 1,7931 1,4917 1,7287 1,5591 1,6165 1,7952 1,8237 1,6763 1,7025 1,6598 1,6291 1,6283 1,8642 1,6677 1,9103 1,9343 1,6719 1,7895 1,7113 1,8145 1,7340 1,2949 1,4191 1,3989 1,7111 1,3541 1,1577 1,3221 1,3726 0,9683 1,3142 1,4062 1,5245 0,9636 1,4811 1,4537 1,3397 1,5696 1,4992 1,3577 1,4174 1,2067 1,4616 1,0554 1,4254 1,2998 1,3534 1,3281 1,3159 1,1320 1,0977 1,0933 1,3301 1,5373 1,4316 1,5315 1,6180 1,3084 1,5600 1,5342 1,5713 1,5854 1,6609 1,5907 1,5922 1,6155 1,5589 1,5471 1,7427 1,5455 1,6874 1,5217 1,6120 1,6126 1,6328 1,7117 1,6376 1,2165 1,2530 1,2484 1,5768 ago/jul 13,77% 22,92% 15,00% 12,62% 4,89% 11,91% 6,03% 18,04% 12,95% 19,27% 15,44% 15,46% 13,91% 18,04% 13,32% 13,63% 11,26% 13,89% 9,81% 19,83% 12,63% 10,79% 10,13% 10,52% 12,62% 8,07% 9,54% 12,90% ago/jul 15,04% 24,76% 18,76% 13,35% 5,16% 12,66% 6,07% 19,58% 14,94% 20,52% 16,44% 16,45% 14,84% 19,00% 13,98% 14,72% 11,72% 14,48% 10,68% 21,65% 13,57% 11,53% 10,80% 11,03% 13,48% 8,93% 10,27% 14,16% Fonte: Cepea Preços em estados que não estão incluídos na média Brasil - RJ, MS, ES e CE 1,6536 1,9082 1,6114 1,3835 1,4652 1,4388 1,6312 1,5976 1,4933 1,5172 1,4942 1,3851 0,8991 1,8422 1,2487 1,0714 1,0840 1,1142 1,4483 1,2837 1,2100 1,2686 1,2058 1,1587 1,4074 1,8806 1,4775 1,3377 1,2814 1,3178 1,5267 1,4760 1,3702 1,4174 1,2432 1,2589 1,5805 1,7282 1,5188 1,2756 1,3135 1,3015 1,5261 1,5039 1,4590 1,4385 1,4569 1,3294 0,8429 1,6637 1,1627 0,9705 0,9409 0,9842 1,3476 1,1964 1,1822 1,1955 1,1751 1,1069 1,3397 1,7013 1,3902 1,2368 1,1339 1,1850 1,4241 1,3847 1,3388 1,3410 1,2116 1,2053 7,43% 27,09% 9,60% 3,52% 6,93% 5,59% 0,34% 5,12% 3,80% 6,90% 1,20% 2,47% 7,69% 26,19% 9,39% 5,33% 7,38% 6,40% 0,90% 5,55% 7,63% 8,49% 4,00% 4,39% Equipe Leite: Wagner Hiroshi Yanaguizawa - Pesquisador Projeto Leite Natália Salaro Grigol, Ana Paula Negri, Raphael Denys Fava, Marianne Tufani Batista, Aline Figueiró dos Santos e Juliana Cristina Santos Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto Grãos Ketlyn H. Accorsi, André Sanches, Stefani Morera, Camila Pissinato, Débora Kelen P. da Silva, Rafaela Moretti Vieira e Yasmin Pascoal Wagner Hiroshi Yanaguizawa Pesquisador Projeto Leite Alessandra da Paz - Mtb: D Paola Miori - Mtb: Bruna Sampaio - Mtb: Nadia Flávia Romanelli Zanirato - - Mtb:

3 EVOLUÇÃO DO CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (COE) E DO PREÇO DO LEITE EM

4 SECA E FRIO NO SUL ELEVAM COE EM AGOSTO Por Wagner H. Yanaguizawa, Analista de Mercado, equipe Leite Cepea Em agosto, o COE (Custo Operacional Efetivo) da pecuária de leite subiu 0,44% em relação ao mês anterior, na média Brasil (que considera os estados de GO, BA, SP, MG, PR, SC e RS). A alta nos custos esteve atrelada ao clima seco e às baixas temperaturas no Sul do País, que prejudicaram a qualidade das forragens de inverno, aumentando a demanda por insumos como concentrados e sal mineral. Entre os insumos analisados pelo Cepea, os grupos forrageiras perenes e forrageiras anuais registraram as maiores altas de julho para agosto, de 1,1% e 1%, respectivamente, na média Brasil. Para o grupo concentrados, que representa 47,3% do COE da pecuária de leite, o aumento foi de 0,8% no comparativo mensal, também na média Brasil. Na parcial do ano (de janeiro a agosto), acumula forte valorização de 20,8%. Nesse intervalo, o grupo, que engloba as rações utilizadas no setor, registrou queda somente em abril, de 0,7%. Os grupos de suplementação mineral e material de ordenha foram os únicos a apresentar variações negativas de julho para agosto, de 0,5% e 0,3%, re s p e c t iva m e n t e, c o m d e s t a q u e p a ra a desvalorização do sal mineral em Minas Gerais. A antecipação das chuvas e o aumento no número de vacas paridas contribuiu para elevar o volume de leite produzido em algumas regiões do Sudeste e Centro-Oeste, reduzindo a demanda por insumos nessas localidades. Nos próximos meses, pecuaristas iniciam o período de reforma das pastagens, o que deve aumentar a procura por sementes, adubos e herbicidas. Para alguns adubos e herbicidas, as cotações têm caído, pressionadas pela desvalorização do dólar frente ao Real. Por outro lado, os preços das sementes de pastagem vêm subindo, impulsionados pela baixa oferta do produto em muitas regiões pesquisadas pelo Cepea. As adversidades climáticas observadas neste ano causaram queda na produção de sementes, o que pode elevar custos de reforma das pastagens. Gráfico 1 Evolução dos Custos Operacionais Efetivos e dos Custos Operacionais Totais, na média Brasil, base 100 dez/ ,2 litros/tonelada 927,2 litros/tonelada 9,9 litros/frasco 50 ml 733,0 litros/tonelada 751,1 litros/tonelada 8,5 litros/frasco 50 ml 652,2 litros/tonelada 651,1 litros/tonelada 7,4 litros/frasco 50 ml (130g de Fósforo) 5,0 litros/frasco 10 ml 4,5 litros/frasco 10 ml 3,9 litros/frasco 10 ml 73,3 litros/sc 25 kg 64,5 litros/sc 25 kg 56,5 litros/sc 25 kg 37,4 litros/litro de herbicida 33,0 litros/litro de herbicida 27,7 litros/litro de herbicida

5 POSSÍVEL DIMINUIÇÃO DAS COMPRAS DA VENEZUELA PODE LIMITAR EXPORTAÇÃO NACIONAL Marianne Aline Tufani Batista, Ana Paula Negri e Natalia Salaro Grigol, Equipe Leite/Cepea As importações brasileiras de derivados lácteos superam expressivamente as exportações. Em agosto, o volume importado esteve mais de sete vezes acima do exportado, cenário que mantém deficitária a balança comercial do produto. As intensas compras da Venezuela nos últimos meses têm evitado um cenário ainda pior. De janeiro a agosto, o país adquiriu 73,09 milhões de litros em equivalente leite de leite em pó, principal produto exportado pelo Brasil neste ano. Em agosto, especificamente, a Venezuela comprou 60% de todo derivado lácteo exportado pelo Brasil. Para os próximos meses, o impeachment de Dilma Rousseff pode limitar as exportações brasileiras de derivados lácteos. Isso porque, com a saída da presidente, importantes compradores do produto nacional, entre eles a Venezuela, anunciaram a retirada de representantes do Brasil e também o congelamento das relações políticas. Com as compras da Venezuela, as exportações brasileiras de produtos lácteos somaram 27,2 milhões de litros em equivalente leite em agosto/16 e superaram em 53% as de julho/16, mas ainda estiveram 50% abaixo das verificadas no mesmo mês de Segundo dados da Secex, no mês, além da Venezuela, os principais compradores de produtos lácteos brasileiros foram a Argentina e Angola. Em agosto, os embarques brasileiros do leite em pó somaram 16,445 milhões de litros em equivalente leite (representando 60% de todo o volume embarcado pelo Brasil no mês), alta de 57% frente ao volume de julho, mas 64% abaixo do de agosto/15, segundo dados da Secex. A Venezuela foi responsável por adquirir quase 100% desse volume as exportações do derivado para aquele país somaram 16,403 milhões de litros em equivalente leite, 62% acima do embarcado em julho/16. Os embarques de leite fluido e de leite condensado também cresceram de julho para agosto, em 69% e 77% respectivamente frente ao volume de agosto/15, os aumentos nas vendas foram de 200% e 63%. IMPORTAÇÕES Em agosto/16, o Brasil importou 192,7 milhões de litros em equivalente leite, 8%acima da quantidade de julho/16 e mais que o dobro do volume de agosto/15. Os principais produtos adquiridos pelo País foram o leite em pó¹ e os queijos², com crescimento de 9,1% e 5,3%, respectivamente, sobre o volume de julho. A Argentina voltou a ser uma das maiores fornecedoras de leite em pó¹ e de queijos². De julho para agosto, as importações destes produtos n a quele p a í s aumentara m 55 % e 1 4 %, respectivamente. Já as compras de leites em pó uruguaio caíram em 10%, mas, ainda assim, o país ainda é o maior fornecedor do derivado, representando 60% do volume comprado pelo Brasil. Essa reação nas comercializações com a Argentina pode ser explicada pelo menor preço dos produtos deste país em comparação com os do Uruguai. Segundo dados da Secex, em agosto, o preço médio do leite em pó argentino foi de US$ 2,22, enquanto o uruguaio foi de US$ 2,76. O leite em pó importado ainda tem maior competitividade frente ao nacional. Segundo pesquisas do Cepea, o leite em pó nacional foi comercializado na primeira quinzena de agosto (último dado disponível) a US$ 5,76/kg (R$ 18,39/kg), valor 122% mais caro que o derivado importado. Ago/16 Total Leite em pó (integral e desnatado) Leite condensado Queijos Leite modificado Leite fluido Tabela 1 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ Jul/16 - Ago/16 (%) Participação no total exp. em Ago/16 Ago/16-Ago/15 (%) 53% 77% 1% 26% 69% - 21% 7% 6% 4,6% -49,9% % 60% -64% 63% -20% -30% 198% Total de jan - agosto/16 frente ao mesmo período de 2015: -44% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite Ago/16 Total Leite em pó (integral e desnatado) Queijos Manteiga Soro de leite² (mil kg) Tabela 2 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ Jul/16 - Ago/16 (%) Participação no total imp. em Ago/16 Ago/16-Ago/15 (%) 8% 5,3% -3,0% 19,4% Total de jan - agosto/16 frente ao mesmo período de 2015: 75% - 22,0% 0,6% - Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros 150% ,1% 76,8% 220% 58% 935% 140% ¹A categoria leites em pó considera os seguintes NCM definidos pela Secex: ; ; ²A categoria queijos considera os seguintes NCM definidos pela Secex: ; ; ; ; ; ; ; ;

6 PREÇOS INTERROMPEM ALTAS DE SEIS MESES E CAEM Por Juliana Cristina dos Santos, graduanda em Ciências dos Alimentos Depois de subir por seis meses seguidos, os preços dos derivados lácteos caíram em agosto. A média do leite UHT comercializado no atacado do estado de São Paulo foi de R$ 3,23/litro, queda de 19,5% em relação a julho. Para o queijo muçarela, o recuo foi de 2,8% em igual comparativo, com o quilo do produto cotado a R$ 20,96. Já em comparação ao ano anterior, os atuais patamares continuam superiores, em 28,3% para o longa vida e em 37,8% para a muçarela, em termos reais (valores deflacionados com o IPCA de agosto/16). Em ago/15, o UHT custava R$ 2,52/l e o queijo, R$ 15,21/kg. O movimento recente de queda, iniciado na segunda quinzena de julho, esteve atrelado à demanda enfraquecida. Diante da dificuldade de venda, laticínios optaram por reduzir os preços visando escoar os estoques. Alguns, inclusive, reduziram o ritmo de produção para evitar acúmulo de produto estocado. Para a muçarela, a maior oferta de leite do Sul, consequência das forragens de inverno, também influenciou as baixas de preços. Por outro lado, as desvalorizações foram limitadas pela menor disponibilidade de leite do Norte, devido à seca, no atacado de SP. Essa pesquisa conta com o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Preços médios do leite UHT e da muçarela em AGOSTO nos atacados do estado de São Paulo em Ago/16 Ago/15 Jul/16 R$ 3,23/litro R$ 20,96/kg 28,25% 37,77% -19,49% -2,81% Fonte: Cepea - OCB. Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias.variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período. COTAÇÕES DOS DERIVADOS NOS ATACADOS EM JULHO Por Aline Figueiró Santos, graduanda em Ciências Econômicas Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados em JULHO e as variações em relação ao mês anterior Media Nacional 2,63 3,53 11,5% 2,1% 2,45 3,51 13,6% 8,5% 2,61 3,36 21,0% 7,0% 2,40 3,50 17,9% 10,7% 2,64 3,73 13,7% 7,2% 2,54 3,53 15,43% 7,0% 22,00 14,3% 23,55 14,2% 23,60 15,6% 21,69 21,0% 23,61 11,8% 22,89 15,2% 22,48 11,1% 23,11 15,5% 22,73 16,4% 21,72 21,9% 21,71 13,4% 22,35 15,5% 21,63 8,1% 22,81 9,8% 20,99 4,1% 20,30-3,0% 21,10 3,0% 21,36 4,4% 18,45 4,0% 17,23 7,7% 18,52 19,2% 19,13 22,8% 19,10 13,3% 18,49 13,1% Fonte: Cepea/ESALQ-USP

7 SETOR DEVE FOCAR POTENCIAL PRODUTIVO E CONSUMO DOMÉSTICO Ana Paula Negri1; Natália Salaro Grigol¹; Marianne Aline Tufani Batista²; Juliana Cristina dos Santos²; Aline Figueiró dos Santos³ Analistas de Mercado de Leite do Cepea/ESALQ-USP; Graduandas em Ciências dos Alimentos² - ESALQ-USP; Graduanda em Ciências Econômicas - ESALQ-USP A elevada elasticidade-renda dos derivados lácteos combinada ao grande potencial produtivo do setor brasileiro podem servir de estímulo ao mercado doméstico, que enfrenta baixa competitividade no cenário internacional e ocupa posição de importador líquido. Para o queijo muçarela, um aumento de 1% na renda do consumidor amplia em 0,76% a aquisição do produto. Para atrair compradores, é preciso elevar a produtividade interna. Atualmente, a produção nacional não é suficiente para suprir à demanda doméstica, sendo necessário importar. Além disso, os menores preços internacionais dos produtos lácteos frente aos praticados no mercado brasileiro favorecem o aumento das impor tações, desestimulando o setor produtivo. Um dos principais produtos importados pelo País, o queijo muçarela comercializado no mercado interno teve média de US$ 6,89/kg em agosto deste ano, 107,6% acima do valor do derivado importado no mesmo período, de US$ 3,32/kg. Os menores custos de produção em países como Argentina e Uruguai frente ao Brasil tornam os preços de importação mais atrativos. Em volume (litros em equivalente leite), de jan/12 a, foram adquiridas 5,321 milhões de toneladas de queijo muçarela, sendo 83,1% oriundos da Argentina e 15,9%, do Uruguai. Só no primeiro semestre de 2016, as compras do derivado somaram 1,258 milhão de litros em equivalente leite, quantidade 136% maior que a de igual intervalo do ano passado e 63% superior à registrada em todo o ano de Como resultado das maiores importações, o déficit comercial total de derivados lácteos no País de jan/12 a foi de 4,065 bilhões de litros em equivalente leite ou US$ 1,498 bilhão, também conforme números da Secex. Diante do cenário macroeconômico desfavorável, com aumento das taxas de juros e desemprego e alta da inflação, o poder de compra do consumidor encontra-se reduzido, mantendo a demanda desaquecida. No entanto, produtores podem aproveitar o atual momento para se preparar para atender ao consumo no médio e longo prazos, aumentando o rendimento produtivo nas fazendas leiteiras.

8 MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA Ketlyn Hevelise Accorsi e Débora Kelen Pereira da Silva MILHO: Comprador se retrai e preços voltam a cair Após reagirem em julho, os preços do milho voltaram a cair em agosto, refletindo o avanço da colheita, praticamente finalizada, e a queda na demanda. Compradores receberam o cereal já contratado e ajustaram o consumo ao longo do mês de acordo com a efetiva necessidade. Os elevados preços ainda praticados no mercado interno em relação ao externo reforçaram a retração desses agentes. Por outro lado, a resistência de vendedores em negociar o milho a cotações menores limitou as quedas de preços e manteve baixa a liquidez. Entre os fundamentos altistas que explicam a postura firme de vendedores estiveram a quebra da safra e o elevado volume de cereal já comprometido, que reduziu a disponibilidade no spot. Diante da menor oferta doméstica, as importações continuaram sendo avaliadas por compradores brasileiros em agosto. O Indicador do milho ESALQ/BM&FBovespa (base Campinas-SP) teve média de R$ 45,43/sc de 60 kg em agosto, queda de 11,4% em relação a julho, mas alta de 2,3% sobre agosto/15. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, houve forte recuo de 11% no mercado de balcão (valor recebido pelo produtor) no acumulado de agosto. Em algumas regiões, como o norte e oeste do Paraná, o preço do milho chegou a cair 6 reais/saca no mês. No mercado disponível (negociação entre empresas), a queda foi de 7%. Quanto às exportações, o Brasil embarcou 2,56 milhões de toneladas de milho em agosto, volume 12,3% maior que o do mesmo período do ano passado, segundo a Secex. FARELO DE SOJA: Moagem diminui, mas indústria abastece mercado com estoques A margem de esmagamento das indústrias nacionais segue reduzida e, com isso, muitas suspenderam ou diminuíram o processamento da soja em agosto, antecipando o período de manutenção das unidades. Apesar da redução no ritmo de moagem, indústrias abastecem o mercado brasileiro com farelo de estoques remanescentes, cenário que deixou o comprador mais confortável. Para os próximos meses, contudo, caso as indústrias não retomem o esmagamento, a oferta de derivados pode ficar restrita. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, em agosto, os preços de farelo de soja estiveram 8,7% inferiores aos de julho/16 e 0,6% abaixo dos de agosto/15, em termos reais. No geral, as quedas nos preços internos também estiveram atreladas aos recuos nos valores externos do derivado de soja. As exportações brasileiras de farelo de soja somaram 1,09 milhão de toneladas em agosto, 21,1% a menos que em julho/16 e 1,5% abaixo das de agosto/15, segundo dados da Secex. Ainda assim, nos oito primeiros meses de 2016, as vendas externas do farelo totalizam 10,92 milhões de toneladas, volume recorde para o período, ainda conforme números da Secex. SP 2016 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto 41,65 42,98 47,79 48,92 51,48 49,12 44,61 45, , ,99 976,13 979, , , , ,69 Para receber o Boletim do Leite digital, encaminhe-nos um para leicepea@usp.br com os seguintes dados: nome, para cadastro, endereço completo e telefone Contato: leicepea@usp.br Acompanhe mais informações sobre o mercado de leite em nosso site: