BOLETIM DO LEITE DEZEMBRO

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1 BOLETIM DO LEITE Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 22 nº 259 Dezembro Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP DEZEMBRO 2016

2 BOLETIM DO LEITE DEZEMBRO DE ANO 22 - Nº 259 Queda na captação no Sul estabiliza ICAP-L LEITE AO PRODUTOR A pós quatro meses em alta, a produção de leite registrou queda no Sul do Brasil, resultando em estabilidade na captação média nacional. De setembro para outubro, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) teve ligeira alta de 0,08%. Nesse período, houve diminuição de 6,6% na produção do Rio Grande do Sul, de 5,8% em Santa Catarina e de 3,1% no Paraná. Já na Bahia, em outubro, a captação aumentou 6,3%, em Goiás, 4,4%, em São Paulo, 4,2% e, em Minas Gerais, 3,5%. Segundo colaboradores do Cepea, a menor produção nos estados do Sul do País está atrelada às chuvas na região, que encurtaram a janela para reforma das pastagens de verão em muitas praças produtoras. Além disso, a disponibilidade de forragens está reduzida e a receita do produtor, apertada, limitando a reforma da pastagem. Mesmo com a menor captação no Sul, os preços recebidos pelo produtor (sem frete e impostos) caíram com força no Rio Grande do Sul (-10,36%), em Santa Catarina (-14,51%) e no Paraná (-10,05%). Nos demais estados, o movimento no preço também foi de queda, reforçado, nestes casos, pelo aumento na captação. Na média Brasil o preço médio recebido pelo produtor em novembro foi de R$ 1,2331/litro, forte baixa de 11,7% (ou de 16 centavos/litro) em relação a outubro. Esta foi a terceira queda consecutiva, mas o valor média nacional ainda acumula alta de 20,9% neste ano, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de outubro/16). O preço bruto médio do leite (que inclui frete e impostos) caiu 10,9% de outubro para novembro, passando para R$ 1,3413/litro. As médias calculadas pelo Cepea são ponderadas pelo volume captado em outubro nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA. Para dezembro, com o avanço da safra e tendência de influência da La Niña nos estados do Sul, representantes de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea apontam nova queda nos preços do leite. A maioria dos agentes entrevistados (94%) indica que os valores devem cair novamente. Outros agentes (6%), principalmente os do Sul, acreditam em estabilidade. Nenhum dos colaboradores espera alta de preços. No mercado de derivados, os valores também seguiram em queda, mas de forma menos intensa que a verificada em meses anteriores. Esse cenário elevou a expectativa de agentes EXPEDIENTE Equipe Leite: Wagner Hiroshi Yanaguizawa - Pesquisador Projeto Leite Natália Salaro Grigol, Aline Figueiró dos Santos e Juliana Cristina Santos, Juliana Haddad Tognon e Bianca Ferraz Teixeira Editor Executivo: Wagner Hiroshi Yanaguizawa Pesquisador Projeto Leite Jornalista Responsável: Alessandra da Paz - Mtb: de estabilidade para os próximos meses. Os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados no atacado de São Paulo em novembro foram de R$ 2,15/litro e de R$ 15,81/kg, respectivamente, resultando em quedas de 3,15% e de 7,06% em relação às médias de outubro. A continuidade das quedas dos preços da matéria-prima e o enfraquecimento no movimento de baixa nos valores dos derivados no atacado podem melhorar as margens das indústrias/laticínios. A pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Gráfico 1 - ICAP-L/Cepea Índice de Captação de Leite OUTUBRO/16. (Base 100=Julho/2004) e PTL-IBGE. Gráfico2 - Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA Impressão: Gráfica Riopedrense Editora Contato: (19) leicepea@usp.br Endereço para correspondência: Av. Centenário, 1080 Cep: Piracicaba/SP Prof. Geraldo Sant Ana de Camargo Barros O Boletim do Leite pertence ao CEPEA - Centro de Estudos Avançados Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto Grãos e Prof. Sergio De Zen em Economia Aplicada - ESALQ/USP Equipe de Apoio André Sanches, Camila Pissinato, Débora Kelen A reprodução de conteúdos publicados neste informativo é permitida Revisão: Pereira da Silva, Yasmin Pascoal Butinhão, Ketlyn Accorsi, Isabela CEPEABruna desde que citados os nomes-dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea SampaioDE - Mtb: AVANÇADOS EM ECONOMIA - CENTRO ESTUDOS APLICADA ESALQ/USP Rossi e Stefane Moura e a devida data de publicação. Nádia Zanirato - Mtb: Paola Garcia Ribeiro Miori - Mtb: Editores Científicos:

3 Tabela 1 - Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em NOVEMBRO/16 referentes ao leite entregue em OUTUBRO/16 out/nov out/nov Sul / Sudoeste de Minas 1,5584 1,5001 1,4982 1,3766 1,3236 1,3582 1,4775 1,4121 1,5901 1,5637 1,4637 1,5025 1,4471 1,5083 1,4714 1,6066 1,5585 1,3842 1,7588 1,4130 1,5815 1,4395 1,3868 1,3931 1,4410 1,5387 1,5270 1,4924 1,1953 1,1286 1,1386 1,0081 0,9031 0,9989 1,3241 1,1671 0,6603 1,2483 1,1977 1,1327 1,3519 1,3867 1,2285 1,2333 1,1023 1,0666 0,9475 1,2060 1,1256 1,1765 0,9993 1,0684 1,2443 1,1317 1,2099 1,1361 1,3878 1,3975 1,3388 1,2114 1,1233 1,2009 1,3983 1,3592 1,3088 1,4331 1,3724 1,3645 1,3971 1,4351 1,3804 1,4520 1,3649 1,2551 1,2985 1,3234 1,3675 1,3386 1,2804 1,2915 1,3337 1,2826 1,3422 1,3413 1,4303 1,4100 1,3912 1,2730 1,1879 1,2509 1,4375 1,2971 1,4362 1,4316 1,3549 1,3937 1,3570 1,4409 1,3734 1,4624 1,4507 1,2107 1,6227 1,3239 1,4566 1,3100 1,2747 1,2743 1,3269 1,4149 1,4205 1,3793 1,0753 1,0465 1,0396 0,9129 0,7775 0,8998 1,2875 1,0576 0,5273 1,1233 1,0948 1,0321 1,2649 1,3209 1,1361 1,0975 1,0095 0,9980 0,8296 1,1291 1,0215 1,0522 0,8958 0,9567 1,1342 0,9901 1,0967 1,0342 1,2634 1,3062 1,2350 1,1116 0,9924 1,0972 1,3649 1,2454 1,1613 1,3039 1,2665 1,2588 1,3101 1,3687 1,2862 1,3016 1,2755 1,1230 1,1728 1,2382 1,2509 1,2110 1,1715 1,1754 1,2227 1,1670 1,2413 1,2331-8,64% -6,94% -9,65% -14,42% -12,28% -13,67% -8,01% -8,14% -4,90% -9,89% -9,11% -11,02% -12,56% -7,12% -9,24% -12,57% -7,28% -17,98% -15,89% -9,05% -11,76% -13,37% -15,97% -14,12% -1,60% -3,71% -2,81% -10,94% -9,42% -7,36% -10,36% -15,32% -13,13% -14,51% -8,19% -9,43% -5,54% -10,89% -10,05% -11,57% -13,28% -7,08% -9,64% -13,27% -8,03% -20,94% -17,68% -9,11% -12,62% -14,00% -16,67% -14,81% -1,71% -4,06% -3,01% -11,68% LEITE AO PRODUTOR Tabela 2 - Preços em estados que não estão incluídos na média Brasil RJ, MS, ES e CE 1,4828 1,5498 1,3937 1,2270 1,3280 1,2747 1,2049 1,3379 1,5040 1,5491 1,4404 1,3837 0,8863 1,4942 1,1017 0,9536 0,9524 0,9657 1,0455 0,9882 1,2225 1,3257 1,2154 1,1668 1,2341 1,5245 1,2670 1,1014 1,1713 1,1403 1,1990 1,2474 1,3689 1,4705 1,2912 1,2661 1,4156 1,4187 1,3437 1,1257 1,1825 1,1462 1,1111 1,2438 1,4688 1,4695 1,4689 1,3328 0,8326 1,3643 1,0560 0,8585 0,8154 0,8442 0,9608 0,9250 1,1937 1,2512 1,2386 1,1184 1,1725 1,3939 1,2216 1,0070 1,0293 1,0162 1,1054 1,1550 1,3366 1,3926 1,3160 1,2163 9,12% -1,25% -1,65% -7,24% -3,74% -4,54% -18,97% -10,26% -1,16% -0,65% -0,85% -0,60% 9,41% -0,92% 0,74% -7,76% -4,16% -5,00% -20,20% -10,60% -1,19% -0,40% -0,83% -0,78% MÉDIA GERAL 1,4804 1,1288 1,3317 1,3697 1,0289 1, ,62% -10,96% 3

4 Evoluções do Custo Operacional Efetivo (COE) e do preço do leite em dezembro O que é COE? COE significa Custo Operacional Efetivo. São consideradas as despesas correntes que o produtor de leite tem ao longo do mês, como alimentação de todo o rebanho (volumoso e concentrado), salário de funcionário, medicamentos e sal mineral. Já o pró-labore do produtor e também as depreciações das instalações fixes, como curral, cercas e galpões integram o que chamamos de COT (Custo Operacional Total). Para calcular o COE e o COT, o Cepea, em parceria com a CNA, pesquisou a estrutura de custos da produção leiteira em várias regiões do País. Depois de terem sido obtidos os coeficientes técnicos, mensalmente, são atualizados os preços dos insumos coletados nas lojas agropecuárias das regiões pesquisadas. Queda dos concentrados reduz COE pelo terceiro mês seguido Por Wagner H. Yanaguizawa, Analista de Mercado, equipe Leite Cepea CUSTOS E RECEITA Em novembro, o custo operacional efetivo (COE) da pecuária leiteira, que considera os gastos correntes da propriedade na média Brasil (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), registrou a terceira queda consecutiva, de 1,4% frente a outubro. Mesmo com as valorizações dos grupos de manutenção das forrageiras perenes e das forragens anuais, a queda nos preços dos concentrados, que representam aproximadamente 40% do desembolso, reduziu os custos de produção da atividade no mês. Para o grupo de concentrados, novembro também foi o terceiro mês seguido de queda, de 3,4%. Porém, no acumulado de 2016 (janeiro a novembro), este insumo ainda registra forte alta, de 13,8%. A queda em novembro está atrelada à diminuição na demanda interna, como típico nesta época do ano, quando a oferta de pastagem no campo é maior. Além disso, o baixo ritmo das exportações de milho, devido à menor competitividade do produto brasileiro no mercado internacional, tem pressionado as cotações do cereal e influenciado as quedas do concentrado. Quanto às altas, dentre os grupos, os de manutenção de forragens perenes e de forragens anuais (insumos + mão de obra contratada) apresentaram os aumentos mais expressivos em novembro, de 5,5% e de 3%, respectivamente. A valorização do dólar frente ao Real resultou em elevação nos preços dos adubos e defensivos, muito utilizados nas pastagens. A quebra de safra das sementes forrageiras também impactou no aumento dos custos. No geral, agentes colaboradores do Cepea indicam que as vendas de insumos para a reforma das pastagens estão abaixo do esperado, visto que o produtor tem optado por continuar fazendo a manutenção, devido aos altos custos das sementes de forragem. A tendência baixista dos preços do leite pagos ao produtor no curto prazo reflete o menor estímulo para investimentos na atividade. Já as vendas de medicamentos se aqueceram em novembro, especialmente por conta da segunda campanha de vacinação para febre aftosa, obrigatória para animais com até 24 meses de idade. Além das vacinas, houve aumento nas vendas de medicamentos para controle parasitário, impulsionadas por promoções realizadas por casas agropecuárias de algumas regiões produtoras. 634,6 litros/tonelada 693,5 litros/tonelada 752,7 litros/tonelada 715,7 litros/tonelada 761,7 litros/tonelada 886,3 litros/tonelada 8,2 litros/frasco 50 ml 8,9 litros/frasco 50 ml 9,6 litros/frasco 50 ml (130g de Fósforo) 3,9 litros/frasco 10 ml 3,9 litros/frasco 10 ml 4,5 litros/frasco 10 ml 56,9 litros/sc 25 kg 62,6 litros/sc 25 kg 66,8 litros/sc 25 kg 27,8 litros/litro de herbicida 31,6 litros/litro de herbicida 34,9 litros/litro de herbicida Nota: As relações de troca referem-se ao estado de São Paulo. e CNA (2015) 4

5 Escassez de leite em países vizinhos limita déficit comercial brasileiro Marianne Aline Tufani Batista, Juliana Cristina dos Santos e Juliana Haddad Tognon, Equipe Leite/Cepea Em novembro, as exportações brasileiras de lácteos cresceram bem mais que as importações. Enquanto os embarques aumentaram expressivos 44% em relação ao mês anterior, as compras se elevaram em apenas 6%, limitadas pelo menor volume produzido nos principais países fornecedores: Argentina e Uruguai e, regularização do abastecimento interno. Com isso, o déficit da balança comercial foi 14% menor em novembro, reduziu de US$ 44,6 milhões em outubro para US$ 38,5 milhões em novembro, segundo números da Secex. A Venezuela, principal compradora de produtos lácteos brasileiros (99,7% do volume total), voltou a negociar com o País, aumentando em significativos 155% a quantidade de leite em pó em equivalente leite de mês para o outro, retomando o volume ao patamar negociado em setembro, que totalizou mais de 20 mil toneladas. Ainda que pouco representativo (3% das compras em dólar), o leite fluido adquirido pelo país cresceu em 250% em volume. Do total de lácteos exportados pelo Brasil em novembro, 69% corresponderam ao leite em pó e 19% ao leite condensado. Se por um lado, os embarques nacionais de leite em pó cresceram 147% no mês, por outro, a exportação de leite condensado caiu em 25% frente ao mês anterior. Quanto às importações, em novembro, as compras brasileiras de leite em pó¹ cresceram 12,8% - ante uma queda de 40% em outubro. O produto teve como principal origem o Uruguai, com aumento de 26% nas vendas ao Brasil de um mês para o outro e representatividade de 59%. Na sequência, veio a Argentina, com alta de 3% nos embarques de leite em pó, participando com 32% do volume total do produto importado para o País. As importações de manteiga aumentaram expressivos 135% de outubro para novembro, impulsionadas pela baixa oferta do produto no mercado brasileiro. O Uruguai dobrou o fornecimento de manteiga ao País (48% de representatividade), a Nova Zelandia voltou a fornecer o produto participando de 30% do total importado, e em seguida a Argentina, com 16% - aumento de 16% frente ao mês anterior. Já os outros derivados importados (doce de leite, creme de leite, iogurtes, leite fluido, leite modificado, queijos² e soro de leite) apresentaram queda no volume adquirido pelo Brasil. De um lado, o Uruguai conta com boas perspectivas econômicas, favorecidas pelas seguidas quedas na inflação, diminuição da taxa de desemprego, aumento das exportações, crescimento de atividade industrial e melhoria no indicador de confiança do consumidor. Nos últimos meses, os preços de commodities relevantes para a economia uruguaia como grãos e lácteos subiram. Na segunda semana de dezembro, a tonelada de leite em pó ultrapassou a barreira dos US$ na licitação internacional da neozelandesa Fonterra, a maior cotação desde julho de Por outro lado, a Argentina enfrentou um ano desfavorável para a produção leiteira, sem sinais de recuperação no curto prazo. As expectativas com medidas econômicas efetivas e melhora do clima devem apresentar resultados em Nesse panorama, considera-se queda da produção desse ano reflita na falta do abastecimento interno e consequentemente, em alta nos preços dos lácteos. De janeiro a novembro, a produção argentina de leite caiu 12% em relação ao mesmo intervalo do ano passado, embora tenha sido suficiente para suprir os mercados doméstico e internacional. Tabela 1 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ Nov/16 Out/16 Nov/16 (%) Participação no total exportado em Nov/16 Nov/16 Nov/15 (%) Total Leite em pó (integral e desnatado) Leite condensado Queijos % 147% 25% 23% -98% 12% - 59% 19% 10% 0% 3% 104% -57% 52% 30% -98% -4% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite. Fonte: Secex / Elaboração: Cepea MERCADO INTERNACIONAL Tabela 2 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ Nov/16 Out/16 Nov/16 (%) Participação no total importado em Nov/16 Nov/16 Nov/15 (%) Total Leite em pó (integral e desnatado) Queijos Manteiga % 12,8% -0,6% 135% - 71,6% 27,2% 0,6% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros. Fonte: Secex / Elaboração: Cepea 101% 86% 148% 782% ¹A categoria leites em pó considera os seguintes NCM definidos pela Secex: ; ; ² A categoria queijos considera os seguintes NCM definidos pela Secex: ; ; ; ; ; ; ; ;

6 Pelo quarto mês, preços dos derivados recuam no atacado paulista Por Juliana Cristina dos Santos, graduanda em Ciências dos Alimentos Os preços dos derivados lácteos negociados no atacado de São Paulo caíram em novembro pelo quarto mês seguido, refletindo a demanda ainda enfraquecida e o aumento da captação esperada para a época. O leite UHT e o queijo muçarela tiveram médias mensais de R$ 2,15/litro e de R$ 15,81/kg, respectivas desvalorizações de 3,2% e 7,1%, em relação a outubro. Comparando os dados atuais com os preços de novembro/15, o valor do leite longa vida caiu 10,9%, enquanto o da muçarela subiu 9,3% (dados reais deflacionados pelo IPCA de outubro). O recuo dos preços do leite UHT não foi tão acentuado, e na segunda quinzena de novembro o cenário era mais promissor para produtores, devido ao aumento das cotações. Na primeira quinzena do mês, o valor médio do leite longa vida foi de R$ 2,14, e na segunda quinzena, de R$ 2,16. No mercado de queijos, o aumento da oferta pressionou as cotações. Além disso, com compradores abastecidos, a liquidez esteve lenta. Esta pesquisa foi realizada com o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Preços médios do leite UHT e da muçarela em NOVEMRBO nos atacados do estado de São Paulo DERIVADOS Fonte: Cepea - OCB. Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias. Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período. em Nov/16 Nov/15 Out/16 R$ 2,15/litro R$ 15,81/kg -10,9% 9,3% -3,2% -7,1% Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados em NOVEMBRO e as variações em relação ao mês anterior Media Nacional 2,51 2,0% 2,29-8,7% 2,23-6,9% 2,35-12,5% 18,35-4,6% 22,71-2,1% 18,67-7,3% 20,45-7,2% 22,31 6,4% 21,58-0,9% 18,00 0,0% 17,95-0,3% 2,44 2,17 17,75 16,49 20,93 15,78-7,4% -9,6% -5,9% -9,8% -1,1% -8,7% 2,40 2,32 17,84 17,76 19,64 16,40 0,0% -10,2% -9,2% -8,7% -4,2% -8,4% 2,18 2,12 18,55 17,14 20,42 16,65-7,2% -9,4% -8,6% -10,2% -3,3% -6,2% 2,36 2,24 19,04 18,10 20,97 16,96-4,31% -9,8% -6,0% -8,6% -0,6% -4,7% 6

7 Mais organizada, cadeia do leite evolui nos Juliana Haddad Tognon, analista de mercado do Cepea-Esalq/USP últimos anos Desde 2011, o Brasil ocupa a quinta posição no ranking dos maiores produtores mundiais de leite de vaca, atrás apenas dos Estados Unidos, Índia e China, e Rússia, segundo dados da USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Essa colocação foi alcançada graças a uma maior organização financeira nas propriedades rurais, que permitiu investimentos em rebanho, tecnologia da ordenha, suplementação animal e pastagem. Ao longo dos últimos anos, a pecuária de leite brasileira tem passado por constante desenvolvimento. Em geral, a cadeia do leite no País é distribuída em seis elos, que desempenham o papel de ligação entre produtor e consumidor final: além desses, cooperativa, indústria, distribuidor e varejista. Basicamente, são duas as formas de comercialização: a primeira segue o fluxo mais comum e envolve todos os elos da cadeia (Figura 1); já a segunda, menos usual, ocorre por meio de canais alternativos, podendo ligar diretamente o produtor ao consumidor final. O fornecimento de leite pode partir de pecuaristas de pequeno, médio ou grande portes, classificados pela quantidade de leite captada por propriedade. De acordo com o último censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2006, da produção total de leite, 74,6% são oriundos de propriedades com até 50 hectares, enquanto 23% da produção se concentra em propriedades de até ha. Apenas 1% do leite produzido no País vem de propriedades superiores a ha. Esses números evidenciam que a produção brasileira de leite é típica de pequenas propriedades. Nos últimos anos, a quantidade de médios produtores tem diminuído e aumentado a participação de pequenos e grandes produtores. Houve aqueles que desistiram da atividade e venderam seu rebanho, ou que se fundiram com outros médios, se tornando maiores, ou, ainda, que, em fases de crise, se descapitalizaram, venderam parte do rebanho e se tornaram pequenos. Esses que se mantêm na atividade se esforçam buscando recursos para aumentar a produtividade e captação de leite do rebanho. As cooperativas, que representam o elo seguinte da cadeia, apresentaram aumento no número de cooperados, elevando a capacidade de captação e investimentos em linhas produtivas. Isso quer dizer que elas estão mais independentes das grandes indústrias lácteas, conseguem estabelecer marca de derivados no mercado, e, com isso, buscar alternativa em manter a oferta de produtos acabados mesmo em entressafra. Aumentou, ainda, o número de cooperativas que têm se mostrado mais organizadas quanto à gestão e incremento de tecnologia. Em dez anos, a base de cooperativas parceiras e cadastradas no Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, cresceu 50%. Ao analisar as indústrias lácteas, nota-se aumento da capacidade produtiva nos últimos anos, consequência do bom gerenciamento e da busca em crescer organicamente. Além disso, na última década, surgiram fusões e aquisições de empresas globais, marcando a entrada de novos players no mercado brasileiro em busca de consolidação. Os exemplos que mais se destacaram foram a entrada da francesa Lactalis no País em 2014 via aquisição da LBR (parque fabril e o direito de usar a marca Parmalat no Brasil), a aquisição da divisão de lácteos da BRF (17 fábricas mais as marcas Batavo e Elegê) na sequência, e a incorporação da Vigor pelo grupo JBS. Nesse panorama, empresas passaram a ter maior poder de negociação com cooperativas e produtores, ao mesmo tempo em que buscam defender a cadeia frente ao governo, demandando regulamentações favoráveis à produção nacional, maior incentivo ao consumo e diversificação de derivados no mercado. Produtores, por sua vez, se mostram mais unidos, ativos em buscar informações, dispostos a se capacitar e a investir em tecnologia. PANORAMA Figura1. Demonstração do modelo da cadeia do leite no Brasil Fonte: Elaborado pela autora. 7

8 MILHO E FARELO DE SOJA MILHO: Média de novembro é a menor do ano Ketlyn Hevelise Accorsi e Débora Kelen Pereira da Silva Os preços do milho seguiram caindo em novembro em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, mas o volume de negócios realizados esteve maior frente aos dois meses anteriores. O recuo de muitos compradores no mercado spot, que trabalharam com estoques, e o baixo ritmo das exportações pressionaram os valores, que registraram os menores patamares do ano em muitas praças. Nesse contexto, vendedores, que até outubro estavam na expectativa de alta nos preços, fundamentados no período entressafra, reajustaram suas expectativas e estiveram mais flexíveis nos valores de negociação. A forte diferença entre o preço doméstico e o internacional também pressionou as cotações, à medida que reduziu a competitividade do milho brasileiro no mercado externo e estimulou as importações. Em novembro, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas SP) acumulou baixa de 10,7%, fechando a R$ 36,49/saca de 60 kg no dia 30. A média mensal, de R$ 38,77/sc, foi a menor deste ano, com forte queda de 7,9% em relação a outubro, mas ainda 15% superior à de novembro/15. Compradores dessa região paulista seguiram sem dificuldades de abastecimento, com oferta vinda também do Centro-Oeste. Como já era esperado pelo mercado, as exportações brasileiras recuaram com força em novembro. O Brasil embarcou apenas 961,4 mil toneladas no mês, 140 mil toneladas a menos que em outubro/16 e 80% abaixo do volume de novembro/15, segundo a Secex No campo, o clima permaneceu favorável à semeadura e ao desenvolvimento do cereal nas principais regiões. Com isso, agentes têm boas expectativas para a safra de verão 2016/17. A Conab estima produção de verão entre 27,058 e 28,55 milhões de toneladas, aumentos de 4,7% a 10,4% em relação à temporada anterior. Milho (R$/sc de 60 kg) jan/16 41,65 fev/16 42,98 mar/16 47,79 abr/16 48,92 mai/16 51,48 jun/16 49,12 jul/16 44,61 ago/16 45,43 41,91 42,12 38,77 FARELO DE SOJA: Preços são os mais baixos em sete meses Ketlyn Hevelise Accorsi e Débora Kelen Pereira da Silva Mala Direta Postal Básica DR/SPI FEALQ CORREIOS As cotações do farelo de soja caíram no Brasil em novembro pelo quinto mês consecutivo, registrando os menores patamares desde abril deste ano. A pressão vem da menor demanda, especialmente doméstica. Considerando-se a média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o preço de novembro foi 4,5% menor que o de outubro e 17,7% inferior ao de novembro/15, em termos reais. No início do ano, as expectativas de quebra na produção de soja no Brasil e o forte ritmo de exportação elevaram as preocupações quanto aos estoques no segundo semestre. Com isso, muitos passaram a criar expectativas de importação de farelo de soja no segundo semestre de Esse cenário fez com que compradores se adiantassem e adquirissem grandes lotes do derivado na primeira metade do ano. A desvalorização do dólar frente ao Real no correr do ano (em outubro, o dólar foi o menor desde junho/15), por sua vez, deslocou importadores aos Estados Unidos, enfraquecendo as exportações brasileiras do farelo. Esse comportamento deixou o mercado brasileiro mais ofertado. Em novembro, foram embarcadas 867,68 mil toneladas de farelo de soja, aumento de 19,7% se comparado a outubro, mas 23% inferior ao de novembro/15, segundo a Secex. Na parcial do ano (em 11 meses), os embarques do farelo somam 13,4 milhões de toneladas, 2,6% abaixo do ano anterior. O preço pago pelo farelo na parcial do ano teve média de R$ 1.253,53/tonelada, 3,2% inferior aos R$ 1.294,36/t da parcial de 2015, conforme dados da Secex. Farelo de soja (R$/tonelada) jan/ ,78 fev/ ,99 mar/16 976,13 abr/16 979,18 mai/ ,01 jun/ ,81 jul/ ,50 ago/ , , , ,80 ENVIE SUAS DÚVIDAS E SUGESTÕES: PARA RECEBER O BOLETIM DO LEITE DIGITAL: Contato: leicepea@usp.br Encaminhe-nos um para Acompanhe mais informações CEPEA sobre o - CENTRO mercado DE de ESTUDOS leite AVANÇADOS EM leicepea@usp.br ECONOMIA APLICADA com os - seguintes ESALQ/USPdados: em nosso site: nome, para cadastro, endereço completo e telefone 8 Uso dos Correios Av. Centenário, 1080 CEP: Piracicaba/SP