COM ESTOQUES ALTOS, PREÇO AO PRODUTOR RECUA FORTES 4%

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1 Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 20 nº 236 Dezembro 2014 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP COM ESTOQUES ALTOS, PREÇO AO PRODUTOR RECUA FORTES 4% Seguindo o movimento de queda já observado no mês anterior, o preço do leite pago ao produtor (bruto), na média Brasil (MG, RS, SP, PR, GO, BA e SC), recuou expressivos 4,08% em novembro frente a outubro, com média de R$ 1,0249/litro (inclui frete e impostos). O preço líquido (recebido pelo produtor) esteve a R$ 0,9404/litro, redução de 4,28%. Em termos reais (IPCA de outubro/14), o valor bruto está 12,2% menor que o de nov/2013 e o líquido, 11,91%. Essa forte desvalorização é resultado dos estoques elevados, que estão aumentando desde junho em função da maior captação. negociados no atacado do estado de São Paulo, tiveram médias de R$ 1,9830/litro e R$ 11,49/kg, respectivamente, em novembro, 6,63% e 3,22% inferiores aos valores de outubro. A pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas do estado de SP e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL). ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite OUTUBRO /14. (Base 100=Junho/2004) Em novembro, apesar de o leite captado pelas indústrias ter se mantido praticamente estável, os estoques de matéria-prima continuaram elevados. Além disso, a oferta atual de leite e derivados não tem sido absorvida pelo atacado e varejo, mantendo a pressão sobre os valores ao produtor em todos os estados que compõem a média Brasil. As quedas mais significativas no mês foram verificadas em Goiás, Paraná e Minas Gerais, de 7,57%, 5,05% e 4,94% respectivamente. O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP- L/Cepea) ficou praticamente estável (-0,4%) frente a setembro. São Paulo teve a alta mais expressiva no volume captado, de 3,55%, seguido por Goiás (2,90%), Minas Gerais (2,86%) e Santa Catarina (0,63%). Já nos demais, houve quedas expressivas: Paraná (-5,12%); Rio Grande do Sul (-6,91%) e Bahia (-12,51%). Segundo colaboradores do Cepea, na região Sul, a produção já sinaliza o desaquecimento típico do período de entressafra daquela região. A expectativa de agentes consultados pelo Cepea para o próximo mês é de nova queda dos preços. A maior parte dos entrevistados (78,21%), que representa 88,64% do leite amostrado, acredita que o recuo deve se manter em dezembro. Por outro lado, 19,23% dos entrevistados, que representam 10,86% do volume amostrado, indicam estabilidade. Apenas 2,56% acreditam em alta. No mercado de derivados, a oferta acima da demanda manteve a pressão sobre os valores dos produtos lácteos. Alguns colaboradores apontaram que laticínios estão fazendo até promoções para tentar escoar os estoques. Outros ainda estão reduzindo o volume comprado dos produtores. Os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela, CUSTOS pág. 04 Seca eleva em até 10% custos com suplementação mineral em 2014 Preço do leite em pó importado cai 32% e eleva com força compras do Brasil SP: Leite UHT e queijo muçarela seguem em queda no mês de novembro NACIONAL: Aumento na produção pressiona valores de derivados MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA

2 NOVEMBRO/14 OUTUBRO/14 Sul / Sudoeste de Minas 1,0388 1,1084 1,0440 1,0578 1,0656 1,0559 1,1492 1,0472 1,1744 1,1077 1,0894 1,0647 1,2044 1,2001 1,1397 1,1858 0,9785 1,3172 1,4022 0,8926 1,1663 1,1174 1,1738 1,1322 1,0840 1,1865 1,1473 1,1182 0,8494 0,8763 0,8459 0,7966 0,8271 0,8077 1,0421 0,9856 0,6739 0,8934 0,9443 0,8606 1,0581 1,0395 0,9401 0,9618 0,7746 0,9928 0,7946 0,7625 0,8871 0,9053 0,8341 0,8726 0,9762 1,0654 0,9986 0,8885 0,9535 1,0151 0,9567 0,9606 0,9614 0,9619 1,0953 1,0160 0,9488 1,0148 1,0240 0,9896 1,1323 1,1514 1,0732 1,0891 0,8899 1,1905 1,1327 0,8447 1,0466 1,0278 1,0500 1,0343 1,0278 1,1376 1,0959 1,0249 0,9573 1,0079 0,9641 0,9809 0,9526 0,9729 1,0790 0,9689 1,0511 1,0117 1,0022 0,9943 1,1138 1,1304 1,0590 1,0916 0,8857 1,2117 1,2965 0,8161 1,0766 1,0105 1,0534 1,0170 1,0039 1,1004 1,0738 1,0294 0,7728 0,7839 0,7713 0,7254 0,7191 0,7302 0,9744 0,9087 0,5619 0,8022 0,8603 0,7947 0,9708 0,9727 0,8639 0,8898 0,6716 0,8946 0,7026 0,6889 0,8057 0,8276 0,7546 0,7886 0,8981 0,9820 0,9284 0,8090 0,8741 0,9175 0,8791 0,8857 0,8504 0,8809 1,0263 0,9384 0,8307 0,9209 0,9383 0,9208 1,0434 1,0825 0,9939 1,0023 0,7985 1,0879 1,0331 0,7693 0,9609 0,9323 0,9502 0,9340 0,9495 1,0527 1,0238 0,9404 nov/out -2,34% -4,12% -2,99% -3,90% 2,03% -3,01% -4,55% -3,46% -4,81% -4,58% -4,72% -1,10% -2,40% 2,08% -2,63% -7,51% -1,89% -2,15% -3,02% -6,77% -4,59% -9,23% -7,94% -7,26% -1,21% -1,99% -1,41% -4,08% nov/out -2,38% -3,63% -2,93% -3,89% 2,41% -3,11% -4,81% -3,61% -5,78% -4,94% -5,05% -1,03% -2,53% 2,26% -2,68% -8,00% -4,12% -2,30% -3,17% -7,39% -4,94% -9,18% -8,53% -7,57% -1,48% -2,27% -1,62% -4,28% 1,2644 1,1616 1,1759 1,0007 1,0836 1,0450 1,1624 1,1308 1,2375 0,9913 1,2190 1,1117 0,7945 1,1018 0,9680 0,7133 0,8913 0,8069 1,0399 0,9452 0,9762 0,8720 0,9818 0,9125 1,0505 1,1371 1,0750 0,9248 1,0185 0,9637 1,1032 1,0291 1,1600 0,9620 1,0719 1,0249 1,2138 1,0897 1,1109 0,8959 0,9627 0,9274 1,0569 1,0419 1,1610 0,9255 1,1425 1,0340 0,7551 1,0313 0,9078 0,6149 0,7762 0,6952 0,9373 0,8612 0,8879 0,7897 0,8898 0,8281 1,0053 1,0659 1,0124 0,8216 0,8991 0,8479 0,9991 0,9418 1,0843 0,8725 1,0020 0,9468-6,90% -9,82% -3,90% -7,43% -5,41% -6,64% -3,60% -4,83% -3,10% 1,01% -2,34% -1,48% -6,98% -9,63% -3,87% -6,54% -6,48% -7,05% -4,41% -5,36% -3,26% -2,44% -2,27% -1,76% Equipe Leite: Wagner Hiroshi Yanaguizawa - Pesquisador Projeto Leite Isadora Vieira, Marianne Tufani Batista, Natália Salaro Grigol, Pedro Silvestre de Lima e Vitória Guereschi Lucas Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto Grãos Ana Amélia Zinsly, André Sanches, Bárbara Oliveira, Camila Tolotti, Caroliny G. Rodrigues, Débora Kelen P. da Silva, Deise Soares de Souza e Rafaela Moretti Vieira Wagner Hiroshi Yanaguizawa Pesquisador Projeto Leite Flávia Romanelli - Mtb: 27540

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4 SECA ELEVA EM ATÉ 10% CUSTOS COM SUPLEMENTAÇÃO MINERAL EM 2014 Por Pedro de Lima, graduando em Eng. Agronômica Com a forte estiagem que atingiu principalmente o Centro-Sul do País em 2014, os custos de produção da pecuária de leite aumentaram significativamente em relação ao ano anterior, especialmente os ligados à alimentação do gado. De janeiro a novembro deste ano, o Custo Operacional Efetivo (COE) acumulou alta de 3,11% e o Custo Operacional Total (COT), de 3,02%. No mesmo período do ano passado, o COE tinha se elevado apenas 0,91% e o COT, 1,07%. Entre os insumos que mais pesaram na atividade estão a suplementação mineral, com valorização de 10% no acumulado do ano, concentrados, com elevação de 2,8% e silagem, que apresentou elevação de 2,4% de janeiro a novembro/14. Em janeiro deste ano, choveu bem menos que o esperado em quase todos os estados acompanhados pelo Cepea. Já nessa época, a qualidade das forragens e pastagens começou a ficar comprometida, levando o pecuarista a utilizar uma quantidade maior de suplementos na alimentação do rebanho para garantir a produção. Naquele mês, o COE teve aumento de 1,49%, elevado principalmente pelo aumento de 0,9% do grupo concentrado, que representa 42,2% do COE. Em fevereiro, o cenário não foi muito diferente, e os custos de produção se mantiveram em alta, porém em percentuais inferiores a 1%. Enquanto os concentrados apresentaram leve queda, a suplementação mineral e a mão de obra se valorizaram. No mês de março, as chuvas se intensificaram nos estados da região Sul, onde os produtores começaram a comprar sementes de forrageiras de inverno e outros insumos para o plantio. Por outro lado, a safra de soja começou a ser colhida, pressionando a cotação do concentrado no mês de abril, porém não o suficiente para sinalizar queda significativa nos custos agregados. Ainda em abril, o COE apresentou sua primeira queda do ano (- 0,19%). Em maio, o preço dos fertilizantes recuou, acompanhando a baixa do dólar frente ao Real. Mesmo com o reajuste do salário mínimo no Paraná, os custos gerais da atividade leiteira continuaram se reduzindo. Em junho, com a safra de verão de milho sendo colhida, os concentrados se mantiveram estáveis, assim como o COE. Já nos meses seguintes, os custos recuaram com a maior disponibilidade de grãos no mercado e sua consequente desvalorização. Os meses de agosto e setembro tiveram cenário semelhante, com o custo da suplementação mineral em alta devido à demanda crescente e os valores do concentrado em queda, via maior oferta. Em outubro, os custos voltaram a apresentar alta, puxados pela valorização dos concentrados, suplementação mineral, fertilizantes e defensivos. Em novembro, o cenário se repetiu, porém com um aumento mais acentuado dos concentrados (1,4%), levando o COE a avançar mais 0,4%, mesmo com a queda do preço dos insumos agrícolas para plantio e manutenção de forragens. Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA (2014). 552,4 litros/tonelada 1390,5 litros/tonelada 11,7 litros/frasco 50 ml 577,6 litros/tonelada 1517,7 litros/tonelada 11,7 litros/frasco 50 ml 678,0 litros/tonelada 1491,1 litros/tonelada 12,1 litros/frasco 50 ml (130g de Fósforo) 8,0 litros/frasco 10 ml 72,6 litros/sc 25 kg 45,1 litros/litro de herbicida 8,0 litros/frasco 10 ml 75,7 litros/sc 25 kg 48,2 litros/litro de herbicida 8,3 litros/frasco 10 ml 78,5 litros/sc 25 kg 50,0 litros/litro de herbicida

5 PREÇO DO LEITE EM PÓ IMPORTADO CAI 32% E ELEVA COM FORÇA COMPRAS DO BRASIL Por Natália Salaro Grigol, analista de mercado da equipe Leite Cepea As importações de leite em pó em novembro, de 58,6 milhões de litros em equivalente leite, registraram expressiva alta de 19% frente a outubro e de 30% na comparação com nov/13, segundo dados da Secex. Esse forte crescimento mensal resultou da queda de 32,3% no preço médio de compra do derivado, de US$ 3,91/kg, que deixou o leite em pó estrangeiro mais competitivo no Brasil. O recuo nas cotações do derivado importado neste mês seguiu o movimento observado no mercado internacional, que foi motivado pela maior oferta na Nova Zelândia e Austrália e preço mais vantajoso dos lácteos europeus, segundo dados do USDA. Representando 81,6% do total de lácteos importados pelo Brasil, as compras de leite em pó da Argentina corresponderam a 55,6% do total adquirido, enquanto as uruguaias representaram 41,6% e as chilenas, 2,8%. Contudo, a alta nas aquisições de leite em pó não elevou o volume total de lácteos importados em novembro, pois houve relevante queda (41%) nas compras externas de queijos (que corresponderam a 17,4% do total de lácteos importado). Além disso, as quantidades negociadas de soro de leite, doce de leite e manteiga também recuaram, 38%, 6% e 43% respectivamente. Assim, foram importados 71,8 milhões de litros em equivalente leite neste mês, apenas 1% acima do registrado em outubro, mas 7% abaixo se comparado com o mesmo período do ano passado. Já as exportações de lácteos, de 35,6 milhões de litros em equivalente leite, apresentaram redução de 18% frente a outubro, mas representam o dobro do volume negociado em novembro/13. Isso porque houve recuo nas vendas externas de praticamente todos os produtos da pauta de exportações brasileiras de lácteos, em especial dos dois principais: leite em pó (22%) e leite condensado (19%), que representaram 73% e 15% do total embarcado no mês. Também registraram quedas os queijos (8%), leite fluido (9%), creme de leite (7%), iogurtes (10%) e soro de leite (35%). Contudo, as altas nas vendas de leite modificado e manteiga limitaram a redução do total embarcado pelo País. Praticamente todo o leite em pó brasileiro foi vendido para a Venezuela, sendo negociado à média de US$ 5,75/kg, com valorização de 0,5% frente a outubro. Entretanto, no geral, as vendas de lácteos em novembro tiveram destinos mais diversificados do que em meses anteriores. Ainda que a Venezuela tenha se mantido como o principal comprador dos lácteos brasileiros (sendo o destino de 74,3% dos embarques), Angola, Chile, Arábia Saudita e Egito elevaram suas compras e participaram com 4,68%, 3,65%, 2,71% e 2,63%, respectivamente. Mercado Internacional De acordo com o USDA, em novembro, a produção de leite na Austrália, Nova Zelândia e Europa começou apresentar queda pela aproximação do início da entressafra. Ainda assim, a produção nestes países já superou o volume registrado no mesmo período do ano passado. Com maior oferta de leite, os preços pagos ao produtor caíram nesta temporada em relação à anterior. Como consequência, na Nova Zelândia, alguns produtores estão abrindo mão de alimentação suplementar a fim de encurtar a temporada. Além disso, para tentar reduzir os prejuízos, algumas cooperativas elevaram o processamento de leite em pó e UHT. Na Europa, a desvalorização do Euro frente ao dólar em novembro colaborou para a maior competitividade dos produtos lácteos europeus. IPE-L/Cepea O do Índice de Preços de Exportação de Lácteos do Cepea (IPE-L) registrou média de US$ 4,85/kg em novembro, recuo de 1,9% frente ao mês anterior (em Reais, a média foi de R$ 12,39/kg, alta de 2,2% na mesma comparação). Mesmo com a valorização de 4,2% do dólar frente ao Real (média de R$ 2,55/US$), a queda se justifica pela menor participação do leite em pó no índice (recuo de 5,9% de outubro para novembro). Além disso, a desvalorização do leite condensado (-1%), soro de leite (-21,6%), manteiga (-14,6%), queijos (-3,6%) e doce de leite (-8,3%), que juntos correspondem a 33,4% da participação do IPE-L, também contribuiu para a queda. US$ US$ Tabela US$ US$ % -43% US$ US$ US$ US$ % -44% Os dados se referem à média entre 2 e 22 de novembro de 2014; para 2013, foi considerado período semelhante Tabela 2 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ - (%) Participação no total exp. em Nov/13- (%) 397-9% -33% Total de janeiro a novembro/14 frente ao mesmo período de 2013: 263% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros. -18%- 22% -19% -8% - 73% 12% 6% 100,7% 183% 15% -11% 1% ² Tabela 3 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ - (%) Participação no total imp. em Nov/13- (%) 1% 19% -41% 4% -38% Total de janeiro a novembro/14 frente ao mesmo período de 2013: -35% - 81,6% 17,4% 0,6% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litro. - -7% 30% -59% -61% -28%

6 SP: LEITE UHT E QUEIJO MUÇARELA SEGUEM EM QUEDA NO MÊS DE NOVEMBRO Por Vitoria Guereschi Lucas, graduanda em Gestão Ambiental O leite UHT e o queijo muçarela seguiram em queda no mês de novembro, com preços médios de R$ 1,99/litro e R$ 11,49/kg respectivamente (inclui frete e impostos) no mercado atacadista do estado São Paulo. A desvalorização do leite UHT foi de 6,8% em relação ao mês anterior e 14,3% frente a novembro/13, em termos reais. A perda da muçarela, de um mês para o outro foi de 3,7% e, em 12 meses, de 15,6% - a correção dos valores foi feita pelo IPCA nov/14. Esses dados fazem parte da pesquisa diária realizada pelo Cepea com apoio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e da CBCL (Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios). Colaboradores do Cepea explicam que a queda do leite UHT refletiu o aumento da captação nos últimos meses, o que tem feito com que a indústria processe maiores volumes de UHT e, com isso, trabalhe com estoques elevados. A pressão sobre as cotações da muçarela também é causada pelo aumento da produção no campo ao longo dos últimos meses. A demanda por leite UHT grande balizador do segmento de derivados mantém-se firme, mas não tem sido suficiente para absorver toda a oferta dos laticínios, visto que o consumo deste derivado não costuma ter grande aumento diante da queda de seus preços. Tabela 1. Preços médios do leite UHT e da muçarela em novembro no atacado paulista em Nov/13 R$ 1,99/litro R$ 11,49/kg -6,8% -3,7% -14,3% -15,6% Fonte: Cepea OCB/CBCL. Nota: Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período. NACIONAL: AUMENTO NA PRODUÇÃO PRESSIONA VALORES DE DERIVADOS Por Isadora Trouva Vieirea, graduanda em Ciências Econômicas. As médias nacionais (são considerados os preços no atacado de GO, MG, PR, RS e SP) da maioria dos derivados lácteos analisados pelo Cepea apresentaram queda de setembro para o u t u b r o. A e x c e ç ã o f o i a m a n t e i g a (comercializada em embalagem de 200g), que teve ligeiro aumento de 0,3%. O leite UHT foi o derivado que apresentou a maior queda de um mês para outro, de 7,6% ou 16 centavos por litro na média nacional, sendo negociado por R$ 1,99/litro. Na sequência, aparecem o queijo muçarela, com perda de 3,8%, passando para R$ 13,73/kg, e o queijo prato, com redução de 2,5%, a R$ 14,73/kg. Também em queda, o leite em pó (400g) se desvalorizou 2,6% e o leite pasteurizado, 0,66% na média nacional. Essa diminuição dos preços continua relacionada ao aumento do volume captado, o que decorre do início da safra da região Sudeste e do aumento das chuvas em algumas regiões, num momento em que os estoque da indústria ainda estão elevados. Preços médios dos derivados praticados em OUTUBRO e as variações em relação ao mês anterior 1,70 2,01 14,61 13,54 12,76 15,40-2,2% -8,2% 1,0% -2,1% 1,7% -0,8% 1,67 2,02 16,80 15,92 13,68 13,69-0,5% -5,5% 0,6% -1,6% 0,1% -2,9% 1,65 1,91 12,82 11,74 12,40 13,25 1,2% 1,70-10,5% 2,00-6,4% 14,08-6,0% 14,60-1,6% 12,28-0,6% 12,65 0,0% -3,1% -2,7% -5,1% -0,5% -5,2% 1,82 2,01 15,35 12,82 13,13 13,28-1,6% -10,4% -5,2% -4,4% 2,0% -3,5% 1,71 1,99 14,73 13,73 12,85 13,65-0,66% -7,6% -2,5% -3,8% 0,3% -2,6% Fonte: Cepea/ESALQ-USP

7 PRODUTOR DEVE SER CAUTELOSO COM O CENÁRIO MACROECONÔMICO EM 2015 Por Wagner H. Yanaguizawa, analista, equipe Leite Cepea O preço do leite pago ao produtor não se sustentou nos altos patamares de Em comparação com o mesmo período do ano passado, o leite recebido em outubro esteve 6,4% menor em termos reais (IPCA set/14). Os custos de produção não têm subido muito, mas mais que em O atual cenário político traz insegurança a todo o mercado. Diversos agentes do setor lácteo declaram ainda não terem definido as estratégias a serem adotadas; o que mais se ouve é cautela para as tomadas de decisão no correr do próximo ano. No âmbito macroeconômico, o aumento da taxa de juros, desvalorização do Real frente ao dólar e o baixo crescimento econômico são fundamentos a serem interpretados para a compreensão do mercado. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA registrou alta de 4,94% de janeiro a outubro, percentual maior que verificado no mesmo período de 2013 (4,30%). O Real, por sua vez, se desvalorizou expressivamente em relação ao dólar, com média de R$ 2,3060 até o final de outubro, 8,32% superior do mesmo período de Para 2014, de acordo com o último Boletim Focus, publicado em 12 de dezembro pelo Banco Central do Brasil, a tendência é de que a inflação e o dólar continuem crescentes. Para a inflação, a expectativa é de que aumente para 6,20% no próximo ano. Já quanto ao câmbio, estima -se média de R$ 2,60, o que representaria 3,16% superior à expectativa de média para Por fim, as expectativas de crescimento do PIB nacional também são limitadas para 2015, de 0,80%. Neste panorama, afetado negativamente também pelas altas taxas de juros, o ritmo de crescimento do consumo de leite pode diminuir nos próximos meses. A demanda por leite e especialmente por derivados é diretamente relacionada à renda da população. Os investimentos realizados pelos produtores para este ano ainda terão reflexos na produtividade de 2015, mas em níveis menores. A alta do dólar, por sua vez, pode reduzir as importações, limitando a oferta de lácteos no mercado nacional. A entrada de um grande player no mercado lácteo nacional é também um fator importante para instabilidade dos próximos meses. Ao contexto, soma -se ainda a estiagem prolongada que trará consequências negativas na disponibilidade de pasto para Em resumo, o que parece predominar neste momento é de cautela em relação aos investimentos.

8 MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA Ana Amélia Zinsly Trevizam e Débora Kelen Pereira da Silva MILHO: Indicador tem forte valorização de 5% em novembro O Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), subiu expressivos 5% em novembro, fechando a R$ 27,52/saca de 60 kg no dia 28. Se considerados os negócios também em Campinas, mas cujos prazos de pagamento são descontados pela taxa de desconto NPR, o preço médio à vista foi de R$ 27,04/sc de 60 kg com aumento de 4,8% no mês. Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, os preços ao produtor subiram 11,5%, com a média mensal 14,4% maior que a de outubro. No mercado de lotes (negociação entre empresas), a parcial de novembro apresentou alta de 16% na comparação com outubro e de 11,1% no mês. Os valores em novembro foram os maiores desde maio ou junho, a depender da região. Essas valorizações resultaram das condições climáticas desfavoráveis em boa parte das regiões produtoras no Brasil, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste até meados do mês. Quanto à safra brasileira de milho, há expectativa de redução. No Paraná, segundo o Deral/Seab, a área com milho primeira safra foi 20% menor, estimada em hectares. Com a possibilidade de avanço de 4% na produtividade (para kg/ha), a produção paranaense de verão totalizaria 4,55 milhões de toneladas, queda de 16% em relação à temporada anterior. O plantio já estava praticamente concluído em novembro, com 83% das lavouras em boas condições. Quanto à comercialização do milho segunda safra 2013/2014, 55% foi negociada e, para o cereal da primeira safra 2014/2015, o percentual estimado de comercialização ainda se mantinha em 1%. No Rio Grande do Sul, segundo a Emater/RS, o cultivo do milho atingiu 85% da área prevista até 27 de novembro. Cerca de metade das lavouras estava em germinação ou desenvolvimento vegetativo, 22% estavam em floração e 13% apresentavam enchimento de grãos. FARELO DE SOJA: Com oferta e demanda equilibradas, preço se estabiliza Em novembro, boa parte dos compradores de farelo de soja se mostrou abastecida, uma vez que havia comprado grandes lotes do derivado em outubro quando os preços deram um grande salto no Brasil e nos Estados Unidos. No mercado doméstico, muitas indústrias entraram em manutenção ou já encerraram as atividades do ano, o que reduziu a oferta de farelo e sustentou os valores. Considerando-se a média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o farelo de soja se valorizou ligeiro 0,2% entre 31 de outubro e 28 de novembro. Nos Estados Unidos, as comercializações também foram mais calmas em novembro, já que os compradores elevaram o volume de suas aquisições em outubro devido ao atraso nas entregas dos produtos norte-americanos. Na CME Group (Bolsa de Chicago), o primeiro vencimento do farelo de soja teve leve avanço de 0,5% entre 31 de outubro e 28 de novembro. SP 2014 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro 26,83 30,62 32,84 31,18 28,75 26,38 23,66 22,91 22,02 23,62 27, , , , , ,90 994,63 970,46 995,56 967,76 978, ,94 Para receber o Boletim do Leite digital, encaminhe-nos um para leicepea@usp.br com os seguintes dados: nome, , endereço completo e telefone Contato: leicepea@usp.br Acompanhe mais informações sobre o mercado de leite em nosso site: