EXCESSO DE CHUVA NO SUL E FALTA NO NORDESTE PREJUDICAM PRODUÇÃO

Transcrição

1 Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 21 nº 247 Dezembro Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP EXCESSO DE CHUVA NO SUL E FALTA NO NORDESTE PREJUDICAM PRODUÇÃO O movimento sazonal de enfraquecimento dos preços do leite ao produtor se manteve em novembro, mas algumas atenuantes limitaram as quedas. Uma delas são as chuvas, excessivas no Sul e escassas no Nordeste. Outra foi um forte reajuste em Minas Gerais. No balanço, o preço recebido pelo produtor (sem frete e impostos) recuou 0,57% de outubro para novembro, com a média indo para R$ 0,9675/litro, conforme levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Na comparação com novembro/14, o preço está 5,9% menor em termos reais (deflacionados pelo IPCA de outubro/15). O valor bruto (inclui frete e impostos) pago pelos laticínios/cooperativas foi de R$ 1,0541/litro, redução de 0,46% em relação ao mês anterior. No mercado de derivados, após quatro meses de quedas para o leite UHT e de três meses para o queijo muçarela, ambos se valorizaram no fechamento parcial de novembro. Alguns colaboradores apontam leve melhora na demanda por esses derivados, o que ajudou na recuperação dos preços. O leite UHT e o queijo muçarela negociados no atacado do estado de São Paulo tiveram médias de R$ 2,2628/litro e de R$ 13,54/kg, respectivamente, em novembro, 3,39% e 1,17% superiores aos valores de outubro. A pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas do estado de SP e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Gráfico 1: ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite OUTUBRO/15. (Base 100=Junho/2004) Nos estados do Sul, as chuvas se intensificaram a ponto de reduzir a produção de leite em muitas regiões, além de dificultarem a captação do produto. Já na Bahia, é a falta de chuva que tem diminuído a produção, informa o Cepea. Representando a média ponderada de sete estados, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) de outubro apontou queda de 0,86% frente a setembro. Na Bahia, no entanto, a redução mensal chegou a 13,99%. O Rio Grande do Sul também teve queda importante, de 5,78%, seguido por Santa Catarina (- 4,55%) e Paraná (-1,47%). Diferentemente, São Paulo (2,74%), Minas Gerais (1,72%) e Goiás (1,62%) mantêm o ritmo de crescimento na produção, conforme avançam as chuvas. Outro fator que impactou diretamente nos preços pagos ao produtor foi o reajuste feito por um laticínio de grande porte na mesorregião sul/sudoeste de Minas, diante do aumento da concorrência por produtores nessas praças. Com isso, a média do estado, que vinha em tendência de queda, reagiu e amenizou a baixa da média nacional. Segundo alguns colaboradores do Cepea, o excesso de chuvas na região Sul, além de prejudicar a produção, também tem impedido o pecuarista de fazer a reforma das pastagens, comum nesta época do ano. Com isso, o mercado de insumos para essas atividades nessas re g i õ es está d esaquecido, p o d endo h aver consequências negativas futuras quanto ao fornecimento de pastagens de qualidade para alimentação dos animais. O aumento da precipitação no Sul também divide a expectativa dos agentes consultados pelo Cepea quanto aos preços no próximo mês. Uma parte dos entrevistados (45,7%), que representa 51,6% do leite amostrado, acredita que o recuo deve se manter em dezembro. Por outro lado, 42,9% dos entrevistados, que representam 47,7% do volume amostrado, indicam estabilidade. E apenas 11,4% acreditam em alta. PANORAMA pág. 05 pág. 06 pág. 07 Balança comercial é positiva em novembro, com maior faturamento desde abril/14 Preços do UHT seguem firmes em novembro Com receita abaixo de custos, margem de produtor de Cascavel cai 18% em um ano MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA

2 Fonte: Cepea NOVEMBRO/15 OUTUBRO/15 Sul / Sudoeste de Minas 1,0712 1,1358 1,0745 1,1294 1,0646 1,1110 1,1485 1,0572 1,1863 1,1051 1,0903 1,1278 1,1867 1,1746 1,1580 1,2644 1,1107 1,2659 1,3562 1,0798 1,2210 1,1950 1,1705 1,1453 1,0558 1,0857 1,0988 1,1496 0,8581 0,7552 0,8333 0,8444 0,7350 0,8329 1,0420 0,9416 0,6926 0,8905 0,9295 0,9044 1,0968 1,0604 0,9780 0,9879 0,8629 0,9240 0,7882 0,8486 0,9085 0,9680 0,9240 0,9133 0,9506 0,9382 0,9312 0,9037 0,9765 1,0252 0,9718 1,0362 0,9148 1,0144 1,1300 1,0088 0,9984 0,9990 1,0241 1,0359 1,1415 1,1126 1,0932 1,1625 1,0184 1,1391 1,0898 0,9591 1,0938 1,1018 1,1039 1,0716 1,0014 1,0255 1,0320 1,0541 0,9802 1,0282 0,9870 1,0540 0,9683 1,0312 1,0688 0,9756 1,0488 1,0110 0,9993 1,0532 1,1435 1,1064 1,0845 1,1695 1,0322 1,1603 1,2484 1,0000 1,1289 1,0899 1,0695 1,0435 0,9652 1,0031 1,0224 1,0614 0,7719 0,6563 0,7512 0,7754 0,6461 0,7594 0,9647 0,8626 0,5661 0,8012 0,8421 0,8368 1,0539 0,9937 0,9084 0,8991 0,7925 0,8299 0,6932 0,7739 0,8244 0,8671 0,8285 0,8164 0,8620 0,8588 0,8584 0,8213 0,8877 0,9202 0,8867 0,9630 0,8174 0,9363 1,0508 0,9283 0,8651 0,9073 0,9345 0,9489 1,0985 1,0453 1,0184 1,0699 0,9427 1,0370 0,9880 0,8820 1,0047 0,9985 1,0044 0,9713 0,9127 0,9441 0,9573 0,9675 nov/out -1,30% 0,79% -0,56% -0,93% -0,51% -1,33% -2,08% -0,41% -0,93% -0,84% -1,62% -0,71% -0,01% -0,63% -1,21% -1,96% 23,85% -0,86% -3,72% -3,37% 1,42% -1,89% -3,70% -3,74% 0,41% -0,15% 0,70% -0,46% nov/out -1,50% 0,52% -0,74% -0,95% -0,57%- 1,38%- 1,42% -0,44% -1,07% -0,90% -1,59% -1,51% -0,01% -0,66% -1,47% -2,07% 23,94% -0,94% -3,90% -3,84% 1,31% -1,89% -3,64% -3,75% 0,35% -0,08% 0,75% -0,57% Fonte: Cepea Preços em estados que não estão incluídos na média Brasil - RJ, MS, ES e CE 1,2053 1,1712 1,1172 0,9510 1,1219 1,0486 1,1687 1,1352 1,2008 0,9683 1,1030 1,0940 0,8272 1,1099 0,9262 0,7592 0,7900 0,7874 1,0162 0,9013 1,0781 0,9045 1,0401 0,9718 1,0581 1,1439 1,0336 0,8973 0,9732 0,9426 1,0966 1,0570 1,1261 0,9310 1,0581 1,0198 1,1486 1,0984 1,0559 0,8606 0,9890 0,9290 1,0770 1,0457 1,1095 0,8943 1,0009 1,0109 0,7789 1,0384 0,8676 0,6725 0,6645 0,6736 0,9277 0,8167 0,9896 0,8319 0,9393 0,8902 1,0048 1,0718 0,9766 0,8065 0,8436 0,8249 1,0066 0,9733 1,0365 0,8578 0,9569 0,9376 1,89% -1,19% 1,13% 0,77% -1,29% -0,69% -3,94% -0,36% 1,87% 2,52% 0,39% 1,60% 2,33% -1,04% 1,35% 0,26% -3,26% -1,76% -4,16% -0,42% 2,29% 2,18% 0,42% 1,78% Equipe Leite: Wagner Hiroshi Yanaguizawa - Pesquisador Projeto Leite Natália Salaro Grigol, Ana Paula Negri, Raphael Denys Fava, Marianne Tufani Batista, Aline Figueiró dos Santos e Juliana Cristina Santos Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto Grãos Ana Amélia Zinsly, André Sanches, Bárbara Oliveira, Camila Tolotti, Débora Kelen P. da Silva e Rafaela Moretti Vieira Wagner Hiroshi Yanaguizawa Pesquisador Projeto Leite Ana Paula Silva Ponchio - Mtb: D Flávia Romanelli - Mtb: Flávia Romanelli - Mtb: 27540

3 EVOLUÇÃO DO CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (COE) E DO PREÇO DO LEITE EM

4 CUSTO COM ENERGIA ELÉTRICA RURAL SOBE 50% EM UM ANO Wagner H. Yanaguizawa, analista de mercado da equipe Leite Cepea Item essencial na atividade diária do produtor de leite, a energia elétrica é necessária para a ordenha mecânica dos animais, preparo da alimentação do rebanho por meio das picadeiras e resfriamento do leite, entre outras atividades. Devido a sua importância operacional, inclusive na iluminação dos ambientes, a variação de tarifa merece atenção nos custos de produção. Considerando-se todas as classes de consumo, o valor médio nacional neste ano (até setembro) foi de R$ 0,3317/kWh, alta de 50% se comparado ao mesmo período de A maior tarifa na média deste ano foi verificada no Sudeste, de R$ 0,3587/kWh, enquanto a mais barata foi cobrara no Nordeste (R$ 0,2962/kWh). O gasto com o grupo energia elétrica e combustível representou 3,2% dos custos operacionais efetivos (COE) no mês de setembro/15, considerando-se a média ponderada dos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA. Goiás foi onde este grupo de custo teve maior peso, de 4,4%, e Paraná onde possui a menor ponderação, de 1,9%. Em 2014, a média nacional do preço da energia elétrica da classe de consumo Rural (considerando-se os dados da ANEEL das regiões Sul, Sudeste, Centro- Oeste, Nordeste e Norte) também dobrou no correr do ano fechando na média de R$ 0,1928/kWh. A região Sul do País apontou a maior alta no ano, de 41,36%, e a região Norte a menor elevação, de 20,78%. A estiagem que atingiu grande parte do Brasil desde meados de 2014 reduziu consideravelmente a oferta de energia elétrica, uma vez que o País depende da gestão dos estoques de água nos seus reservatórios para atender a demanda interna. Com isso, foram acionadas as usinas termoelétricas, que levaram a reajustes nas tarifas. Gráfico 1. Evolução da tarifa média de fornecimento de energia elétrica para uso rural e rural irrigante. Fonte: ANEEL 713,1 litros/tonelada 1503,7 litros/tonelada 14,0 litros/frasco 50 ml 739,4 litros/tonelada 1648,3 litros/tonelada 12,5 litros/frasco 50 ml 860,7 litros/tonelada 1594,1 litros/tonelada 12,1 litros/frasco 50 ml (130g de Fósforo) 6,6 litros/frasco 10 ml 80,7 litros/sc 25 kg 46,1 litros/litro de herbicida 6,8 litros/frasco 10 ml 83,7 litros/sc 25 kg 49,1 litros/litro de herbicida 6,9 litros/frasco 10 ml 88,0 litros/sc 25 kg 49,9 litros/litro de herbicida

5 BALANÇA COMERCIAL É POSITIVA EM NOVEMBRO, COM MAIOR FATURAMENTO DESDE ABRIL/14 Natália Salaro Grigol, analista de mercado da equipe Leite Cepea A balança comercial brasileira de lácteos registrou saldo positivo em novembro, de US$ 14,27 milhões - o maior faturamento desde abril de 2014 (US$ 14,35 milhões). Este cenário resultou da queda na quantidade importada de lácteos (-42%) e também da receita despendida com as compras internacionais (-48%) de outubro para novembro. Além disso, as exportações de derivados de leite registraram alta de 14% em volume e, de 13% em receita no mesmo período. Em novembro, foram internalizados 81,79 milhões de litros em equivalente leite, sendo que 77,5% deste volume correspondeu às compras de leites em pó¹. Em relação a outubro, a quantidade adquirida deste lácteo caiu 47,2% e o preço médio recuou 13% (US$ 2,18/kg). As compras de leites em pó uruguaio caíram expressivos 91%, passando de 76,32 milhões de litros em equivalente leite em outubro para 7,11 milhões em novembro (o menor volume registrado desde fevereiro/14). Em contrapartida, o volume adquirido da Argentina cresceu 18%, atingindo 51,43 milhões de litros em equivalente leite. Assim, em novembro, a participação uruguaia no total importado de leites em pó foi de apenas 11,2%, enquanto a argentina foi de 81,2%. A Argentina não assumia a liderança no fornecimento de leites em pó ao Brasil desde fevereiro deste ano. Já em relação às exportações, somaram 58,17 milhões de litros em equivalente leite. A Venezuela continuou sendo o principal destino dos lácteos brasileiros (83%), seguida da Colômbia (2,87%), Uruguai (2,02%), Chile (1,99%), Arábia Saudita (1,44%) e Angola (1,16%). As vendas externas de leites em pó aumentaram 15% e representaram 84% do total embarcado. Mais de 97,3% deste derivado foi enviado à Venezuela e 2,2% ao Uruguai. Em média, o leite em pó brasileiro foi exportado a US$5,30/kg em novembro, queda de 0,9% frente ao preço de outubro. O Índice de Preços de Exportação de Lácteos do Cepea (IPE-L) fechou novembro a US$ 5,02/kg, recuo de 0,5% na comparação com o mês anterior. Em Reais, a média foi de R$18,97/kg, queda de 3,1% na mesma comparação em função da desvalorização de 2,6% do dólar frente à moeda brasileira (média de R$ 3,78 em ). US$ 2387,50 US$ 2468,75 Tabela US$ 2593,75 US$ 2856,25-8% -14% US$ 1987,50 US$ 1887,50 US$ 2512,5 US$ 2400,0-21% -21% Os dados se referem à média entre 1º de novembro a 29 de novembro de 2015; para 2014, foi considerado período semelhante. Nov/ Tabela 2 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ Out/15 - Nov/15 (%) Participação no total exp. em Nov/15 Nov/14-Nov/15 (%) % 1% Total de janeiro a outubro/15 frente ao mesmo período de 2014: 4% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros. 14% 15% 6% -12% - 84% 6% 4% 63,3% 97% -31% 2% 103% Nov/15 ² Tabela 3 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ Out/15 - Nov/15 (%) Participação no total imp. em Nov/15 Nov/15 - Nov/14 (%) -42% -47,2% -9% -71% -38% Total de janeiro a outubro/15 frente ao mesmo período de 2014: 55% - 77,5% 22% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litro. 0% - 14% 9% 44% -100% -56% ¹ A categoria leites em pó considera os seguintes NCM definidos pela Secex: leite em po,mat.gorda<=1,5%,arsenio<5ppm,concentr.adoc.; Leite integral,em pó,materia gorda>1.5%,concentr.n/adoc; outs.leites,cremes,em pó,mat.gorda<=1,5%,concentr.adoc. Vale destacar que o leite em pó integral (NCM ) é o que registrou maior volume de compras, de 32,29 milhões de litros em equivalente leite, 51% do total.

6 PREÇOS DO UHT EM SP SEGUEM FIRMES EM NOVEMBRO Os preços do leite UHT subiram no atacado do estado de São Paulo em novembro, pelo segundo mês seguido. A média do leite UHT foi de R$ 2,2618/litro no período, 3,35% acima da de outubro/15 e quase 5% superior à de novembro/14. No geral, os valores estiveram em alta na primeira quinzena do mês, mas um pouco enfraquecidos na segunda metade. No início de novembro, os valores do UHT foram influenciados pela menor oferta de matériaprima. As fortes e constantes chuvas na região Sul do País prejudicaram a produção leiteira. Nesse cenário, houve diminuição nos estoques de alguns derivados nas indústrias. Já na segunda quinzena do mês, a demanda por UHT esteve um pouco enfraquecida, em partes, devido ao início das férias escolares. Com isso, alguns atacados paulistas acabaram realizando promoções, no intuito de escoar o estoque. Quanto ao queijo muçarela, os preços registraram pequena alta de outubro para novembro, também no atacado paulista. Os valores deste derivado foram influenciados pela demanda aquecida, que, segundo agentes, deve seguir firme até o final do ano. A média mensal do queijo muçarela foi de R$ 13,55/kg, aumento de 1,2% em comparação a outubro/15 e de 8,07% frente a novembro/14. Essa pesquisa diária de preços tem o apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras). Preços médios do leite UHT e da muçarela em NOVEMBRO nos atacados do estado de São Paulo em Nov/15 Nov/14 Out/15 R$ 2,26/litro R$ 13,55/kg 4,93% 8,07% 3,35% 1,20% Fonte: Cepea - OCB. Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias.variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período. COTAÇÕES DOS DERIVADOS NOS ATACADOS EM OUTUBRO Por Aline Figueiró Santos, graduanda em Ciências Econômicas Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados em SETEMBRO e as variações em relação ao mês anterior Media Nacional 1,94 2,08 14,53 14,52 13,03 15,56-1,0% -1,6% -2,4% -1,4% -3,4% 1,6% 1,66 2,06 16,79 15,43 14,44 14,40-1,0% -2,6% 4,7% -1,1% 2,5% -0,1% 1,77 1,90 15,08 12,61 11,99 12,04 0,3% -4,0% -2,3% 0,6% 5,2% -4,4% 1,73 2,04 15,44 13,69 12,68 12,39-1,0% -2,7% -0,3% 7,1% -4,0% -2,1% 1,85 2,07 15,56 14,06 13,77 13,06 2,7% -2,6% -0,9% -1,4% 0,6% -1,1% 1,79 2,03 15,48 14,06 13,18 13,49-0,01% -2,7% -0,2% 0,6% 0,1% -1,1% Fonte: Cepea/ESALQ-USP

7 COM RECEITA ABAIXO DOS CUSTOS, MARGEM EM CASCAVEL CAI 18% EM UM ANO Por Wagner H. Yanaguizawa, Analista de mercado da equipe Leite Cepea Desde outubro de 2014, a receita obtida por produtores típicos de leite de Cascavel (PR) vem se mantendo abaixo dos custos, o que pode inviabilizar a atividade no médio e longo prazo. No acumulado de 2015 (de janeiro a novembro), o faturamento está 7,2% inferior ao do mesmo período do ano passado. Em igual comparativo, o COE (Custo Operacional Efetivo) subiu 3,6% e o COT (Custo Operacional Total), 3,9%. Como resultado, a margem bruta do pecuarista leiteiro da propriedade típica de Cascavel caiu 18%. A redução da margem se deve ao recuo do preço pago ao produtor no mesmo período (Gráfico 1). S e g u n d o d a d o s d o C e p e a, h o u v e desvalorizações consecutivas no Oeste Paranaense, de junho/14 a março/15, com queda acumulada nas cotações de 25,8%, em termos reais (deflacionando-se pelo IPCA de outubro/15). Ainda que os preços tenham reagido a partir de abril, em decorrência do período de entressafra, os patamares continuaram abaixo dos verificados um ano antes, uma vez que a demanda não acompanhou o aumento na produção. O preço médio pago ao produtor no oeste paranaense de janeiro a novembro/15 ficou 17,3% menor que o praticado no mesmo período de Os custos, por sua vez, tiveram aumento no período. O item que mais se encareceu foi a silagem, com valorização de 11,5% frente ao mesmo período de Em seguida, vieram os gastos com manutenção de forrageiras perenes (+9,4%) e mão de obra (+7,8%). Localizado na região do oeste paranaense, o município de Cascavel é um importante produtor de leite do estado, com uma produção modal média de litros/dia. Segundo números do IBGE, em 2013, a bacia leiteira do Oeste Paranaense representou 23,9% da produção estadual, que, desde 2003, cresceu expressivos 81,6%. Destaca-se, assim, a relevância da a t ivi d a d e l e i t e i ra p a ra a re g i ã o e o acompanhamento de seus custos de produção. A pressão da margem do pecuarista típico chama atenção para a necessidade de melhorias na gestão da propriedade, permitindo diagnósticos prévios de possíveis falhas estruturais e planejamentos futuros. Tais medidas são importantes para maximizar a rentabilidade e eficiência com os menores custos possíveis, a fim de assegurar a lucratividade da atividade na região. Gráfico 1 Variação COE, COT e Receita Bruta de Cascavel (PR) de abril/14 a novembro/15 (Dados na base 100=abr/14)

8 MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA Por Ana Amélia Zinsly Trevizam e Débora Kelen Pereira da Silva MILHO: Exportação aquecida ajuda a dar suporte aos preços em novembro Os valores do milho apresentaram movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea no correr de novembro. As baixas de preços mais intensas no mês foram observadas em praças que apresentam relação mais direta com o mercado externo. Quanto às altas, foram observadas em regiões onde o volume de chuva esteve baixo. No balanço do mês, na média de todas as regiões acompanhadas pelo Cepea, houve pequena alta de 0,2% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e de 1,2% no de lotes (negociação entre empresas). Já o Indicador ESALQ/BM&FBovespa, referente à região de Campinas (SP), caiu 2,1% em novembro, fechando a R$ 33,25/saca de 60 kg no dia 30. Se considerados os negócios também em Campinas, mas com prazos de pagamento descontados pela taxa NPR, a média à vista foi para R$ 32,78/sc, com retração de 2,1% no mês. As exportações seguiram aquecidas e também ajudando a dar suporte aos preços. Em novembro, saíram dos portos brasileiros cerca de 4,76 milhões de toneladas de milho, volume quase 60% superior ao do mesmo mês de 2014, segundo dados da Secex. No início de novembro, a Conab estimou a produção do milho verão da safra 2014/15 em 30,08 milhões de toneladas e a segunda safra, em 54,59 milhões de toneladas. Com isso, a produção total 2014/15 é projetada em 84,67 milhões de toneladas. O cenário favorável às exportações também motivou a Conab a elevar as estimativas dessas vendas na atual temporada para 29,69 milhões de toneladas, nível recorde. FARELO DE SOJA: Preço interno cai no mês; exportação é a maior em 10 anos A oferta de farelo de soja aumentou em novembro no mercado brasileiro, já que vendedores queriam aproveitar as cotações mais elevadas do derivado. Assim, na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, houve queda de 4,2% no preço do farelo entre outubro e novembro. Quanto às exportações, o Brasil embarcou 1,44 milhão de toneladas de farelo de soja em novembro, volume 14,8% superior ao do mesmo mês de 2014 (891,37 mil toneladas), segundo dados da Secex. Na parcial de 2015, foram exportadas 13,78 milhões de toneladas de farelo de soja, 0,5% superior ao volume embarcado em todo 2014 (de 13,72 milhões de toneladas) e o maior volume para um ano desde No geral, o setor esteve atento às eleições argentinas. Isso porque a vitória do candidato da oposição na Argentina elevou as estimativas de produção agrícola naquele país, cenário que também influenciou as cotações no Brasil e nos Estados Unidos em novembro. A Bolsa de Cereais de Buenos apontou que produtores argentinos já passaram a preparar e a cultivar áreas que até então estavam abandonadas, em diferentes regiões do país, o que pode a elevar a estimativa de área cultivada para diferentes culturas. No caso da soja, a estimativa atual é de que sejam cultivadas 19,8 milhões de hectares. A Argentina é o terceiro maior exportador e esmagador de soja, liderando as exportações de farelo e óleo. Na expectativa de maior oferta de soja, pode-se apostar em maior processamento interno e elevação da disponibilidade de derivados ao mercado internacional. SP 2015 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro 27,41 27,99 29,44 27,61 25,34 25,03 25,99 27,40 31,04 32,83 33, ,85 954, ,92 999,72 947,49 931, , , , , ,19 Para receber o Boletim do Leite digital, encaminhe-nos um para leicepea@usp.br com os seguintes dados: nome, para cadastro, endereço completo e telefone Contato: leicepea@usp.br Acompanhe mais informações sobre o mercado de leite em nosso site: