Mesmo com menor produção, preço cai pelo 4º mês. Gráfico2 - Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA

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1 BOLETIM DO LEITE Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 23 nº 260 Janeiro Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP JANEIRO 2017

2 BOLETIM DO LEITE JANEIRO DE ANO 23 - Nº 260 Mesmo com menor produção, preço cai pelo 4º mês Por Wagner H. Yanaguizawa LEITE AO PRODUTOR A pesar da produção em queda no Sul do País, o preço médio do leite ao produtor caiu pelo quarto mês seguido em dezembro, refletindo ainda os efeitos da demanda enfraquecida ao consumidor final. Segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, na média Brasil, a cotação líquida (sem frete e impostos) de foi de R$ 1,1910/litro, baixa de 3,4% (ou de 4,2 centavos/litro) em relação a novembro. No balanço do ano, porém, a média nacional subiu 18,2%, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de ). O preço bruto médio do leite (que inclui frete e impostos) caiu 3,2% de novembro para dezembro, passando para R$ 1,2982/litro. As médias calculadas pelo Cepea são ponderadas pelo volume captado em outubro nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA. Entre as regiões sulistas acompanhadas, os recuos nos preços ao produtor também ocorreram pelo quarto mês seguido: de 3,5% no Paraná, de 2,9% no Rio Grande do Sul e de 1,4% em Santa Catarina, entre novembro e dezembro. Nos demais estados, o movimento de queda foi reforçado pelo aumento na captação. A produção de leite no Sul do Brasil caiu pelo segundo mês seguido, limitando o aumento da captação na média nacional em pleno período de safra. De outubro para novembro, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) teve ligeira alta de 0,6%. Nesse período, houve recuo de 4,7% na produção de Santa Catarina, de 2,5% no Rio Grande do Sul e de 0,4% no Paraná. Já em Goiás, em novembro, a captação aumentou 5,7%, em São Paulo, 4,5%, em Minas Gerais, 0,9% e, na Bahia, 0,43%. Segundo colaboradores do Cepea, a menor produção nos estados do Sul do País continua atrelada às chuvas abaixo da média na região. Com isso, a disponibilidade de forragens está reduzida e a receita do produtor, em queda, limitou os investimentos na atividade, principalmente, com relação às reformas das pastagens. Para janeiro, previsões de chuvas ainda abaixo da média no período de safra, principalmente no Sul do País, mudaram as expectativas dos laticínios/cooperativas. A maioria dos agentes entrevistados (66,7%), que representam 74,4% do leite amostrado, já acredita em estabilidade de preços, o que pode indicar uma mudança de tendência no curto prazo. A outra parcela está dividida entre queda (19,7%) e alta (13,6%) dos valores. No mercado de derivados, o leite UHT registrou a primeira alta mensal depois de consecutivas quedas desde agosto/16 (dados parciais até 28 de dezembro), enquanto o queijo muçarela continuou em desvalorização, pelo quinto mês seguido. Esse cenário elevou a expectativa de agentes de estabilidade e alta para os próximos meses, visto que o derivado lácteo mais consumido no Brasil é um dos pilares de formação do preço pago ao produtor. Os valores médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados no atacado de São Paulo em dezembro foram de R$ 2,26/litro e de R$ 14,80/kg, respectivamente, alta de 4,9% para o primeiro e queda de 6,4% para o segundo, em relação às médias de novembro. A pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Gráfico 1: ICAP-L/Cepea Índice de Captação de Leite NOVEMBRO/16. (Base 100=Julho/2004) e PTL-IBGE. Gráfico2 - Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA Editor Executivo: Impressão: Wagner Hiroshi Yanaguizawa Gráfica Riopedrense Editora Pesquisador Projeto Leite Contato: Equipe Leite: Wagner Hiroshi Yanaguizawa - Pesquisador Projeto Jornalista Responsável: (19) leicepea@usp.br Leite Alessandra da Paz - Mtb: Equipe de Apoio Natália Salaro Grigol, Aline Figueiró dos Santos e Endereço para correspondência: Editores Científicos: Juliana Cristina Santos, Juliana Haddad Tognon e Bianca Ferraz Teixeira Av. Centenário, 1080 Cep: Piracicaba/SP Prof. Geraldo Sant Ana de Camargo Barros O Boletim do Leite pertence ao CEPEA - Centro de Estudos Avançados e Prof. Sergio De Zen em Economia Aplicada - ESALQ/USP Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto Grãos Revisão: A reprodução de conteúdos publicados neste informativo é permitida Bruna Sampaio - Mtb: Equipe de Apoio André Sanches, Camila Pissinato, Débora Kelen desde que citados os nomes-dos autores, a fonte Boletim do Leite/Cepea GutierrezDE - Mtb: AVANÇADOS EM ECONOMIA Pereira da Silva, Yasmin Pascoal Butinhão, Ketlyn Accorsi, Isabela RossiCEPEAFlávia - CENTRO ESTUDOS APLICADA ESALQ/USP Nádia Zanirato - Mtb: e a devida data de publicação. e Stefane Moura Paola Garcia Ribeiro Miori - Mtb: EXPEDIENTE 2

3 Tabela 1 - Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquido) em DEZEMBRO/16 referentes ao leite entregue em NOVEMBRO/16 nov/dez nov/dez Sul / Sudoeste de Minas 1,5278 1,4253 1,4758 1,3402 1,3110 1,3251 1,3290 1,4186 1,4742 1,4576 1,3999 1,4874 1,4093 1,4676 1,4422 1,5350 1,5132 1,4031 1,7435 1,3863 1,5337 1,4024 1,3467 1,3551 1,2559 1,5797 1,4553 1,1567 1,0595 1,1026 1,0088 0,9379 1,0089 1,2139 1,1661 0,8561 1,1737 1,1672 1,1292 1,3143 1,3489 1,2017 1,1882 1,0988 1,0571 0,9371 1,1041 1,0835 1,1380 0,9662 1,0305 1,0448 1,0382 1,0878 1,3524 1,3243 1,3061 1,1862 1,1540 1,1805 1,3180 1,3504 1,3313 1,3390 1,3278 1,3161 1,3609 1,3962 1,3377 1,3849 1,3205 1,2598 1,2858 1,2743 1,3183 1,2980 1,2317 1,2447 1,1768 1,2387 1,2540 1,3977 1,3352 1,3649 1,2428 1,1847 1,2235 1,2957 1,3017 1,3244 1,3266 1,2923 1,3801 1,3193 1,4010 1,3423 1,3905 1,4175 1,2314 1,6212 1,3103 1,4135 1,2709 1,2333 1,2354 1,1531 1,4289 1,3396 1,0348 0,9772 1,0003 0,9189 0,8194 0,9144 1,1829 1,0549 0,7195 1,0491 1,0647 1,0298 1,2274 1,2838 1,1071 1,0495 1,0125 0,9918 0,8330 1,0345 0,9819 1,0097 0,8613 0,9172 0,9463 0,9551 1,0082 1,2261 1,2330 1,1988 1,0923 1,0312 1,0821 1,2848 1,2350 1,1854 1,2107 1,2218 1,2126 1,2740 1,3304 1,2419 1,2428 1,2383 1,1344 1,1739 1,1939 1,2074 1,1681 1,1208 1,1272 1,0764 1,1157 1,1532-2,55% -5,24% -2,45% -2,08% 2,73% -1,70% -5,74% -0,65% 1,72% -6,56% -3,25% -3,55% -2,59% -2,72% -3,09% -4,62% -3,25% 0,38% -0,98% -3,71% -3,60% -3,03% -3,81% -3,62% -11,76% -3,42% -6,58% -2,96% -5,61% -2,94% -1,73% 3,90% -1,37% -5,87% -0,84% 2,08% -7,15% -3,53% -3,67% -2,75% -2,80% -3,45% -4,52% -2,92% 1,02% 0,09% -3,58% -3,48% -3,54% -4,33% -4,10% -11,96% -4,39% -7,10% LEITE AO PRODUTOR 1,4521 1,1014 1,2982 1,3396 1,0000 1,1910-3,21% -3,41% Tabela 2 - Preços em estados que não estão incluídos na média Brasil RJ, MS, ES e CE 1,4810 1,4651 1,3725 1,2162 1,3540 1,2614 1,2687 1,3190 1,5183 1,5546 1,4859 1,3913 0,8582 1,4166 1,0738 0,9738 0,9736 0,9669 1,1313 1,0065 1,2683 1,3305 1,2529 1,1935 1,2248 1,4448 1,2427 1,0853 1,1665 1,1166 1,2286 1,2029 1,3964 1,4786 1,3306 1,2867 1,4187 1,3315 1,2950 1,1109 1,2084 1,1320 1,1827 1,2297 1,4778 1,4754 1,4495 1,3300 0,8099 1,2841 1,0017 0,8739 0,8365 0,8442 1,0394 0,9414 1,2336 1,2564 1,2219 1,1354 1,1683 1,3117 1,1701 0,9865 1,0251 0,9916 1,1364 1,1138 1,3587 1,4011 1,2977 1,2269-0,75% -5,23% -1,92% -1,47% -0,41% -2,08% 2,47% -3,56% 2,01% 0,55% 3,05% 1,63% -0,36% -5,90% -4,21% -2,04% -0,41% -2,41% 2,81% -3,57% 1,65% 0,61% -1,39% 0,88% MÉDIA GERAL 1,4420 1,0976 1,2910 1,3314 0,9978 1,0750-3,05% -3,08% 3

4 CUSTOS E RECEITA Mesmo com alta nos custos, poder de compra do produtor melhora em 2016 Por Wagner H. Yanaguizawa 693,5 litros/tonelada 752,7 litros/tonelada 738,3 litros/tonelada 3,9 litros/frasco 10 ml 4,5 litros/frasco 10 ml 4,5 litros/frasco 10 ml Impulsionados principalmente pelo grupo dos concentrados, os custos de produção da pecuária de leite subiram em 2016, ainda que abaixo da inflação. Para o COE (Custo Operacional Efetivo), que considera os gastos correntes da propriedade, o aumento foi de 5,3% e, para o COT (Custo Operacional Total), que engloba também depreciação e pró-labore, de 5,2%, no acumulado do ano - ambos na média Brasil (BA, MG, GO, SP, PR, RS e SC). Apesar dos custos maiores, o forte aumento na receita obtida por pecuaristas garantiu melhora no poder de compra. O preço médio líquido pago ao produtor nacional, de R$ 1,2530/l em 2016, superou em 21,8% o do ano anterior, em termos reais, atingindo em agosto recorde da série Cepea, iniciada em No estado de São Paulo, foram necessários 984,6 litros de leite para adquirir uma tonelada de ureia na média do ano passado, 36,4% a menos que a quantidade necessária em 2015, de 1.548,1 litros. Frente à suplementação mineral e ao herbicida (2,4-D), a situação também melhorou ao produtor de leite paulista. Na média de 2016, foram necessários 71,8 litros para a compra de uma saca de 30 kg de sal mineral com 30 g de fósforo e 37,2 litros para adquirir um litro do herbicida, 15,4% e 24,1%, respectivamente, menos que em Esse cenário resultou da desvalorização do dólar frente ao Real quando comparado com 2015, o que reduziu os preços dos insumos utilizados na formação e manutenção de pastagens e das áreas de agricultura (como silagem de milho e cana-de-açúcar). O único insumo que resultou em queda no poder de compra do produtor paulista de leite foi o concentrado de 22% de PB. Mesmo com os recuos de preços nos últimos meses, este grupo acumulou alta de 11,6% no ano. Em 2016, foram necessários 773,5 litros de leite para a compra de uma tonelada da ração, 1,5% a mais que em Para o início de 2017, expectativas indicam manutenção do dólar próximo aos R$ 3, o que deve sustentar os custos do pecuarista de leite, já que grande parte dos adubos utilizados na formação das áreas de silagem e das lavouras de soja e milho é importada. Além disso, o reajuste do salário mínimo também tem impacto sobre os desembolsos, visto que a mão de obra é responsável, em média, por 14,8% dos custos operacionais da pecuária leiteira. DEZEMBRO/16 O COE teve queda de 0,7% e o COT, de 0,5%, de para, na média Brasil. Foi o quarto mês seguido de baixa dos custos de produção, como reflexo da desvalorização do milho e do farelo de soja, que compõem o grupo concentrado. Esses dados fazem parte de levantamento realizado pelo Cepea, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). 761,7 litros/tonelada 886,3 litros/tonelada 982,4 litros/tonelada (130g de Fósforo) 62,6 litros/sc 25 kg 66,8 litros/sc 25 kg 68,3 litros/sc 25 kg 8,9 litros/frasco 50 ml 9,6 litros/frasco 50 ml 10,2 litros/frasco 50 ml 31,6 litros/litro de herbicida 34,9 litros/litro de herbicida 36,1 litros/litro de herbicida Nota: As relações de troca referem-se ao estado de São Paulo. e CNA (2015) Gráfico 1 - Evolução do Custo Operacional Efetivo (COE) e do preço do leite em dezembro O que é COE? COE significa Custo Operacional Efetivo. São consideradas as despesas correntes que o produtor de leite tem ao longo do mês, como alimentação de todo o rebanho (volumoso e concentrado), salário de funcionário, medicamentos e sal mineral. Já o pró-labore do produtor e também as depreciações das instalações fixes, como curral, cercas e galpões integram o que chamamos de COT (Custo Operacional Total). Para calcular o COE e o COT, o Cepea, em parceria com a CNA, pesquisou a estrutura de custos da produção leiteira em várias regiões do País. Depois de terem sido obtidos os coeficientes técnicos, mensalmente, são atualizados os preços dos insumos coletados nas lojas agropecuárias das regiões pesquisadas. 4

5 Menor produção eleva importações brasileiras de Juliana Cristina dos Santos e Juliana Haddad Tognon, Equipe Leite/Cepea As importações brasileiras de lácteos aumentaram expressivamente em 2016, refletindo principalmente a menor produção nacional, prejudicada pela forte seca. No total, foram adquiridas 1,9 milhão de toneladas em equivalente leite, aumento de 72,6% em relação ao volume importado no ano anterior. O montante despendido em dólar com as compras cresceu 58,3% em igual comparativo. Assim como em 2015, o produto mais importado em 2016 foi o leite em pó, correspondendo a 75,6% de todo volume adquirido em equivalente leite. A quantidade comprada de um ano para o outro aumentou 65,4%, contribuindo para suprir a demanda doméstica. De queijo, o volume importado em equivalente leite dobrou, participando com 23% do total. A importação de manteiga triplicou, impulsionada pela produção restrita no País. Apesar da baixa participação do produto, representando menos de 4% do total adquirido em 2016, os gastos com a compra de manteiga saltaram de US$ 7,5 milhões em 2015 para mais de US$ 24 milhões. Por outro lado, as exportações brasileiras de lácteos caíram 46% em 2016, pressionadas basicamente pelo leite em pó. O volume embarcado do produto, em equivalente leite, diminuiu 63,3%, refletindo principalmente a queda na comercialização com a Venezuela, de 64%, em valor. O recuo nas vendas externas de lácteos só não foi maior, porque as exportações de doce de leite, queijos, leite condensado e leite fluido aumentaram juntos, esses itens representam 40% do volume total enviado ao exterior, em equivalente leite. lácteos em 73% em 2016 De doce de leite, as vendas dobraram de um ano para o outro, com os Estados Unidos sendo o maior comprador. As exportações de queijos cresceram 22%, puxadas por Chile e Rússia. De leite condensado, foram vendidos 14% a mais, com a Arábia Saudita, Angola e Estados Unidos como principais destinos. Com representatividade baixa, o leite fluido foi embarcado basicamente a Filipinas, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. BALANÇA COMERCIAL Com as importações superando as exportações, a balança comercial brasileira registrou déficit em 2016, de 1,6 bilhão de litros, em equivalente leite, 153% superior ao de Em dólar, o rombo foi de 490 milhões, forte aumento de 390% em igual comparativo. Em dezembro, o déficit foi de 130 milhões de litros em equivalente leite, 3% menor que o registrado no mês anterior. Apesar da redução em volume, em dólar, o saldo negativo aumentou 28% em igual comparativo, passando para US$ 49 milhões. Tabela 1 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ Dez/16 Nov/16 Dez/16 (%) Participação no total exportado em Dez/16 Total Leite em pó (integral e desnatado) Leite condensado Queijos ,0% -93,9% 34,9% -21,9% 4248,7% -15,8% 5,8% 1,0% 12,8% 9,4% 10,5% 8,4% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite. Fonte: Cepea - Esalq/USP Dez/16 Dez/15 (%) -46,6% -92,9% 75,9% 26,9% 108,5% 27,7% Tabela 2 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ Dez/16 Nov/16 Dez/16 (%) Participação no total exportado em Dez/16 Dez/16 Dez/15 (%) Total Leite em pó (integral e desnatado) Queijos Manteiga ,4% -10,0% -22,4% 74,4% 7,7% 7,4% 8,1% 14,0% 43,4% 28,3% 97,9% 776,3% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros. Fonte: Cepea - Esalq/USP MERCADO INTERNACIONAL ¹A categoria leites em pó considera os seguintes NCM definidos pela Secex: ; ; ² A categoria queijos considera os seguintes NCM definidos pela Secex: ; ; ; ; ; ; ; ;

6 Preço do leite longa vida recupera quatro meses de queda Por Bianca Ferraz Teixeira e Juliana Cristina dos Santos Após quatro meses seguidos de queda, o leite UHT comercializado no atacado de São Paulo se valorizou 4,6% em dezembro, em relação ao mês anterior, passando a ser cotado na média de R$ 2,26/litro. Segundo colaboradores do Cepea, embora ainda enfraquecida, a demanda pelo UHT aumentou um pouco em dezembro, refletindo a necessidade de reposição dos estoques para as festas de final de ano. Na primeira quinzena, laticínios elevaram em torno de 3% os preços de venda, em comparação ao início daquele mesmo mês. QUEDA Por outro lado, o queijo muçarela se desvalorizou em dezembro pelo quinto mês seguido. A média foi de R$ 14,79/ kg, 6,7% menor que a de novembro, mas ainda 2,3% acima da de dez/15, em termos reais (deflacionamento pelo IPCA de dezembro/16). Os dados utilizados nessa pesquisa têm o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Preços médios do leite UHT e da muçarela em NOVEMRBO nos atacados do estado de São Paulo DERIVADOS Fonte: Cepea - OCB. Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias. Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período. em dez/15 R$ 2,26/litro -4,3% 4,6% R$ 14,79/kg 2,3% -6,7% Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados em NOVEMBRO e as variações em relação ao mês anterior Media Nacional 2,41-4,1% 2,21-3,7% 2,17-2,8% 2,16-8,2% 16,86-8,1% 20,27-10,7% 17,45-6,5% 18,60-9,0% 23,64 6,0% 21,30-1,3% 18,00 0,0% 17,90-0,3% 2,23 2,07 16,36 16,05 20,49 15,59-8,8% -4,5% -7,8% -2,6% -2,1% -1,2% 2,33 2,19 17,04 16,86 21,15 16,11-3,1% -6,0% -4,5% -5,1% 7,7% -1,8% 2,17 2,06 17,32 15,92 21,06 15,84-0,4% -3,0% -6,6% -7,2% 3,1% -4,9% 2,27 2,13 17,57 16,98 21,53 16,69-4,11% -5,0% -7,7% -6,2% 2,6% -1,6% 6

7 Preços de derivados lácteos atingem recordes reais em 2016 Por Aline Figueiró dos Santos, Juliana Cristina dos Santos e Juliana Haddad Tognon Apesar das quedas em meados de 2016, os preços dos derivados lácteos pesquisados pelo Cepea estiveram elevados em grande parte do ano, atingindo recordes reais da série, iniciada em jul/2004. Até então, as máximas ficavam com o ano de 2013, como consequência da demanda aquecida. Em 2016, o impulso veio basicamente da baixa oferta, mesmo no período de safra, quando costuma ocorrer aumento na captação. Alguns laticínios e cooperativas não conseguiram estocar volumes expressivos de leite durante essa época, e os que fizeram controlaram os estoques no intuito de manter a rentabilidade. No caso do leite cru integral, até agosto de 2016, os valores médios mensais reais superaram os de períodos equivalentes de 2013, na média Brasil, composta por SP, MG, RS, PR e GO. Para o leite UHT, entre março e agosto, os preços estiveram bem acima dos de anos anteriores. Para o leite pasteurizado, conhecido como leite de saquinho, os valores superaram os do UHT em e, elevando a competitividade entre os dois produtos, uma vez que, conforme os números do Cepea, um maior volume de leite foi destinado ao processamento do pasteurizado. Quanto aos queijos muçarela e prato, na entressafra de 2016, os preços reais foram os maiores dos últimos quatro anos. Com elasticidade-renda relativamente superior ao dos outros produtos lácteos, os queijos foram diretamente afetados pela crise econômica. A queda no poder de compra de consumidores reduziu a procura por itens que não fazem parte da cesta básica das famílias. Para a manteiga, os maiores níveis estiveram atrelados à baixa oferta da principal matéria-prima, o creme. No caso do leite em pó integral sachê 400 gramas, bastante atrelado ao mercado internacional, os preços internos oscilaram fortemente. Na média de 2016, os preços reais (deflacionados pelo IPCA de ) do queijo prato, queijo muçarela, leite em pó integral (sachê de 400 gramas) e manteiga (pote de 200 gramas) foram de R$ 18,99/kg, R$ 18,14/kg, R$ 16,52/kg e R$ 19,83/kg, respectivamente. Para o leite cru integral, leite pasteurizado e leite UHT, as cotações médias foram de R$1,44/l, R$ 2,20/l e R$ 2,60/l, nesta ordem. Em 2014, os preços dos derivados lácteos também estavam elevados embora menores que os de 2013, refletindo a oferta restrita, devido ao clima adverso (como seca). Já em 2015, os valores caíram, pressionados pela menor demanda, diante das dificuldades macroeconômicas. PROCESSAMENTO - O leite pasteurizado, o queijo muçarela e a manteiga foram os únicos derivados que tiveram aumento de volume processado em 2016, de 149% e 67% e 1,9% em relação a Para o leite UHT, queijo prato e leite em pó, o processamento diminuiu 0,63%, 29% e 40%, respectivamente, em igual comparativo, devido à baixa oferta e à demanda enfraquecida no último ano. Vale ressaltar que em 2016 houve a entrada de novos colaboradores, afetando a quantidade processada de cada derivado em comparação com anos anteriores. PANORAMA Fonte:Aline Figueiró dos Santos, Juliana Cristina dos Santos e Juliana Haddad Tognon 7

8 MILHO E FARELO DE SOJA Por Ketlyn Hevelise Accorsi MILHO: Fundamentos sinalizam preços menores para o milho em 2017 Após subir fortemente no primeiro semestre de 2016, os preços do milho caíram ao longo da segunda metade do ano na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea, refletindo a demanda doméstica enfraquecida e o reduzido volume de embarques. Para 2017, os fundamentos seguem de baixa, dado o cenário de maior disponibilidade do produto. Estimativas da Conab indicam que a produção total brasileira de milho possa alcançar 84,48 milhões de toneladas, próxima ao recorde de 2014/15. Maior oferta e estoques mundiais recordes podem reforçar a pressão sobre as cotações do grão ao longo deste ano. Em 2016, os primeiros seis meses foram marcados por altas de preços, impulsionadas principalmente pela baixa disponibilidade interna, diante da quebra de produção. No acumulado do ano, as cotações subiram 13,2% no mercado de balcão (ao produtor) e 12,5% no de lotes (negociação entre empresas), na média das regiões acompanhadas pelo Cepea. Em dezembro, especificamente, houve recuo de 1% no balcão e de 2% no mercado disponível. Na região de Campinas (SP), base para o Indicador ESALQ/ BM&FBovespa, os preços se elevaram fortemente em dezembro, dada a necessidade de formação de estoques para o período de festas. No acumulado do último mês do ano, o Indicador subiu 4,6%, com a saca de 60 quilos cotada a R$ 38,17 no dia 29. No ano, a valorização acumulada foi de 3,6%. FARELO DE SOJA: Preços são recordes em 2016 Por Débora Kelen Pereira da Silva Milho (R$/sc de 60 kg) jan/16 41,65 fev/16 42,98 mar/16 47,79 abr/16 48,92 mai/16 51,48 jun/16 49,12 jul/16 44,61 ago/16 45,43 set/16 41,91 42,12 38,77 38,29 Mala Direta Postal Básica DR/SPI FEALQ CORREIOS Em 2016, os preços do farelo de soja subiram, atingindo, na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, o maior valor nominal desde O impulso veio da baixa oferta combinada à firme demanda (interna e externa), especialmente no primeiro semestre. A confirmação de quebra na produção argentina contribuiu para aumentar as exportações brasileiras de farelo de soja nos primeiros meses do ano. Já no segundo semestre, os embarques caíram, por conta da demanda externa enfraquecida. Em, especificamente, as exportações voltaram a se aquecer, ultrapassando os 1 milhão de toneladas e retomando o volume de ago/16. No acumulado do ano, saíram dos portos brasileiros 14,4 milhões de toneladas de farelo de soja, 2,6% abaixo da quantidade exportada em Os principais compradores do derivado brasileiro foram os países baixos da Holanda. Para 2017, espera-se que crescimento no consumo de praticamente todos os grandes demandantes mundiais de farelo de soja, cenário que deve aumentar as transações mundiais. Farelo de soja (R$/tonelada) jan/ ,78 fev/ ,99 mar/16 976,13 abr/16 979,18 mai/ ,01 jun/ ,81 jul/ ,50 ago/ ,69 set/ , , , ,23 ENVIE SUAS DÚVIDAS E SUGESTÕES: PARA RECEBER O BOLETIM DO LEITE DIGITAL: Contato: leicepea@usp.br Encaminhe-nos um para Acompanhe mais informações CEPEA sobre o - CENTRO mercado DE de ESTUDOS leite AVANÇADOS EM leicepea@usp.br ECONOMIA APLICADA com os - seguintes ESALQ/USPdados: em nosso site: nome, para cadastro, endereço completo e telefone 8 Uso dos Correios Av. Centenário, 1080 CEP: Piracicaba/SP