BOLETIM DO. SUÍNO nº 96 AGOSTO

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1 BOLETIM DO SUÍNO nº 96 AGOSTO 2018

2 O mercado em agosto As cotações do suíno vivo e das carcaças estiveram em alta no mercado brasileiro em agosto, impulsionadas pelo recuo vendedor, que limitou a oferta de animais para abate no período. Além disso, a demanda dos frigoríficos aumentou, ajudando a elevar os preços do animal em todas as regiões acompanhadas pelo Cepea no mês passado. Na região de SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o preço do vivo subiu 7% de julho para agosto, para a média de R$ 3,39/ kg no mês passado. Em Ponte Nova (MG), a valorização foi de 6%, para R$ 3,51/kg. No Oeste Catarinense, o valor do suíno aumentou 4% na mesma comparação, com média de R$ 3,10/kg em agosto. Em Erechim (RS), a elevação também foi de 4%, para R$ 3,12/kg no mês passado. Na região de Arapoti (PR), o valor do animal subiu 5% no período, para R$ 3,26/kg. Apesar das altas registradas, o valor médio do suíno vivo em agosto ainda é inferior ao do mesmo período de 2017 em todas as regiões acompanhadas, em termos nominais. No mercado de carnes do atacado da Grande São Paulo, as carcaças comum e especial também registraram valorizações entre julho e agosto, de 2% e 5%, respectivamente, para as médias de R$ 4,96/kg e de R$ 5,26/kg. Já no mercado de cortes, a tendência foi de queda, devido ao enfraquecimento da demanda. Conforme colaboradores do Cepea, a indústria tinha expectativas de elevação das vendas no período, o que acabou não acontecendo. Assim, o pernil com osso e o lombo negociados na Grande São Paulo se desvalorizaram 4% e 3% entre julho e agosto, respectivamente, passando para as médias de R$ 5,76/kg e de R$ 9,02/kg no mês passado. O valor do carré recuou ainda com mais força no período: 6%, para R$ 5,73/kg. 2

3 Gráfico 1 - Preço médio mensal da carcaça suína especial no atacado da Grande São Paulo (R$/kg) R$/kg 8,00 7,50 7,00 6,50 6,00 5,50 5,00 4,50 3,50 3,00 2,50 2,00 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Gráfico 2 - Indicadores do Suíno Vivo CEPEA/ESALQ - Preços pagos ao produtor (jul/17 a - R$/kg) 4,90 4,60 4,30 R$/kg 3,70 3,40 3,10 2,80 2,50 03/07/ /07/ /08/ /08/ /09/ /09/ /10/ /10/ /11/ /11/ /12/ /12/ /01/ /01/ /02/ /03/ /03/ /04/ /04/ /05/ /05/ /06/ /06/ /07/ /07/ /08/ /08/2018 MG SP PR SC RS 3

4 Preços e exportações As exportações brasileiras de carne suína registraram o segundo melhor desempenho do ano em agosto, totalizando 63,3 mil toneladas, conforme dados da Secex. Esse cenário esteve atrelado ao maior número de dias úteis no mês passado e ao aumento da demanda externa pelo produto apesar dos menores volumes importados por China e Hong Kong, que recuaram 20,4% e 21,9%, respectivamente, frente a julho. Embora a quantidade exportada no mês passado tenha sido 6% menor que a de julho, que, por sua vez, foi a maior desde agosto de 2017, somando 67,2 mil toneladas, o ritmo dos embarques em agosto/18 foi positivo para o setor, que vinha operando com menores volumes embarcados desde o final do ano passado. Em termos de receita, o montante foi de US$ 110 milhões, recuo de 7% frente ao obtido em julho. Em Real, os embarques de agosto renderam 432 milhões ao setor exportador, refletindo a alta do câmbio o dólar se valorizou ainda mais frente ao Real, fechando o mês passado com média de R$ 3,93. O bom resultado das exportações em agosto também reflete a tendência a diversificação dos destinos da carne suína nacional, visto que a Rússia mantém o embargo ao produto desde dezembro de Dentre os principais países que elevaram as aquisições da proteína brasileira no mês passado estão Cingapura e Argentina, que importaram, respectivamente, 6,1 mil toneladas e 3 mil toneladas, quantidades 28% e 45% maiores que as registradas em julho. 4

5 Tabela 1 - Indicadores do Suíno Vivo CEPEA/ESALQ - Preços pagos ao produtor - agosto/18 Estado Média mensal Variação no mês Mínimo mensal Máximo mensal Minas Gerais 3,49 14,8% 3,24 3,73 São Paulo 3,35 16,7% 3,06 3,57 Paraná 3,15 10,4% 2,96 3,30 Santa Catarina 3,03 3,7% 2,93 3,09 Rio Grande do Sul 2,98 2,0% 2,92 3,02 Tabela 2 - Médias regionais do preço do suíno vivo - agosto/18 (R$/Kg) Região Média mensal Variação no mês Mínimo mensal Máximo mensal Patos de Minas 3,66 14,8% 3,22 3,73 Belo Horizonte 3,49 14,6% 3,23 3,73 Sul de Minas 3,51 15,3% 3,25 3,76 Ponte Nova 3,51 14,5% 3,28 3,75 São José do Rio Preto 3,27 17,1% 2,99 3,51 Avaré 3,33 17,4% 3,02 3,60 SP-5 3,39 16,0% 3,10 3,59 Arapoti 3,26 16,2% 2,99 3,51 SO Paranaense 3,16 17,3% 2,91 3,45 Oeste Catarinense 3,10 8,9% 2,91 3,24 Braço do Norte 2,98 21,8% 2,67 3,40 Erechim 3,12 13,0% 2,96 3,34 Santa Rosa 3,07 11,8% 2,89 3,27 Serra Gaúcha 3,20 11,4% 3,01 3,41 Tabela 3 - Médias dos preços das carnes - atacado da Grande São Paulo - agosto/18 (R$/kg) Estado Média mensal Variação no mês Mínimo mensal Máximo mensal Carcaça Comum 4,96 15,1% 4,54 5,33 Carcaça Especial 5,26 15,5% 4,77 5,57 Lombo 8,86-3,0% 8,63 8,96 Pernil com osso 5,67 2,0% 5,51 5,75 Costela 9,81-1,7% 9,66 9,92 Carré 5,87 3,5% 5,67 6,04 Paleta sem osso 6,10-2,5% 5,85 6,44 Tabela 4 - Relação de troca de suíno por milho e de suíno por farelo de soja (kg vivo/kg de insumo) média agosto/18 vivo/milho Variação mensal vivo/farelo Variação mensal SP 5,03-3,2% 2,53 7,7% MG 5,87-1,7% 2,60 10,4% 5

6 Gráfico 3 - Preços internos (carcaça - Grande SP) e externo (carne in natura), deflacionados pelo IPCA - R$/kg 10,00 9,00 8,00 R$/kg 7,00 6,00 5,00 3,00 ago/16 set/16 out/16 nov/16 dez/16 jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jun/17 jul/17 set/17 out/17 nov/17 dez/17 jan/18 mar/18 abr/18 mai/18 jun/18 jul/18 Preço Interno Preço Externo Gráfico 4 - Exportações de carne suína in natura entre agosto/17 e agosto/18, volume e receita 160,00 140,00 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 - set/17 out/17 nov/17 dez/17 jan/18 mar/18 abr/18 mai/18 jun/18 jul/ t US$ milhões 6

7 Relação de troca e insumos Os preços dos principais insumos utilizados na suinocultura, milho e farelo de soja, registraram movimentos distintos em agosto, com alta para o primeiro e ligeira queda para o segundo. De acordo com a Equipe Grãos/Cepea, o impulso nas cotações do cereal esteve atrelado à valorização do dólar frente ao Real, que tornou as exportações mais atrativas ao produtor brasileiro, reduzindo a oferta no mercado interno. Outro fator que ajudou a elevar os preços do milho no mês foi a retração de vendedores, devido à previsão de menor produção na segunda safra e ao elevado custo do frete, principalmente no Centro-Oeste. Já as cotações do farelo de soja recuaram levemente entre julho e agosto. Ainda segundo a Equipe Grãos/ Cepea, a maior parte da safra de soja já foi negociada, e sojicultores têm optado por comercializar a produção restante nos meses posteriores. Quanto ao farelo de soja, especificamente, apenas pequenos lotes têm sido adquiridos, para atender a necessidades imediatas. Nesse contexto, a saca de 60 quilos de milho teve preço médio de R$ 40,45 na região de Campinas (SP) em agosto, valorização de 10,5% frente ao do mês anterior e de 55,3% em comparação com o de agosto/17, em termos nominais. Já a tonelada do farelo de soja foi comercializada em média de R$ 1.340,92 na mesma região, em agosto, queda de 0,6% em relação a julho, mas alta de 44,6% frente ao mesmo período de 2017, em termos nominais. Quanto ao suíno vivo comercializado na região de SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Piracicaba), as cotações subiram 7,1% na mesma comparação. Essa alta, porém, não foi suficiente para sustentar o poder de compra do suinocultor paulista frente a esses insumos. Com a valorização do milho, a relação de troca entre o cereal e o animal vivo teve queda de 3,2% de julho para agosto, sendo possível comprar 5,03 quilos do insumo com a venda de um quilo de suíno vivo. Frente ao farelo de soja, no entanto, o poder de compra do suinocultor aumentou. Em agosto, um quilo de suíno vivo valia 2,53 quilos do derivado, quantidade 7,7% maior que a de julho. 7

8 Gráfico 5 - Relação de troca (kg de suíno/kg de ração) - MG - agosto/17 a agosto/18 7,50 7,00 6,50 6,00 5,50 5,00 4,50 3,50 3,00 2,50 2,00 ago/08 fev/09 ago/09 fev/10 ago/10 fev/11 ago/11 fev/12 ago/12 fev/13 ago/13 fev/14 ago/14 fev/15 ago/15 fev/16 ago/16 fev/17 Gráfico 6 - Relação de troca (kg de suíno/kg de milho e kg suíno/kg do farelo de soja - agosto/08 a agosto/18 13,5 12,0 10,5 9,0 7,5 6,0 4,5 3,0 1,5 0,0 set/17 out/17 nov/17 dez/17 jan/18 mar/18 abr/18 mai/18 jun/18 jul/18 SP Suíno/Milho MG Suíno/Milho SP Suíno/Farelo MG Suíno/Farelo 8

9 Carnes concorrentes A carne suína perdeu competitividade frente às duas principais concorrentes, bovina e de frango, em agosto. O aquecimento da demanda por parte de atacadistas para atender à demanda interna, principalmente no início do mês somado ao bom ritmo das exportações impulsionaram as cotações da proteína no mês passado. No mercado atacadista da Grande São Paulo, a carcaça especial suína teve preço médio de R$ 5,26/kg em agosto, alta de 5% frente ao de julho. A carcaça casada bovina, por sua vez, registrou valorização de 1,8% na mesma comparação, para a média de R$ 9,63/kg no mês passado. Já o valor do frango inteiro resfriado recuou 3% no período, fechando agosto com média de R$ 3,60/kg. No mercado de carne de frango, contrariando as expectativas de agentes, o fim das férias escolares não elevou a liquidez e as cotações da proteína acabaram recuando frente às do mês anterior. Quanto à carne bovina, ainda que o consumo doméstico esteja enfraquecido, a menor oferta de animais em peso ideal para abate e o bom desempenho das exportações impulsionaram os valores. Com os preços dos insumos em alta, parte dos produtores de bovinos decidiu não confinar seus animais segundo dados levantados pelo Cepea em parceria com a CNA, o milho representa de 70 a 75% da dieta no confinamento. No front externo, os embarques de carne bovina registraram forte alta em agosto. Conforme dados da Secex, o Brasil exportou 173,47 mil toneladas de carne bovina no mês passado, aumento de 9,2% frente a julho e de 19% na comparação com agosto/17. Nesse cenário, a diferença entre os preços da carcaça especial suína e os da bovina diminuiu 1,8% de julho para agosto, com a proteína suína 4,37 Reais por quilo mais barata que a de boi. Já no comparativo com o frango inteiro congelado, a diferença entre os valores foi 27,7% maior em agosto, com a carne suína 1,65 Real por quilo mais cara que a de frango. Gráfico 7 - Preços da carcaça casada bovina, carcaça especial suína e frango inteiro resfriado, no atacado da Grande São Paulo (R$/kg) - agosto/17 a agosto/18 11,00 10,00 9,00 8,00 7,00 6,00 5,00 3,00 2,00 set/17 out/17 nov/17 dez/17 jan/18 mar/18 R$/kg abr/18 mai/18 jun/18 jul/18 SEJA UM COLABORADOR DO CEPEA! CONTATO: (19) suicepea@usp.br EXPEDIENTE Carcaça Casada Bovina Carcaça Especial Suína Frango Resfriado Coordenador: Geraldo Sant Ana de Camargo Barros, Ph.D Pesquisador responsável: Prof. Dr. Sergio De Zen O Boletim do Suíno é elaborado mensalmente pelo Cepea - Centro de Revisão: Estudos Avançados em Economia Aplicada Bruna Sampaio - Mtb: ESALQ/USP. Interessados em reproduzir Equipe: Juliana Ferraz, Maristela de Mello Nádia Zanirato - Mtb: o conteúdo devem solicitar CEPEA autorização. - CENTRO DE ESTUDOS Martins, AVANÇADOS Claudia Scarpelin, EM ECONOMIA Luiz Gustavo APLICADA Susumu, - ESALQ/USP Flávia Gutierrez - Mtb: Jaqueline Massolla Gonçalves, Ana Flávia Borin Vitório Jornalista responsável: Alessandra da Paz - Mtb: