BOLETIM DO. SUÍNO nº 99 NOVEMBRO
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- Esther Amorim
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1 BOLETIM DO SUÍNO nº 99 NOVEMBRO 2018
2 O mercado em novembro Após o cenário adverso para a suinocultura no correr deste ano, principalmente no primeiro semestre, muitos suinocultores migraram de atividade, passando a reduzir a oferta de animais para abate. Consequentemente, o preço do suíno vivo passou a apresentar altas contínuas a partir de julho, atingindo, em novembro, o maior patamar mensal de 2018 na maioria das regiões acompanhadas pelo Cepea, em termos nominais. Na praça de SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o animal posto no frigorífico foi comercializado a R$ 3,91/kg em novembro, alta de 2,4% em relação ao mês anterior. Em Belo Horizonte (MG), a média chegou a R$ 4,01/kg, avanço de 1,3% no mesmo comparativo. Nas regiões paranaenses, a elevação nos preços foi ainda mais expressiva. No sudoeste do estado, o suíno teve valorização de 6,3% frente a outubro, e no norte, de 5,2%. Em ambas as localidades, o animal foi negociado ao preço médio de R$ 3,84/kg em novembro. As valorizações não ficaram restritas aos animais. No atacado da Grande São Paulo, as cotações das carcaças comum e especial subiram 2,1% e 3,5%, respectivamente, de outubro para novembro. O preço do pernil com osso, negociado no mercado atacadista do estado de São Paulo, registrou alta de 9,5% no mesmo período; o da paleta desossada, de 3,2%; e os da costela e do carré, de 2,3%. A procura por carne suína costuma aumentar no final do ano, devido às festividades da época. No entanto, segundo colaboradores do Cepea, essa demanda sazonal não elevou significativamente o volume de negócios registrados em novembro frente ao mesmo período do ano passado. No mês passado, as cotações do suíno vivo na região de SP-5 estavam 4,7% menores do que em novembro/17. No sudoeste e no norte do Paraná, o animal estava 1,8% e 1,4% mais barato, respectivamente, no mesmo comparativo. Cabe ressaltar que, no mesmo período do ano passado, a oferta de animais para abate superava a demanda, o que acabou por pressionar os valores, limitando os ganhos de produtores com as vendas de final de ano. Para 2018, a expectativa dos agentes é de que as vendas se aqueçam com a proximidade do Natal, mas, novamente, sem grandes reflexos nos preços. 2
3 Gráfico 1 - Preço médio mensal da carcaça suína especial no atacado da Grande São Paulo (R$/kg) 8,00 7,50 7,00 6,50 R$/kg 6,00 5,50 5,00 4,50 3,50 3,00 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Gráfico 2 - Indicadores do Suíno Vivo CEPEA/ESALQ - Preços pagos ao produtor (out/17 a - R$/kg) 4,30 3,70 R$/kg 3,40 3,10 2,80 2,50 02/10/ /10/ /10/ /11/ /11/ /12/ /01/ /01/ /01/ /02/ /03/ /03/ /03/ /04/ /04/ /05/ /05/ /06/ /06/ /07/ /07/ /08/ /08/ /09/ /09/ /10/ /10/ /11/ /11/2018 MG SP PR SC RS 3
4 Preços e exportações As exportações de carne suína in natura tiveram bom desempenho em novembro, com a média diária de embarques, de 2,55 mil toneladas, atingindo o segundo maior volume do ano, atrás apenas da observada em julho (2,59 mil toneladas). A quantidade diária exportada no mês passado também foi 3% superior à registrada em outubro, conforme a Secex. Em termos de faturamento, a média diária (em dólar) da receita obtida também se elevou, sendo 7% superior à de outubro. Apesar do ritmo mais intenso das exportações no mês passado, o menor número de dias úteis em novembro acabou limitando os ganhos do setor suinícola brasileiro. Nos 20 dias úteis do mês, o Brasil embarcou 51 mil toneladas de carne suína in natura, contra 54.3 mil t nos 22 dias úteis de outubro, queda de 6% no comparativo mensal. De acordo com dados da Secex, em novembro, as exportações totais do setor (incluindo a proteína in natura, industrializada, salgada e demais categorias) somaram 57,9 mil t, recuo de 7% frente às de outubro. A receita obtida com esses embarques, por sua vez, alcançou US$ 104 milhões, recuo de 3% frente ao mês anterior. A melhora nas exportações diárias de carne suína in natura no correr deste segundo semestre pode estar atrelada à menor oferta de animais para abate no mercado internacional, principalmente em decorrência dos surtos de Peste Suína Africana (PSA), ocorrida em várias regiões alguns países continuam reportando novos casos da doença. Com isso, o valor recebido pela tonelada exportada em novembro, de US$ 1.855,35, foi 4% maior do que o registrado em outubro. Os principais destinos da proteína brasileira em novembro foram China (12,7 mil toneladas), Hong Kong (11 mil t) e Chile (4,9 mil t), que, juntos, responderam por 50% do total embarcado. Apesar de os países asiáticos continuarem no topo do ranking de maiores importadores da carne nacional, no último mês, as aquisições da China recuaram 12%, e as de Hong Kong, 7%. Por outro lado, a retomada das compras russas animou agentes do setor. Ainda que o volume adquirido em novembro tenha sido 96% inferior ao comercializado no mesmo período do ano passado, é o melhor resultado dos embarques à Rússia dos últimos 10 meses. 4
5 Tabela 1 - Indicadores do Suíno Vivo CEPEA/ESALQ - Preços pagos ao produtor - novembro/18 (R$/Kg) Estado Média mensal Variação no mês Mínimo mensal Máximo mensal Minas Gerais 3,99 2,0% 3,89 4,09 São Paulo 3,90 2,9% 3,81 3,98 Paraná 3,64 8,3% 3,49 3,79 Santa Catarina 3,22 2,2% 3,15 3,27 Rio Grande do Sul 3,12 3,9% 3,05 3,18 Tabela 2 - Médias regionais do preço do suíno vivo - novembro/18 (R$/Kg) Região Média mensal Variação no mês Mínimo mensal Máximo mensal Patos de Minas 1,6% 3,92 4,10 Belo Horizonte 4,01 1,5% 3,96 4,10 Sul de Minas 3,92 2,7% 3,72 4,13 Ponte Nova 2,3% 3,80 4,13 São José do Rio Preto 3,87 1,0% 3,74 4,03 Avaré 3,90 2,9% 3,79 3,97 SP-5 3,91 3,6% 3,84 3,98 Arapoti 3,84 4,2% 3,70 3,92 SO Paranaense 3,84 9,5% 3,67 Oeste Catarinense 3,75 9,1% 3,58 3,91 Braço do Norte 3,45 5,3% 3,35 3,52 Erechim 3,65 5,4% 3,54 3,74 Santa Rosa 3,63 5,1% 3,43 3,74 Serra Gaúcha 3,58 1,7% 3,52 3,62 Tabela 3 - Médias dos preços das carnes - atacado da Grande São Paulo - novembro/18 (R$/kg) Estado Média mensal Variação no mês Mínimo mensal Máximo mensal Carcaça Comum 5,76 5,4% 5,56 5,99 Carcaça Especial 6,09 6,6% 5,84 6,30 Lombo 8,70 0,6% 8,58 8,79 Pernil com osso 6,44 6,6% 6,17 6,61 Costela 10,10 10,1% 9,32 10,42 Carré 6,42 8,6% 5,93 6,62 Paleta sem osso 6,57 7,9% 6,20 6,80 Tabela 4 - Relação de troca de suíno por milho e de suíno por farelo de soja (kg vivo/kg de insumo) média novembro/18 vivo/milho Variação mensal vivo/farelo Variação mensal SP 6,55 2,0% 3,09 6,1% MG 7,43 8,8% 3,32 8,9% 5
6 Gráfico 3 - Preços internos (carcaça - Grande SP) e externo (carne in natura), deflacionados pelo IPCA - R$/kg 10,00 9,00 8,00 R$/kg 7,00 6,00 5,00 3,00 nov/16 dez/16 jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jun/17 jul/17 ago/17 set/17 out/17 dez/17 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 jun/18 jul/18 ago/18 set/18 out/18 Gráfico 4 - Exportações de carne suína in natura entre e, volume e receita 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 - dez/17 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 jun/18 jul/18 ago/18 set/18 out/18 Preço Interno Preço Externo t US$ milhões 6
7 Relação de troca e insumos Em novembro, as valorizações do suíno vivo superaram as altas verificadas dos principais insumos que compõem a ração animal (milho e farelo de soja), cenário que melhorou a relação de troca para produtores, principalmente aqueles do Sul do País. As elevações nos preços do suíno estiveram atreladas à menor oferta de animais para abate e à demanda mais aquecida por parte da indústria, elevando a liquidez no mercado independente. Nem mesmo com a entrada da segunda quinzena, quando o mercado tende a ficar mais lento, as cotações foram pressionadas. O suíno vivo negociado na região de SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba) registrou média de R$ 3,91/kg em novembro, alta de 2,3% frente a outubro. No Oeste Catarinense, o aumento foi mais expressivo, de 6,9%, com o animal registrando média de R$ 3,75/kg. Quanto ao mercado de milho, segundo a Equipe Grãos/Cepea, as altas nos preços, que vinham sendo registradas especialmente nas praças consumidoras, ao longo do mês também subiram na maior parte das regiões produtoras, como Centro-Oeste e Paraná. O impulso veio da demanda mais aquecida tanto no mercado interno quanto para exportação. Em novembro, a saca de 60 kg de milho foi negociada em média de R$ 35,80 na região de Campinas (SP). Já em Chapecó (SC), o cereal foi comercializado na média de R$ 36,82/saca. Dessa forma, produtores paulistas e catarinenses puderam adquirir respectivos 6,55 quilos e 6,11 quilos de milho com a venda de um quilo do animal vivo, quantidades 2% e 12,5 % superiores às registradas em outubro. Em relação ao farelo de soja, na região catarinense, a tonelada do insumo foi negociada a R$ 1.259,33, queda de 4,6% em relação ao mês anterior. Na região paulista, a desvalorização foi de 3,5%, com média de R$ 1.266,35/ tonelada em novembro. Com isso, o produtor de Campinas conseguia comprar 3,09 quilos de farelo com a venda de um quilo de suíno e o de Chapecó, 2,98 quilos do derivado, quantidades 6,1% e 12,1% superiores às de outubro. 7
8 Gráfico 5 - Relação de troca (kg de suíno/kg de ração) - MG - novembro/17 a novembro/18 7,50 7,00 6,50 6,00 5,50 5,00 4,50 3,50 3,00 2,50 2,00 Gráfico 6 - Relação de troca (kg de suíno/kg de milho e kg suíno/kg do farelo de soja - a 9,0 7,5 6,0 4,5 3,0 1,5 0,0 dez/17 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 jun/18 jul/18 ago/18 set/18 out/18 nov/08 mai/09 nov/09 mai/10 nov/10 mai/11 nov/11 mai/12 nov/12 mai/13 nov/13 mai/14 nov/14 mai/15 nov/15 mai/16 nov/16 mai/17 SP Suíno/Milho MG Suíno/Milho SP Suíno/Farelo MG Suíno/Farelo 8
9 Os preços das três carnes mais consumidas no Brasil (bovina, suína e de frango) têm apresentado seguidas recuperações no correr deste segundo semestre. Em novembro, o movimento de alta nas cotações das proteínas segue firme, mas em diferentes intensidades. Com isso, considerando-se as três proteínas negociadas no atacado da Grande São Paulo, verifica-se que a carne suína perdeu competitividade frente à bovina, mas aumentou a vantagem em relação ao frango. Em novembro, o preço médio da carcaça especial suína atingiu o maior patamar mensal de 2018, de R$ 6,09/kg, sendo 3,5% superior ao de outubro. O impulso vem da redução na oferta de animais para abate, em decorrência da saída de produtores da atividade, e do melhor desempenho das exportações brasileiras da proteína. A carne de frango resfriada, por sua vez, registrou média de R$ 4,53/kg, em novembro, forte alta de 6,5% se comparada ao mês anterior (R$ 4,25/kg). A elevação está atrelada às exportações aquecidas e à menor oferta de animais para abate. No geral, os preços desta carne estão em forte recuperação frente ao cenário observado no primeiro semestre. Carnes concorrentes Quanto à carne bovina, o preço médio da carcaça bovina esteve em R$ 10,15/kg, leve alta de 0,3% em relação a outubro. No geral, ainda que os embarques desta proteína também registrem volumes elevados em novembro, a fraca demanda doméstica e a maior oferta de animais para abate ainda limitam maiores movimentos de alta nos valores da carcaça no atacado. Desta maneira, em novembro, a competitividade da carne suína caiu 4,2% em relação à bovina. Enquanto em outubro o quilo da carcaça casada bovina era 4,23 Reais mais caro do que o da carcaça especial suína, em novembro, essa diferença foi para 4,05 Reais mais caro. Como a alta de preços para a carne de frango foi mais forte, a carne suína conseguiu melhorar sua competitividade em relação à essa proteína. Em outubro, o quilo da carcaça especial suína era 1,63 Real mais caro do que o do frango, enquanto em novembro, a diferença se estreitou para 1,56 Real. Nesse contexto, a carne suína teve um ganho de competividade de 4,2% frente à de frango no período. Gráfico 7 - Preços da carcaça casada bovina, carcaça especial suína e frango inteiro resfriado, no atacado da Grande São Paulo (R$/kg) - novembro/17 a novembro/18 11,00 10,00 9,00 8,00 7,00 6,00 5,00 3,00 2,00 dez/17 jan/18 fev/18 mar/18 abr/18 jun/18 R$/kg jul/18 ago/18 set/18 out/18 SEJA UM COLABORADOR DO CEPEA! CONTATO: (19) suicepea@usp.br EXPEDIENTE Carcaça Casada Bovina Carcaça Especial Suína Frango Resfriado Coordenador: Geraldo Sant Ana de Camargo Barros, Ph.D Pesquisador responsável: Prof. Dr. Sergio De Zen Gestora executiva: Gabriela Garcia Ribeiro O Boletim do Suíno é elaborado mensalmente pelo Cepea - Centro de Revisão: Estudos Avançados em Economia Aplicada Bruna Sampaio - Mtb: ESALQ/USP. Interessados em reproduzir Equipe: Juliana Ferraz, Maristela de Mello Nádia Zanirato - Mtb: o conteúdo devem solicitar CEPEA autorização. - CENTRO DE ESTUDOS Martins, AVANÇADOS Claudia Scarpelin, EM ECONOMIA Luiz Gustavo APLICADA Susumu, - ESALQ/USP Flávia Gutierrez - Mtb: Ana Flávia Borin Vitório, Milena La Rubia Acciari e Matheus do Valle Liasch Jornalista responsável: Alessandra da Paz - Mtb:
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