AVANÇO DA SAFRA E MENOR DEMANDA REDUZEM PREÇO PELO 2º MÊS

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1 Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 22 nº 258 Novembro Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP AVANÇO DA SAFRA E MENOR DEMANDA REDUZEM PREÇO PELO 2º MÊS O avanço da safra em grande parte do Brasil, que eleva a produção e a captação de leite pelas indústrias, e a persistente fraca demanda nacional pressionaram os valores pagos ao produtor em outubro pelo segundo mês seguido. Segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o preço médio recebido pelo produtor na média Brasil (sem frete e impostos) foi de R$ 1,3961/litro no mês, forte baixa de 8,5% (ou de 13 centavos/litro) em relação a setembro. derivados e pressionado as cotações. Os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados no atacado de São Paulo em outubro (até o dia 28) foram de R$ 2,23/litro e de R$ 17,05/kg, respectivamente, significativas quedas de 10,16% e de 10,96% em relação às médias de setembro. Com o cenário de baixas intensas desde agosto, a variação acumulada do leite UHT desde o início do ano já passou a ser negativa, em 4,9%. A pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Gráfico 1: ICAP-L/Cepea Índice de Captação de Leite SETEMBRO/16. (Base 100=Julho/2004) Mesmo com a queda mensal, o preço pago ao produtor ainda acumula alta de 37,3% neste ano, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de setembro/16). O preço bruto médio do leite (que inclui frete e impostos) caiu 8% de setembro para outubro, passando para R$ 1,506/litro. As médias calculadas pelo Cepea são ponderadas pelo volume captado em setembro nos estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA. A captação de leite aumentou em todos dos estados que compõem a média Brasil, refletindo a recuperação das pastagens, favorecida pela chegada das chuvas em grande parte das bacias leiteiras. De agosto para setembro, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L/Cepea) aumentou significativos 6,24%, com destaque para Bahia e Rio Grande do Sul, onde foram verificadas altas de 10,72% e de 9,8%, respectivamente. Já o menor aumento na captação foi observado no Paraná, de 1,77%. Para novembro, com o avanço da safra, representantes de laticínios/cooperativas consultados pelo Cepea apontam nova queda nos preços do leite. A maioria dos agentes entrevistados (94,2%), que representa 99,8% do leite amostrado, indica que os valores devem cair. Outros agentes (1,9%), que representam 0,02% do volume amostrado de leite, acreditam em estabilidade. Fundamentados no volume de chuvas abaixo do e s p e ra d o e m a l g u m a s re g i õ e s, a l g u n s colaboradores (3,8% dos agentes que representam 0,2% da amostra) têm expectativa de alta nas cotações em novembro. No mercado de derivados, os valores também caíram, especialmente no Sudeste do País, devido à entrada de produtos lácteos vindos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e Paraná. Como a safra na região Sul do Brasil ocorre antes que no Sudeste, os produtos sulistas chegam a valores menores aos demais estados, acirrando a concorrência. Além disso, a demanda está enfraquecida, em decorrência dos elevados patamares de preços nos últimos meses, o que tem aumentado os estoques dos PANORAMA pág. 05 pág. 06 pág. 07 Importação de leite em pó cai 40% e diminui déficit na balança comercial brasileira Com fraca demanda, UHT e muçarela se desvalorizam 10% em outubro Em época de safra, diferentes níveis técnicos de produção influenciam na competitividade nacional MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA

2 Fonte: Cepea OUTUBRO/16 SETEMBRO/16 Sul / Sudoeste de Minas 1,6788 1,6085 1,6352 1,5903 1,4195 1,5520 1,5993 1,5141 1,5926 1,7379 1,5972 1,6937 1,6462 1,6243 1,6333 1,7944 1,6730 1,7666 2,0152 1,5468 1,7678 1,6147 1,6000 1,5755 1,4628 1,5929 1,5648 1,6559 1,3384 1,2221 1,2821 1,1913 1,0554 1,1812 1,4455 1,3988 0,8929 1,4194 1,3829 1,2989 1,5525 1,4937 1,3517 1,4009 1,1921 1,2922 1,0488 1,3373 1,2633 1,3095 1,1655 1,2003 1,2550 1,1775 1,2398 1,2802 1,5190 1,5018 1,4817 1,4155 1,2805 1,3910 1,5201 1,4796 1,3763 1,5903 1,5099 1,5336 1,5977 1,5451 1,5210 1,6606 1,4721 1,5303 1,5438 1,4551 1,5498 1,5452 1,5238 1,5039 1,3554 1,3320 1,3810 1,5060 1,5510 1,5180 1,5281 1,4836 1,2779 1,4407 1,5593 1,4088 1,4407 1,6022 1,4908 1,5801 1,5561 1,5511 1,5313 1,6416 1,5737 1,6043 1,8855 1,4602 1,6423 1,4765 1,4803 1,4499 1,3483 1,4690 1,4580 1,5414 1,2182 1,1398 1,1828 1,0932 0,9225 1,0781 1,4088 1,2960 0,7568 1,2908 1,2813 1,1940 1,4654 1,4222 1,2559 1,2570 1,1035 1,1924 0,9409 1,2555 1,1540 1,1770 1,0557 1,0828 1,1448 1,0359 1,1266 1,1752 1,3948 1,4100 1,3777 1,3127 1,1424 1,2834 1,4866 1,3750 1,2293 1,4632 1,4080 1,4234 1,5107 1,4729 1,4234 1,5007 1,3869 1,4205 1,4247 1,3622 1,4315 1,4082 1,4059 1,3798 1,2440 1,2164 1,2798 1,3961 out/set -6,39% -1,42% -7,30% -11,67% -6,89% -10,87% -0,17% -9,47% -6,42% -7,10% -7,55% -1,87%- 4,65% -5,32% -5,61% -9,37% -7,72% -16,80% -1,83% -10,11% -8,01% -10,59% -13,18% -11,85% -0,33% -3,30% -0,56% -8,04% out/set -6,81% -1,51% -7,57% -12,19% -7,47% -11,42% -3,40% -10,05% -7,46% -7,25% -8,37% -1,96% -4,91% -5,56% -5,92% -10,44% -7,93% -15,08% -2,74% -10,56% -8,50% -11,24% -13,56% -12,44% -0,35% -2,89% -0,27% -8,50% Fonte: Cepea Preços em estados que não estão incluídos na média Brasil - RJ, MS, ES e CE 1,2866 1,6459 1,4020 1,2774 1,3629 1,3103 1,5775 1,5238 1,5199 1,5523 1,4515 1,3923 0,9004 1,5950 1,1693 1,0291 1,0365 1,0340 1,3952 1,1643 1,2353 1,3306 1,2265 1,1744 1,0207 1,6243 1,2722 1,1929 1,2167 1,1963 1,4797 1,3900 1,3908 1,4742 1,3023 1,2769 1,2214 1,5084 1,3210 1,1802 1,2169 1,1829 1,5008 1,4389 1,4850 1,4686 1,4800 1,3434 0,8439 1,4587 1,0919 0,9352 0,8978 0,9121 1,2952 1,0784 1,2070 1,2519 1,2497 1,1280 0,9614 1,4874 1,1965 1,1007 1,0740 1,0724 1,3852 1,2918 1,3588 1,3921 1,3271 1, ,96% -13,54% -11,62% -6,07% -1,90% -6,56% -3,10% -4,47% -0,07% 3,54% 0,01% 0,26% -21,64% -12,53% -11,54% -4,30% -2,09% -6,47% -2,75% -5,30% -0,07% 0,72% -0,02% 0,03% Equipe Leite: Wagner Hiroshi Yanaguizawa - Pesquisador Projeto Leite Natália Salaro Grigol, Marianne Tufani Batista, Aline Figueiró dos Santos, Juliana Cristina Santos e Juliana Haddad Tognon Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto Grãos Ketlyn H. Accorsi, André Sanches, Stefani Morera, Camila Pissinato, Débora Kelen P. da Silva, Rafaela Moretti Vieira e Yasmin Pascoal Wagner Hiroshi Yanaguizawa Pesquisador Projeto Leite Alessandra da Paz - Mtb: D Paola Miori - Mtb: Bruna Sampaio - Mtb: Nadia Flávia Romanelli Zanirato - - Mtb:

3 EVOLUÇÃO DO CUSTO OPERACIONAL EFETIVO (COE) E DO PREÇO DO LEITE EM

4 ESTABILIDADE DOS CUSTOS E QUEDA DO LEITE PAGO PRESSIONA RENTABILIDADE DO PRODUTOR Por Wagner H. Yanaguizawa, Analista de Mercado, equipe Leite Cepea Em outubro, o custo operacional efetivo (COE) da pecuária leiteira, que considera os gastos correntes da propriedade na média Brasil (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), se manteve praticamente estável na comparação com o mês anterior (-0,28%). As valorizações nos grupos de suplementação mineral, material de ordenha e energia e combustível foram compensadas pelas quedas dos concentrados, medicamentos e das forragens anuais. Segundo levantamentos do Cepea, feitos em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o custo operacional total (COT) também se manteve estável com relação a setembro (-0,23%). O grupo de suplementação mineral e material de ordenha, que representam 3,4% e 2,8% do COE, respectivamente, tiveram a valorização mais expressiva entre os avaliados, de 0,4% e 0,6%. Já as forragens anuais e a manutenção das forragens perenes registraram as maiores quedas com relação ao mês anterior de 4,5% e 0,6%, respectivamente. Analisando o acumulado do ano, de janeiro a outubro, a manutenção das forragens perenes possui a maior variação negativa entre os grupos de 17,1%, principalmente, pela desvalorização dos preços dos adubos e defensivos. Segundo colaboradores, o cenário baixista dos preços pagos ao produtor que se iniciou em setembro tem desestimulado investimentos por parte dos pecuaristas no início do período das chuvas. Com as melhores condições das pastagens e menor necessidade de suplementação com concentrado tem refletido em menores vendas de rações o que acabou pressionando as cotações desse insumo no mês. Porém, existem boas expectativas com relação à venda de vacinas e medicamentos de controle parasitários devido ao mês de vacinação que se inicia. Dessa forma, a rentabilidade dos pecuaristas de leite segue comprometida, inclusive considerando o aumento da captação em todas as regiões acompanhadas e consequente início do período de queda dos preços pagos ao produtor, que nesse último mês caiu 8,5%. 652,2 litros/tonelada 651,1 litros/tonelada 7,4 litros/frasco 50 ml 634,6 litros/tonelada 715,7 litros/tonelada 8,2 litros/frasco 50 ml 693,5 litros/tonelada 761,7 litros/tonelada 8,9 litros/frasco 50 ml (130g de Fósforo) 3,9 litros/frasco 10 ml 56,5 litros/sc 25 kg 27,7 litros/litro de herbicida 3,9 litros/frasco 10 ml 56,9 litros/sc 25 kg 27,8 litros/litro de herbicida 3,9 litros/frasco 10 ml 62,6 litros/sc 25 kg 31,6 litros/litro de herbicida

5 IMPORTAÇÃO DE LEITE EM PÓ CAI 40% E DIMINUI DÉFICIT NA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA Marianne Aline Tufani Batista, Juliana Haddad Tognon / Equipe Leite Cepea Em outubro, a balança comercial de lácteos apresentou déficit 22% menor que o de setembro, o maior da série histórica da base de dados da Secex. As movimentações tanto de importações quanto de exportações de lácteos apresentaram variações negativas. Em receita, as importações caíram 24% e as exportações 29%. Em volume, equivalente leite, 31% e 34%, respectivamente. A importação de leite em pó, produto mais representativo nas compras brasileiras, caiu 40,3% em outubro. De acordo com a Secex, no mês, foram importados 67,5% do produto. Um dos motivos da queda foi a instituição da normativa n 40, que proibiu a reconstituição de leite em pó internacional em leite UHT e pasteurizado, aliado à normalização da oferta nacional. O abastecimento brasileiro pelo Uruguai e Argentina, principais países fornecedores deste produto, caiu 48% e 32% respectivamente. O fornecimento do mercado brasileiro com outros produtos lácteos também diminuiu. O volume adquirido de manteiga, por exemplo, caiu 69%, o de queijo, 5% e o de leite fluido, 68%. Por outro lado, a quantidade importada de leite modificado aumentou 328% e a de doce de leite, 149%. No total, a receita de importação brasileira caiu 24%, pois o Uruguai diminuiu 44% do seu fornecimento e a Argentina, 18%, que representou 45,3% e 43,4% respectivamente. Mesmo com aumento de 28% nas vendas para os Estados Unidos, as exportações também caíram, devido à queda em 62% das negociações com a Venezuela, principal país comprador de produtos lácteos brasileiros. Este cenário já era esperado, visto que meses atrás as comercializações entre Venezuela-Brasil foram congeladas. No entanto, o reflexo deste acontecimento não foi instantâneo, sendo postergado para o mês de outubro. Entre os derivados lácteos, o leite em pó foi o produto mais exportado pelo Brasil, com representatividade de 40% do volume total. Porém, o envio desse lácteo para outros países foi 61% menor do que em setembro. O leite condensado foi o segundo produto mais exportado. Em outubro, representou 35%, com destino para os Estados Unidos, que adquiriu 150% a mais do que no período anterior. A Angola e a Arábia Saudita seguiram na segunda e na terceira posição dos países importadores com mais de mil toneladas do produto. Out/16 Total Leite em pó (integral e desnatado) Leite condensado Queijos Leite modificado Leite fluido Tabela 1 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ Set/16 - Out/16 (%) Participação no total exp. em Out/16 Out/16-Out/15 (%) -34% % 40% -80% 3% 30% 271% -18% - 36% 12% 9% 3% -59% 115% -8% 0% 56% Total de jan - outubro/16 frente ao mesmo período de 2015: -59% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite Out/16 Total Leite em pó (integral e desnatado) Queijos Manteiga Tabela 2 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ Set/16 - Out/16 (%) Participação no total imp. em Out/16 Out/16-Out/15 (%) -31% % 67,5% -13% -5% -69% - 29,1% 0,3% -31% 127% -13% Total de jan - outubro/16 frente ao mesmo período de 2015: 9% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros ¹ A categoria leites em pó considera os seguintes NCM definidos pela Secex: ; ; ² A categoria queijos considera os seguintes NCM definidos pela Secex: ; ; ; ; ; ; ; ;

6 COM FRACA DEMANDA, UHT E MUÇARELA SE DESVALORIZAM 10% EM OUTUBRO Por Juliana Cristina dos Santos, graduanda em Ciências dos Alimentos Os preços dos derivados lácteos negociados no atacado do estado de São Paulo tiveram novas quedas em outubro, em decorrência principalmente da demanda enfraquecida. O leite UHT foi cotado na média R$ 2,22/litro e o queijo muçarela, de R$ 17,02/kg, recuo em torno de 10% para ambos os produtos, em relação ao mês anterior. Frente ao mesmo período do ano passado, a muçarela ainda segue 18% mais valorizada, enquanto o leite longa vida caiu 5%. Com a proximidade das festas de final de ano, vem crescendo a demanda por outros derivados utilizados na fabricação de alimentos típicos do período, em detrimento de produtos como o leite UHT e a muçarela. Com a menor demanda, indústrias diminuíram o processamento de longa vida. Segundo dados do Cepea, a quantidade de leite UHT processada de setembro para outubro caiu 11,9% em todo o território nacional. Para o queijo muçarela, a oferta elevada reforça a pressão sobre as cotações, além da concorrência interna entre as regiões acompanhadas. Essa pesquisa foi realizada com o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). Preços médios do leite UHT e da muçarela em SETEMBRO nos atacados do estado de São Paulo em Out/16 Out/15 Set/16 R$ 2,22/litro R$ 17,02/kg -5,6% 18,1% -10,3% -11,1% Fonte: Cepea - OCB. Nota: Médias mensais obtidas de cotações diárias.variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período. COTAÇÕES DOS DERIVADOS NOS ATACADOS EM SETEMBRO Por Aline Figueiró Santos, graduanda em Ciências Econômicas Preços médios (R$/litro ou R$/kg) praticados em SETEMBRO e as variações em relação ao mês anterior Media Nacional 2,46 2,40 19,23 20,13 20,96 18,00-3,3% -20,4% -7,2% -5,7% -2,6% -2,3% 2,51 2,69 23,20 22,04 21,77 18,00-0,8% -12,9% -1,1% -5,4% -4,7% 1,6% 2,64 2,40 18,86 18,29 21,17 17,30-1,6% -15,8% -15,0% -12,3% -2,1% -1,3% 2,40 2,59 19,64 19,45 20,51 17,92-1,6% -17,6% -8,8% -8,5% -0,4% -3,5% 2,34 2,34 20,30 19,09 21,12 17,75-10,0% -22,3% -10,0% -9,3% -0,5% -4,4% 2,47 2,48 20,24 19,80 21,11 17,79-3,50% -17,8% -8,4% -8,2% -2,1% -2,0% Fonte: Cepea/ESALQ-USP

7 EM ÉPOCA DE SAFRA, DIFERENTES NÍVEIS TÉCNICOS DE PRODUÇÃO INFLUENCIAM NA COMPETITIVIDADE NACIONAL Aline Figueiró dos Santos, Juliana Cristina dos Santos e Marianne Aline Tufani Batista, Equipe Leite/Cepea Como toda a cadeia agropecuária, a atividade leiteira é caracterizada por ciclos. No período das águas, por exemplo, que geralmente se estende de outubro a março, como a oferta de leite é maior, os preços da matéria-prima e dos derivados tendem a cair. Já nos períodos de estiagem, normalmente de abril a setembro, o volume de leite produzido é menor, cenário que eleva os valores dos lácteos. Entretanto, devido à extensão do território brasileiro, as épocas de safra e entressafra podem sofrer algumas variações, influenciando diretamente na produtividade e precificação. A pecuária de leite no Brasil está presente em grande parte do território brasileiro, embora não exista um parâmetro de produção para cada região. O nível técnico das propriedades varia bastante, o que reflete nos diferentes volumes captados diariamente. No período de entressafra, as reduções da quantidade de leite captado e da qualidade nutricional das pastagens resultam na diminuição da receita líquida dos produtores, já que os custos de produção também se elevam. Contudo, a retração da oferta no campo pode se tornar uma vantagem para os pecuaristas leiteiros, que possuem propriedades capacitadas à diluir custos e aumentar a produção, uma vez que com a alta dos preços, o investimento em técnicas para elevar a captação pode incrementar as receitas. Em períodos de grande oferta, as regiões mais produtoras buscam canais de escoamento de leite, com vista aos novos mercados. A região Sul, por exemplo, maior produtora do País, de acordo com o IBGE (2016), até mesmo no período de entressafra, utiliza forragens de inverno e, por ter a safra mais antecipada do Brasil, consegue abastecer outras regiões e elevar a competitividade em suas cotações. Análises realizadas pelo Cepea confirmam a maior competitividade da região Sul.. Quando comparados os preços brutos médios dos estados em outubro/16, período de safra, os valores são menores no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná em relação aos preços de São Paulo, Minas Gerais e Goiás (Tabela 1). Quando relacionado os dois estados do Sudeste e o do Centro-Oeste, o estado de Goiás é o que apresenta menor pagamento pela matéria-prima, seguido de São Paulo e Minas Gerais (Tabela 2). Além disso, como a demanda por produtos lácteos não acompanha a quantidade ofertada nesse período de safra, a concorrência interna dos estados aumenta quando os produtos são processados com matéria-prima de menor custo, garantindo para a região Sul maior fluidez de mercado e margem mais elevada para as indústrias. Tabela 1. Relação de precificação (média bruta) de matéria-prima entre os estados Rio Grande do Sul (RS), Santa Catarina (SC), Paraná (PR), São Paulo (SP), Goiás (GO) e Minas Gerais (MG). Tabela 2. Relação de precificação (média bruta) de matéria-prima entre os estados São Paulo (SP), Goiás (GO) e Minas Gerais (MG).

8 MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA Ketlyn Hevelise Accorsi e Débora Kelen Pereira da Silva MILHO: Preço cai pelo terceiro mês seguido Em outubro, os preços do milho caíram pelo terceiro mês na maioria das praças acompanhadas pelo Cepea. A pressão continuou vindo principalmente do recuo de compradores, que seguiram se abastecendo para consumo imediato, aguardando valores ainda menores, pautados tanto na redução das exportações quanto no bom andamento da safra verão. Por outro lado, produtores mantiveram a expectativa de preços maiores para o início do próximo ano, restringindo a disponibilidade. A necessidade de financiamento, porém, levou a realização de negócios pontuais no correr de outubro. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (região de Campinas SP) caiu 1,6% no acumulado do mês, fechando a R$ 40,86/sc de 60 quilos no dia 31. A média mensal foi de R$ 42,12/sc, leve alta de 0,5% em relação à de setembro. Na média das regiões pesquisadas pelo Cepea, o preço do cereal subiu 0,8% no mercado de balcão (pago ao produtor), mas caiu 3% no disponível (negociação entre empresas). Em relação às médias mensais, houve alta de 1,1% (balcão) e queda de 0,6% (lotes), respectivamente. No campo, o bom volume de chuvas em outubro favoreceu as lavouras de milho, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do País, onde algumas áreas já entraram na fase final de implantação do cereal. Segundo dados do Deral/Seab e da Emater/RS, as semeaduras nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul alcançaram 83% e 74%, até o dia 27 de outubro. Na BM&FBovespa, os contratos de milho caíram, acompanhando o movimento do spot. Os vencimentos Nov/16 e Jan/17 se desvalorizaram 3,3% e 2,3%, fechando a R$ 41,33/sc e R$ 41,90/sc, nesta ordem, no dia 31. Para Mar/17, a queda foi de 2,1%, a R$ 39,45/sc. FARELO DE SOJA: Derivado se desvaloriza 4,7% no mês e 17,8% em um ano Em outubro, os preços do farelo de soja caíram pelo quarto mês consecutivo, refletindo a menor demanda (interna e externa). Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o recuo foi de 4,7% em relação a setembro e de 17,8% sobre out/15, em termos reais. As vendas domésticas de farelo diminuíram diante principalmente da queda na produção de suínos e da expectativa de redução também para frango. O volume de farelo de soja exportado, por sua vez, vem caindo desde julho. Em outubro, foram embarcadas 724,67 mil toneladas, queda de 20,8% em relação a setembro e de 48,2% sobre out/15. Ainda assim, na parcial do ano, as vendas externas acumulam 12,56 milhões de toneladas, próximo ao recorde observado no mesmo período de 2015 (12,65 milhões de toneladas). O preço médio pago pelo farelo em outubro foi de R$ 1.218,74/t, no FOB estivado, o menor valor desde maio deste ano. De início, a maior oferta na Argentina atraiu compradores, uma vez que os prêmios de exportação argentinos caíram em outubro. Na sequência, importadores se deslocaram para os Estados Unidos, influenciados pela desvalorização do dólar. Em outubro, a moeda norte-americana foi cotada R$ 3,1831, o menor patamar desde junho de Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro 41,65 42,98 47,79 48,92 51,48 49,12 44,61 45,43 41,91 42, , ,99 976,13 979, , , , , , ,13 SP Para receber o Boletim do Leite digital, encaminhe-nos um para leicepea@usp.br com os seguintes dados: nome, para cadastro, endereço completo e telefone Contato: leicepea@usp.br Acompanhe mais informações sobre o mercado de leite em nosso site: