APÓS TRÊS MESES DE ESTABILIDADE, PREÇO RECUA COM MAIOR CAPTAÇÃO

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1 Uma publicação do CEPEA - ESALQ/USP Ano 20 nº 234 Outubro 2014 Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - ESALQ/USP APÓS TRÊS MESES DE ESTABILIDADE, PREÇO RECUA COM MAIOR CAPTAÇÃO Em setembro, o preço do leite pago ao produtor caiu em praticamente todas as regiões que compõem a média Brasil (MG, RS, SP, PR, GO, BA e SC) do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, após se manter estável por três meses seguidos. As exceções foram Goiás e Bahia, onde as cotações subiram. Na média Brasil, o valor líquido (sem frete e impostos) pago ao produtor recuou 0,81% de agosto para setembro, fechando a R$ 1,0037/litro esta média é ponderada pelo volume de leite captado em agosto/14 nos estados da BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP. Na comparação com setembro/13, o preço está 8,9% inferior em termos reais (descontando-se a inflação IPCA de agosto/14). O preço bruto médio (que inclui frete e impostos) pago ao produtor foi de R$ 1,0896/litro em setembro, redução de 0,75% em relação ao mês anterior. sinalizam uma possível alta em outubro. Estas expectativas refletem a elevada disponibilidade de leite nas principais regiões produtoras. Em relação aos derivados, no atacado do estado de São Paulo, houve retração nas cotações do UHT e da muçarela no correr de setembro. Agentes desse segmento relatam aumento dos estoques desses produtores desde agosto. Com isso, em setembro, muitas empresas tentaram escoar o produto estocado, o que influenciou na queda dos preços. Em setembro (até o dia 29), o leite UHT teve média de R$ 2,36/litro e o queijo muçarela, de R$ 12,61/kg, quedas de 0,41% e 2,6%, respectivamente, em relação a agosto/14. Esta pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL). ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite AGOSTO/14. (Base 100=Junho/2004) O recuo nos valores pagos ao produtor foi influenciado, principalmente, pelo aumento da captação em todos os estados que compõem a média Brasil. Além disso, a demanda desaquecida pressionou as cotações dos derivados no atacado em setembro. O aumento da captação no campo, por sua vez, esteve atrelado à proximidade do período de pico na safra sulista, ao início da temporada leiteira nacional e à ocorrência de chuvas em algumas regiões do Centro e Sudeste do País. A desvalorização do concentrado nos últimos meses também favoreceu um incremento na alimentação dos animais, resultando em elevação da produção de leite. Em agosto/14, o Índice de Captação do Cepea (ICAP-L/Cepea) teve alta de 5,41% em relação a julho e de 16,5% na comparação com agosto/13. Em Santa Catarina, houve o maior aumento na captação, de 13,3%, seguido pelo Rio Grande do Sul (9,1%), Paraná (6,5%), Bahia (2,7%), Minas Gerais (2,6%), São Paulo (2,5%) e Goiás (2%). Para o próximo mês, a expectativa da maior parte dos representantes de laticínios/cooperativas é de queda nos preços. Mais da metade dos compradores consultados pelo Cepea (52,5%), que representam 75,1% do leite amostrado, acredita que haverá novo recuo nos valores em outubro, enquanto 41,4% (20,4% do volume captado) indicam estabilidade. Apenas 6,1% dos agentes CUSTOS pág. 04 Maior demanda valoriza insumos para reforma de pastagens Com forte queda na venda de leite em pó, exportação total recua 36% em set/14 SP: Estoque elevado e fraca demanda reduzem preço do UHT NACIONAL: Com exceção da muçarela, todos os derivados se valorizam em agosto MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA

2 SETEMBRO/14 AGOSTO/14 Sul / Sudoeste de Minas 1,1283 1,1924 1,1231 1,1648 1,0821 1,1495 1,2142 1,1430 1,2379 1,1504 1,1597 1,1661 1,2329 1,1785 1,1963 1,2850 1,0087 1,3208 1,4591 0,9768 1,2207 1,2930 1,2639 1,2366 1,0908 1,2237 1,1682 1,1865 0,8696 0,8441 0,8687 0,8869 0,8859 0,8962 1,1224 1,0290 0,7070 0,9308 0,9983 0,9149 1,0849 1,0651 0,9915 1,0527 0,7994 1,0356 0,8680 0,8629 0,9481 1,0401 1,0275 1,0174 0,9954 1,1008 1,0225 0,9521 0,9953 1,0736 1,0036 1,0544 1,0126 1,0494 1,1670 1,0765 1,0137 1,0861 1,0939 1,0070 1,1589 1,1526 1,1090 1,2030 0,9251 1,2072 1,1770 0,9289 1,1135 1,1829 1,1887 1,1522 1,0381 1,1719 1,1164 1,0896 1,0411 1,0850 1,0379 1,0843 0,9701 1,0637 1,1447 1,0605 1,1204 1,0515 1,0704 1,0875 1,1414 1,1091 1,1129 1,2039 0,9424 1,2188 1,3511 0,9082 1,1370 1,2027 1,1738 1,1422 1,0147 1,1383 1,0963 1,1007 0,7905 0,7445 0,7908 0,8126 0,7780 0,8160 1,0549 0,9491 0,6015 0,8369 0,9127 0,8436 0,9967 0,9975 0,9130 0,9629 0,7320 0,9401 0,7733 0,7969 0,8656 0,9287 0,9102 0,9023 0,9212 1,0181 0,9538 0,8671 0,9133 0,9689 0,9227 0,9764 0,9023 0,9658 1,0986 0,9955 0,9013 0,9887 1,0061 0,9337 1,0691 1,0834 1,0282 1,1142 0,8574 1,1078 1,0753 0,8615 1,0289 1,0787 1,0843 1,0462 0,9638 1,0876 1,0459 1,0037 set/ago 0,36% -0,03% -0,45% -2,41% 0,56% -1,95% -2,30% -3,04% -0,79% -1,98% -2,08% -0,55% -1,90% -0,53% -0,80% 0,58% -3,21% 0,59% -0,47% -3,53% -0,50% 1,08% 1,88% 1,18% 0,99% 0,12% 0,36% -0,75% set/ago 0,38% -0,11% -0,47% -2,49% 0,58% -2,04% -2,37% -3,34% -0,19% -2,22% -2,24% -0,73% -2,05% -0,39% -1,18% 0,72% -3,15% 0,73% -0,24% -3,73% -0,42% 0,99% 1,87% 1,24% 1,10% 0,24% 0,45% -0,81% 1,3652 1,2628 1,2185 1,1567 1,2403 1,1987 1,2424 1,1859 1,2879 1,0019 1,2637 1,1397 0,7691 1,1945 0,9792 0,8832 0,9942 0,9435 1,1204 0,9761 1,0014 0,8706 1,0053 0,9285 1,1572 1,2352 1,1138 1,0302 1,1268 1,0732 1,1801 1,0803 1,2206 0,9528 1,1053 1,0538 1,3119 1,1831 1,1595 1,0275 1,1325 1,0779 1,1412 1,0945 1,2113 0,9450 1,1882 1,0628 0,7291 1,1164 0,9256 0,7447 0,8919 0,8236 1,0220 0,8894 0,9312 0,8168 0,9356 0,8550 1,1085 1,1562 1,0572 0,9033 1,0215 0,9550 1,0804 0,9913 1,1455 0,8963 1,0334 0,9779-0,25% 1,46% 0,22% 0,08% 0,31% -0,51% 4,55% 2,37% -0,09% -0,12% 0,71% 0,05% -0,05% 1,45% 0,27% -0,65% 1,90% -0,06% 5,14% 2,51% -0,24% -0,23% 0,98% 0,01% Equipe Leite: Wagner Hiroshi Yanaguizawa - Pesquisador Projeto Leite Isadora Vieira, Marianne Tufani Batista, Natália Salaro Grigol, Pedro Silvestre de Lima e Vitória Guereschi Lucas Equipe Grãos: Lucilio Alves - Pesquisador Projeto Grãos Ana Amélia Zinsly, André Sanches, Bárbara Oliveira, Camila Tolotti, Caroliny G. Rodrigues, Débora Kelen P. da Silva, Deise Soares de Souza e Rafaela Moretti Vieira Wagner Hiroshi Yanaguizawa Pesquisador Projeto Leite Flávia Romanelli - Mtb: 27540

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4 MAIOR DEMANDA VALORIZA INSUMOS PARA REFORMA DE PASTAGENS Por Pedro de Lima, graduando em Eng. Agronômica Nesta época do ano, período em que geralmente se inicia a temporada de chuvas, produtores começam a adubar e semear as pastagens, visando a a l i m e n t a ç ã o d a s v a c a s l e i t e i r a s e, consequentemente, uma maior produção. Além da maior procura por parte de produtores leiteiros, pecuaristas de engorda também têm elevado a demanda por insumos para reforma de pastagens. O aumento na procura por esses produtos, por sua vez, já tem resultado em alta nos custos de produção leiteira. Considerando-se a média Brasil (BA, GO, MG, PR, SC, SP, RS), de agosto para setembro, o grupo forrageiras perenes teve alta de 1,7% e o da suplementação mineral, de 1,1%. Com isso, no mesmo período, o Custo Operacional Efetivo (COE) registrou aumento de 1,12% e o Custo Operacional Total (COT), de 0,97%. O manejo do pasto e a adubação correta diminuem a necessidade de uso de suplementação. Isso porque o pastejo é o método mais barato de se fornecer volumoso ao animal e, com isso, é de extrema importância que a forragem seja de qualidade. O grupo forrageiras perenes (que representa 1,66% dos custos) registrou alta em todos os estados acompanhados pelo Cepea, com exceção da Bahia. O aumento mais expressivo foi verificado no Rio Grande do Sul, onde esse grupo de insumos teve valorização de 5%. Quanto ao grupo suplementação mineral, Minas Gerais foi o estado que apresentou o maior aumento, de 2,2%. Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA (2014). 563,2 litros/tonelada 564,4 litros/tonelada 552,4 litros/tonelada 1363,8 litros/tonelada 1351,9 litros/tonelada 1390,5 litros/tonelada 12,2 litros/frasco 50 ml 11,7 litros/frasco 50 ml 11,7 litros/frasco 50 ml (130g de Fósforo) 7,9 litros/frasco 10 ml 7,9 litros/frasco 10 ml 8,0 litros/frasco 10 ml 71,6 litros/sc 25 kg 71,8 litros/sc 25 kg 72,6 litros/sc 25 kg 46,4 litros/litro de herbicida 44,1 litros/litro de herbicida 45,1 litros/litro de herbicida

5 COM FORTE QUEDA NA VENDA DE LEITE EM PÓ, EXPORTAÇÃO TOTAL RECUA 36% EM SET/14 Por Natália Salaro Grigol, analista de mercado da equipe Leite Cepea As exportações brasileiras de lácteos em setembro totalizaram pouco mais de 20,3 milhões de litros de leite em equivalente leite, uma significativa redução de 36% em comparação com agosto. Essa segunda queda consecutiva nos embarques esteve atrelada ao expressivo recuo de 42% no volume de leite em pó vendido ao mercado internacional no mês este é o principal produto da pauta das exportações lácteas brasileiras. De acordo com dados da Secex, em setembro, foram embarcados 13,857 milhões de litros em equivalente leite de leite em pó o que representou 68% do volume total exportado pelo Brasil no mês. Apesar de a demanda venezuelana ter diminuído 47% de agosto para setembro, aquele país ainda foi o principal destino do produto brasileiro. O valor médio do leite em pó exportado se manteve em US$ 5,73/kg, o dobro do preço médio do produto integral negociado na Oceania em setembro, segundo o USDA. As exportações brasileiras de leite condensado, leite fluido, manteiga, creme de leite e doce de leite também recuaram em setembro. A queda no total embarcado pelo Brasil no mês só não foi maior por conta do incremento das vendas de queijos, leite modificado e soro de leite. Contudo, o total de leite em pó exportado pelo Brasil em setembro ainda foi três vezes maior que o embarcado no mesmo mês de Já em relação às importações de lácteos em setembro, estas totalizaram 59,168 milhões de litros de leite em equivalente leite, alta de 3% frente a agosto, mas 45% abaixo da quantidade adquirida em setembro/13. Apesar da queda nas compras de queijos, soro de leite, leite modificado, leite fluido e manteiga (os quais, juntos, representam cerca de 30% do volume de lácteos importado), houve incremento de 16% nas aquisições de doce de leite e de 10% nas de leite em pó. Este último produto, sozinho, correspondeu a quase 70% das importações brasileiras de lácteos. As compras de leite em pó argentino aumentaram em 31% de agosto para setembro, enquanto as importações no Uruguai e no Chile caíram 17% e 76%, respectivamente. Assim, de todo o leite em pó importado pelo Brasil em setembro, 76% vieram da Argentina. A cotação média do derivado importado foi de US$ 4,31/kg, queda de 6,3% frente a agosto. Mercado Internacional A produção de leite na Nova Zelândia está em expansão e indicando volume superior ao do ano passado, segundo dados do USDA (Departamento de Agricultura Norte- Americano). Como consequência, algumas cooperativas reduziram os valores pagos ao produtor e aumentaram a produção, no intuito de manter um fluxo de caixa equivalente. Na Austrália, que também está no pico de produção leiteira, a indústria está se concentrando no processamento de leite em pó desnatado e na produção de manteiga e ampliando seus estoques. Da mesma forma, produtores europeus também canalizaram volumes adicionais de leite para a produção desses mesmos derivados, o que influencia a contínua queda nos preços do leite em pó desnatado no mercado internacional, segundo dados da USDA. A desvalorização do euro frente ao dólar favoreceu as exportações europeias, já que tornaram os preços europeus mais competitivos no mercado internacional. IPE-L/Cepea O menor volume exportado pelo Brasil em setembro e a valorização de 3% do dólar frente ao Real (R$ 2,34/US$ em setembro/14) resultaram em queda de 2,8% do Índice de Preços de Exportação de Lácteos do Cepea (IPE-L), que teve média de US$ 4,72/kg em setembro (em Reais, a média foi de R$ 11,02/kg, com estabilidade frente a agosto). As cotações dos iogurtes, queijos, doce de leite, manteiga e leite condensado recuaram 18,3%, 10,5%, 6,8%, 2,4% e 1,2%, respectivamente. Os preços de leite em pó se mantiveram estáveis, e os de soro de leite aumentaram 55,6% na mesma comparação. US$ US$ Tabela US$ US$ % -39% US$ US$ US$ US$ % -38% Os dados se referem à média entre 08 e 27 de agosto de 2014; para 2013, foi considerado período semelhante. Set/ Tabela 2 - Volume exportado de lácteos (em equivalente leite)¹ -Set/14 (%) Participação no total exp. em Set/14 Set/13-Set/14 (%) % 2% Total de janeiro a setembro/14 frente ao mesmo período de 2013: 278% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litros. -36% -42% -17% 3% - 68% 20% 8% 211,8% 654% 114% -24% -22% Set/14 ² Tabela 3 - Volume importado de lácteos (em equivalente leite)¹ -Set/14 (%) Participação no total imp. em Set/14 Set/13-Set/14 (%) 3% 10% -11% -14% -54% Total de janeiro a setembro/14 frente ao mesmo período de 2013: -38,4% - 69,8% 29,1% 0,4% Notas: (1) Consideram-se os produtos do Capítulo 4 da NCM mais leite modificado e doce de leite; (2) O soro de leite é medido em quilos, não sendo convertido em litro % -46% -38% -88% -27%

6 SP: ESTOQUE ELEVADO E FRACA DEMANDA REDUZEM PREÇO DO UHT Por Vitória Guereschi Lucas, graduanda em Gestão Ambiental O preço médio do leite UHT foi de R$ 2,36/litro (inclui frete e impostos) em setembro, queda de 0,54% frente a agosto/14. Essa baixa esteve atrelada aos altos estoques da matéria-prima e ao enfraquecimento da demanda. Ainda assim, os preços de setembro superaram em quase 1% os do mesmo mês de Além disso, as fraudes envolvendo o leite no Rio Grande do Sul também influenciaram no recuo das cotações do UHT, já que aumentou a insegurança de parte dos consumidores. Colaboradores do Cepea indicaram que os estoques de leite estão superiores aos do ano passado, devido à elevação da produção leiteira em A maior oferta e a demanda enfraquecida, por sua vez, fizeram com que agentes realizassem novas promoções, a fim de liquidar os estoques. Muitos agentes, no entanto, escoaram seus produtos ao mesmo tempo, o que intensificou a concorrência, dificultando ainda mais a resposta do consumidor. Figura 1 - Evolução dos preços diários do queijo muçarela e leite UHT no atacado paulista de jan/2013 a ago/ valores nominais Fonte: Cepea/Esalq-USP e OCB/CBCL (2014) Em relação ao queijo muçarela, as fraudes e o maior volume de leite também resultaram em quedas nos preços deste derivado. O valor médio negociado no atacado paulista foi de R$ 12,60/kg em setembro, 2,71% inferior ao de agosto/14 e 4,3% abaixo do de setembro/13, em termos nominais. Esta pesquisa é diária e tem apoio da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) e da CBCL (Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios). Tabela 1. Preços médios do leite UHT e da muçarela em setembro no atacado paulista em Set/14 Set/13 R$ 2,36/litro R$ 12,60/kg -0,54% -2,71% 0,97% -4,30% Fonte: Cepea OCB/CBCL. Nota: Variação em termos nominais, ou seja, sem considerar a inflação do período. NACIONAL: COM EXCEÇÃO DA MUÇARELA, TODOS OS DERIVADOS SE VALORIZAM EM AGOSTO Por Isadora Trouva Vieira, graduanda em Ciências Econômicas Os preços de praticamente todos os derivados lácteos acompanhados pelo Cepea subiram de julho para agosto no mercado nacional. Colaboradores consultados pelo Cepea apontam que as vendas estiveram um pouco mais aquecidas e muitas indústrias conseguiram escoar parte dos estoques acumulados em meses anteriores. Considerando-se a média nacional, o leite UHT foi o derivado que apresentou o maior aumento de preços, de 3,7% (ou de 8 centavos de reais por litro). O leite pasteurizado se valorizou 2,38%, o queijo prato, 2,1%, o leite em pó (400gr), 1,9%, e a manteiga (200gr), 1,3%. Somente o preço do queijo muçarela teve uma pequena queda na cotação média, de 0,3%. Preços médios dos derivados praticados em AGOSTO e as variações em relação ao mês anterior 1,75 2,19 14,96 13,99 12,73 15,63 2,6% 2,4% 4,0% 3,0% -0,2% 4,9% 1,71 2,20 16,85 15,47 13,33 14,04 2,6% 4,4% 0,1% 1,9% -0,5% 1,3% 1,60 2,15 14,59 12,94 12,50 13,35 0,2% 4,9% 6,2% -0,1% 0,8% 2,4% 1,76 2,18 14,55 15,33 11,42 13,41 7,8% 2,9% -0,2% -4,2% 6,7% 1,4% 1,83 2,29 16,50 13,46 12,87 13,58 1,1% 3,9% 1,1% -1,6% 0,8% -0,8% 1,73 2,20 15,49 14,24 12,57 14,00 2,83% 3,7% 2,1% -0,3% 1,3% 1,9% Fonte: Cepea/ESALQ-USP

7 PRODUTIVIDADE E CUSTOS DA MÃO DE OBRA SÃO DESAFIOS PARA PECUÁRIA LEITEIRA Por Pedro Silvestre de Lima e Marianne Tufani, Equipe Leite Cepea A mão de obra tem sido foco de discussão em muitos setores produtivos, inclusive nos a g ro p e cu á rios. Costuma ter g ra n d e representatividade nos custos de produção e requer investimentos para que a qualificação do pessoal seja contínua. Na pecuária leiteira, levantamentos feitos pelo Centro de Estudos Av a n ç a d o s e m Ec o n o m i a A p l i c a d a (Cepea/Esalq-USP) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) desde 2007, revelam que a produtividade da mão de obra (litros de leite produzidos por homem/dia) ainda é baixa e apresenta elevada participação nos custos de produção, estando atrás apenas do grupo concentrado. Em 2014, na média Brasil (compreender os estados: BA, GO, MG, PR, RS, SP e SC), os gastos com salários e benefícios têm respondido por 15,5% do Custo Operacional Efetivo (COE) considera as despesas correntes da atividade. Na produção agropecuária, o reajuste dos salários tende a ser balizado pela variação anual do salário mínimo federal ou do salário fixado no estado (acima do mínimo nacional). Esses aumentos, portanto, não têm relação direta com a realidade do negócio agropecuário, o que representa um desafio a mais para o produtor rural no gerenciamento dos seus custos. A receita do produtor, por sua vez, é condicionada ao volume que comercializa reflexo da produção e produtividade do seu rebanho e ao preço recebido da indústria. Nos últimos dez anos, o salário mínimo nacional avançou de R$ 260,00 para R$ 724,00, reajuste nominal de 178% e real de 69% (considerando-se o deflator IGP-DI de agosto de 2014). O preço do leite ao produtor, segundo apuração do Cepea para a média Brasil, passou de R$ 0,5221/litro na média anual de 2005 para R$ 1,0614/litro (valor bruto) na média de 2014 (até agosto), aumento nominal de 103,3% e real de apenas 28,24%. Com base nas fazendas típicas representam a moda ( o mais comum ) da produção das regiões pesquisadas pelo Cepea e CNA dos estados que compõem a média Brasil, foi possível verificar que, em aproximadamente 63% das propriedades, a produtividade da mão de obra (litros/homem.dia) é inferior ou igual a 300 L/homem.dia, enquanto o recomendado em ordenha manual é que fosse de pelo menos 300 L/homem.dia e superior a 700 L/homem.dia em ordenha mecânica. Das 30 propriedades da amostra analisada, apenas três tinham produtividade superior ou igual a 600 L/homem.dia (Tabela 1). No Brasil, na maioria dos casos, a pecuária leiteira ainda é praticada com baixa tecnificação. Com aumento dos investimentos de forma consciente em grupos de insumos como Silagem, Suplementação Mineral e Concentrado, as despesas com mão de obra acabam sendo diluídas. Esses investimentos, quando bem realizados, proporcionam melhora da tecnificação da atividade e, isso, em geral, leva ao aumento da produtividade. Nos estados do Sul, a representatividade da mão de obra é menor que nas demais regiões, e a produtividade do trabalhador chega aos maiores níveis do País. Em Chapecó (SC) e Cascavel (PR), na média de 2014, a mão de obra representou 13,58% e 13,09% do COE, respectivamente, e a produtividade chegou a 600 litros de leite por dia por funcionário em ambas ordenha mecânica. Em Castro (PR), a ponderação deste item foi de 10,09% nesse mesmo período, e a produtividade chegou a 750 litros por homem por dia. Quando a análise é feita por estado, a Bahia se destaca com a maior representatividade da mão de obra, na média de 40,6%. Santa Catarina está em situação oposta, com produtores dispendendo em média apenas 13,34% do COE com esse item. Figura 1 Produtividade e participação da mão de obra contratada nos custos operacionais efetivos das respectivas propriedades típicas. Fonte: Cepea/Esalq-USP e CNA (2014)

8 MERCADO DE MILHO E FARELO DE SOJA Ana Amélia Zinsly Trevizam e Débora Kelen Pereira da Silva MILHO: Preço se diverge entre regiões, mas cenário ainda é baixista Apesar de os preços do milho terem registrado recuperações em algumas praças acompanhadas pelo Cepea em setembro, ainda se mantiveram em queda na maioria. Com os valores internacionais também em queda, a paridade de exportação se reduziu, diminuindo a competitividade do cereal nacional. Esse cenário preocupou vendedores, já que, com o fim da colheita, os silos estavam cheios, compradores estavam abastecidos e a demanda externa apresentou ritmo muito lento no período. Além disso, a comercialização interna seguiu lenta e armazenar o grão tornou-se uma dificuldade, tanto pelo espaço quanto pelo custo. Nos quatro leilões realizados pela Conab até set/14, foram arrematados prêmios para 5,77 milhões de toneladas de milho, o que representou 90,87% do total ofertado. Além de garantir o preço mínimo ao produtor, os leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) têm como objetivo escoar o cereal armazenado, especialmente via exportação. Assim, houve expectativa de redução do excedente interno e de sustentação das cotações. Porém, as exportações brasileiras de milho, apesar de registrarem bons volumes mensais, não foram expressivas em setembro. Com isso, o excedente doméstico permaneceu elevado e, se os embarques ficarem próximos de 2,5 milhões de toneladas nos próximos quatro meses, os estoques de passagem no final de janeiro representariam mais da metade do que foi produzido na safra de verão 2013/14. FARELO DE SOJA: Indústria reduz moagem e algumas já param para manutenção Diante do desaquecimento da demanda por farelo em setembro, agentes de indústrias procuraram criar estratégias para conseguir maior margem com a negociação dos produtos oleaginosos. Parte das indústrias preferiu parar as atividades para fazer manutenção e voltar a comprar o grão mais perto do final de ano, quando, provavelmente, produtores terão maior necessidade de liberar espaço nos armazéns para a nova safra, o que pode resultar em preços da matéria-prima mais atrativos para a indústria. Isso, consequentemente, pode ajustar a margem da indústria que tem o produto já em estoque. No início do segundo semestre, muitas indústrias estocaram o grão, mas, com a demanda por derivados desaquecida, a margem obtida esteve baixa e/ou nula. Na maioria da das regiões pesquisadas pelo Cepea, o preço médio do farelo em setembro foi o menor desde maio/13. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, o valor médio de farelo de soja foi 2,7% menor que o de agosto/14 e 16,7% inferior ao de setembro/13. Quanto às exportações, o Brasil embarcou 1,22 milhão de toneladas de farelo de soja em setembro, volume 24,9% inferior ao de agosto e 12,8% abaixo do mesmo período de Na parcial de 2014, no entanto, os embarques somam 10,68 milhões de toneladas, 6,1% maiores que os de janeiro a setembro de O preço médio recebido pelas vendas externas do farelo de soja na parcial de 2014 foi de US$ 523,09/t, 5,6% acima dos US$ 495,17/t registrados no mesmo período de SP Para receber o Boletim do Leite digital, 2014 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro 26,83 30,62 32,84 31,18 28,75 26,38 23,66 22,91 22, , , , , ,90 994,63 970,46 995,56 967,76 encaminhe-nos um para leicepea@usp.br com os seguintes dados: nome, , endereço completo e telefone Contato: leicepea@usp.br Acompanhe mais informações sobre o mercado de leite em nosso site: