Anotadas do ano anterior (Nutrição Clínica; Critérios de diagnóstico da Síndrome Metabólica);
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- Vanessa Flores Campelo
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1 Anotadas do 5º Ano 2008/09 Data: 26 de Janeiro de 2009 Disciplina: Seminário (Endocrinologia) Prof.: Isabel do Carmo Tema da Aula Teórica/Seminário: Obesidade e Síndrome Metabólica Autora: Mónica Caixa Equipa Revisora: Temas da Aula Obesidade e Síndrome Metabólica o Síndrome Metabólica - definição o Síndrome Metabólica e a Obesidade Nutrição clínica o Medidas dietéticas importantes o Benefícios do exercício físico Anexo Bibliografia Anotadas do ano anterior (Nutrição Clínica; Critérios de diagnóstico da Síndrome Metabólica); Slides e apontamentos da aula. Nesta aula, foi feita uma breve e sucinta revisão do conceito de Síndrome Metabólica, bem como da relevância da Obesidade como importante factor de risco cardiovascular; numa segunda parte e em jeito de conversa, foram dadas noções de dietética e nutrição. Uma vez que tanto a Síndrome Metabólica como a Obesidade já foram largamente descritos numa anotada prévia (de 24 de Novembro de 2008), penso não existir vantagem em repetir todos os conteúdos, pelo que ficam apenas alguns conceitos básicos; quanto à segunda parte da aula, introduzi o conteúdo da aula do ano passado intitulada Nutrição Clínica, que penso ser a verdadeira correspondente da presente aula. Bom estudo! Página 1 de 8
2 1. Obesidade e Síndrome Metabólica SÍNDROME METABÓLICA - DEFINIÇÃO Como se sabe, a síndrome metabólica diz respeito à presença de um conjunto de factores de risco subjacentes (como a obesidade e a resistência à insulina) que, em sequência e em associação a factores de risco de origem metabólica (como a HTA, a dislipidémia, a hiperglicémia e a prótrombose/inflamação), tornam aumentado o risco de doença cardiovascular aterosclerótica. Na tabela 1 encontram-se os critérios de diagnóstico para a Síndrome Metabólica. Tabela 1 Critérios de diagnóstico para Síndrome Metabólica, segundo AHA/NHLBI 2005 Critérios de diagnóstico para Síndrome Metabólica (AHA/NHLBI 2005) ( 3 dos seguintes) Perímetro abdominal aumentado 102 cm (homem) 88 cm (mulher) Hipertrigliceridémia 150 mg/dl, ou fármacos Redução HDL 40 mg/dl (homem), ou fármacos 50 mg/dl (mulher), ou fármacos Elevação da TA 130 (sistólica) ou 85 mmhg (diastólica), ou fármacos Elevação da glicémia em jejum 100 mg/dl, ou fármacos Página 2 de 8
3 SÍNDROME METABÓLICA E A OBESIDADE A obesidade é cada vez mais frequente, atingido proporções epidémicas em todo o mundo. Em Portugal, a pré-obesidade tem vindo a aumentar em ambos os sexos; e, apesar da obesidade ter vindo a aumentar nos homens e a diminuir nas mulheres, o espectro é muito idêntico ao que se passa no resto do mundo. Como referido anteriormente, a obesidade constitui um factor subjacente à Síndrome Metabólica e, consequentemente, um importante factor de risco de doença cardiovascular. A OMS define os diversos graus de obesidade, de acordo com o IMC (tabela 2). Tabela 2 Classificação da Obesidade, segundo o IMC (OMS) Classificação da Obesidade, segundo o IMC (OMS) Classificação IMC Risco de comorbilidade Peso baixo < 18,5 Baixo Normal 18,50-24,99 Médio Excesso de peso 25 Pré-obesidade 25-29,99 Aumentado Obesidade grau I 30-34,99 Moderado Obesidade grau II 35-39,99 Grave Obesidade grau III 40 Muito grave Na obesidade verifica-se: AG livres em circulação (com consequente acumulação ectópica - músculo, fígado); citocinas inflamatórias, o que conduz a um estado inflamatório crónico; inibidor do activador do plasminogénio; adiponectina (cuja acção aumenta a sensibilidade à insulina). Página 3 de 8
4 A fig.1 sintetiza as alterações que se verificam na obesidade. O B E S I D A D E Estado Estado Resistência Aumento de pró-inflamatorio pró-coagulante à insulina AG livres Fig.1 Alterações decorrentes da obesidade. Importa ainda referir que a adiposidade mais largamente relacionada com a Síndrome Metabólica e que, consequentemente, acarreta um maior risco cardiovascular, é a adiposidade intra-abdominal (gordura visceral), representada pelo perímetro da cintura - um dos critérios de diagnóstico de Síndrome Metabólica. O perímetro abdominal permite, então, determinar a existência de uma cintura aterogénica e avaliar o risco de complicações metabólicas e cardiovasculares (tabela 3). Tabela 3 Risco de complicações metabólicas e cardiovasculares, tendo em conta o perímetro abdominal Cintura Aterogénica Risco* Perímetro abdominal (cm) Aumentado 94 (homens) 80 (mulheres) Muito aumentado 102 (homens) 88 (mulheres) *Risco de complicações metabólicas e cardiovasculares Página 4 de 8
5 2. Nutrição Clínica A abordagem dos indivíduos que se encontram em situações de excesso de peso/pré-obesidade/obesidade é variada e deve ser adaptada e individualizada conforme cada uma das situações. Além das intervenções terapêuticas (médicas e cirúrgicas, as quais fugiram ao âmbito da aula), importa focar a influência da terapêutica não farmacológica, a qual se baseia, essencialmente, nas alterações dietéticas e no exercício físico - intervenção dupla, através da qual se consegue, por um lado, reduzir o aporte de calorias e, por outro, aumentar o dispêndio calórico, respectivamente. MEDIDAS DIETÉTICAS IMPORTANTES 1) Fraccionamento alimentar - repartir a alimentação em 6/7 refeições diárias, completas e equilibradas. Assim, evita-se: a elevada densidade energética/reduzida riqueza nutricional; a sobrecarga digestiva provocada por refeições volumosas; a presença de períodos prolongados de hipoglicémia (obtendo-se perfis glicémicos regulares); a hipertrigliceridémia pós prandial. Todos estes aspectos ajudam a prevenir o desenvolvimento de excesso de peso e de obesidade. 2) Abstenção de açúcar - reduzir o consumo de açúcar e dos seus confeccionados, devendo os alimentos naturalmente açucarados ser consumidos de cada vez e em unidades únicas de 12g (ex.: 1 peça de fruta; 2,5dL de leite). 3) Ração hidrocarbonada - deve constituir 50 a 60% do aporte calórico total; o aporte de hidratos de carbono deve ser estável (ração constante por refeição e no dia a dia) e adequado. Página 5 de 8
6 4) Ração lipídica - não deve representar mais do que 30% do aporte calórico total, devendo remover-se sempre toda a gordura visível; evitar o consumo de enchidos, fritos e refugados; reduzir o consumo de manteiga e óleo, dando preferência ao azeite. 5) Ração proteica - deve constituir 10 a 15% do aporte calórico total; restringir o consumo ao indispensável (ideal: 0,8g/Kg, o que representa 100 a 120g de carne, peixe ou 2 ovos, a cada refeição). 6) Legumes - o seu consumo deve ser abundante, sendo, praticamente, os únicos alimentos sem quaisquer restrições. 7) Sal - o mínimo indispensável. 8) Controlo do peso - avalia as variações ponderais, dando uma noção do cumprimento da dieta ou da necessidade de a modificar. EXERCÍCIO FÍSICO A realização de exercício físico (de preferência, aeróbio, 30-40min, 2 a 3 vezes por semana) num esquema adaptável a cada situação em particular, apresenta inúmeros benefícios: 1) Aumenta a sensibilidade à insulina; 2) Reduz a insulina basal e pós-prandial (prevenção da DM tipo II); 3) Diminui a glicémia durante e após o exercício; 4) Melhora o perfil lipídico (diminui LDL e TAG, aumenta HDL); 5) Diminui a TA; 6) Aumenta a massa muscular ( fibras musculares tipo I); 7) Diminui a massa gorda (efeito marcado na redução da gordura visceral); 8) Corrige as alterações da fibrinólise ( hipercoagulabilidade); 9) Melhora a resposta a catecolaminas; 10) Aumenta o número de vasos colaterais e a rede capilar; 11) Bem-estar físico e psíquico. Página 6 de 8
7 Perante estas opções terapêuticas não farmacológicas, é importante conjugálas e adaptá-las de forma a que o doente possa beneficiar. Será sempre vantajosa a realização de um inquérito alimentar (importante elemento de avaliação dos hábitos alimentares do doente); com este contributo e, juntamente com o conhecimento de eventuais comorbilidades, deve ser elaborado um plano que o doente deverá cumprir, não desprezando a importância que o acompanhamento psicológico tem neste tipo de situações. ANEXO Tabela 1 Recomendações nutricionais de acordo com o Valor Energético Total (VET). Nutriente Contribuição recomendada para o Valor Energético Total (% do VET) Hidratos de Carbono 55 a 75% Açúcares simples máximo de 10% Gordura 15 a 30% Proteínas 10 a 15% Tabela 2 Necessidades energéticas diárias e por tipo de nutrientes. Necessidades calóricas Hidratos de Carbono (55% do VET) Proteínas (15% do VET) Gorduras (30% do VET) 1500 Kcal 825 Kcal 225 Kcal 450 Kcal 1800 Kcal 990 Kcal 540 kcal 270 Kcal 2000 Kcal 1100 Kcal 300 Kcal 600 Kcal 2200 Kcal 1210 Kcal 330 Kcal 660 Kcal 2500 Kcal 1375 kcal 375 Kcal 750 Kcal Página 7 de 8
8 Tabela 3 Distribuição calórica aconselhada (5 refeições), de acordo com três valores de necessidades energéticas diárias totais. Necessidades calóricas 1800 Kcal 2000 Kcal 2200 Kcal Pequeno almoço (15% do VET) 270 Kcal 300 Kcal 330 Kcal Meio da manhã (5% do VET) 90 Kcal 100 kcal 110 Kcal Almoço (35% do VET) 630 Kcal 700 Kcal 770 Kcal Meio da tarde (15% do VET) 270 Kcal 300 Kcal 330 Kcal Jantar (30% do VET) 540 kcal 600 Kcal 660 Kcal Tabela 4 Equivalentes alimentares. 1 copo de leite (240mL) 1 pão tipo corrente (50g) 1 batata (80g) 1 maçã pequena (80g) 100g de peixe 2 iogurtes sólidos (125mL cada) 30g de queijo 2 fatias de pão de mistura ou centeio (25g) 60g de broa 8 bolachas de água e sal redondas 40g de cereais tipo Corn Flakes 6 bolachas tipo "Maria" ou torrada 2 bolachas quadradas tipo Cream Cracker 3 colheres de sopa rasas de arroz ou massa depois de cozinhados 4 colheres de sopa rasas de leguminosas secas (feijão, grão, lentilhas, ) 200g de morangos 1 fatia de melancia (190g) 1 fatia de melão (170g) 1 pêra (120g) 1 kiwi (120g) 1 laranja (100g) 1 pêssego (110g) 1 banana (80g) cerejas (80g) uvas (60g) 100g de carne sem gorduras visíveis 2 ovos de galinha FIM Página 8 de 8
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