Interessados: Interessado: Identidade preservada ( 1º do art. 55 da Lei nº 8.443/92 c/c o inciso II do 4º do art. 35 da Resolução TCU nº 77/96)

Transcrição

1 Tribunal de Contas da União Número do documento: DC /99-P Identidade do documento: Decisão 210/ Plenário Ementa: Denúncia. Possíveis irregularidades no INSS. Convênio de prestação de serviços previdenciários. Inexistência de termo do convênio firmado com a CEF e a FUNCEF para realização de exames médico-periciais. Exercício simultâneo de médico-perito com o cargo em comissão de Chefe de Posto de Benefícios. Incompatibilidade de horário de servidor que deveria submeter-se a regime integral de dedicação ao serviço. Pagamento de horas não trabalhadas. Auto-identificação de servidor como perito do INSS no exercício de atividade privada. Expedição indiscriminada de alta médica. Solicitação de exames desnecessários. Conhecimento. Procedência parcial. Determinação. Juntada às contas. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE VII - Plenário Processo: / Natureza: Denúncia Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social - INSS Interessados: Interessado: Identidade preservada ( 1º do art. 55 da Lei nº 8.443/92 c/c o inciso II do 4º do art. 35 da Resolução TCU nº 77/96) Dados materiais: DOU de 20/05/1999 (Sigiloso) Sumário: Denúncia sobre a ocorrência de possíveis irregularidades no Instituto Nacional do Seguro Social INSS relativamente a convênio de prestação de serviços previdenciários. Conhecimento. Procedência em parte.

2 Determinações. Ciência ao Interessado. Retirada da chancela de sigiloso. Juntada às contas da Entidade. Relatório: Examina-se denúncia sobre as seguintes ocorrências no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, em síntese: a) inexistência de termo de convênio entre o INSS, a Caixa Econômica Federal CEF e a Fundação dos Economiários Federais FUNCEF que ampare o pagamento a essas entidades, pelo INSS, pela realização de exames médico-periciais; b) exercício simultâneo, pelo médico-perito Erwin Grünwald, do cargo em comissão de Chefe de Perícia Médica do Posto de Benefícios do INSS em Glicério/SP com o de perito credenciado à CEF/FUNCEF, em desacordo com o disposto nos incisos IX e XVIII do art. 117 da Lei nº 8.112/90. Constam ainda, dos autos, expedientes encaminhados ao Diretor do INSS em São Paulo e ao Presidente do INSS, noticiando as seguintes ocorrências: a) incompatibilidade de horário e de interesses nas atividades desenvolvidas pelo servidor Erwin Grünwald, que presta serviços às entidades convenente (CEF e FUNCEF) em conflito com a função pública ocupada (Chefe de Perícia Médica do INSS em Glicério/SP), em razão da qual deveria submeter-se ao regime integral de dedicação ao serviço, onde tem competência para homologar, em última instância, laudos emitidos por conta da conveniada; b) auto-identificação do aludido servidor como perito do INSS, no exercício de atividade privada (perito credenciado da CEF/FUNCEF); c) expedição indiscriminada de alta médica, antes do pronto restabelecimento do paciente; d) solicitação de exames médicos complementares de necessidade questionável; e) prática de maus tratos a segurados por parte de peritos médicos credenciados. A SECEX-SP promoveu as diligências pertinentes junto à Superintendência Estadual do INSS em São Paulo, concluindo que algumas questões, por dizerem respeito a aspectos técnicos ou éticos, notadamente aquelas apontadas nas alíneas b a e acima, cingem-se à esfera de ação do Conselho Regional de Medicina, fugindo à competência deste Tribunal. Com relação ao termo de convênio questionado, a Unidade Técnica constatou a sua existência (fls. 42 a 45), registrando que consta da sua cláusula X o prazo de vigência como indeterminado, ressaltando que "a continuidade do convênio, a princípio, não gera dano ao erário" e consignando "a inexistência de indícios de irregularidades nos autos" nesse particular. Quanto à situação do servidor Erwin Grünwald, considera-a irregular, com base inclusive em informações, que a confirmam, prestadas pelo

3 próprio INSS (fls. 36 a 49), destacando que, além da incompatibilidade legal, à vista do disposto no 1º do art. 19 da Lei nº 8.112/90 e em ato normativo daquele Instituto (IN/INSS/DR nº 78/98, Capítulo XV), há também o comprometimento da isenção da atuação do servidor devido ao vínculo entre a função de Chefia exercida, em face da qual é responsável pela homologação de perícias médicas, e a condição de perito credenciado junto à CEF e à FUNCEF. No que diz respeito aos valores recebidos pelo servidor, consta declaração à fl. 39 de que o servidor cumpre jornada de 4 horas diárias, em lugar das 8 horas fixadas em lei. Por esse motivo, entende a Unidade Técnica que o ressarcimento das quantias recebidas deverá ater-se à metade da remuneração recebida. Dessa forma, propõe a SECEX que o Tribunal conheça da denúncia, por preencher os requisitos de admissibilidade, para, no mérito, considerá-la procedente em parte (diante da constatação da existência do termo relativo ao convênio questionado), assim como: "a) determinar à Superintendência do INSS em São Paulo providências com vistas a: a.1) regularizar a situação do servidor Dr. Erwin Grünwald, Chefe de Perícia do Posto de Benefícios do INSS Glicério/SP, por estar em desacordo com os arts. 19, parágrafo 1º, e art. 117, inciso XVIII, da Lei nº 8.112/90 e Capítulo XV da IN/INSS/DR nº 78/98 C.A.N.; a.2) proceder ao ressarcimento dos valores indevidamente pagos ao Dr. Erwin Grünwald, relativos às 4 (quatro) horas diárias não trabalhadas, em virtude da situação descrita na alínea anterior; a.3) adotar as medidas acima em relação aos servidores em situação análoga ao Dr. Grünwald; b) levar ao conhecimento do interessado o inteiro teor da decisão adotada pelo Tribunal". É o Relatório. Voto: A presente denúncia preenche os requisitos de admissibilidade estabelecidos no art. 213 do Regimento Interno, devendo, em conseqüência, ser conhecida por este Tribunal. Quanto ao mérito, verifica-se que restou confirmado, nos autos, relativamente ao servidor Erwin Grünwald, o exercício da Chefia de Perícia Médica do Posto de Benefícios do INSS em Glicério/SP simultaneamente com a atividade de perito credenciado da CEF/FUNCEF, por força de convênio mantido entre o Instituto e tais entidades, situação essa que comporta duas irregularidades. A primeira, por cumprir o servidor, no INSS, jornada diária de 4 horas de trabalho em vez de 8 horas, conforme documentos acostados às fls. 36 a 39, que atestam que o servidor trabalha das 7h00 às 11h00 no Instituto e das 14h00 às 18h00 em consultório particular, onde atende

4 inclusive a funcionários da CEF, na área de medicina do trabalho e perícias médicas. A segunda, pela natural incompatibilidade, devido à presunção de suspeição, da função de Chefe de Perícia Médica do Instituto, com poderes para homologar laudos emitidos por conta de conveniados (CEF/FUNCEF), com a atividade de perito credenciado junto às próprias entidades convenentes. O Regime Jurídico do Servidores Públicos - Lei nº 8.112/90 - é claro a respeito desses dois aspectos, conforme estabelecem os dispositivos a seguir transcritos: "Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente. 1º O ocupante de cargo em comissão ou função de confiança submete-se a regime de integral dedicação ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo ser convocado sempre que houver interesse da Administração." "Art Ao servidor é proibido: XVIII exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho" (grifei). Ante o exposto, acolho, com ajustes, o parecer da Unidade Técnica, acrescentando determinação à Superintendência do INSS em São Paulo para que dê conhecimento a este Tribunal a respeito da implementação das medidas estabelecidas, entendendo ainda que, em lugar do arquivamento, devam os autos ser juntados às contas da entidade referentes ao exercício de 1998, para exame em confronto. Assim, VOTO no sentido de que este Colegiado adote a decisão que ora submeto à sua apreciação. Assunto: VII - Denúncia Relator: HOMERO SANTOS Unidade técnica: SECEX-SP Quórum: Ministros presentes: Humberto Guimarães Souto (na Presidência), Adhemar Paladini Ghisi, Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, Homero Santos

5 (Relator), Bento José Bugarin, Adylson Motta, Walton Alencar Rodrigues e o Ministro-Substituto Lincoln Magalhães da Rocha. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 10 de maio de 1999 Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 8.1. conhecer da presente denúncia, uma vez que preenche os requisitos de admissibilidade estabelecidos no art. 213 do Regimento Interno, para, no mérito, considerá-la, em parte, procedente; 8.2. determinar à Superintendência do INSS em São Paulo que: regularize a situação funcional do servidor Erwin Grünwald, Chefe de Perícia do Posto de Benefícios do INSS Glicério/SP, por estar em desacordo com os arts. 19, 1º, e 117, inciso XVIII, da Lei nº 8.112/90, e proceda ao ressarcimento dos valores a ele indevidamente pagos, relativamente às 4 (quatro) horas diárias remuneradas e não trabalhadas, durante todo o período de sua ocorrência, nos termos do art. 46 da mesma lei; adote as mesmas providências em relação a outros servidores que porventura tenham incidido em situação análoga à do servidor acima indicado; dê conhecimento a respeito das medidas objeto dos subitens e a este Tribunal, no prazo de sessenta dias da ciência desta deliberação; 8.3. dar notícia desta decisão ao interessado; 8.4. cancelar a chancela de sigiloso do presente processo; e 8.5. juntar estes autos às contas da Entidade referentes ao exercício de 1998, para exame em confronto.