Ementa: Tomada de Contas Especial. ECT. Alcance praticado por ex-empregado. Citação. Solicitação para parcelamento do débito. Autorização.

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1 Tribunal de Contas da União Número do documento: DC /00-2 Identidade do documento: Decisão 307/ Segunda Câmara Ementa: Tomada de Contas Especial. ECT. Alcance praticado por ex-empregado. Citação. Solicitação para parcelamento do débito. Autorização. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo II - CLASSE II - 2ª Câmara Processo: / Natureza: Tomada de Contas Especial. Entidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, em Planaltina/DF. Interessados: RESPONSÁVEL: João Ferreira Maximino. Dados materiais: ATA 32/2000 DOU de 04/09/2000 INDEXAÇÃO Tomada de Contas Especial; ECT; DF; Alcance; Ato Ilícito; Parcelamento do Débito; Autorização; Sumário: Tomada de Contas Especial. ECT/DF. Alcance praticado por ex-empregado. Citação. Alegações de defesa apresentadas. Diligência junto à ECT para informações quanto ao débito. Nova citação por débito inferior ao inicialmente informado. Solicitação de parcelamento da dívida. Proposta de deferimento do pedido e de irregularidade das contas formulada pela Unidade Técnica. Proposta do Ministério Público de julgamento do mérito tão-somente após o recolhimento da última parcela ou por ocasião do inadimplemento da obrigação, em face do disposto no parágrafo 2º do artigo 12 da Lei 8.443/92. Boa-fé constatada. Autorização para

2 parcelamento da dívida em 12 (doze) prestações. Julgamento do mérito somente após o pagamento do débito. Relatório: Trata-se de Tomada de Contas Especial instaurada em razão de alcance praticado pelo ex-empregado João Ferreira Maximino da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT, agência Planaltina/DF, em julho de O controle interno, à fl. 40, certifica a irregularidade das contas, uma vez que o responsável permanece em débito para com a Empresa no valor original de R$ 2.293,98 (dois mil, duzentos e noventa e três reais e noventa e oito centavos). A 9ª SECEX, Unidade Técnica inicialmente responsável pela instrução dos autos, procedeu à citação do responsável, que, às fls. 55/74, alegou em sua defesa: a) em momento algum ocultou a diferença existente no caixa; pelo contrário, foi o primeiro a apontar sua existência e a buscar sua origem, como consta no Relatório de Inspeção às fls. 14/16; b)o débito decorreu da diferença entre "venda de produtos e dinheiro", havendo uma inconsistência no respectivo débito, uma vez que o saldo de caixa é obtido não pela mera contagem de dinheiro, mas "os produtos não encontrados são tidos como saídos da agência, sendo o valor correspondente lançado como crédito no caixa", como explicou nos autos o Chefe da Seção de Contabilidade/ECT/DR/BSB; c)é hábito da ECT incorporar as "sobras" de caixa sem pesquisar a origem, e essa conduta, quando diante da "falta no caixa", gera de imediato processos administrativo, penal e cível contra os empregados, estando, porém, muitas vezes, as mercadorias no estoque, originando uma "sobra no estoque"; d)após pesquisa no estoque da agência em questão, localizou a "sobra" de 309 quites de aerogramas de natal, da qual se apropriou, vindo a devolvê-la em juízo, em 04/08/98 (Ação Penal nº , movida pelo Ministério Público Federal contra o responsável); e)necessário se faz diligenciar à ECT para esclarecimentos quanto à incorporação de "sobras" de estoque e de caixa, bem como quanto ao valor a ser deduzido de seu débito, ante a devolução dos 309 aerogramas, parcelando-se o restante.

3 A Unidade Técnica, considerando conveniente a diligência proposta pelo responsável, assim procedeu. Em resposta à citada diligência, a ECT afirma que, abatendo-se os valores dos aerogramas recuperados, o débito resultante é de R$ 1.057,98 (mil e cinqüenta e sete reais e noventa e oito centavos), bem como que "... o débito apurado é, incontestavelmente, da responsabilidade do Sr. João Ferreira Maximino, como ele mesmo admitiu", não se evidenciando, porém, dolo ou má-fé. Nova citação do responsável foi realizada, ante a apuração de débito inferior ao inicialmente considerado. Nessa oportunidade comparece solicitando o parcelamento em 12 prestações. Em vista do exposto, a 1ª SECEX, Unidade Técnica atualmente responsável pela ECT, propõe a irregularidade das contas e a condenação do responsável pela importância de R$ 1.057,98, deferindo-se, contudo, o parcelamento da dívida na forma solicitada. O Ministério Público propõe, preliminarmente ao julgamento de mérito, que seja deferido o parcelamento da dívida, julgando-se as contas tão-somente após o recolhimento da última parcela ou por ocasião do inadimplemento da obrigação, se ocorrer, uma vez que: a)como o pedido de parcelamento ocorreu antes do julgamento de mérito, "o seu deferimento implica que o adimplemento da obrigação, na forma e condições estipuladas, pode ser tido como recolhimento tempestivo do débito"; b)"in casu, além de não se ter apontado nos autos que o responsável tenha agido com dolo ou má-fé, restou demonstrada a sua intenção de sanar a impropriedade verificada por meio de pagamento parcelado, o que é indicativo, s.m.j., de boa-fé". É o Relatório. Voto: Não obstante seja o valor do débito atribuído ao responsável inferior a UFIR, limite fixado pelo TCU para que o processo seja incluído em Relação, devido à divergência contida nos pareceres afasta-se a regra do art. 79 do RI/TCU. O impasse ora apresentado diz respeito ao momento adequado para o exame das contas, em face do que dispõe o parágrafo 2º do artigo 12 da Lei 8.443/92. Tal dispositivo refere-se a recolhimento tempestivo do

4 débito, boa-fé do responsável e ausência de outra irregularidade nas contas como condições para que o responsável as tenha julgadas regulares com ressalva. Embora não haja expressamente em nosso RI a definição do que seja recolhimento tempestivo do débito, infere-se, dos tantos julgados desta Corte que tratam do assunto, ser aquele praticado antes do julgamento de mérito pelo Tribunal. Idêntico tratamento há de ser dispensado ao pedido de parcelamento da dívida efetuado antes da apreciação das contas, ou seja, "o seu deferimento implica que o adimplemento da obrigação, na forma e condições estipuladas, pode ser tido como recolhimento tempestivo", como bem registra o Ministério Público, à fl. 96. Quanto à boa-fé, esta é instituto de ordem psicológica, o que pressupõe um juízo de valor do examinador. Contudo sua apreciação não ocorre de forma aleatória, sem critério ou acobertada de total subjetividade. A boa-fé há de ser identificada nos atos do responsável; sua conduta há de ter evidentes e indiscutíveis indícios do estado psicológico da boa-fé. In casu, além de demonstrada a intenção do responsável de sanar o débito ante o pedido de parcelamento, destaco como indicador de sua boa-fé o fato de ter sido ele quem comunicou a existência da diferença de caixa em questão, bem como de ter localizado saldo a maior no estoque, o que resultou na redução do débito, e, ainda, a informação da própria ECT, à fl. 82, no sentido de que não foi encontrada nenhuma evidência de dolo ou má-fé. Considero inquestionável a boa-fé do responsável, ademais, não há outra irregularidade nas presentes contas. Assim, creio que, em conformidade com o exposto pelo parquet, "o julgamento de mérito neste momento procedimental acarretaria um prejuízo às pretensões subjetivas do responsável em ter sua situação regularizada, em razão da elisão da possibilidade de aferição dos requisitos necessários para tal fim", devendo, pois, preliminarmente ao julgamento de mérito, ser apreciado o pedido de parcelamento do débito. Destarte, acompanho o parecer do Ministério Público exarado nestes autos e VOTO por que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto à deliberação desta egrégia 2ª Câmara. Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 24 de agosto de BENTO JOSÉ BUGARIN Ministro-Relator

5 Assunto: II - Tomada de Contas Especial. Relator: BENTO BUGARIN Representante do Ministério Público: CRISTINA MACHADO Unidade técnica: 1ª SECEX Quórum: Ministros presentes: Adhemar Paladini Ghisi (Presidente), Bento José Bugarin (Relator), Valmir Campelo e Adylson Motta. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 24 de agosto de 2000 Decisão: A Segunda Câmara, ante o acolhimento, pelo Relator, do parecer do Ministério Público, e com fundamento no art. 26 da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 168, 1º, do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, DECIDE: 8.1. autorizar o parcelamento da dívida no valor original de R$ 1.057,98 (mil e cinqüenta e sete reais e noventa e oito centavos), o qual deverá ser atualizado a partir de 01/07/96, em 12 (doze) prestações mensais, a serem recolhidas aos cofres da ECT, fixando-se o vencimento da 1ª parcela em 15 (quinze) dias a contar da notificação, vencendo as demais em intervalos sucessivos de 30 (trinta) dias, devendo incidir sobre cada uma delas, corrigidas monetariamente, os juros de mora devidos, na forma da legislação em vigor; 8.2. alertar o responsável de que a falta de recolhimento de qualquer das parcelas importará no vencimento antecipado do saldo devedor; 8.3. fixar o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da data prevista ao recolhimento de cada parcela, para que o responsável comprove, perante o Tribunal, a efetivação do pagamento.