Tribunal de Contas da União

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1 Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Decisão 416/96 - Plenário - Ata 28/96 Processo nº TC /91-0 Responsáveis: Lafaiete Coutinho Torres - Presidente e Celso Freitas Cavalcanti - Diretor de Recursos Humanos Entidade: Banco do Brasil S.A. Relator: MINISTRO ADHEMAR PALADINI GHISI. Representante do Ministério Público: Dr. Ubaldo Alves Caldas Unidade Técnica: 2ª SECEX Especificação do "quorum": Ministros presentes: Marcos Vinícios Rodrigues Vilaça (Presidente), Adhemar Paladini Ghisi (Relator), Carlos Átila Álvares da Silva, Homero dos Santos, Paulo Affonso Martins de Oliveira, Humberto Guimarães Souto, Bento José Bugarin e os Ministros-Substitutos José Antônio Barreto de Macedo e Lincoln Magalhães da Rocha. Assunto: Relatório de Inspeção Ordinária Ementa: Inspeção Ordinária. Banco do Brasil SA. Área de pessoal. Pagamento de gratificação de função a empregados cedidos a órgãos da Administração Pública. Readmissão de empregados sem a exigência de novo concurso público. Juntada dos autos às contas. Determinação. Data DOU: 06/08/1996 Página DOU: Data da Sessão: 17/07/1996 Relatório do Ministro Relator: GRUPO II - Classe V - Plenário TC /91-0 Natureza: Relatório de Inspeção Ordinária Entidade: Banco do Brasil S/A

2 Responsáveis: Lafaiete Coutinho Torres - Presidente e Celso Freitas Cavalcanti - Diretor de Recursos Humanos Ementa: Relatório de Inspeção. Pagamento de gratificação de função a empregados cedidos a outros órgãos da Administração Pública em cumprimento a orientação emanada de autoridades mencionadas no art. 5º do Decreto nº /90. Readmissão de empregados sem o cumprimento de novo concurso público, com base em normas internas do Banco. Entendimento à época de que a exigência do concurso público fora satisfeita quando da contratação inicial do empregado. Atos respaldados em normas internas do Banco que ainda não haviam sido questionadas pelo TCU. Impossibilidade de se imputar responsabilidade aos administradores. Determinação à entidade e juntada às contas do exercício. Cuidam os autos de Relatório de Inspeção realizada pela 4ª SECEX, no período de a , no Banco do Brasil, na área de admissão de pessoal, abrangendo o intervalo compreendido entre a Dentre as falhas e irregularidades apontadas inicialmente, pela equipe de inspeção, as seguintes não tiveram as justificativas apresentadas pelo responsável acatadas pela Unidade Técnica: "a) readmissões efetuadas na Carreira Administrativa, com base na Nota DIRAD/PRESI/002, de 05/01/90, sem concurso público, contrariando o disposto no inciso II do art. 37 da Constituição Federal e entendimento firmado pelo Plenário desta Corte, em Sessão de ; b) cessão de servidores com inobservância das disposições vigentes quanto à dispensa da comissão exercida pelo servidor por ocasião da cessão." 3. Em atenção à audiência que fora determinada, o Chefe da Auditoria Interna do Banco informou que a competência para autorizar a cessão de servidores é do Presidente do Banco do Brasil, sendo do Diretor de Recursos Humanos da Entidade a aprovação de critérios para readmissão de ex-empregados e para admissão e demissão de servidores. Essas autoridades, em face da audiência procedida, apresentaram razões de justificativas para as falhas apontadas. 4. Em virtude da alteração da competência das Unidades Técnicas desta Corte, as justificativas apresentadas pelo Banco foram analisadas pela 2ª SECEX que assumiu a competência de examinar os atos de admissão de pessoal e que assim se manifestou

3 em relação às razões trazidas pelo Presidente do Banco, quanto à cessão de empregados sem a dispensa da gratificação pelo exercício de função de confiança no órgão cedente: "4.3. Examinando a documentação apresentada (fls. 77/88), verifica-se, conforme esclareceu o defendente, que as requisições encaminhadas ao Banco do Brasil determinavam que as cessões do pessoal seriam realizadas sem prejuízo do salário ou remuneração do cargo ou função, emprego ou comissão, bem como de todos os direitos e vantagens Além disso, observa-se, também, que o Senhor Lafaiete Coutinho Torres, conforme aduziu em sua defesa, submeteu, sem exceção, as cessões de pessoal à apreciação das autoridades mencionadas no art. 5º do Decreto nº /90, que correspondiam às mesmas autoridades requisitantes que definiram a forma como se dariam mencionadas cessões Dessa forma, e considerando que ficou devidamente evidenciado que o Senhor Lafaiete Coutinho Torres apenas obedeceu a ordens superiores não tendo agido de má-fé, conforme está demonstrado nos autos, entendemos, s.m.j., que não cabe atribuir-lhe qualquer responsabilidade Não se pode, entretanto, deixar de registrar que durante a cessão, a percepção pelo empregado de função comissionada da entidade cedente, não encontra amparo na legislação que rege a matéria Por oportuno, cumpre consignar que este Tribunal ao apreciar, também em Inspeção Ordinária realizada junto à Caixa Econômica Federal (TC /88-0), na Sessão de , ao acolher o Voto do Exmo. Senhor Ministro-Relator Carlos Átila Álvares da Silva (Anexo II da Ata nº 08, de ), decidiu, dentre outros assuntos, recomendar àquela Entidade que 'suspenda o pagamento de gratificação de função de confiança a servidores cedidos com e sem ônus, dispensados do exercício da referida função na data da cessão' Em razão da referida Decisão, o Senhor Diretor de Controle Interno do Superior Tribunal de Justiça formulou consulta a este Tribunal, onde, entre outros questionamentos, perquiria se a Decisão acima mencionada 'é extensiva aos servidores que ocupam funções de confiança no Banco do Brasil e que são cedidos a outras entidades para ocuparem cargo do Grupo Direção e Assessoramento Superior?'

4 4.9. Esta Colenda Corte, ao apreciar a consulta acima, na Sessão de 07/12/94, Decisão nº 742/94, Ata nº 57/94-Plenário, examinando a questão de forma detalhada, acolhendo Voto do Exmo. Senhor Ministro-Relator Carlos Átila Álvares da Silva, decidiu: '8.1.1 a decisão proferida por este Tribunal em Sessão Plenária de , TC / Ata nº 08/90, é extensiva aos servidores que ocupam funções de confiança no Banco do Brasil e que são cedidos a outras entidades para ocuparem cargo do Grupo Direção e Assessoramento Superior'. 5. No que tange à falha atinente à readmissão de empregados, sem a prévia aprovação em novo concurso público, a Unidade Técnica, ao examinar as razões aduzidas pelo responsável, ressalta que esta era uma prática já utilizada pelo Banco, mesmo antes da gestão do Sr. Lafaiete Coutinho que apenas deu prosseguimento à política de pessoal historicamente adotada pela entidade e que, até então, era considerada perfeitamente legal. Ressalta, ainda, que à época das readmissões, "sequer era pacífico o entendimento de que as empresas públicas e sociedades de economia mista estariam obrigadas a realizar concurso público, pois, não obstante a Decisão desta Corte de Contas proferida em , somente com o julgamento do Mandado de Segurança nº , impetrado junto ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão retroaludida, a questão foi finalmente dirimida". Por derradeiro, o órgão de instrução observa que o Banco do Brasil sempre arregimentou pessoal para seus quadros mediante realização de concurso público, não possuindo, portanto, o "animus" de burlar o art. 37 da Constituição Federal. 6. Não obstante essas considerações, a 2ª SECEX destaca que a readmissão é, na verdade, nova contratação estando, conseqüentemente, após a Constituição de 1988, sujeita à regra do concurso público. 7. Em conclusão, a Unidade Técnica assim se pronuncia: "I) seja determinado ao Banco do Brasil S. A. que: a) suspenda o pagamento de gratificação de função de confiança a servidores cedidos com e sem ônus, dispensados do exercício de referida função na data da cessão, consoante já decidido por este Tribunal na Sessão de 07/12/94, Ata 57/94, Decisão nº 742/94, Plenário, publicada no DOU de 29/12/94 (subitem 4.10); b) adote as providências necessárias com vista a declarar nula as admissões realizadas naquela Entidade, após 06/06/90, sob o argumento de readmissão, uma vez que referido procedimento

5 contraria o art. 37, inc. II da Constituição Federal, informando a este Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, sobre as medidas adotadas; II) seja o presente processo juntado às contas do Banco do Brasil S.A., relativas ao exercício de 1991, para o exame em conjunto e em confronto." 6. Ante a natureza da matéria, solicitei audiência do douto Ministério Público que manifestou sua concordância com as conclusões da Unidade Técnica. É o Relatório. Voto do Ministro Relator: As pendências que sobressaem deste processo referem-se a questões que já foram objeto de decisões anteriores desta Corte. 2. Em relação à evidência de que servidores cedidos a outros órgãos da Administração Pública continuam a perceber gratificação pelo exercício de função da qual se afastaram em decorrência de sua cessão, assiste razão à Unidade Técnica e ao d. Ministério Público ao afirmarem que, durante a cessão, o empregado não faz jus à percepção das parcelas devidas pelo exercício da função de confiança na entidade de origem. Entretanto, como foi esclarecido pelo responsável e destacado pela 2ª SECEX, as cessões foram submetidas à apreciação das autoridades mencionadas no art. 5º do Decreto nº /90, que definiram a forma como elas deveriam se dar. Por ter agido em cumprimento a ordens de autoridades superiores, não atribuir responsabilidade ao administrador. 3. No que tange às readmissões ocorridas, a Unidade Técnica bem ressaltou a tradição histórica da entidade que sempre recrutou pessoal mediante a realização de concurso público, visando à admissão de contingente tecnicamente qualificado, sem adoção de métodos que acobertassem o apadrinhamento ou outras formas de favorecimento. Tal prática vigorou no Banco do Brasil mesmo antes que a Carta Política de 1988 impusesse o concurso público como meio de moralizar as admissões de pessoal no serviço público e de assegurar a todos os cidadãos a igualdade de oportunidade de acesso aos cargos e empregos públicos. Diante dessas ponderações, não se pode atribuir ao Presidente do Banco má-fé ao readmitir os ex-empregados da entidade, vez que ele apenas deu prosseguimento à política de pessoal então adotada, dentro de parâmetros e diretrizes formalmente estabelecidos e consubstanciados em normas internas do

6 Banco do Brasil. 4. É de se considerar, outrossim, que à época em que ocorreram as readmissões, a matéria ainda não fora objeto de questionamento por esta Corte e que os atos se respaldaram em normas internas do Banco do Brasil, que o administrador apenas aplicou, não se podendo, portanto, imputar responsabilidade ao mesmo. 5. Conforme se verifica, por norma interna do Banco era assegurado ao empregado que satisfizesse determinadas condições o direito de reingressar no Banco, não havendo, ainda, àquele tempo, manifestação contrária desta Corte sobre a matéria. A interpretação corrente no Banco era a de que a exigência do concurso fora satisfeita quando da aprovação do candidato, anteriormente à sua primeira nomeação. Em respeito aos atos praticados sob a égide de normas vigentes e que não haviam sido questionadas, deixo de acolher a proposta da Unidade Técnica no sentido de serem anuladas as readmissões efetivadas. 6. Por outro lado, embora não caiba responsabilizar o administrador pelos atos praticados, entendo que deva ser feita determinação ao Banco, no sentido de que, se ainda permanecerem vigentes essas normas, as mesmas devem ser revogadas, advertindo-se o administrador de que tal prática não pode persistir, visto não ser possível a convivência de normas e procedimentos que conflitem com o mandamento constitucional. 7. De igual modo, é indispensável que o Tribunal determine ao Banco do Brasil que suspenda o pagamento de gratificações pelo exercício de funções de confiança a servidores cedidos a outros órgãos/entidades da Administração Pública e que são, em conseqüência, afastados de tais funções. Ante o exposto, com as vênias de estilo por dissentir, parcialmente, dos pareceres, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao Colegiado. Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 1 - determinar ao Banco do Brasil que adote providências no sentido de: revogar as normas internas que autorizam a readmissão de empregados desligados do Banco do Brasil, por serem conflitantes com a Constituição Federal; suspender o pagamento de gratificação de função de

7 confiança a empregados cedidos com e sem ônus a outros órgãos/entidades, e, portanto, dispensados do exercício de referida função na data da cessão, vez que durante o período de cessão os mesmos não fazem jus à percepção de tais parcelas. (Redação alterada pela Decisão 814/96 - Ata 51 - Plenário para manter a suspensão do pagamento, facultando o direito de opção) 2 - determinar a juntada do presente processo às contas do Banco do Brasil S.A. relativas ao exercício de 1991, para exame em conjunto. Indexação: Inspeção Ordinária; Pessoal; BANCO DO BRASIL SA; Concurso Público; Admissão de Pessoal; Cessão de Pessoal; Gratificação; Função de Confiança; Pagamento Indevido; Administração Direta;