PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PROCURADORIA PREVIDENCIÁRIA PARECER Nº

Transcrição

1 PARECER Nº Regime previdenciário de servidor celetista. Em não tendo sido observadas as alterações trazidas pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, acerca da filiação previdenciária e consoante orientação firmada para a Administração Pública Estadual, urge a consolidação da transferência dos empregados públicos ao regime geral, repassando-se ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS os valores de contribuição devidos na vigência da emenda e procedendo-se à compensação quanto ao período anterior para a contagem recíproca do tempo de contribuição na concessão dos benefícios previdenciários. Versa a presente consulta acerca da situação em que os empregados optantes JOSÉ CARLOS FRANÇA PIRES e SYLVIO NOGUEIRA PINTO JUNIOR, do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul IPERGS, estão a requerer aposentadoria pelo regime próprio, tendo sido afirmado estarem ainda a ele filiados, não obstante as disposições da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, a orientação firmada por esta Procuradoria-Geral do Estado e as autuações efetuadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS cobrando os valores referentes a contribuições relativas a servidores celetistas no período de vigência do novo ordenamento. IPERGS: Indaga a Sra. Agente Setorial desta Procuradoria-Geral junto ao Isto posto, verificando que o presente pedido de aposentadoria não deve ter curso sem considerar: I o conflito na interpretação e na aplicação das normas constantes da EC nº 20/98, e II as conseqüências financeiras daí resultantes com risco de pagamentos em duplicidade e de responsabilização pessoal dos

2 Dirigentes desta Autarquia, nos termos dos atos normativos em vigor e em decorrência dos procedimentos de cobrança instaurados pelo INSS, sugiro sua análise pela Procuradoria-Geral do Estado, para orientação quanto às providências a serem adotadas, inclusive para adoção das medidas judiciais cabíveis de modo a preservar esta Autarquia e seus Dirigentes dos riscos apontados, considerando também o posicionamento adotado pelo Tribunal de Contas. Restituídos os expedientes a fim de que fossem atendidas as recomendações postas naquela manifestação para a análise da consulta, retornam eles com a relação nominal dos servidores da autarquia em regime de CLT e tempo de serviço de cada um, informação sobre os valores totais das contribuições dos requerentes ao IPERGS e cópias das autuações do INSS (Notificações Fiscais de Lançamento de Débito nºs e , referentes às competências de 07/2004 a 07/2006 e de 10/2001 a 06/2004, respectivamente). É o relatório. Cabe, inicialmente, reiterar o posicionamento já firmado nesta Procuradoria-Geral do Estado acerca do regime previdenciário dos servidores públicos que não titulam cargo efetivo na vigência da Emenda Constitucional nº 20/98 no sentido de que tais servidores, a partir de 16 de dezembro de 1998, passaram a estar vinculados ao regime geral de previdência, do que são exemplo os Pareceres nºs /01, /03, /04 e /05, e conforme recente manifestação da signatária em outra oportunidade acerca da matéria: Diante dessa determinação constitucional, a filiação previdenciária dos servidores celetistas que eventualmente se encontrasse sob a disciplina dos regimes próprios foi forçosamente alterada para a do regime geral de previdência estabelecida no artigo 201 da Constituição Federal. Isso porque a norma do caput, explicitada no 13 do dispositivo, veda a contrario sensu a filiação aos regimes próprios de previdência de servidor 2

3 que não seja titular de cargo efetivo, estando a merecer interpretação restritiva quanto ao universo de beneficiários, uma vez que excepciona a regra geral expressa no artigo 201 da Lei Maior. Tal entendimento se escuda também na jurisprudência consolidada no Supremo Tribunal Federal quanto à filiação previdenciária dos servidores que não titulam cargo efetivo na ordem estabelecida pela Emenda Constitucional nº 20/98 e inexistência de direito adquirido a regime previdenciário, v.g. AgRRE nº (julg. em ), AgRRE nº (julg. em ), SS nº 2913 (julg. em ) e AgRRE nº (julg. em ). Orientação diversa que tenha se firmado no Tribunal de Contas do Estado em sua atuação fiscalizadora dos atos de inativação, conforme historiado na manifestação que ensejou a presente consulta, não vincula a Administração Pública Estadual, a qual há de nortear-se pela diretriz traçada por esta Procuradoria-Geral do Estado na atribuição que lhe compete na forma dos artigos 115 da Constituição Estadual e 132 da Constituição Federal. E, em havendo inobservância da orientação jurídico-normativa vigente confluindo com entendimento discrepante e menos rígido consolidado naquela Corte, torna-se necessária a revisão deste último entendimento para que entre em consonância com aquela orientação emanada com amparo constitucional e destinada a vigorar na Administração Pública Estadual, a fim de se assegurar o atendimento aos princípios da legalidade e da igualdade de tratamento a ser dispensado aos administrados, conforme preconizado no Expediente Administrativo nº /04-5. No caso, constata-se irregularidade na forma como o IPERGS vem conduzindo a questão, pois, não obstante o comando constitucional expresso e a orientação firmada nesta Procuradoria-Geral, não formalizou a transferência da filiação de seus empregados ao regime geral, o que se agrava com a cobrança das contribuições a eles relativas levadas a efeito pelo INSS mediante as NFLDs nºs e juntadas aos expedientes em exame, conforme os relatórios que as acompanham. 3

4 Dessa forma, urge seja saneada a situação de modo a se evitar pagamentos de contribuições previdenciárias em duplicidade e a responsabilização pessoal dos agentes da autarquia, como alertado na consulta, por ora, na via administrativa, consolidando-se a transferência ao regime geral dos empregados anteriormente filiados ao regime próprio e procedendo-se ao repasse ao INSS dos valores indevidamente recolhidos, inclusive mediante compensação com os que já estão sendo cobrados conforme as NFLDs acostadas. Neste ponto, cabe observar que os valores recolhidos que ultrapassarem a contribuição efetivamente devida no regime geral, ao invés de repassadas, hão de ser restituídos ao servidor. Quanto aos benefícios a serem concedidos aos servidores celetistas em vias de inativar-se, agora pelo regime geral, há que ser observada a Lei nº 9.796, de 05 de maio de 1999, compensando-se os valores recolhidos no período anterior à vigência da Emenda Constitucional nº 20/98, assegurada assim a contagem recíproca do tempo de contribuição na forma do artigo 201, 9º, da Constituição Federal. Diante do exposto, opina-se pelo indeferimento dos pedidos de aposentadoria de empregados do IPERGS pelo regime próprio de previdência, devendo ser imediatamente regularizada a transferência de todos eles ao regime geral, com o repasse ao INSS dos valores relativos a contribuições devidas na vigência da Emenda Constitucional nº 20/98 na forma acima explicitada e, para a concessão de benefício no regime geral, há de ser observada a compensação previdenciária do tempo de contribuição relativamente ao período anterior no qual vigorava a vinculação ao regime próprio. Recomenda-se, por fim, seja gestionado junto ao Tribunal de Contas para que proceda à revisão da orientação vigente naquele órgão acerca da matéria no sentido da diretriz firmada nesta Procuradoria- Geral do Estado, de modo a se assegurar a observância dos princípios da legalidade e igualdade de tratamento a ser dispensado a todos os servidores no âmbito da Administração Estadual. 4

5 É o parecer. PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO Porto Alegre, 22 de dezembro de Andréa Luz Kazmierczak Procuradora do Estado (Expedientes Administrativos nºs /06-6, /07-0 e /07-1) 5

6 ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO Processo n. o /06-6 Anexos: / /07-1 Acolho as conclusões do PARECER n.º , da Procuradoria Previdenciária, de autoria da Procuradora do Estado Doutora ANDRÉA LUZ KAZMIERCZAK. Restitua-se o expediente ao Instituto de Previdência do Estado, Procuradoria Jurídica, Agente Setorial desta Procuradoria-Geral junto ao IPERGS. Em 17 de julho de Eliana Soledade Graeff Martins, Procuradora-Geral do Estado.