Ministério Público do Estado do Amazonas Procuradoria Geral de Justiça 2ª Procuradoria de Justiça

Transcrição

1 fls. 238 Processo: Classe: Órgão: Mandado de Segurança Câmaras Reunidas Impetrante: Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Autazes - Sinserpa Impetrado: Oliveira Cavalcante. Relator: Ilmo. Sr. Prefeito do Municipio de Autazes/am, Andersson Adriano Des. Jomar Ricardo Saunders Fernandes Parecer nº Colendas Câmaras, Eminente Desembargador-Relator: Tratam os autos de MANDADO DE SEGURANÇA impetrado por SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO MUNICÍPIO DE AUTAZES - SINSERPA contra ato do EXMO. SR. PREFEITO MUNICIPAL DE AUTAZES/AM, objetivando a nulidade do Decreto Municipal nº 001/2017-PMA-GP, publicado no DOM de 04/01/2017 (fls. 134/136), que suspendeu os decretos nomeatórios de seus associados, sem o devido processo legal. Aduz o Impetrante que: a) em 2006, o Município de Autazes realizou o Concurso Público nº 01/2006, para provimento de diversos cargos públicos; Processo nº de 5

2 fls. 239 b) em janeiro/2008, houve a convocação dos aprovados, por meio da denominada 5ª chamada, para a entrega da documentação e, consequente nomeação e posse; c) porém, no final do mesmo mês, o novo Prefeito anulou a 5ª chamada, passando a contratar diversas pessoas, por meio de contratos temporários; d) na ocasião, o representante do Ministério Público em atuação no Município de Autazes, ajuizou Ação Civil Pública pleiteando, em liminar, dentre outras medidas, a determinação de realização da chamada de todos os concursados da aludida 5ª Chamada; e) após, sem a concessão liminar, o representante do Parquet interpôs o recurso de Agravo de Instrumento nº (atual nº ), ao qual foi dado provimento, determinando ao Município de Autazes que realizasse a nomeação e fossem empossados todos os candidatos convocados pela 5ª Chamada (Acórdão datado de 28/02/2011, fls. 108/114); f) o Município de Autazes interpôs Recurso Especial e Recurso Extraordinário que foram inadmitidos, Agravo em Recurso Especial nº (2011/ ) ao qual foi negado seguimento; Agravo em Recurso Extraordinário ARE nº , que, após ter sido suspenso em razão da repercussão geral nº /M, restou prejudicado; g) após o trânsito em julgado das citadas decisões, os autos foram remetidos ao Juízo da Comarca de Autazes para dar cumprimento em definitivo à decisão judicial proferida nos autos do Agravo de Instrumento nº ; h) em dezembro/2016, ao tomar conhecimento da referida decisão, o então Prefeito, Processo nº de 5

3 fls. 240 Exmo. Sr. José Thomé Filho, publicou convocação para entrega da documentação e admissão/reintegração dos aprovados do concurso público nº 001/2006; i) em janeiro/2017, o atual Prefeito, logo após ser empossado, suspendeu todos os decretos de nomeação, em total desrespeito à decisão judicial deste e. Tribunal de Justiça. Liminar não concedida, fl A autoridade impetrada prestou informação (fls. 229/235), alegando, em suma, que as despesas extras de pessoal não estavam previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e Lei Orçamentária Anual LOA, para o exercício financeiro de 2017, bem como acredita estar prescrita a decisão judicial datada de fevereiro/2011. É o Relatório. Pretende o Impetrante tornar sem efeito o Decreto Municipal nº 001/2017-PMA-GP, publicado no DOM de 04/01/2017 (fls. 134/136), que suspendeu os decretos de convocação e nomeação dos seus associados. De fato, tendo os associados ao Sindicato/Impetrante obtido êxito no concurso público nº 001/2006, realizado no Município de Autazes/AM, no ano de 2006, sendo, inclusive, nomeados para o cargo competente, não poderia a Administração Pública simplesmente anular tais nomeações, sem a precedência do devido processo legal, conforme assegura a Constituição Federal (art. 5º, LIV e LV). Inclusive, essas Egrégias Câmaras Reunidas, tratando da mesma matéria discutida nestes autos, decidiu no sentido seguinte: Processo nº de 5

4 fls. 241 ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. NOMEAÇÃO. INVALIDAÇÃO. DEVIDO PROCESSO LEGAL. INOBSERVÂNCIA. 1. O ato de nomeação gera direitos para o candidato aprovado em concurso público, não podendo, pois, ser invalidado sem o devido processo legal, onde seja garantido ao interessado o contraditório e a ampla defesa. 2. Não havendo comprovação da inexistência de prévia dotação orçamentária antes da divulgação do edital do certame público, inexiste óbice para a nomeação do candidato aprovado. (TJAM - MS nº , de Autazes, Relator: DES. ARNALDO CAMPELLO CARPINTEIRO PÉRES, publicado: DJe 24/03/2010) Ademais, verifica-se que a recente nomeação dos concursados foi decorrente de decisão proferida pela TERCEIRA CÂMARA CÍVEL deste Eg. Tribunal de Justiça, nos autos do Agravo de Instrumento nº , a qual pedimos vênia para transcrever, a seguir: EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA CONCURSO PÚBLICO - EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS E NOMEAÇÃO - COMPROVADA A EXISTÊNCIA DE VAGAS O ATO ADMINISTRATIVO QUE CONVOCA CANDIDATOS PARA INVESTIDURA DE CANDIDATOS EM SERVIÇO PÚBLICO GERA DIREITO EM PROL DOS CONVOCADOS ANULAÇÃO DE CONTRATOS TEMPORÁRIOS IMPOSSIBILIDADE - CONHECIMENTO E PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO. - atos praticados pela Administração, dentro da legalidade, ao dar início ao processo de investidura de candidatos aprovados em concurso público, se tornam vinculantes gerando direito subjetivo em prol dos convocados. o ato vinculante da Administração Pública se dá no momento que lançou Edital denominado 5a Chamada do Concurso Público de n. 001/2006, onde determinou: convocar os candidatos abaixo relacionados, para comparecerem às 8:30 horas do dia 29/12/2008 (...) a fi m de apresentarem a documentação para a habilitação e posse, munidos de original e cópia da seguinte documentação Recurso conhecido e parcialmente provido. DECISÃO:... à unanimidade e em consonância com o parecer ministerial (fl s. 121/130), conhecer do recurso interposto e dar parcial provimento nos termos do voto do relator, que passa a integrar o julgado. (TJAM TERCEIRA CÂMARA CÍVEL Processo nº de 5

5 fls AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº , de Autazes, Agravante: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAZONAS, Agravado: O MUNICÍPIO DE AUTAZES, Relator: DES. ARISTÓTELES LIMA THURY, publicação: DJe 03/03/2011) Assim, provada a contrariedade ao expresso no art. 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal, entendemos perfeitamente demonstrada a ofensa a direito líquido e certo dos associados/impetrantes. Ante o exposto, este Graduado Órgão do Ministério Público se posiciona pela concessão da segurança. É o Parecer. Manaus, 30 de junho de SILVANA MARIA MENDONÇA PINTO DOS SANTOS Procuradora de Justiça Processo nº de 5