Tribunal de Contas da União

Transcrição

1 Tribunal de Contas da União Dados Materiais: Decisão 16/95 - Primeira Câmara - Ata 03/95 Processo nº TC /94-8 Responsáveis: João Luiz Ramalho de Oliveira Filho - Diretor Regional do DNOCS e Lélia Indústria e Comércio Ltda. Entidade: Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS Vinculação: Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (Decreto nº 1361, de ). Relator: MINISTRO HOMERO SANTOS Representante do Ministério Público: Procurador-Geral em exercício, Dr. Jatir Batista da Cunha Unidade Técnica: 6ª Secretaria de Controle Externo Especificação do quorum: Ministros presentes: Carlos Átila Álvares da Silva (na Presidência), Homero dos Santos (Relator), Olavo Drummond e o Ministro-Substituto José Antonio Barreto de Macedo. Assunto: Tomada de Contas Especial Ementa: Tomada de Contas Especial. DNOCS. Ausência de orçamento para locação de poço, instalação de perfuratriz e carro pipa. Responsabilidade solidária imputada ao diretor do DNOCS e ao proprietário da Empresa. Alegações de defesa rejeitadas. Novo prazo para recolhimento do débito. Data DOU: 20/02/1995 Parecer do Ministério Público: "Contido no Relatório". Página DOU: 2289 Data da Sessão: 07/02/1995

2 Relatório do Ministro Relator: GRUPO I - CLASSE II - 1ª Câmara TC /94-8 Natureza: Tomada de Contas Especial Órgão: Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS Vinculação: Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (Decreto nº 1361, de ). Responsáveis: João Luiz Ramalho de Oliveira Filho - Diretor Regional do DNOCS e solidariamente a Empresa Lélia Indústria e Comércio Ltda. Ementa: Tomada de Contas Especial. Rejeição da defesa apresentada. Comunicação ao responsável e concessão de novo prazo para recolhimento do débito. Decisão de considerar revel empresa responsabilizada solidariamente. Trata-se de Tomada de Contas Especial, instaurada em cumprimento à Decisão nº 334/94 - Plenário, Sessão de , no processo nº TC /93-5, tendo como responsáveis solidários a firma Lélia Ind. e Com. Ltda e o Sr. João Luiz Ramalho de Oliveira Filho, Diretor Regional do DNOCS. Instrução da Unidade Técnica A 6ª SECEX, ao proceder a análise dos autos e, após a citação dos responsáveis, emitiu parecer conclusivo, tecendo as seguintes considerações: "Em cumprimento à Decisão nº 334/94 do Plenário (fl. 07), de , item 8.1, foi instaurada a presente Tomada de Contas Especial, tendo como responsáveis solidários a firma Lélia Ind. e Com. Ltda, proprietária do poço, e o Sr. João Luiz Ramalho de Oliveira Filho, Diretor Regional do DNOCS à época do respectivo orçamento ( ), decorrente de itens de serviços não orçados, no valor de Cr$ ,58, relativos à locação do poço, instalação de perfuratriz e carro-pipa e transporte de perfuratriz, carro-pipa e unidade de bombeamento. Procedida a citação dos aludidos Responsáveis e devidamente cientificados (fls. 10 e 21), fizeram-se presentes apenas os documentos do Sr. João Luiz Ramalho de Oliveira Filho constantes das fls. 12/20, que passaremos a comentar. O mencionado Responsável, além de apresentar argumentos de caráter genérico e justificativas a respeito de outros poços não relacionados à presente TCE, alega o seguinte:

3 a) o item Locação não foi cobrado, pois "a área destinada à perfuração do poço possui edificações em toda sua totalidade, não permitindo opções na locação do poço"; b) o item Instalação de Perfuratriz também não constou da Planilha de Orçamento, pois o local determinado para execução do poço oferecia condições plenas para sua instalação e o contratante ofereceu abrigo para o pessoal e equipamentos; c) "Não foi utilizado carro-pipa, pois a indústria é provida de água em poço artesanal, tendo o contratante permitido o uso da mesma para execução dos serviços de perfuração do poço"; e d) os itens transporte da perfuratriz e da unidade de bombeamento não constaram do orçamento pelo fato da localização do poço ser próxima à oficina onde a Autarquia aloca seus equipamentos. Verifica-se que as alegações apresentadas pelo Sr. João Luiz Ramalho, além de não estarem sustentadas em documentos comprobatórios, deixam entrever sua liberalidade na gestão de recursos públicos, ante o prejuízo causado ao DNOCS. Ademais, mesmo que fosse comprovado que os equipamentos se encontravam próximos ao local da execução do poço, entendemos que existem custos relativos a esse transporte incorridos pelo DNOCS e que não poderiam ser dispensados quando da cobrança dos serviços junto ao contratante. Agindo dessa maneira, o Gestor descumpriu a Portaria nº 02/DGO, do DNOCS, de 12/09/91, a qual não autoriza a dispensa de cobrança de serviços essenciais à execução do poço. Observe-se ainda que as alegações do Responsável quanto à função social do DNOCS ficaram prejudicadas, a nosso ver, relativamente ao presente caso, uma vez que a contratante constitui-se em empresa privada, sediada em perímetro urbano, não ficando caracterizada, assim, a premente necessidade da perfuração do referido poço "para combater e atenuar os efeitos da seca" e tampouco para "garantir a fixação do homem nordestino em seu habitat" (fl. 12)....verifica-se que as alegações do Sr. João Luiz Ramalho não merecem ser acolhidas, razão pela qual entendemos aplicável à espécie o disposto no art. 12, 1º, da Lei 8.443/92. Com relação à firma Lélia Ind. e Com. Ltda, não houve qualquer manifestação quanto à citação (fl. 21), devendo, portanto, ser considerada revel pelo Tribunal, conforme art. 12, 3º, da Lei nº 8.443/92, dando-se prosseguimento ao processo.

4 Vale relembrar que, ante a relação de solidariedade definida nestes autos, o possível ressarcimento do débito por um dos envolvidos aproveitará ao outro.... Ante o exposto, notadamente nos subitens 3.1/3.2, desta, submetemos os autos à consideração superior, propondo, com base no art. 12, 1º, da Lei nº 8.443/92, sejam rejeitadas as alegações de defesa do Sr. João Luiz Ramalho de Oliveira Filho, e fixado prazo improrrogável de 15 (quinze) dias, para que recolha a importância de Cr$ ,58 (hum milhão, trezentos e setenta e seis mil, oitocentos e quarenta e um cruzeiros e cinqüenta e oito centavos), acrescida de juros de mora e correção monetária incidentes a partir de , nos termos da legislação vigente, importância essa referente aos seguintes itens de custo no orçamento executado: a) locação Cr$ ,54 b) instalação de perfuratriz Cr$ ,82 c) instalação do carro-pipa Cr$ ,82 d) transporte da perfuratriz Cr$ ,80 e) transporte do carro-pipa Cr$ ,80 f) transporte da unidade de bombeamento Cr$ ,80" Parecer do Ministério Público A douta Procuradoria, representada nos autos pelo Procurador-Geral em exercício, Dr. Jatir Batista da Cunha, em chancela simples, põe-se de acordo com as proposições da 6ª SECEX. É o Relatório. Voto do Ministro Relator: Concordo com a 6ª SECEX quando, em face dos argumentos expendidos, conclui que as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. JOÃO LUIZ RAMALHO DE OLIVEIRA FILHO não elidem a irregularidade que lhe foi imputada. Relativamente à Empresa Lélia Ind. e Com. Ltda, à vista da solidariedade existente e, ainda, da sua não manifestação ante a citação promovida por aquela Secretaria (folha 25), deve ser considerada revel, conforme art. 12, 3º, da Lei nº 8.443/92, dando-se prosseguimento ao processo. Nessas condições, acolhendo as proposições da unidade técnica, endossadas pelo Ministério Público, VOTO por que seja adotada a DECISÃO que ora submeto a este E. Colegiado.

5 Decisão: A Primeira Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 1. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo interessado, João Luiz Ramalho de Oliveira Filho, para, nos termos do 1º, do art. 12 da Lei nº 8.443/92, determinar à 6ª SECEX, comunicação ao responsável cientificando-o da presente Decisão e conceder-lhe, como também à Empresa Lélia Indústria e Comércio Ltda, haja vista a solidariedade existente, o prazo improrrogável de 15 (quinze) dias, para efeito de recolhimento aos cofres do DNOCS, da importância de Cr$ ,58 (hum milhão, trezentos e setenta e seis mil, oitocentos e quarenta e um cruzeiros e cinqüenta e oito centavos), acrescida dos encargos legais, a partir de , nos termos da legislação vigente; 2. considerar revel, nos termos 3º, do art. 12 da Lei nº 8.443/92, a Empresa Lélia Indústria e Comércio Ltda, na(s) pessoa(s) de seu(s) sócio(s) responsável(eis), dando-se prosseguimento ao processo; Indexação: Tomada de Contas Especial; DNOCS; Empresa Privada; Responsabilidade Solidária; Prazo; Recolhimento; Débito; Serviços de Terceiros; Prestação de Serviços;