DESENVOLVIMENTO DA CABOTAGEM NO BRASIL CABOTAGE DEVELOPMENT IN BRAZIL
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- João Batista Rios Stachinski
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1 DESENVOLVIMENTO DA CABOTAGEM NO BRASIL Pedro Galdino Resumo Profº Orientador: (Álvaro Prado) A cabotagem é um modal que vem tendo um considerável crescimento no Brasil. Seu modelo de transporte aponta para um futuro onde a logística de movimentação de carga pelo país é mais barata e evita que caminhões necessitem percorrer grandes distâncias, além de muitos outros benefícios. Por isso, esse artigo visa analisar o desenvolvimento da modalidade ao longo do tempo, a situação atual, as perspectivas para o futuro, e também mostrar o impacto que a ampliação nesse tipo de navegação pode gerar. Palavras-chave: Cabotagem. Brasil. Desenvolvimento CABOTAGE DEVELOPMENT IN BRAZIL Abstract The cabotage is a modal that has been showing a considerable growth in Brazil. Its way of transportation indicates a future where the load movement logistics through the country is cheaper and avoid the necessity of trucks travel great distances, besides a lot of other benefits. That s why this article has the intention to analyze de development of this modality over time, the actual situation, the future perspectives, and shows the impact that an ampliation in this king of shipment can generate for the country. Key-words: Cabotage. Brazil. Development. 1Introdução Para que o cenário do comercio internacional no país seja desenvolvido, também é necessário que a infraestrutura logística nacional também seja, pois ela tem papel fundamental no crescimento econômico, o que gera mais reconhecimento internacionalmente. Ao melhorar a maneira que os modais de transporte são aproveitados, o país economiza tempo, ao mesmo tempo que reduz distâncias, e assim pode diminuir gastos como o frete, que tem considerável influência no preço dos produtos, e reduzindo esses preços, o mercado consegue se tornar mais competitivo internacionalmente. (RODRIGUES, 2002). Segundo Rodrigues, em meados de 1930, o modal de transporte mais utilizado era a cabotagem. Nesse período, as estradas e ferrovias tinham pouca infraestrutura e apresentavam muitas falhas, sendo assim, a cabotagem era o modal mais viável. Porém, após o impulsionamento das industrias de automóveis, a cabotagem perdeu sua força, enquanto os investimentos passavam a ser direcionados para o desenvolvimento da malha rodoviária. O aumento da procura pela navegação de cabotagem feita nos portos marítimos do Brasil se intensificou devido os avanços da tecnologia e da necessidade de melhorar a competitividade,
2 de forma que agregue valores nos serviços oferecidos. Ao analisarmos o tamanho da costa marítima do Brasil, a cabotagem se destaca como uma ótima opção para o transporte de cargas no país. A irreversível tendência à conteinerização influencia a utilização do modal marítimo, o mesmo dispõe de uma altíssima eficiência logística e economia no custo dos fretes. Diante da força da união aduaneira do Mercosul, a cabotagem estende-se aos trajetos marítimos entre Salvador e Buenos Aires, ou Santos e Montevideo caracterizando-se como cabotagem internacional, sendo uma alternativa economicamente viável e atrativa para a economia do país. De acordo com dados da Antaq, nos últimos anos, o cenário da cabotagem está aumentando cada vez mais, e grandes empresas estão fazendo vários investimentos nessa modalidade que, depois de muito tempo, foi visto que há um potencial enorme para ser explorado. Porém, para que esse crescimento não pare, uma série de melhoras na infraestrutura do transporte marítimo costeiro terão de acontecer. 3 Cabotagem e dificuldades De acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) que tem como definição de cabotagem a lei nº /04, onde essa modalidade de navegação é definida como aquela que é feita entre portos brasileiros, e que utiliza exclusivamente a via marítima, ou marítima e de interiores, então, ela é todo transporte aquaviário nacional realizado de forma total ou parcial pela costa brasileira. Segundo Mattos, o Brasil é um país muito favorecido para esse tipo de navegação devido suas condições naturais e sua distribuição demográfica, pois conta com uma costa totalmente navegável com ao todo 7500 quilômetros de extensão e possui mais de 30 portos organizados e outros inúmeros terminais de uso privativo. Outro fator que contribui para o setor é que o país possui uma forte concentração costeira de produtores e consumidores, e 80% da população vive entre as regiões litorâneas a um raio de 200 quilômetros da costa. Segundo dados da xxxxx, historicamente, o transporte através da cabotagem era um dos principais até o final da primeira metade do século XX, quando as malhas rodoviárias ainda se encontravam em formação e as malhas ferroviárias tinha papel de interiorizar territórios. Porém, como mostra o gráfico da Figura 1, hoje em dia os modais terrestres são bem mais utilizados que os aquaviários no país. Figura 1 Gráfico de Distribuição de Modais no Brasil
3 Fonte: ILOS (2010) Analisando o gráfico fica claro que o modal rodoviário é o mais utilizado, um fator que vem do que é chamado de rodoviarismo. Para entendermos o motivo que faz com que esse seja o mais utilizado, precisamos levar em conta seu desenvolvimento ao longo da história. Segundo Mendonça (2006), em meados da década de 30, com o surgimento dos automóveis, veio a necessidade de maiores investimos nas rodovias para uma maior integração do mercado interno. Assim, essa malha começou a crescer cada vez mais, ligando os estados do Brasil as regiões mais desenvolvidas industrialmente, que no caso era a região Sudeste. Nas décadas seguintes, com a diminuição significativa do preço do petróleo e com a expansão da indústria automobilística, o modal rodoviário se consolidou. Mais para frente, quando Juscelino Kubitschek transferiu a capital para Brasília, praticamente todo investimento no setor de transportes era destinado a criação de rodovias. Na década de 70, foi criado o PIN (Plano de Integração Nacional), Mendonça (2006) diz que esse plano visava a implantação de grandes rodovias para ligar locais muito distantes com o objetivo de desenvolver setores do agronegócio. Mesmo com algumas falhas, houve um desenvolvimento considerável e atendeu em partes, o que o PIN planejava. Porém, ainda na mesma década, houve uma crise no petróleo que gerou outra crise no Rodoviarismo, já que até para fazer as pavimentações, seu uso era necessário. O país ficou sem investimentos significativos até a década de 90, quando houve uma privatização das estradas e elas passaram a ser administradas pelo poder privado através de concessões, logo, em troca do serviço de manutenção, pedágios começaram a ser cobrados. E assim temos nosso cenário atual, onde é possível perceber que o governo não foi capaz de lidar nem com os custos que envolvem o modal que atualmente é de longe o mais utilizado, e sobre isso, Vianna (2007) em seu livro O mito do rodoviarismo brasileiro fala que no Brasil, por mais que o investimento tenha sido maior no modal rodoviário, ele foi baixo, assim como em todos os outros modais de transporte, incluindo no marítimo, ainda mais no caso da cabotagem onde é necessário que haja um incentivo maior. 4Avaliação sistêmica do ambiente de negócios da cabotagem
4 Na imagem abaixo, Costa (2012) mostra uma análise do ambiente de negócios do cenário da cabotagem. Figura 1 Ambiente de negócios da cabotagem. 5Programa de incentivo para a cabotagem Fonte: Costa, 2012 De acordo com Costa (2012), o PIC (Programa de incentivo a cabotagem) foi idealizado em 2007, com o objetivo de analisar a cabotagem de um ponto de vista estratégico e criar uma sequencia de estudos para implementar projetos coordenados, que levam uma orientação de uma política setorial..2 Política Setorial Segundo ele, essa política tem os seguintes objetivos: I. Através da mudança de modal (do rodoviário para o aquaviário), reduzir custos logística e de infraestrutura; II. Diminuir impactos ambientais; III. Reduzir acidentes nas estradas; IV. Gerar uma diminuição do custo Brasil, transferindo os ganhos para os preços dos produtos, aumentando a competitividade; V. Propor políticas e ações estratégicas (ambiente externo), táticas (ambiente interno) e operacionais (nível local)..3 Política para cadeia produtiva Além disso ele destaca uma política para cadeia produtiva, com foco no desenvolvimento da cabotagem, o que inclui: I. Diminuição de custos da cadeia de transportes; II. Aumento da eficiência e da produtividade; III. Remoção de gargalos; IV. Modernização de procedimentos; V. Redução do desequilíbrio de fluxos. Com essas políticas a cabotagem estaria no caminho certo para o seu desenvolvimento, porém, atualmente não é possível encontrar informações atualizadas do PIC, o que indica que o Programa não caminhou, mas se analisarmos dados da Antaq, por exemplo, fica claro que as empresas investiram bastante cabotagem nos últimos anos, principalmente no setor de contêineres.
5 6Aumento de contêineres na cabotagem O gráfico abaixo, feito a partir de informações da Antaq, mostra os dados do aumento das cargas transportadas pelo modal: Figura 3 Evolução do Perfil de Cargas Conteinerizadas Fonte: Antaq, 2017 Com base nos dados acima, vemos que as cargas conteinerizadas sofreram um grande aumento nos últimos anos. Só em 2017, o aumento foi de mais de 10%, o que indica que os investimentos estão cada vez maiores. Tudo isso aponta para um futuro com mais estrutura já que passaremos a necessitar de mais apoio nas operações, assim muitas empresas podem passar a investir no modal e gerar um mercado bem mais desenvolvido para o modal e muitos benefícios para o país. 7Considerações Finais De fato, a cabotagem vem crescendo nos últimos anos em todos os setores, que é resultado do maior investimento das empresas junto da maior demanda que aumenta cada vez mais devido ao fato das pessoas estarem percebendo o benefício desse tipo de transporte de cargas pelo país. Mesmo que uns setores cresçam mais que outros, como é o caso dos contêineres, a evolução é frequente. Segundo dados da Antaq (2017) a cabotagem está em constante crescimento, sempre superando o ano anterior, ignorando todo o tempo de crise atual do país. Tudo isso aponta para um futuro muito mais evoluído para a cabotagem, o que melhorará o transporte no Brasil de diversas maneiras. 8Referências PAULO, R. Introdução ao Sistema de Transporte no Brasil e a Logística Internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2008 ILOS. Distribuição da matriz de transporte brasileira ANTAQ. Anuário Estatístico Disponível em:
6 COSTA, V. Programa para desenvolvimento no setor da cabotagem no Brasil Disponível em: VIANNA, G. O Mito do Rodoviarismo Brasileiro. São Paulo: NTC&Logística, MENDONÇA, C. Transporte Rodoviario: Por que o Brasil depende tanto desse sistema. Disponível em:
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