PN1782.07-5;Ap:TcEspinho,2ºj ( ) Ape: Apa.: Em Conferência no Tribunal da Relação do Porto I INTRODUÇÃO (a) A Ape. não se conforma com a sentença de 1ªInstância que julgou procedente o pedido e a condenou e ao marido a pagarem solidariamente à Apa a comissão de 4 522,05 pela intermediação na venda de um apartamento de que eram do nos. (b) Da sentença recorrida: (1)...a A. cumpriu o contr ato de mediação n a venda do apartamento [ deste litígio] para a qual foi contratada, pois desenvolveu acções de promoção do negócio, mediante anúncios em jornais e conseguiu um interessado que v eio a adquirir a casa. (2) Ora...os contratos têm de ser pontualmente cumpridos, Artº406/1CC: devem os réus à A. a contrapartida acordada, Artº1691/1c.CC. (3) A tal quantia acrescem juros de mora...desde a celebração do contr atopromessa, Artº19/1DL77/99,16.03 e Artºs814ssCC. II MATÉRIA ASSE NTE (1) A A. dedica-se à actividade de intermediação de compras e vendas de imóveis, mediante promoção e angariação de clientes, e tem
estabelecimentos denominados Réplica, em Porto, V.N. Gaia e Espinho: cobra uma percentagem sobre o preço de cada negócio realizado. (2) Por contrato datado de 00.05.24, a R. mulher incumbiu a A. de promover e intermediar a v enda da fracção C do prédio com número de polícia 119 da Praceta Manuel Laranjeira, nº119-1469 e 1485 Anta, Espinho, correspondente ao segundo andar, com entrada pelo primeiro dos número s e com um lugar de garagem na cave do prédio. (3) Estipularam uma comissão de 4%+ IVA, sobre o preço por que viesse a ser vendida a referida fracção que os R. pagariam no momento da outorga do contrato-promessa ou, caso não houvesse, na data da escritura. (4) De início os RR. colocaram a fracção à venda pelo preço de 21 000c., sujeito a oferta sobre o montante e as condições de pagamento. (5) Este preço foi alterado depois, primeiro para 20 000c, por último, para 18 500c, através de instruções dadas pela R. mulher. (6) Sob este acordo, a A. anunciou a fracção em cau sa, procedeu a publicações em jornais diários e contactou clientes interessados. (7) Em finais de 01.05, uma vendedora da autora levou a visitar o apartamento, como cliente interessado na aquisição, o comprador C. (8) Por escritura pública de compra e venda, 01.08.16, C.Not.Espinho, os RR declararam vender e declarou comprar a dita fracção p elo preço de PTE 17 800 000 $00. (9) Após a realização da escritura a A. pediu aos RR a comissão acord ada. (10) Entretanto, em 01.06.14, os RR tinham partido para a Venezuela e já nesse país é que foram contactados por um certo Sr, para procederem à venda do apartamento a. (11) No acto d a escritura estiveram presentes os RR os compradores e o tal Sr. David. II CONCLUSÕE S (1) O Tribunal não se pronunciou quanto ao f acto de o contrato de mediação em causa haver sido ou não celebrado em regime de exclusividade, mas o tópico foi alegado em 5 da contestação e assume particular importância nos debates.
(2) É que, posto não ter sido celebrado em regime de exclusividade, a comissão só seria d evida se a venda viesse a realizar-se com intervenção da Apa o qu e não sucedeu. (3) Ora, resulta do próprio contrato e da prova produzida em audiên cia que o contrato não foi de exclusividade. (4) O Tribunal também se não pronunciou sobre se o negócio foi consequência da indicação de feita pela A. aos RR, matéria do Artº12 da PI, cujo quesito deveria ter merecido a resposta não provado. (5) Tal matéria é de importância significativa, para o estabelecimento do nex o de causalidade entre o esforço da mediadora e a transacção. (6) Mas do depoimento de 2 e do bom entendimento do facto provado inscrito em II (10) resulta, como já se disse, uma não intervenção da A., neste caso. (7) Depois, o Tribunal julgou incorrectamente a matéria de f acto consignada em II (5), segundo o depoimento de (8) A livre convicção, contudo, é um meio de descoberta da verdade, não uma afirmação infundamentada e uma conclusão sem regra, pelo contrário, está 2 Afirmou já saber quem eram o s p roprietários da fracção e q ue estava à venda quando efectuou a visita com a vendedora da A. e que terminad a esta disse ir pensar no negócio perante o preço de 20 000 000$00 que aquela lhe pediu. Comentou de imediato com o amigo que também o acompanho u que não ia ficar com o apartamento porque lhe estavam a pedir muito dinheiro: não estava interessado por incapacidade financeira. Contud o veio a comprá-lo, após as diligências desse amigo, que foi ele quem convenceu a R. a vender-lho po r PTE 17 500c mobilado. Certo é que após um telefonema no q ual respon deu à vendedora da A. que ainda nada lhe pod eria dizer, não mais voltaram a ter qualquer contacto. 3 Afirmou que a redução do preço inicialmente previsto, PTE:21 000 000$00, para cerca de PTE 18 000 000$00 o u 18 500 000$00, se deveu ao facto de os d iversos clientes, após as inúmeras visitas, se terem queixado da alta do preço, sendo que a vendedora tinha no entanto b astante interesse e até alguma necessidade e urgência de vender. Todavia, não conseguiu explicar a razão pela qual a A. só conseguiu juntar ao s autos duas fichas de visita ao apartamento. 4 Afirmou ter feito inúmeras visitas co m clientes à fracção em causa, inclusivamente duas com, uma só com ele, outra com ele, a mulher e um amigo,, dono de uma serralharia em Serzedo. Quando desceu, da segunda vez, conseguiu obter acordo pelo preço de PTE:17 500 000$00, mas não soube explicar o porquê das duas fichas apenas de visita ao apartamento e de só uma delas estar assinad a p or, nem porque razão em menos de um ano o preço baixou 3 500c 5 Disse não se co mpreender porque razão havia o preço do apartamento ser reduzido pois no escritório da A. sempre se comentou imenso que se tratava de um óptimo negócio, por ser de bom preço. 6 Vide nota 3.Mais disse que o negó cio foi concluído quando os vendedores se encontravam já na Venezuela. 7 Disseram que os RR emigraram para a Venezuela por estarem necessitados de dinheiro e quando partiram não tinham o apartamento vendido: o negócio ocorreu em virtude de negociações mantidas pelo telefone com o Sr.. Regressaram a Portugal para a escritura.
subordinada à razão e à lógica conquanto não esteja limitada por prescr ições formais exteriores. (9) Neste sentido crítico, conjugando os factos dados como provados com os depoimentos das testemunhas referidas e com tudo o que resulta do texto do contrato de mediação, entendem os RR que se impunha uma resposta difer ente à matéria que foi ao questionário, da parte final do Artº4º da PI, e ao Tribunal dar como provado que aquele contrato não foi celebrado sob o regime de exclusividade, para depois vir a aceitar que a A. não teve qualquer intervenção na venda que os R R efectivamente levaram a cabo, matriz esta inteira do Artº22 da contestação. (10) É que só terá direito a comissão o mediador, quando, embora não sendo a sua actividade a única determinante da cadeia dos factos que deram lugar ao negócio pretendido, contribuíram para ele. (11) Todavia, no presente caso a A não angariou o comprador nem qualquer terceiro interessado, nem teve qualquer intervenção na compra e venda celebrada pelos RR. (12) Encontra-se pois excluída a relação de causalidade entre a actuação da A., como mediadora imobiliária, e o resultado obtido: inexiste direito à comissão. (13) A sentença recorrida fez incorrecta aplicação da lei e do direito: deverá ser revogada para absolvição dos RR do pedido. IV - CONTRA ALEGAÇÕES: não houve. V RECURSO: pronto para julgamento nos termos do Artº705CPC. VI SEQUÊNCIA: (a) O esforço dialéctico dos Recorr entes no sentido de excluírem a mediadora da indicação do cliente, con quanto notável não chega para convencer. O certo é que foi admitido por acordo das partes que uma funcionária da recorrida teve intervenção preliminar ao contrato de promessa, tendo apresentado o negócio ao futuro comprador.
(b) Tanto basta para que a concausalidade, admitida na minuta da apelação como base suficiente do per cebimento remuneratório, possa ser estabelecida sob espécie da vigência do contracto. (c) Foi, na verdade, à A. e não a outra qu alquer entidade ou pessoa que o cliente recorreu, reconhecendo-lhe, pois, legitimidade como mediadora da Ape. (d) Este reconh ecimento de legitimação na qualidade é suficiente para estabelecer o nexo entre o negócio e o esforço da empresa contratada para o ef eito de o conseguir, nexo esse que justifica, sem mais, o pagamento do preço do contrato de mediação. (e) Por conseguinte, não há critica válida a fazer à sentença de 1ª instância que ao invocar o Artº406/1CC fez boa aplicação do direito ao caso: vai confirmada. VII CUSTAS: pelos Apes. que sucumbiram