PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA MONOGRAFIA DE FINAL DE CURSO

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Transcrição:

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA MONOGRAFIA DE FINAL DE CURSO EFEITO DA EVOLUÇÃO DO ESTOQUE DE MÃO-DE-OBRA QUALIFICADA SOBRE O PRODUTO POTENCIAL BRASILEIRO. Rodrigo Rodrigues Adão N o de marícula: 0412057 Orienador: Ilan Goldfajn Novembro de 2007

1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO DEPARTAMENTO DE ECONOMIA MONOGRAFIA DE FINAL DE CURSO EFEITO DA EVOLUÇÃO DO ESTOQUE DE MÃO-DE-OBRA QUALIFICADA SOBRE O PRODUTO POTENCIAL BRASILEIRO. Rodrigo Rodrigues Adão N o de marícula: 0412057 Orienador: Ilan Goldfajn Novembro de 2007 "Declaro que o presene rabalho é de minha auoria e que não recorri, para realizá-lo, a nenhuma forma de ajuda exerna, exceo quando auorizado pelo professor uor". Rio de Janeiro, 26 de novembro de 2007. Rodrigo Rodrigues Adão

As opiniões expressas nese rabalho são de responsabilidade única e exclusiva do auor. 2

3 Agradecimenos Agradeço a minha família pelo apoio e pelas oporunidades ao longo de minha vida que viabilizaram a confecção desa monografia. Agradeço ao meu orienador, Ilan Goldfajn, pelas colaborações eóricas e práicas que possibiliaram a realização dese rabalho. Agradeço a Felipe Salles pelas sugesões que enriqueceram a análise dos resulados enconrados. Agradeço a André Gamerman pelas sugesões ao longo da pesquisa e pela revisão do exo final.

4 Índice 1. Inrodução... 6 2. Revisão da Lieraura... 9 3. Méodo... 14 4. Dados... 19 5. Resulados... 27 5.1. Função de Produção com dois faores... 27 5.2. Função de Produção com rês faores... 29 6. Análise de Robusez... 34 6.1. Oura definição de qualificação... 34 6.2. Comparando Modelos... 38 7. Conclusão... 40 8. Referências Bibliográficas... 42

5 Índice de Tabelas Tabela 1 Parâmeros da Função de Produção... 26 Tabela 2 Conribuição média para o crescimeno da economia por período... 28 Tabela 3 Conribuição para o crescimeno poencial da economia por período... 29 Tabela 4 Conribuição média para o crescimeno da economia por período... 31 Tabela 5 Conribuição para o crescimeno poencial da economia por período... 32 Tabela 6 Conribuição média para o crescimeno da economia por período... 35 Tabela 7 Conribuição para o crescimeno poencial da economia por período... 37

6 1. Inrodução A economia brasileira apresenou uma rajeória de crescimeno peculiar desde o processo de esabilização inflacionária em 1994. Após um período de recuperação em 1994 e 1995, a economia passou a apresenar baixas axas de crescimeno. No enano a parir de 2004 ese padrão parece er se alerado. O crescimeno anual médio que foi de 2,7% enre 1994 e 2003 aumenou para 3,7% desde 2004. Esa mudança no paamar de crescimeno foi aribuída a uma melhora das condições de produção da economia. Nesas condições se incluem a esabilidade macroeconômica alcançada durane a década de 1990 e alerações legislaivas que, enre ouros efeios, faciliaram a concessão de crédio e aumenaram a compeição no seor produivo nacional (fim de monopólios e maior aberura comercial). Ese rabalho em por objeivo esimar o produo poencial brasileiro, idenificando, em especial, o efeio da rajeória do esoque de rabalhadores qualificados sobre o aumeno na axa de crescimeno da economia. Nese senido opou-se por adoar como meodologia de esimação a abordagem da função de produção. Ese méodo foi escolhido por apresenar diversas vanagens, enre elas: a) esabelecer uma relação ransparene enre os faores de produção e a capacidade produiva da economia; b) fornecer uma medida da eficiência produiva da economia, a Produividade Toal dos Faores (PTF); c) permiir uma inerpreação da conribuição de cada faor produivo para o crescimeno do produo poencial da economia. Como desvanagens, ese méodo exige que se façam suposições a respeio da esruura produiva da economia e dos reornos de escala, aumenando o grau de incereza dos resulados. Como é feio usualmene na lieraura sobre o ema, no rabalho se supôs uma função de produção Cobb-Douglas com reornos consanes de escala para a economia brasileira. No inuio de avaliar a conribuição da qualificação da mão-de-obra para o crescimeno da capacidade produiva da economia brasileira, o faor rabalho foi desagregado em dois: Trabalho qualificado e Trabalho não-qualificado. Assim, a função de produção possui rês faores: Capial, Trabalho qualificado e Trabalho não-qualificado. Os resulados mosraram que o crescimeno poencial esimado para a economia apresenou grande volailidade no período de 1999 aé 2005. A parir de 2004, a axa de

7 crescimeno do produo poencial aumenou, passando de um valor enre 2,0% e 2,5% para um valor enre 3,25% e 3,75% ao final de 2005. Enreano a axa esimada para 2005 pode esar subesimada devido a possível ocorrência de um aumeno esruural de produividade da economia brasileira que demora a ser capado pelos modelos. Os modelos indicam que a maior conribuição para o crescimeno do produo poencial enre 1999 e 2005 foi realizada pelo faor rabalho. Ao definir qualificação como a conclusão do Ensino Médio, a conribuição média do faor rabalho enre 1999 e 2003 foi de 2,78%, sendo 2,96% do rabalho qualificado e -0,18% do rabalho não-qualificado, e enre 2004 e 2005 foi de 2,87%, sendo 2,74% do rabalho qualificado e 0,13% do nãoqualificado. Já se considerarmos qualificados os rabalhadores que concluíram o Ensino Superior, a conribuição média da mão-de-obra para o crescimeno do produo poencial enre 1999 e 2003 foi de 1,40% (0,83% do rabalho qualificado e 0,57% do rabalho não-qualificado) e enre 2004 e 2005 foi de 2,11% (1,04% do rabalho qualificado e 1,07% do nãoqualificado). Além disso, o aumeno da eficiência do sisema produivo aponado pelos modelos radicionais de esimação do produo poencial não se susenam ao se considerar expliciamene o rabalho qualificado na função de produção. Enquano o modelo usual apresena uma PTF crescene desde 1999, o modelo que inclui o faor rabalho qualificado na função de produção mosra que no período a PTF ficou esável ou caiu nese período, dependendo da definição de qualificação do rabalho uilizada. Com a finalidade de avaliar a magniude do impaco da qualificação sobre a capacidade produiva da economia, o rabalho apresena uma análise de esáica comparaiva. Ao final de 2005, os resulados mosram que se 1% dos rabalhadores nãoqualificados se ornassem qualificados (i.e., concluíssem o Ensino Superior) o produo poencial aumenaria em 1,9%. Porano, a quesão dos invesimenos em educação deve ser seriamene ponderada pelos formuladores de políicas públicas no Brasil já que a fala de mão-de-obra qualificada pode represenar uma barreira para o crescimeno susenado da economia. Considerando o longo horizone de mauração dos invesimenos desa caegoria, o país deve realizar um

8 grande esforço de expansão e melhorameno do sisema educacional para que se alcance axas de crescimeno econômico ainda maiores do que as observadas aualmene.

9 2. Revisão da Lieraura Em seu rabalho Teoria Geral, Keynes define o conceio de produo poencial como o produo gerado com o pleno emprego do faor rabalho. Phillips (1958) inroduz o conceio da Curva de Phillips, esabelecendo a relação enre desemprego e inflação. A parir de enão o produo poencial passou a ser viso preponderanemene como aquele que a economia consegue susenar sem gerar pressões inflacionárias. Desa forma, a esimação do produo poencial é cenral para as decisões de políica moneária. Caso o PIB eseja acima de seu nível poencial (hiao do produo posiivo), a axa de desemprego se reduzirá aé que eseja abaixo de seu nível naural, criando pressões inflacionárias. Analogamene, com um hiao do produo negaivo o desemprego aumena implicando em pressões deflacionárias. O papel preponderane do produo poencial na eoria econômica fez com que diversos méodos para sua esimação fossem desenvolvidos desde que o conceio foi formulado. Esa seção visa fazer uma revisão da lieraura sobre a esimação do PIB poencial, descrevendo as principais meodologias desenvolvidas. O procedimeno mais simples para esimação do poencial produivo da economia é a regressão do PIB em uma endência deerminísica, segundo a equação: y 0 1 e onde y é o logarimo do PIB, é uma endência deerminísica, α0 é uma consane, α1 é um parâmero a ser esimado e e é o erro. A suposição inerene a ese modelo é que o produo poencial possui uma endência de crescimeno (α1) consane ao longo do empo. Tal hipóese não considera a possibilidade da ocorrência de choques de ofera que alerem a axa de crescimeno poencial da economia. No inuio de corrigir a limiação de crescimeno consane do modelo de endência deerminísica, Hodrick e Presco (1981) propuseram um filro univariado para exrair a endência do PIB. Os auores supõem que o produo da economia com ajuse sazonal (y) pode ser decomposo em dois componenes: um de endência (g) e ouro de ciclo (c).

10 Usando como medida de suavidade do componene de endência as suas segundas diferenças, eles colocam o problema: Min { g } c y T 1 c 2 g T 1 g g g g onde λ é um parâmero que penaliza variações no crescimeno da série de endência. Quano maior λ, mais suave será a série de endência resulane do problema. Vale ressalar que, caso λ se aproxime do infinio, a solução do problema será uma endência linear como a enconrada no modelo de endência deerminísica. Em seu rabalho, os auores sugerem um valor de 1600 para o parâmero λ. O filro Hodrick-Presco, como ficou conhecida a meodologia proposa pelos auores, em como vanagem a sua simplicidade e facilidade de uso. Enreano, a meodologia em como desvanagens a arbirariedade da escolha do parâmero λ e a fala do uso de ouras variáveis econômicas na idenificação do componene de endência. Uma segunda proposa de decomposição foi feia por Beveridge e Nelson (1981). Os auores afirmam que séries econômicas são consiuídas a parir de uma parcela permanene, represenada por um passeio aleaório, e uma ransiória, represenada por um processo auoregressivo. Blanchard e Quah (1989) apresenam uma nova inerpreação para as variações no ciclo econômico. Eles afirmam que as variações ocorrem devido a dois ipos de choques não correlacionados: choques de curo prazo, inerpreados como de demanda; e choques de longo prazo, inerpreados como de ofera. Essas suposições são suficienes para esimar o efeio deses choques no produo e no desemprego da economia. A esimação foi realizada para a economia nore-americana para o período pós-guerra aravés de um veor auoregressivo (VAR). Os resulados indicaram que a rajeória ano do produo quano do desemprego, após um choque de demanda, em forma de morro, enreano as variáveis assumem direções oposas. O efeio nas variáveis cresce aé aingir um pico após um ano, reduzindo-se aé se ornar irrelevane em dois anos. Por ouro lado, os choques de ofera êm seu efeio máximo em dois anos e, em cinco anos, o produo se esabiliza em um novo paamar e o desemprego reorna ao paamar inicial. 1 1 2 2,

11 Ao analisar as conribuições de cada ipo de choque para a rajeória do produo da economia nore-americana, os auores concluíram que a conribuição dos choques de demanda foi mais imporane no período. Todavia, os resulados não se mosraram robusos a mudanças no horizone de esimação. Por fim, a meodologia de esimação do produo poencial mais exensamene uilizada é a da função de produção. Esa abordagem apresena vanagens: a) esabelece uma relação ransparene enre os faores de produção e a capacidade produiva da economia; b) fornece uma medida da eficiência produiva da economia, a Produividade Toal dos Faores (PTF); c) permie uma inerpreação da conribuição de cada faor produivo para o crescimeno do produo poencial da economia. De Masi (1998) apresena o modelo básico de esimação do produo poencial do Fundo Moneário Inernacional (FMI) para economias desenvolvidas. O modelo considera uma função de produção Cobb-Douglas com dois faores de produção: capial e rabalho. Após definir o nível naural da uilização da capacidade insalada, da axa de desemprego e da Produividade Toal dos Faores, o produo poencial é esimado. Denis, Mc Morrow e Roeger (2002) fazem uso de uma função de produção para esimar o produo poencial para os países da união européia e para os EUA. A função de produção uilizada é do ipo Cobb-Douglas com reornos consanes de escala. O parâmero da função de produção referene ao faor rabalho foi obido a parir da paricipação dos salários na renda nacional. Para calcular a axa de desemprego naural (NAIRU) os auores aplicaram um Filro de Kalman na série da axa de desemprego, impondo uma esruura de formação de salários na economia. Em seguida, os auores suavizaram as séries de População Economicamene Aiva com um Filro de Hodrick- Presco para ober Produividade Toal dos Faores. Enconrando a endência da PTF pela aplicação de um Filro HP, eles chegaram à série de produo poencial para as economias. Com o conrole da inflação e a adoção de um regime de câmbio fluuane, o hiao do produo se ornou um dos principais deerminanes da rajeória dos preços na economia brasileira. Sendo assim, a esimação do poencial produivo surgiu novamene como ema de rabalhos acadêmicos. Silva Filho (2001) apresena uma esimaiva para o produo poencial da economia brasileira para o período enre 1980 e 2000. A função de produção uilizada foi:

12 Y A K L 1 1 onde Y corresponde ao PIB, A a PTF, K ao faor capial, L ao faor rabalho. Argumenando que os invesimenos demoram algum empo aé maurarem, ele opa por uilizar o capial com um período de defasagem. O auor consruiu uma série rimesral de esoque de capial a parir da série de Formação Brua de Capial Fixo supondo uma axa de depreciação do capial de 5% ao ano. O faor capial corresponde ao esoque de capial muliplicado pela uilização da capacidade insalada. Como faor rabalho o auor uilizou a axa de desemprego muliplicada pela série de População Economicamene Aiva ajusada para reirar o efeio desaleno. O cálculo do produo poencial foi realizado esabelecendo-se a axa de desemprego naural de 5,5% (desemprego médio observado enre 1980 e 2000) e o nível naural de uilização da capacidade insalada de 85%. Os resulados indicam que o hiao foi negaivo em praicamene odo o período analisado. Uma abordagem de esimação disina foi adoada por Araújo, Areosa e Guillén (2004). Os auores uilizam um filro HP mulivariado usando uma função de produção Cobb-Douglas como represenação da esruura produiva da economia. Desa forma, são esimadas, simulaneamene, as séries de axa naural de desemprego, de axa naural de uilização da capacidade insalada e de produo poencial. Eles ambém comparam diversos méodos esimação do PIB poencial aravés do erro quadráico médio enre a inflação ocorrida e a inflação previsa por uma curva de Phillips uilizando o produo poencial esimado por cada écnica. Eles concluem que modelos univariados são mais eficienes, em especial a meodologia de Beveridge-Nelson. Souza Júnior (2005) consruiu índices de uilização da capacidade insalada para os seores: indusrial, agropecuário e de serviços. Usando o peso de cada seor no PIB, ele calculou o nível de uilização da capacidade insalada da economia brasileira a parir da média ponderada dos índices seoriais. A série do faor rabalho uilizada foi obida a parir da Pesquisa Nacional por Amosra de Domicílios. Para ransformar a série anual em rimesral, o auor supôs que ela variava de acordo com a dinâmica da série calculada a parir da Pesquisa Mensal de Emprego. Além disso, a série foi corrigida para eviar variações decorrenes de efeio desaleno. Essa correção foi feia segundo a lei:

13 onde, PEA r PIA r r r, se r r 1, se e r represena a axa de paricipação da força de rabalho. Assim, caso a axa de paricipação se reduza em deerminado período, será uilizada a axa de paricipação do período anerior. Por fim, ele calculou o produo poencial de duas maneiras disinas. A primeira foi uilizando um filro HP mulivariado como o aplicado por Araújo, Areosa e Guillén (2004). A segunda foi aravés da abordagem da função de produção radicional. r r 1 r 1.

14 3. Méodo A esimação do PIB poencial será realizada a parir da abordagem da função de produção. Esa abordagem exige hipóeses a respeio da esruura produiva da economia. Como é usualmene feio na lieraura econômica sobre esimação do produo poencial, assumirei que o produo é uma função do ipo Cobb-Douglas com reornos consanes de escala. Nese rabalho uilizarei duas funções de produção disinas: uma com apenas os faores capial e rabalho; e oura, com os faores capial, rabalho qualificado e rabalho não-qualificado. Iso ornará possível avaliar as implicações da qualificação do rabalho para o poencial produivo da economia. A função de produção com dois faores de produção (capial e rabalho), similar à função uilizada por Souza Júnior (2005), é dada por: Y A ( K C ) [ L (1 U )] al que 1 ; 0 ; 0 (1) onde Y é o PIB efeivo, K é o esoque de capial, L o esoque de mão-de-obra e A é a Produividade Toal dos Faores (PTF). O ermo C corresponde à uilização da capacidade insalada e o ermos U à axa de desemprego do faor rabalho. A esimação do PIB poencial a parir desa função de produção se dá aravés da deerminação dos níveis poenciais da uilização da capacidade insalada, da axa de desemprego e da Produividade Toal dos Faores. Desa forma o PIB poencial é calculado segundo a equação: Y A ( K C ) [ L (1 U )] (2) onde a barra indica que as variáveis esão em seu nível poencial. Como em Souza Júnior (2005), a PTF será esimada segundo a equação: ln A ln( K C ) ln[ L (1 U )] ln( Y ) (3)

15 Esa equação corresponde ao logarimo da função de produção arrumado de forma a exprimir uma relação linear enre a PTF e as variáveis observadas. No inuio de capar a dinâmica da qualificação da mão-de-obra no PIB poencial, assumirei uma segunda função de produção. Nesa função o produo depende de rês faores de produção (capial, rabalho não qualificado e rabalho qualificado), sendo a relação descria pela função: Y A ( K C ) [ LNQ (1 UNQ )] [ LQ (1 UQ )] al que 1 ; 0 ; 0 ; 0 (4) onde Y é o PIB efeivo, K é o esoque de capial, LQ o esoque de mão-de-obra qualificada, LNQ o esoque de mão-de-obra não qualificada e A é a Produividade Toal dos Faores. O ermo C corresponde à uilização da capacidade insalada. Os ermos UNQ e UQ represenam a axa de desemprego do rabalho não qualificado e qualificado, respecivamene. Assim como anes, o PIB poencial será calculado uilizando-se o nível poencial dos faores de produção. Enreano, a exisência de dois faores rabalho exige que se calcule um nível naural para a axa de desemprego do rabalho qualificado e ouro para a axa de desemprego do rabalho não-qualificado. Assim, o PIB poencial é obido pela equação: Y A ( K C ) [ LNQ (1 UNQ )] [ LQ (1 UQ )] (5) onde a barra indica que as variáveis esão em seu nível poencial. Adapando a equação (3) para a inclusão de mais um faor de produção, a PTF da função de produção (4) será calculada segundo a equação: ln A ln( K C ) ln[ LNQ (1 UNQ )] ln[ LQ (1 UQ )] ln( Y ) (6) Os níveis poenciais da uilização da capacidade insalada, das axas de desemprego (axa de desemprego naural) e da Produividade Toal dos Faores serão definidos como a endência de longo prazo desas variáveis. Esas endências serão esimadas aravés da uilização de um filro de Hodrick-Presco nas séries emporais das variáveis.

16 Ainda resa esimar os parâmeros das funções de produção. Supondo que os faores são remunerados de acordo com sua produividade marginal, emos para a função de produção (1): WL P PmgL Y L ( W )( L L ) P Y R P PmgK Y K ( R )( K ) P Y Assim, o parâmero α será definido como a paricipação do excedene operacional bruo (remuneração do faor capial) na renda nacional. Como a função de produção apresena reornos de escala consanes, 1 1 (7). Para a função de produção definida em (4) deve-se esimar rês parâmeros: α, β e γ. Analogamene ao realizado para a função de produção com apenas dois faores, assumirei que cada faor de produção é remunerado segundo sua produividade marginal. Iso implica que: W LQ P PmgLQ Y LQ ( W LQ )( LQ ) P Y W LNQ P PmgLNQ Y LNQ ( W LNQ )( LNQ ) P Y R P PmgK Y K ( R )( K ) P Y Novamene, o parâmero α é definido como a paricipação do excedene operacional bruo na renda nacional. Como a função deprodução (4) apresena reornos de escala consanes,

17 1 1. Porano os parâmeros γ e β podem ser obidos aravés das expressões: ( W LQ ( WLQ )( LQ ) (1 ) )( LQ ) ( W )( LNQ ) LNQ ( W LQ ( WLNQ )( LNQ ) (1 ) )( LQ ) ( W )( LNQ ) LNQ (8) onde W corresponde a média da remuneração do rabalho de cada grupo. A meodologia de cálculo do produo poencial exposa orna possível a esimação do impaco de um aumeno da axa de crescimeno dos faores de produção sobre o crescimeno do PIB poencial. Considerando a equação (5), a axa de crescimeno do produo poencial pode ser calculada segundo a equação: y a C em que ln C k Lnq Lq 1UNQ ln 1UNQ ln 1UQ 1 1 1UQ 1 onde a,, k, Lnq e Lq correspondem às axas de crescimeno, respecivamene, da endência da Produividade Toal dos Faores, do Capial, do Trabalho não-qualificado e do Trabalho qualificado. Desa forma, a derivada parcial da axa de crescimeno do PIB poencial com relação à axa de crescimeno dos faores é: (9)

18 a) b) c) y k y Lnq y Lq (9) Após a deerminação dos parâmeros, do nível poencial de uilização do capial, da endência da PTF e das axas de desemprego naural dos faores rabalho qualificado e nãoqualificado, o PIB poencial da economia brasileira poderá ser calculado para cada uma das funções de produção proposas.

19 4. Dados O méodo escolhido para esimação do PIB poencial descrio na seção anerior exige séries emporais de diversas variáveis macroeconômicas. Esa seção visa descrever os dados uilizados no rabalho, especificando a meodologia de cálculo das variáveis. O cálculo do PIB poencial levando-se em consideração a qualificação do rabalho foi realizado para duas definições disinas de mão-de-obra qualificada. Na primeira definição um rabalhador é classificado como qualificado se possuir Ensino Superior compleo e na segunda se possuir o Ensino Médio compleo. Em ambos os casos, os rabalhadores nãoqualificados são aqueles que não possuem o aribuo definidor de qualificação. Nese esudo, um indivíduo será classificado como faor rabalho caso perença a População Economicamene Aiva (PEA), ou seja, caso esivesse ocupado ou procurando ocupação. As séries de População Economicamene Aiva (PEA) foram obidas a parir da Pesquisa Nacional por Amosra de Domicílios (PNAD) realizada anualmene pelo Insiuo Brasileiro de Geográfia e Esaísica (IBGE). Para a mão-de-obra qualificada e a nãoqualificada foi esimada, a parir dos microdados da pesquisa, a razão enre a PEA na semana em que a pesquisa foi realizada e a população oal. Uilizando os dados anuais de população brasileira esimados pelo IBGE, as séries de PEA foram consruídas aravés da equação: PEA PEA População PNAD População Nacional Usando ese procedimeno esimaram-se as séries de faor rabalho qualificado e não qualificado para as duas definições de qualificação dadas. Além disso, esimou-se a série de faor rabalho oal pelo mesmo procedimeno. Ese méodo produz séries anuais para o faor rabalho. Para que o número de observações fosse compaível com a meodologia de esimação do PIB poencial selecionada foi necessário passar as séries para a freqüência rimesral. Esa mudança de

20 freqüência das séries foi feia pela écnica de Quadraic-mach Average, que inerpola os dados de forma que a média dos dados rimesrais para deerminado ano seja equivalene ao valor da série original para o ano. A parir do Gráfico 1 pode-se observar que o faor rabalho oal na economia brasileira cresceu durane quase odo o período desde 1992, apenas apresenando redução nos anos de 1996 e 1997. A parir de 2002, a PEA iniciou uma endência de crescimeno mais acenuada. Segundo Souza Júnior (2005) a redução da força de rabalho observada enre 1996 e 1997 pode er sido causada pela aberura da economia brasileira e pela adoção da âncora câmbial. O auor argumena que a exigência de aumeno da produividade dos produos nacionais exerceu pressão sobre o mercado de rabalho, aumenando o desemprego e reduzindo a axa de paricipação. O Gráfico 2 apresena as séries de faor rabalho qualificado e não-qualificado definindo-se qualificação como o érmino do Ensino Superior. Após a queda ocorrida nos anos de 1997 e 1998, idenifica-se uma fore endência de crescimeno do rabalho qualificado. Gráfico 1 Faor Trabalho Toal 114.0 112.0 110.0 108.0 Faor rabalho (em milhões) 106.0 104.0 102.0 100.0 98.0 96.0 94.0 92.0 1992 T1 1992 T3 1993 T1 1993 T3 1994 T1 1994 T3 1995 T1 1995 T3 1996 T1 1996 T3 1997 T1 1997 T3 1998 T1 1998 T3 1999 T1 1999 T3 2000 T1 2000 T3 2001 T1 2001 T3 2002 T1 2002 T3 2003 T1 2003 T3 2004 T1 2004 T3 2005 T1 2005 T3

21 Gráfico 2 Faor Trabalho (qualificação = Ensino Superior compleo) 105.5 8.5 103.5 Trabalho Não-qualificado Trabalho Qualificado 8.0 Faor rabalho Não-qualifciado (em milhões) 101.5 99.5 97.5 95.5 93.5 91.5 7.5 7.0 6.5 6.0 Faor rabalho Qualifciado (em milhões) 89.5 5.5 87.5 5.0 1992 T1 1992 T3 1993 T1 1993 T3 1994 T1 1994 T3 1995 T1 1995 T3 1996 T1 1996 T3 1997 T1 1997 T3 1998 T1 1998 T3 1999 T1 1999 T3 2000 T1 2000 T3 2001 T1 2001 T3 2002 T1 2002 T3 2003 T1 2003 T3 2004 T1 2004 T3 2005 T1 2005 T3 Gráfico 3 Faor Trabalho (qualificação = Ensino Médio compleo) 78.0 40.0 77.5 77.0 Trabalho Não-qualificado Trabalho Qualificado 38.0 36.0 Faor rabalho Não-qualifciado (em milhões) 76.5 76.0 75.5 75.0 74.5 74.0 73.5 73.0 1992 T1 1992 T3 1993 T1 1993 T3 1994 T1 1994 T3 1995 T1 1995 T3 1996 T1 1996 T3 1997 T1 1997 T3 1998 T1 1998 T3 1999 T1 1999 T3 2000 T1 2000 T3 2001 T1 2001 T3 2002 T1 2002 T3 2003 T1 2003 T3 2004 T1 2004 T3 2005 T1 2005 T3 34.0 32.0 30.0 28.0 26.0 24.0 Faor rabalho Qualifciado (em milhões) 22.0 20.0

22 No Gráfico 3 esão as séries de faor rabalho obidos a parir da definição qualificação como a conclusão do Ensino Médio. O rabalho não qualificado cresce foremene enre 1992 e 1999, passando de 74,1 milhões de indivíduos para 77,6 milhões. Enreano após ese período a força de rabalho desqualificada se reduz aé reornar a um nível próximo ao de 1992 (74,4 milhões de rabalhadores). Em conraparida, a força de rabalho qualificada cresce foremene a parir de 1997, aumenando em 18 milhões de indivíduos enre 1992 e 2005. A parir da PNAD ambém foi esimada a axa de desemprego dos faores rabalho. Definiu-se um indivíduo como desempregado caso eseja desocupado e eseja procurando emprego na semana em que foi realizada a pesquisa. Analogamene ao que foi feio para as séries de PEA, os dados de desemprego anuais ambém foram ransformados em rimesrais. A endência da axa desemprego de cada faor rabalho foi obida por meio da aplicação de um Filro HP na série. Gráfico 4 Taxa de desemprego Toal 9.00% 8.50% 8.00% 7.50% 7.00% 6.50% 6.00% 5.50% Taxa de Desemprego Taxa de Desemprego - Tendência 5.00% 1992 T1 1992 T3 1993 T1 1993 T3 1994 T1 1994 T3 1995 T1 1995 T3 1996 T1 1996 T3 1997 T1 1997 T3 1998 T1 1998 T3 1999 T1 1999 T3 2000 T1 2000 T3 2001 T1 2001 T3 2002 T1 2002 T3 2003 T1 2003 T3 2004 T1 2004 T3 2005 T1 2005 T3

23 Gráfico 5 Taxa de desemprego (qualificação = Ensino Superior compleo) 9.0% 8.5% 8.0% Trabalho Não-Qualificado Trabalho Qualificado Trabalho Não-Qualificado - Tendência Trabalho Qualificado - Tendência 7.5% 7.0% 6.5% 6.0% 5.5% 5.0% 4.5% 4.0% 3.5% 3.0% 2.5% 2.0% 1992 T1 1992 T3 1993 T1 1993 T3 1994 T1 1994 T3 1995 T1 1995 T3 1996 T1 1996 T3 1997 T1 1997 T3 1998 T1 1998 T3 1999 T1 1999 T3 2000 T1 2000 T3 2001 T1 2001 T3 2002 T1 2002 T3 2003 T1 2003 T3 2004 T1 2004 T3 2005 T1 2005 T3 Gráfico 6 Taxa de desemprego (qualificação = Ensino Médio compleo) 10.0% 9.5% 9.0% 8.5% 8.0% 7.5% 7.0% 6.5% 6.0% 5.5% 5.0% Trabalho Não-Qualificado Trabalho Qualificado Trabalho Não-Qualificado - Tendência Trabalho Qualificado - Tendência 4.5% 1992 T1 1992 T3 1993 T1 1993 T3 1994 T1 1994 T3 1995 T1 1995 T3 1996 T1 1996 T3 1997 T1 1997 T3 1998 T1 1998 T3 1999 T1 1999 T3 2000 T1 2000 T3 2001 T1 2001 T3 2002 T1 2002 T3 2003 T1 2003 T3 2004 T1 2004 T3 2005 T1 2005 T3

24 Como pode ser viso no Gráfico 4, a axa de desemprego do rabalho na economia brasileira aumenou durane a década de 1990, mas a parir dos anos 2000 o desemprego assumiu uma endência de queda suave. O Gráfico 5 mosra que a axa de desemprego dos rabalhadores sem Ensino Superior compleo apresenou um comporameno similar ao da axa de desemprego oal da economia. Já a endência do desemprego dos rabalhadores com Ensino Superior compleo, apesar de permanecer em um nível baixo durane odo o período, aumenou durane a década de 1990 e se maneve no mesmo paamar desde 2000. No Gráfico 6 esão represeadas as séries das axas de desemprego de rabalhadores que complearam e que não complearam o Ensino Médio. Aé 2000, a endência das axas de desemprego aumenou foremene. Depois de 2000, enquano para o rabalho nãoqualificado a endência do desemprego se revereu, para o rabalho qualificado a endência maneve sua rajeória ascendene. Como proxy para a série de uilização da capacidade insalada do capial, será uilizada a série de UCI para a indusria dessazonalizada calculada mensalmene pela Confederação Nacional da Indúsria (CNI). Esa escolha se deveu ao fao de a série ser a mais longa disponível, se iniciando em 1992. Os dados devem ser rimesrais, enão a UCI no rimesre foi calculada como a média dos valores mensais para o rimesre de referência. A série rimesral esá represenada do Gráfico 7. Os parâmeros da função de produção da economia foram calculados segundo a meodologia descria na seção anerior. O parâmero α (referene ao faor capial) foi obido como a proporção do Excedene operacional bruo na Renda oal da economia. A série de Excedene operacional bruo é disponibilizada pelo IBGE aé o ano de 2004. Para o ano de 2005, uilizei o mesmo parâmero α calculado para 2004. Após deerminado α, pariu-se para a esimação dos demais parâmeros. Um conjuno de parâmeros foi esimado para cada uma das rês funções de produção uilizadas no rabalho para calcular o PIB poencial. Para a função com apenas um faor rabalho o parâmero β foi obido com base na equação (7). Já para as funções de produção com dois faores rabalho os parâmeros β (rabalho não qualificado) e γ (rabalho qualificado) foram obidos segundo a equação (8).

25 Gráfico 7 Uilização da Capacidade Insalada - CNI 83.0% 82.0% 81.0% 80.0% 79.0% 78.0% 77.0% 76.0% 75.0% 74.0% 73.0% 72.0% 71.0% Uilização da Capacidade Insalada - Tendência Uilização da Capacidade Insalada 70.0% 1992 T1 1992 T3 1993 T1 1993 T3 1994 T1 1994 T3 1995 T1 1995 T3 1996 T1 1996 T3 1997 T1 1997 T3 1998 T1 1998 T3 1999 T1 1999 T3 2000 T1 2000 T3 2001 T1 2001 T3 2002 T1 2002 T3 2003 T1 2003 T3 2004 T1 2004 T3 2005 T1 2005 T3 No inuio de eviar grandes variações nos parâmeros opou-se por uilizar as endências obidas aravés da aplicação de um filro HP nas séries originais. Os parâmeros esimados esão represenados na Tabela 1. Nas funções de produção foram uilizadas as médias dos parâmeros anuais esimados. Eses valores esão exposos na úlima linha da abela. A parir da Tabela 1 conclui-se que a paricipação do capial na renda oal se reduziu enre 1992 e 2005. Além disso, a paricipação na renda dos rabalhadores qualificados (para as duas definições) aumenou no período. De acordo com a equação (9) podemos realizar uma análise de como o crescimeno poencial responde a variações na axa de crescimeno dos faores. Assim, se considerarmos qualificados os rabalhadores com Ensino Superior compleo, a Tabela 1 mosra que um aumeno de 1 pono percenual da axa de crescimeno do rabalho qualificado implica em um aumeno de 0,19 ponos percenuais na axa de crescimeno do produo poencial. Analogamene, se definirmos como qualificados os rabalhadores que complearam o Ensino Médio, um aumeno de 1 pono percenual na axa de crescimeno do rabalho

26 qualificado leva a um aumeno de 0,4 ponos percenuais no crescimeno poencial da economia. Porano, para que se aumene o crescimeno poencial em 1 pono percenual, o crescimeno do esoque de rabalhadores com Ensino Médio compleo deveria aumenar em 2,5 ponos percenuais. Tabela 1 Parâmeros da Função de Produção Qualificação = Ensino Superior Sem Considerar Qualificação = Ensino Médio Compleo Ano Alfa Compleo Qualificação Bea Gama Bea Gama Bea 1992 0.371 0.476 0.162 0.303 0.335 0.638 1993 0.359 0.479 0.174 0.298 0.355 0.653 1994 0.348 0.480 0.184 0.292 0.372 0.664 1995 0.339 0.479 0.191 0.284 0.386 0.670 1996 0.334 0.476 0.196 0.277 0.394 0.671 1997 0.333 0.471 0.198 0.270 0.399 0.669 1998 0.334 0.468 0.200 0.264 0.403 0.667 1999 0.336 0.464 0.200 0.257 0.408 0.665 2000 0.339 0.461 0.201 0.249 0.412 0.662 2001 0.342 0.457 0.201 0.241 0.417 0.658 2002 0.346 0.453 0.201 0.232 0.422 0.654 2003 0.351 0.449 0.200 0.224 0.425 0.649 2004 0.355 0.445 0.200 0.216 0.429 0.645 2005 0.359 0.442 0.199 0.208 0.433 0.641 Média 0.345 0.465 0.194 0.258 0.400 0.659 Para o faor Capial foi uilizada a série de Esoque Bruo de Capial Fixo calculado pelo IPEA. A série corresponde ao esoque oal da economia brasileira de consrução e de máquinas e equipamenos para o ano de referência. Como a freqüência desa série é anual, ela ambém eve se ser rimesralizada para que se ornasse compaível com os demais dados. Por fim, as séries de Produo Inerno Bruo rimesrais uilizadas no rabalho foram obidas no conjuno de Conas Nacionais Trimesrais (referência 2000) divulgadas pelo IBGE. A dessazonalização da série foi feia com base no modelo X12 Arima.

27 5. Resulados Esa seção em por objeivo apresenar os resulados obidos a parir da meodologia e dos dados descrios nas seções aneriores. 5.1. Função de Produção com dois faores O poencial produivo da economia brasileira foi primeiramene esimado supondo-se uma função de produção como a descria pela equação (1), ou seja, uma função com dois faores de produção: Capial e Trabalho. Para al foi necessário enconrar a Produividade Toal dos Faores que foi calculada segundo a equação (3). Esa variável é obida de forma residual, represenando a influência no produo da economia de odos os faores não expliciados na função de produção. Assim, ela pode ser inerpreada como uma medida da eficiência produiva da economia brasileira. O Gráfico 8 mosra que a endência da Produividade Toal dos Faores aumenou em odo o período, porém a parir de 1998 a PTF assumiu uma rajeória ascendene mais suave do que a observada enre 1993 e 1998. Iso sugere que a eficiência do sisema produivo aumenou coninuamene desde o início da década de 1990. Na Tabela 2 esá decomposo o crescimeno médio do produo da economia brasileira por faor de produção. Como as axas são logarímicas, o crescimeno do PIB corresponde à soma das conribuições de cada faor. Em ambos os períodos o faor que mais conribuiu para o crescimeno do produo foi o Trabalho. A aceleração do crescimeno observada enre 2004 e 2005 foi causada por um aumeno da conribuição de odos os faores.

28 Gráfico 8 Produividade Toal dos Faores (1992 T1 = 1,00) 1.20 1.18 1.16 1.14 1.12 1.10 1.08 1.06 1.04 1.02 1993 T4 1994 T2 1994 T4 1995 T2 1995 T4 1996 T2 1996 T4 1997 T2 1997 T4 1998 T2 1998 T4 1999 T2 1999 T4 2000 T2 2000 T4 2001 T2 2001 T4 2002 T2 2002 T4 2003 T2 2003 T4 2004 T2 2004 T4 2005 T2 2005 T4 PTF PTF - Tendência Tabela 2 Conribuição média para o crescimeno da economia por período (variação logarímica - ano conra ano) Período PTF Capial Trabalho Toal 1999-2003 0.31% 0.68% 0.91% 1.90% 2004-2005 1.20% 1.24% 1.78% 4.22% O Gráfico 9 mosra o PIB poencial esimado segundo a equação (2). A economia operou acima de sua capacidade em 2000, no fim de 2002 e enre o início de 2004 e meados de 2005. De acordo com a Tabela 3, o poencial produivo da economia cresceu, em média, 2.19% enre e 1999 e 2003 e 3.36% enre 2004 e 2005. Ese crescimeno foi obido principalmene devido à conribuição do faor rabalho, que foi influenciado pela fore expansão da PEA no período. A produividade oal dos faores aumenou significanemene sua conribuição em 2004 e 2005, passando para 0.82% conra 0.49% observado enre 1999 e 2003. A conribuição média do faor Capial pouco mudou enre os períodos.

29 Gráfico 9 PIB Poencial 128.00 126.00 124.00 122.00 120.00 118.00 116.00 114.00 112.00 110.00 108.00 106.00 104.00 1999 T1 1999 T3 2000 T1 2000 T3 2001 T1 2001 T3 2002 T1 2002 T3 2003 T1 2003 T3 2004 T1 2004 T3 2005 T1 2005 T3 PIB efeivo AS PIB poencial Tabela 3 Conribuição média para o crescimeno poencial da economia por período (variação logarímica - ano conra ano) Período PTF Capial Trabalho Crescimeno 1999-2003 0.49% 0.77% 0.93% 2.19% 2004-2005 0.82% 0.87% 1.66% 3.36% 5.2. Função de Produção com rês faores Com o objeivo de capar o aumeno da qualificação da mão-de-obra na economia brasileira foi proposa uma função de produção, descria pela equação (4), que possui rês faores de produção: Capial; Trabalho não-qualificado; e Trabalho qualificado. Ese modelo foi uilizado para esimar o PIB poencial considerando-se como qualificados os rabalhadores que possuem o Ensino Superior compleo. Anes de se esimar o produo poencial é preciso ober a série da Produividade Toal dos Faores. A PTF foi calculada de acordo com a equação (6) e a série resulane esá

30 apresenada no Gráfico 10. A endência da Produividade Toal dos Faores apresena uma rajeória ascendene enre 1993 e 1997. Enreano, a parir de 1998 a PTF apresena uma endência consane, com uma ligeira elevação no fim do período. A parir de 1999, o comporameno da PTF esimada pelo modelo com rês faores de produção se disingue do comporameno da PTF resulane do modelo com apenas dois faores. Enquano a PTF no modelo radicional cresce, nese modelo a PTF fica consane no período. Iso significa que pare do ganho de produividade do sisema produivo aponado pelo modelo radicional se deveu, simplesmene, ao aumeno do esoque de rabalhadores qualificados, que apresenam maior produividade do que a média dos rabalhadores da economia. De acordo com os modelos assumidos para a esruura produiva da economia, a Tabela 4 apresena a decomposição do crescimeno do PIB por faor de produção. A maior conribuição para o crescimeno foi do Trabalho (Trabalho Não-qualificado + Trabalho Qualificado). Gráfico 10 Produividade Toal dos Faores - Qualificação: Ensino Superior compleo (1992 T1 = 1,00 1.16 1.14 1.12 1.10 1.08 1.06 1.04 1.02 1.00 1993 T4 1994 T2 1994 T4 1995 T2 1995 T4 1996 T2 1996 T4 1997 T2 1997 T4 1998 T2 1998 T4 1999 T2 1999 T4 2000 T2 2000 T4 2001 T2 2001 T4 2002 T2 2002 T4 2003 T2 2003 T4 2004 T2 2004 T4 2005 T2 2005 T4 PTF PTF - endência

31 A PTF eve uma pequena conribuição negaiva enre 1999 e 2003, mas esa conribuição se ornou posiiva enre 2004 e 2005. Já a conribuição do Trabalho qualificado foi superior a do Trabalho não-qualificado enre 1999 e 2003, enreano esa endência se invereu a parir de 2004. Tabela 4 Conribuição média para o crescimeno da economia por período (variação logarímica - ano conra ano) Período PTF (A) Capial (C) Trabalho Não Qualificado (LNQ) Trabalho Qualificado (LQ) Trabalho (LNQ+LQ) Toal (Y) 1999-2003 -0.17% 0.68% 0.55% 0.83% 1.38% 1.90% 2004-2005 0.77% 1.24% 1.15% 1.05% 2.20% 4.22% O Gráfico 11 apresena a série de PIB poencial esimada segundo a equação (5). Como pode ser viso, o produo efeivo foi superior ao poencial em 2001 e enre 2004 e 2005. Gráfico 11 PIB Poencial (base: 1992 = 100) 128.00 126.00 124.00 PIB efeivo AS PIB poencial - Qualificação: Ensino Superior Compleo 122.00 120.00 118.00 116.00 114.00 112.00 110.00 108.00 106.00 104.00 1999 T1 1999 T3 2000 T1 2000 T3 2001 T1 2001 T3 2002 T1 2002 T3 2003 T1 2003 T3 2004 T1 2004 T3 2005 T1 2005 T3

32 Na Tabela 5 esão as conribuições de cada faor para o crescimeno médio do poencial produivo da economia brasileira. O crescimeno poencial médio foi de 2,27% enre 1999 e 2003 e de 3,27% enre 2004 e 2005. Ese resulado foi obido devido a uma grande conribuição posiiva do faor Trabalho, com pequena influência da PTF. Tabela 5 Conribuição para o crescimeno poencial da economia por período (variação logarímica - ano conra ano) Período PTF (A) Capial (C) Trabalho Não Qualificado (LNQ) Trabalho Qualificado (LQ) Trabalho (LNQ+LQ) Toal (Y) 1999-2003 0.09% 0.77% 0.57% 0.83% 1.40% 2.27% 2004-2005 0.28% 0.87% 1.07% 1.04% 2.11% 3.27% Uma análise de esáica comparaiva foi realizada para se er uma noção do efeio líquido sobre o poencial produivo da economia de se qualificar a força de rabalho. O exercício consise em esimar a variação do produo poencial em um rimesre como resulado da qualificação de uma parcela do esoque de rabalhadores não-qualificados. A esimação foi feia de acordo com a equação: Y LNQ LQ O Gráfico 12 apresena a variação do PIB poencial que seria causada pela qualificação de 1% da PEA não-qualificada. No úlimo rimesre de 2005, se 1% dos rabalhadores desqualificados se ornassem qualificados, a capacidade produiva da economia brasileira aumenaria em 1,9%. O aumeno da razão enre rabalhadores qualificados e não-qualificados reduz o ganho líquido em ermos de produo de se qualificar a mão-de-obra. Como esa razão aumenou enre a 1999 e 2005, o efeio da qualificação diminuiu.

33 Gráfico 12 Variação do PIB poencial resulane da qualificação de 1% da mão-de-obra não-qualificada 2.50% 2.40% 2.30% 2.20% 2.10% 2.00% 1.90% 1.80% 1999 T1 1999 T3 2000 T1 2000 T3 2001 T1 2001 T3 2002 T1 2002 T3 2003 T1 2003 T3 2004 T1 2004 T3 2005 T1 2005 T3

34 6. Análise de Robusez 6.1. Oura definição de qualificação Com a finalidade de avaliar a robusez dos resulados enconrados, nesa seção o modelo de esimação do produo poencial com rês faores de produção é aplicado a uma definição de qualificação disina. Assim, serão considerados qualificados os rabalhadores que possuírem o Ensino Médio compleo. Mais uma vez a Produividade Toal dos Faores foi esimada segundo a equação (6). O Gráfico 13 apresena as séries de PTF esimadas para as duas definições de qualificação. O comporameno das séries é similar enre 1993 e 1998, aumenando coninuamene nese período. Enreano a parir de 1998 as séries seguem comporamenos diferenes. A PTF esimada definindo Ensino Médio compleo como aribuo qualificador da mão-de-obra cai enre 1999 e 2001 e se esabiliza a parir de 2002. A rajeória da PTF esimada com a nova definição de qualificação e a rajeória da PTF obida a parir da função de produção radicional apresenam comporamenos compleamene disinos. Em conraparida ao sugerido pelo modelo radicional, o modelo aplicado a esa definição de qualificação indica que a eficiência produiva da economia diminuiu enre 1999 e 2003. Iso é um indicio de que o ganho de produividade da economia se deveu apenas a maior qualificação do rabalho e não a uma melhora das condições de operação do sisema produivo. A Tabela 6 compara a decomposição do crescimeno do PIB por faor de produção para o modelo esimado de acordo com as duas definições de qualificação. Para ambas as definições, em média, a maior conribuição para o crescimeno foi do Trabalho. Considerando qualificados os rabalhadores que concluíram o Ensino Médio, observase uma conribuição negaiva da PTF em odo o período. Em conraparida, o Trabalho apresenou uma conribuição posiiva mais fore devido à inensa conribuição do faor Trabalho qualificado. O Trabalho não-qualificado pouco influenciou o crescimeno do produo no período.

35 Gráfico 13 Produividade Toal dos Faores (1992 T1 = 1,00) 1.16 1.14 1.12 1.10 1.08 1.06 1.04 1.02 1.00 1993 T4 1994 T2 1994 T4 1995 T2 1995 T4 1996 T2 1996 T4 1997 T2 1997 T4 1998 T2 1998 T4 1999 T2 1999 T4 2000 T2 2000 T4 2001 T2 2001 T4 2002 T2 2002 T4 2003 T2 2003 T4 2004 T2 2004 T4 2005 T2 2005 T4 PTF: Qualificação = Ensino Superior compleo PTF: Qualificação = Ensino Médio compleo Tabela 6 Conribuição média para o crescimeno da economia por período (variação logarímica - ano conra ano) Qualificação: Ensino Superior Compleo Qualificação: Ensino Médio Compleo Período PTF (A) Capial (C) Trabalho Não Qualificado (LNQ) Trabalho Qualificado (LQ) Trabalho (LNQ+LQ) Toal (Y) 1999-2003 -0.17% 0.68% 0.55% 0.83% 1.38% 1.90% 2004-2005 0.77% 1.24% 1.15% 1.05% 2.20% 4.22% Período PTF (A) Capial (C) Trabalho Não Qualificado (LNQ) Trabalho Qualificado (LQ) Trabalho (LNQ+LQ) Toal (Y) 1999-2003 -1.53% 0.68% -0.19% 2.94% 2.75% 1.90% 2004-2005 -0.02% 1.24% 0.18% 2.82% 3.00% 4.22% O Gráfico 14 apresena a série de PIB poencial esimada segundo a equação (5) para cada uma das definições de qualificação do rabalho. As duas séries esimadas caminham próximas durane odo o período, ou seja, as duas definições de qualificação implicam em poenciais produivos basane parecidos.

36 Gráfico 14 PIB Poencial (base: 1992 = 100) 128.00 126.00 124.00 PIB efeivo AS PIB poencial - Qualificação: Ensino Superior Compleo PIB poencial - Qualificação: Ensino Médio Compleo 122.00 120.00 118.00 116.00 114.00 112.00 110.00 108.00 106.00 104.00 1999 T1 1999 T3 2000 T1 2000 T3 2001 T1 2001 T3 2002 T1 2002 T3 2003 T1 2003 T3 2004 T1 2004 T3 2005 T1 2005 T3 Na Tabela 7 esão as conribuições de cada faor para o crescimeno médio do poencial produivo da economia brasileira. Se considerarmos qualificados os indivíduos que complearam o Ensino Médio a conribuição do faor rabalho é maior do que a observada para o produo esimado ao considerar-se qualificados os rabalhadores com Ensino Superior compleo. Iso é resulado do grande aumeno dos rabalhadores com Ensino Médio compleo nos períodos. Enre 2004 e 2005, a fore conribuição negaiva da PTF levou a um crescimeno poencial médio inferior ao obido a parir da oura definição de qualificação da mão-deobra. Ese fao pode esar relacionado à uilização de um filro HP para enconrar a endência da PTF. Ese filro apresena um problema de final de amosra, logo a endência declinane obida para o fim do período não esá capando a esabilidade da PTF observada a parir de 2002 (Gráfico 12).

37 Tabela 7 Conribuição para o crescimeno poencial da economia por período (variação logarímica - ano conra ano) Qualificação: Ensino Superior Compleo Qualificação: Ensino Médio Compleo Período PTF (A) Capial (C) Trabalho Não Qualificado (LNQ) Trabalho Qualificado (LQ) Trabalho (LNQ+LQ) Toal (Y) 1999-2003 0.09% 0.77% 0.57% 0.83% 1.40% 2.27% 2004-2005 0.28% 0.87% 1.07% 1.04% 2.11% 3.27% Período PTF (A) Capial (C) Trabalho Não Qualificado (LNQ) Trabalho Qualificado (LQ) Trabalho (LNQ+LQ) Toal (Y) 1999-2003 -1.09% 0.77% -0.18% 2.96% 2.78% 2.46% 2004-2005 -0.83% 0.87% 0.13% 2.74% 2.87% 2.91% No Gráfico 15 esá apresenado o efeio sobre o poencial produivo da economia de se qualificar 1% da força de rabalho não-qualificada considerando-se as duas definições de qualificação. No final de 2005, caso 1% dos rabalhadores que não complearam o Ensino Médio se ornassem qualificados (i.e., concluíssem o Ensino Médio), o produo poencial aumenaria em 0,5%. Gráfico 15 Variação do PIB poencial resulane da qualificação de 1% da mão-de-obra não-qualificada 2.50% 1.20% 2.40% 1.10% 2.30% 1.00% 0.90% 2.20% 0.80% 2.10% 0.70% 2.00% 0.60% 1.90% 0.50% 1.80% 0.40% 1999 T1 1999 T3 2000 T1 2000 T3 2001 T1 2001 T3 2002 T1 2002 T3 2003 T1 2003 T3 2004 T1 2004 T3 2005 T1 2005 T3 Qualificação: Ensino Superior compleo (dir.) Qualificação: Ensino Médio compleo (esq.)

38 6.2. Comparando Modelos Esa seção visa comparar as séries rês séries de PIB poencial esimadas nese rabalho. O Gráfico 16 mosra o hiao do produo definido como o logarimo da razão enre o produo efeivo e o produo poencial. Os rês modelos produzem resulados similares no período enre 1999 e 2005. Enreano, a série de produo obida com a função em que os rabalhadores com Ensino Médio compleo são considerados expliciamene como um faor de produção indica um hiao do produo menor do que os ouros modelos enre 2001 e 2003. A economia brasileira operou acima de seu poencial enre o fim de 2000 e meados de 2001. O Hiao vola a ficar posiivo enre 2004 e meados de 2005. No fim de 2005 odos os modelos já indicam um hiao do produo negaivo novamene. A axa de crescimeno anual do poencial produivo da economia esá ilusrada no Gráfico 17. Mais uma vez os resulados dos modelos são similares, exceo pelo período enre 2003 e 2005 no qual o crescimeno indicado pelo modelo com o faor rabalho qualificado represenado pelos rabalhadores com Ensino Médio compleo descola do crescimeno indicado pelos demais modelos. A parir de 2004, a axa de crescimeno do produo poencial aumenou, passando de um valor enre 2,0% e 2,5% para um valor enre 3,25% e 3,75% ao final de 2005. Enreano a axa esimada para 2005 pode esar subesimada devido a possível ocorrência de um aumeno esruural de produividade da economia brasileira que demora a ser capado pelos modelos.

39 Gráfico 16 Hiao do Produo 3.00% 2.00% 1.00% 0.00% -1.00% -2.00% -3.00% -4.00% 1999 T1 1999 T2 1999 T3 1999 T4 2000 T1 2000 T2 2000 T3 2000 T4 2001 T1 2001 T2 2001 T3 2001 T4 2002 T1 2002 T2 2002 T3 2002 T4 2003 T1 2003 T2 2003 T3 2003 T4 2004 T1 2004 T2 2004 T3 2004 T4 2005 T1 2005 T2 2005 T3 2005 T4 Qualificação: Ensino Superior Compleo Qualificação: Ensino Médio Compleo Sem disinção de qualificação Gráfico 17 4.00% Taxa de Crescimeno Anual do Produo Poencial 3.75% 3.50% 3.25% 3.00% 2.75% 2.50% 2.25% 2.00% 1.75% 1.50% 1.25% 1.00% 1999 T1 1999 T2 1999 T3 1999 T4 2000 T1 2000 T2 2000 T3 2000 T4 2001 T1 2001 T2 2001 T3 2001 T4 2002 T1 2002 T2 2002 T3 2002 T4 2003 T1 2003 T2 2003 T3 2003 T4 2004 T1 2004 T2 2004 T3 2004 T4 2005 T1 2005 T2 2005 T3 2005 T4 Qualificação = Ensino Superior Compleo Qualificação = Ensino Médio Compleo Sem disinção de qualificação

40 7. Conclusão A parir de meados da década de 1990, o crescimeno das insiuições de curso superiores privadas e a aberura de vagas em insiuições públicas de Ensino Médio e de Ensino Técnico permiiram o fore crescimeno da quanidade de brasileiros com nível educacional mais elevado. Ese rabalho invesigou o efeio do aumeno da qualificação da mão-de-obra sobre o poencial produivo da economia brasileira aravés de uma função de produção do ipo Cobb-Douglas com rês faores de produção (Capial, Trabalho qualificado e Trabalho não-qualificado). Desde 2004, o crescimeno do PIB poencial mudou de paamar, passando de um valor enre 2,0% e 2,5% para um valor enre 3,25% e 3,75% ao final de 2005. Os modelos esimados indicaram que a maior conribuição para o crescimeno do produo poencial enre 1999 e 2005 foi feia pelo Trabalho qualificado, sendo os resulados robusos a alerações na definição de qualificação da mão-de-obra. Se considerarmos qualificados os indivíduos com Ensino Superior compleo, enre 2004 e 2005 o produo poencial cresceu, em média, 3,27% sendo que o Trabalho qualificado, mesmo represenando apenas 7% da força de rabalho, conribuiu com 1,04%. Eses valores são mais impressionanes se definirmos como qualificados os rabalhadores com Ensino Médio compleo. Enre 2004 e 2005, a capacidade produiva aumenou em média 2,91% com uma conribuição média do Trabalho qualificado de 2,74%. A Produividade Toal dos Faores esimada segundo o modelo radicional indica que a economia brasileira apresenou um ganho de produividade desde 1999. Todavia, a rajeória da PTF esimada pelo modelo em que o rabalho qualificado é incluído na função de produção não corrobora ese resulado. Dependendo da definição de qualificação, o modelo com rês faores de produção mosra que a eficiência do sisema produivo ficou esável ou se reduziu nese período. Iso sugere que o ganho de eficiência produiva sugerido pelo modelo radicional foi causado pelo aumeno da qualificação da força de rabalho. O rabalho apresenou uma análise de esáica comparaiva, avaliando o ganho líquido de se qualificar a mão-de-obra. Ao final de 2005, os resulados mosram que se 1% dos