Interessados: Responsáveis: Francisco das Chagas de Mariz Fernandes (Diretor-Geral)..

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1 Tribunal de Contas da União Número do documento: AC /98-P Identidade do documento: Acórdão 142/ Plenário Ementa: Prestação de Contas. Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte. Exercício de Inobservância de norma relativa à forma de envio de informações de atos de admissão de pessoal, concessão de aposentadoria, reforma e pensões para fins de apreciação pelo Tribunal. Inexistência de registro contábil das taxas de matrícula. Ausência de conta dos valores movimentados pela Caixa Escolar. Nomeação de servidores para classe e padrão distintos do inicial de carreira. Cessão de instalações à Associação de Servidores. Contas regulares com ressalva. Quitação. Determinação. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo II - CLASSE IV - Plenário Processo: / Natureza: Prestação de Contas do exercício de Entidade: Unidade: Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte Vinculação: Ministério da Educação e do Desporto. Interessados: Responsáveis: Francisco das Chagas de Mariz Fernandes (Diretor-Geral).. Dados materiais: DOU de 13/10/1998 Sumário: Prestação de Contas. Irregularidades detectadas. Apresentação de razões de justificativa. Pareceres discordantes. Falhas formais. Registro de taxa de matrícula. Cessão de instalações físicas de órgão público. Necessidade do instrumento jurídico: permissão de uso ou autorização de uso. Regularidade das contas com ressalva e quitação. Determinação.

2 Cumprimento de Resolução do TCU. Sustentação oral. Relatório: Trata o presente processo de Tomada de Contas do exercício de 1995 da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte. 2.A Secretaria de Controle Interno do Ministério da Educação e do Desporto, diante do Relatório de Auditoria (fl. 186), certificou a regularidade das contas (fl. 190), o qual, em etapa seguinte, foi recepcionado pela autoridade ministerial competente (fl. 193). 3.O Órgão Instrutivo (SECEX/RN), após efetuar diligências junto à referida Escola (fls. 201/2 e 210/2), analisou as razões de justificativa apresentadas pelo Diretor-Geral, quanto às seguintes falhas/irregularidades detectadas (fls. 292/4): a) inexistência no Rol de Responsáveis dos nomes dos dirigentes pela Unidade de Ensino Descentralizada (UNED); b) inexistência de registro nos demonstrativos contábeis referente à taxa de matrícula dos alunos matriculados na Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (ETFRN) e 200 da UNED/RN; c) inexistência nas contas dos valores movimentados pela caixa escolar e inexistência nos demonstrativos contábeis referente à taxa de matrícula dos alunos de extensão; d) inexistência de fundamentação legal para cessão de servidores; e) nomeações efetivadas em padrões acima da inicial da carreira e montante pago a maior; f) inexistência nas admissões de pessoal da lotação do servidor, se na UNED ou na ETFRN; g) existência de 03 (três) cargos ociosos de telefonistas, podendo ser extintos, uma vez que a ETFRN utiliza central virtual junto à TELERN; e h) inexistência de parecer dos órgãos internos da ETFRN. 4.E, em seguida, concluiu (fl. 294): "a) o ofício nº 361/97-DG/ETFRN (fl. 216) seja encaminhado ao Presidente do Colegiado (2ª Câmara), para apreciação do pedido de sustentação oral, e caso seja autorizado contactar o Diretor-Geral da ETFRN; b) as presentes contas sejam julgadas irregulares, nos termos do arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea 'b' e 19, parágrafo único, da Lei nº 8.443/92, considerando as ocorrências relatadas nos subitens 'c', 'd', 'f', 'g', 'h' e 'i' desta instrução, com aplicação de multa ao responsável, Sr. Francisco das Chagas de Mariz Fernandes, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovar perante este Tribunal, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, com base nos arts. 58, inciso I, e 23, inciso III, alínea 'a' da citada Lei c/c o art. 165, inciso III, alínea 'a', do Regimento Interno/TCU; c) seja autorizada, desde logo, a cobrança judicial da dívida nos

3 termos do art. 28, inciso II, da Lei nº? 8.443/92, atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir do dia seguinte ao término do prazo ora estabelecido, até a data do recolhimento, caso não atendida a notificação, na forma da legislação em vigor; d) seja determinada ao responsável pelo órgão a adoção das seguintes medidas: - que a nomeação de candidato, habilitado em concurso público, para provimento de cargo público, deverá ser feita, sempre, na inicial da Classe e Padrão de cada nível; - que a ETFRN cumpra fielmente a Resolução TCU nº 255/91, em especial os arts. 2º, 3º e 4º." 5. Num primeiro momento, o Dr. Ubaldo Alves Caldas, Procurador deste Tribunal, entendendo que "não constam nos autos informações mais detalhadas sobre as origens dos recursos da Caixa Escolar", opinou "pelo retorno dos autos à Unidade Técnica, com o fito de que sejam efetivadas diligências ou quaisquer outras medidas necessárias para que sejam conhecidas as origens dos recursos da Caixa Escolar." (fl. 296). 6.Em resposta à diligência realizada por ofício, endereçado ao Diretor-Geral da aludida Escola, para o fim proposto pelo Procurador (fl. 299), vieram os elementos de fls. 300/1 e 304/5. 7.O Subprocurador-Geral, Dr. Lucas Rocha Furtado, representando o Ministério Público, pronunciou-se em discordância com a Unidade Técnica (fls. 317/9), apresentando o seguinte parecer: "(...) A Unidade Técnica, considerando não ilididas as falhas apontadas nas alíneas c, d, f, g, h e i do ofício de audiência (fls. 210/211), apresenta proposta no sentido de que as contas sejam julgadas irregulares, aplicando-se multa ao Diretor-Geral da IFE, sem prejuízo das determinações que menciona (fl. 294). É de mister que passemos a analisar cada uma dessas falhas, isoladamente. A primeira é a inexistência de registro, nos demonstrativos contábeis da ETFRN, da taxa de matrícula dos alunos de cursos de extensão. A direção da ETF argumenta que tais cursos - extraordinários e de curta duração - são promovidos pela Associação dos Servidores da Escola, que arrecada as taxas e realiza as despesas com materiais e instrutores. Segundo o Diretor, a ETF se beneficia com o direito a 10% das vagas, gratuitamente, e com a atualização de 'recursos instrucionais e de conhecimentos técnico-científicos', além disso a comunidade ganha com o atendimento às suas necessidades. Acrescenta o responsável que tais cursos representam tão-só 1% da produção acadêmica da ETFRN (fl. 217). Uma vez que os cursos são oferecidos pela Associação de Funcionários e não pela Escola, não vislumbramos como as mencionadas taxas deveriam integrar os demonstrativos contábeis da Escola, por isso consideramos

4 justificada a falha. Poder-se-ia questionar, entretanto, a correção da cessão das instalações físicas da ETFRN para que a Associação dos Servidores viesse a promover os ditos cursos extraordinários. Não obstante as opiniões em contrário, pensamos que se poderia ter como regular esse procedimento, desde que continue sendo prática excepcional dentre as atividades acadêmicas da ETFRN, como informado pelo responsável. Como prática excepcional, a utilização das instalações da Escola pela ASETFRN tende a incrementar o aproveitamento do bem público em benefício da comunidade local. Trata-se da cessão de bem público de uso especial (instalações da ETF), para uso privativo de terceiro (ASETFRN), que deveria ser realizada mediante título jurídico de direito público, no caso, a autorização ou permissão de uso, e prévia licitação. O instrumento mais indicado, em tese, seria a permissão de uso, em que a utilização do bem visa a interesse público (benefício da comunidade com os cursos) e não interesse particular do utente. O uso da permissão exigiria a prévia licitação, pois que os diversos interessados na utilização do bem deveriam concorrer à cessão em condições de igualdade. Contudo, pensamos que, na prática, o melhor instrumento seria a autorização de uso, em face da sua natureza extremamente precária, de curtíssima duração, não gerando nenhum direito ao utente. Em face dessas características a autorização de uso dispensa o procedimento licitatório. Repita-se, portanto, que a cessão das instalações da ETFRN para a ASETFRN somente é aceitável como prática excepcional e realizada mediante autorização de uso, instrumento precário, que não gera direitos ao utente. Convém, portanto, que se esclareça a Escola a esse respeito. Ademais, sobre esse ponto especificamente - a utilização das instalações da ETFRN pela Associação dos Servidores da Escola -, cumpre ainda lembrar, que não se fez audiência prévia do responsável. A segunda é a inexistência, nas contas, dos valores movimentados pela Caixa Escolar. O responsável argumenta que a Caixa Escolar tem personalidade jurídica autônoma, não participa dos recursos orçamentários da ETFRN e tem como receitas as contribuições dos estudantes, doações e prestação de serviços diversos (fl. 218). Instada a comprovar a origem dos recursos da Caixa Escolar, a direção da ETF apresentou o Detalhamento das Origens dos Recursos para 1995 (fl. 301) e o seu Regulamento (fls. 307/308), que demonstram as alegações do responsável retromencionadas, no sentido de que a referida entidade não utiliza de recursos orçamentários da Escola. Assim, opinamos por que devam ser acolhidas as justificativas apresentadas.

5 A terceira questão, que nos parece a mais relevante dos autos, diz respeito à nomeação de servidores concursados em classe e padrão distintos do inicial, em desconformidade com o art. 1.º da Portaria SAF n.º 2.343/94. O responsável alega que o Edital do concurso foi aprovado pela então Secretaria de Administração Federal; que o referido Edital determinava a nomeação para o PUCRCE criado pela Lei n.º 7.596/87, regulamentada pelo Decreto n.º /87; que a edição da Lei n.º 8.460/92 (fl. 253), alterada pela Lei n.º 8.627/93 (fl. 269), unificou os níveis, classes e padrões no âmbito do Poder Executivo sem, no entanto, alterar as estruturas criadas pelas Portarias MEC n.º 475/87 (fl. 230) e 1.527/91 (fl. 250), as quais expediram normas complementares à execução do Decreto n.º /87; e que, por tudo isso, a aplicação da Portaria SAF n.º 2.343/94 (fl. 278) no âmbito da ETFRN desrespeita a hierarquia estabelecida pelo PUCRCE. Pelo que pudemos apreender da legislação em vigor, os servidores da ETFRN estão ainda sujeitos à estrutura do PUCRCE, que subdivide os níveis superior, médio e de apoio em diversos subgrupos, conforme a Portaria n.º 1.527/91, art. 1.º (fl. 250). Ademais, o parágrafo único desse mesmo artigo (fl. 250) determina que os 'servidores técnico-administrativos que vierem a ingressar nas IFES a partir da data de vigência da Lei n.º 8.216/91, serão posicionados nos níveis iniciais dos respectivos subgrupos'. A nosso ver, essa norma em conjunto com o mencionado Edital do concurso, aprovado pela SAF, amparam o procedimento adotado pela Escola. Ademais, como ressaltou a defesa às fls. 221/222, segundo a interpretação puramente literal da Portaria SAF n.º 2.343/94, os docentes das Escolas Técnicas Federais e das Universidades deveriam ser sempre nomeados na classe e padrão mais baixos, sem se levar em conta a titulação do professor, o que não nos parece juridicamente razoável. Quanto às falhas apontadas nas alíneas h e i do Ofício de audiência, pensamos que podem ser acolhidas as justificativas da ETFRN às fls. 203/204. Isso posto, em atenção ao honroso pedido de V. Exa. (fl. 316), opina este representante do Ministério Público, com fulcro nos arts. 1.º, I, 16, II, 18 e 23, II, da Lei n.º 8.443/92, no sentido de que as presentes contas sejam julgadas regulares com ressalvas, expedindo-se a quitação ao responsável, sem prejuízo de que se determine a ETFRN que: a.cumpra fielmente a Resolução TCU n.º 255/91, em especial os arts. 2.º, 3.º e 4.º; b.a cessão das instalações da Escola à Associação de Servidores, para promoção de cursos extraordinários, seja mantida como prática excepcional, correspondendo a um percentual ínfimo na produção acadêmica da Escola, ocorra nos momentos em que as referidas

6 instalações estejam ociosas e seja realizada mediante o instrumento jurídico denominado autorização de uso." Voto: O Diretor-Geral da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte, mediante o Ofício nº 361/97-DG/ETFRN (fl. 216), solicitou a sustentação oral do presente processo, para a ocasião do seu julgamento. 2.Várias irregularidades foram observadas nos autos, razão por que se fez diligência junto ao responsável, objetivando esclarecê-las e saná-las. O Sr. Diretor-Geral da Escola atendeu à solicitação do Tribunal, apresentando suas razões de justificativa, esclarecendo, dessa forma, vários pontos anteriormente tidos como irregulares. Outros foram considerados formais pelo douto Ministério Público, o que entendo pertinente. 3.As irregularidades que persistiram, após a análise da Unidade Técnica, foram as seguintes: a) inexistência de registro, nos demonstrativos contábeis da Escola, referente à taxa de matrícula dos alunos de curso de extensão; b) inexistência, nas contas, dos valores movimentados pela Caixa Escolar; e c) nomeação de servidores concursados em classe e padrão distintos do inicial da carreira, em desconformidade com o art. 1º da Portaria SAF nº 2.343/94. 4.O Dr. Lucas Rocha Furtado de forma brilhante comentou as referidas falhas, entendendo que as mesmas podem ser caracterizadas como falhas formais, o que reforça, no seu ponto de vista, a tese da regularidade com ressalva. Assim, como propôs o nobre Subprocurador-Geral, pode-se fazer a determinação à Escola, para que outras irregularidades, como as que foram observadas, não ocorram mais. 5.Quanto à determinação sugerida nos pareceres, em relação ao cumprimento da Resolução nº 255/91, considerando que a Instrução Normativa nº 16, de revogou aquela Resolução, dispondo sobre a atual forma de envio de informações relativas aos atos de admissão de pessoal e de concessão de aposentadoria, reforma e pensões a este Tribunal, para fins de apreciação da legalidade e registro, entendo que a referida determinação deva ser reformulada no sentido de que a Instituição cumpra fielmente a supracitada IN nº 16/97, arts. 7º e 8º. Diante do exposto, acolhendo o parecer do douto Ministério Público, voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à apreciação deste E. Plenário. TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Sousa, em 30 de setembro de Assunto: IV - Prestação de Contas do exercício de 1995.

7 Relator: Lincoln M. da Rocha Representante do Ministério Público: Lucas Rocha Furtado Unidade técnica: SECEX-RN Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Prestação de Contas, exercício de 1995, da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte. Considerando que a Secretaria de Controle Interno do Ministério da Educação e do Desporto certificou a regularidade das contas; Considerando a evidência de impropriedades ou falhas de natureza formal; Considerando que as razões de justificativa apresentadas pelo responsável puderam sanear as irregularidades detectadas no processo; Considerando o parecer do Ministério Público a favor da regularidade das contas com ressalva, dando-se quitação ao responsável, sem prejuízo de determinação à Entidade; ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ao acolher as conclusões do Relator, com fulcro nos artigos 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei nº 8.443/92, em: julgar as contas do responsável, indicado no item 3 supra, regulares com ressalva, dando-lhe quitação; determinar à Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte que: cumpra fielmente a Instrução Normativa nº 16/97, em especial os arts. 7º e 8º; e regularize a cessão das instalações da Escola à Associação de Servidores, para promoção de cursos extraordinários, nos momentos em que as referidas instalações estejam ociosas e seja realizada mediante o instrumento jurídico denominado autorização ou permissão de uso. Quórum: Ministros presentes: Homero dos Santos (Presidente), Adhemar Paladini Ghisi, Carlos Átila Álvares da Silva, Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, Humberto Guimarães Souto, Valmir Campelo e os Ministros-Substitutos José Antonio Barreto de Macedo, Lincoln Magalhães da Rocha (Relator) e Benjamin Zymler.

8 Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 30 de setembro de 1998