NUTRIÇÃO DE OVELHAS GESTANTES
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- Mônica da Rocha Borges
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1 NUTRIÇÃO DE OVELHAS GESTANTES Acadêmicas: Caroline Wrague e Luiza P. Nunes
2 INTRODUÇÃO: A produção ovina ocorre predominantemente em sistemas de criação extensiva no Sul do Brasil. A quantidade e qualidade do pasto, muitas vezes, fica comprometida devido às influências climáticas o período de outono/inverno. Entre os meses de maio e agosto é o período em que quase a totalidade das ovelhas está gestando e é neste momento, de alta demanda, que muitas vezes elas estão sofrendo menor disponibilidade alimentar. Num sistema de produção, a genética, a sanidade e a nutrição do rebanho são pontos essenciais serem atingidos para resultados melhores.
3 FLUSHING: É um incremento nutricional nas semanas que antecedem o início da época de cobertura. O uso de concentrados (energéticos ou protéicos ) ou pastagens de alta qualidade no acasalamento aumenta os partos gemelares; onde as ovelhas após o desmame são forçadas a uma restrição nutricional que faz com que elas diminuam o peso corporal. Essa queda de peso faz com que elas respondam a uma mudança na alimentação no período de 4 a 5 semanas antes da cobertura, levando-as a ganhar peso (representando o balanço energético positivo). Essa mudança na alimentação é o que conhecemos hoje como flushing.
4 NUTRIÇÃO/GESTAÇÃO: Nos primeiros 90 a 100 dias de gestação a ovelha não apresenta grande incremento das necessidades energéticas e protéicas, suas exigências nutricionais são levemente superiores a de ovelhas não gestantes, e neste período se faz necessário apenas evitar a perda de peso e de escore de condição corporal. Entretanto, com a proximidade do terço final da gestação, inicia-se a fase de maior atenção e preocupação com a nutrição materna, pois nestes últimos 50 a 60 dias de gestação o cordeiro irá crescer o equivalente a aproximadamente 70% do seu peso total ao nascimento. É também neste momento que haverá desenvolvimento da glândula mamária e formação do colostro, aumentando ainda mais as exigências nutricionais da gestante.
5 PRIMÍPARAS: O fornecimento de volumoso deve ser na forma de forragem verde, feno ou silagem, em quantidade suficiente para que haja uma sobra de pelo menos 20% do oferecido. O concentrado deve ser fornecido desde o início da gestação, em média de 200 a 300 g/animal/dia, dependendo do tamanho da raça, e disponibilizar água e mistura mineral completa, para que se possível, a borrega aumente de peso. No terço final da primeira gestação, a situação torna-se mais delicada: a capacidade de ingestão de alimentos das borregas ainda não é máxima e o maior crescimento do(s) feto(s), que passa(m) a ocupar espaço,diminui ainda mais a capacidade de ingestão, enquanto aumenta a demanda por nutrientes. A introdução de feno e concentrados extras nesta fase deve começar por volta dos 90 dias de gestação ou, no mínimo, com 15 dias antes da parição, para compensar a diminuição do consumo alimentar (Speedy,1980).
6 NUTRIÇÃO RESTRITA DURANTE O TERÇO MÉDIO DA GESTAÇÃO (50 A 100 DIAS PÓS- CONCEPÇÃO) : menor peso da prole no nascimento menor vigor e diminuição dos níveis de sobrevivência, comprometendo os índices zootécnicos da propriedade
7 MULTÍPARAS: No caso de ovelhas multíparas, as exigências nutricionais durante a primeira metade da gestação estão somente um pouco acima dos níveis. Teoricamente, essa categoria não necessitaria de um acompanhamento mais cuidadoso, como no caso das primíparas. De acordo Russel (1982), nesta categoria animal, qualquer restrição alimentar sofrida durante esta época tem menores probabilidades de afetar o crescimento do feto do que uma restrição sofrida no terço final da gestação.
8 Caso as ovelhas estejam com peso acima do necessário é aceitável que a ovelha esteja submetida a um grau moderado de restrição alimentar e utilize suas reservas corporais, em um nível limitado, para satisfazer o déficit entre o consumo e as suas exigências. Entretanto, cabe ressaltar que essa restrição precisa ser necessariamente branda, pois uma restrição excessiva pode levar ao nascimento de cordeiros extremamente fracos, diminuir a produção de leite da ovelha e diminuir o instinto materno.
9 NUTRIÇÃO/DESENVOLVIMENTO MAMÁRIO: O desenvolvimento mamário nas ovelhas é um complemento das exigências de gestação. De acordo com Bauman e Currie (1980), seu maior crescimento coincide com o terço final da gestação, período em que o útero gravídeo também tem necessidade crescente de energia e a demanda por nutrientes é máxima.
10 NUTRIÇÃO/ÚBRE E COLOSTRO: Mellor e Murray (1985) avaliando ovelhas com três níveis nutricionais durante a gestação concluíram que o peso do úbere foi significativamente inferior e a produção de colostro foi quatro vezes menor em fêmeas com baixos níveis nutricionais na gestação. Banchero et al. (2006) observaram que o acúmulo de colostro no momento do parto foi aproximadamente 62% inferior em ovelhas com restrição alimentar, e concluíram que, o regime hormonal é inadequado para o desenvolvimento correto do úbere e para a boa síntese de colostro em ovelhas com déficit alimentar na prenhez.
11 NUTRIÇÃO/COMPORTAMENTO: Dwyer et al. (2003), observando o comportamento pós-parto de ovelhas, constataram que fêmeas que sofreram restrição alimentar na gestação dedicam menos tempo para lamber seus cordeiros, são mais agressivas para com estes e possuem menor vínculo mãe-filhote.
12 Além do peso ao nascimento e sobrevivência, outros fatores podem ser influenciados pelos níveis nutricionais da ovelha no momento da gestação. Estes incluem: Composição de carcaça Produção de lã Desempenho reprodutivo Comportamento Susceptibilidade a doenças e estresse.
13 NUTRIÇÃO/CARNE: Em ovinos, o potencial produtivo de carne é, em parte, fixado no período embrionário-fetal. As células que darão origem aos músculos do cordeiro iniciam sua formação ainda no primeiro terço da gestação, e a baixa nutrição da ovelha poderá gerar diminuição do número total de células musculares nos cordeiros comprometendo desta maneira seu potencial produtivo de carne, variando a conformação da carcaça e modificando a composição da mesma.
14 NUTRIÇÃO/LÃ: Aproximadamente aos 50 dias de gestação iniciase a formação das estruturas que darão origem aos folículos formadores de lã do cordeiro. No momento do nascimento, este já possui fixado a quase totalidade do seu número total de folículos lanares, não havendo expressivo desenvolvimento destas estruturas no pós-parto. Este fator nos remete, mais uma vez, à grande importância que existe na contemplação dos requerimentos nutricionais das ovelhas gestantes.
15 CONCLUSÃO: As necessidades alimentares das ovelhas, em qualquer época do ano, não podem ser determinadas independente das necessidades de outras épocas, dos resultados alcançados e dos níveis de produção que se pretende atingir. Em certa altura do ano, uma alimentação adequada tem uma importância capital, enquanto que em outras épocas uma perda controlada de peso vivo é aceitável.
16 REFERÊNCIAS BORGES, I. Manejo da ovelha gestante e sua importância na criação do cordeiro. In: ENCONTRO MINEIRO DE OVINOCULTURA, 1., 1998, Lavras. Anais...Lavras: UFLA, p RUSSEL, A. J. F. Nutricion de las ovejas gestantes. In: MALUENDA, P. D. Manejo e enfermedades de las ovejas. Zaragoza: Acribia, p
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