Lisina, Farelo de Soja e Milho
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- Amanda Caldas Fragoso
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1 Lisina, Farelo de Soja e Milho Disponível em nosso site: Veja como substituir uma parte do farelo de soja por Lisina Industrial e milho Grande parte dos suinocultores conhecem a Lisina Industrial (L-Lisina HCl 99%) e sabem que, ao ser adicionado este ingrediente à ração, parte do farelo de soja pode ser substituído por milho. O resultado geralmente é uma significativa redução do custo das rações. Entretanto, a questão é saber quanta Lisina Industrial utilizar e quanto se pode economizar. Para responder esta e outras perguntas relacionadas ao uso da Lisina Industrial, a Ajinomoto Biolatina, empresa que produz este ingrediente no Brasil, criou no seu site uma seção chamada Espaço do Suinocultor. Nesta nova seção está disponibilizado o Simulador. É um programa que ajusta as fórmulas atualmente usadas na granja para a inclusão de Lisina Industrial. O Simulador modifica a formulação de forma a garantir os requerimentos de todos os aminoácidos. Portanto, o bom desempenho dos animais é, no mínimo, mantido. Dentre os resultados da simulação, é apresentada a nova composição da ração, onde é informada a quantidade máxima de Lisina Industrial que pode ser incorporada. Entre outras informações, também é calculado o impacto deste ajuste nos custos por tonelada de ração. Veja no Quadro 1 mais detalhes sobre como utilizar o Simulador. Usando como exemplo a simulação apresentada nas Figuras 1 e 2, se pode observar que, nas condições de preços utilizados, a incorporação da Lisina Industrial representou uma redução de R$4,44 por tonelada de ração (1,16%), o que, para esta granja, possibilitaria uma economia de R$8.764,68 por ano. Figura 1. Exemplo de simulação de uma ração de Terminação. 01
2 Figura 2. Resumo dos Resultados Fornecidos pelo Simulador Como os preços dos ingredientes afetam os benefícios da inclusão de Lisina Industrial? Quando comparadas às formulas convencionais, os três principais componentes que contribuem para o menor ou maior custo das rações com lisina industrial são: os preços do farelo de soja, do milho (sorgo, triticale, etc.) e da própria Lisina Industrial. Como pode ser visto na Figura 3, quanto maior o preço do farelo de soja, maior o benefício de se utilizar a Lisina Industrial. No gráfico, também é informado o preço de equilíbrio da Lisina Industria (L-Lys HCl), o qual também se eleva juntamente com os preços do farelo. Figura 3. Impacto do preço do Farelo de Soja (R$/t de ração) Preço do Farelo de Soja (R$/kg) Equilíbrio da L- Lys HCl (R$/kg) Equilíbrio 02
3 O preço de equilíbrio, que é semelhante ao preço de oportunidade, representa o valor da Lisina Industrial no qual os custos das rações, com e sem este ingrediente, são exatamente iguais. Portanto, se o preço da Lisina Industrial for inferior ao seu preço de equilíbrio, a fórmula com aminoácido industrial sempre custará menos do que a convencional e vice versa. No quadro de Resultados (Figura 2), o Simulador também informa o preço de equilíbrio da Lisina Industrial. O preço do milho é outro fator extremamente relevante (Figura 4), porque se substitui farelo de soja por Lisina Industrial mais milho. É por isso que o melhor indicativo para se avaliar se o momento é ou não interessante para se utilizar a Lisina Industrial, é se observar o que comumente se conhece como spread (Figura 5). Esta palavra em inglês nada mais é do que a diferença entre o preço do farelo de soja e do milho, do sorgo ou de qualquer outro ingrediente energético que está sendo utilizado para substituir o farelo de soja. Desta forma, quanto maior o spread, mais alto será o preço de equilíbrio da Lisina Industrial. O valor do spread também é fornecido pelo Simulador. Figura 4. Impacto do preço do Milho Figura 5. Impacto do spread (R$/t de ração) Equilíbrio da L- Lys HCl (R$/kg) (R$/t de ração) Equilíbrio da L- Lys HCl (R$/kg) Preço do Milho (R$/kg) "spread" (R$/tonelada) (preço farelo de Soja - preço milho) Equilíbrio Equilíbrio Na Figura 6, também se observa o impacto do preço da Lisina Industrial sobre o benefício do seu uso. Todavia, nas condições de preço do milho (R$17,00/sc = R$0,283/kg) e do farelo de soja (R$600/t = R$0,60/kg) utilizados nas simulações, pode se observar que o preço de equilíbrio da Lisina Industrial sempre se manteve acima do seu preço de compra.portanto, sempre houve alguma redução de custos. Figura 6. Impacto do preço da Lisina Industrial (R$/t de ração) Preço da L-Lys HCl (R$/kg) Equilíbrio da L-Lys HCl (R$/kg) Equilíbrio 03
4 O que muda na fórmula quando se incorpora a Lisina Industrial? Além da redução da inclusão do farelo de soja, ocorrem outras alterações na composição da ração e em alguns níveis nutricionais. Estas modificações ocorrem basicamente porque a lisina permite a substituição de um ingrediente rico em proteína (farelo de soja) por um outro, que é basicamente uma fonte de energia (milho, sorgo, triticale, etc.). Para melhor exemplificar e discutir estas alterações, serão aproveitados os resultados da simulação apresentada nas Figuras 1 e 2. Portanto, como pode ser observado, o resultado da inclusão de Lisina Industrial promove um aumento do nível de energia líquida da ração de 42kcal/ kg e uma redução do teor de proteína bruta em 1,8 pontos percentuais. O Simulador mantém o nível de lisina digestível igual ao da fórmula atual, mas como resultado da inclusão da Lisina Industrial, os níveis dos demais aminoácidos são reduzidos. Entretanto, como o programa utiliza o conceito de proteína ideal, para o nível de lisina digestível da fórmula, todos os demais aminoácidos estarão em quantidades adequadas. Na prática, sempre que são utilizados aminoácidos industriais, ocorre redução da proteína bruta da ração, indicando que houve uma redução do excesso de alguns aminoácidos. Como pode ser observado na Figura 7, esta redução da proteína bruta, quando feita a suplementação com aminoácidos industriais, não prejudica o desempenho dos animais. Figura 7. O ganho de peso de suínos de 15 a 30 kg não é afetado pelo teor de proteína bruta das rações, quando estas garantem os níveis mínimos de aminoácidos requeridos pelo animal. Ganho Diário de Peso - GDP (g/dia) a a a a a Proteína Bruta - PB (%) (P<0,01) Obs.: Todas as dietas continham 0,846% de lisina digestível. As letras a em todos os tratamentos indicam que todos os tratamentos foram estatisticamente iguais, ou seja, o nível de PB, entre 14 e 18%, não interferiu no ganho de peso. Fonte:Ferreira et al. (2003)
5 Por outro lado, o nitrogênio que sobra da quebra dos aminoácidos que estão em excesso na dieta precisa ser excretado através da urina. Como visto, o volume excedente de aminoácidos é bem menor nas dietas com aminoácidos industriais. Sendo assim, fica fácil entender porque suínos alimentados com estas rações, que contêm proteína bruta mais baixa, produzem dejetos com menor concentração de nitrogênio. Em geral, para cada 1% a menos de proteína bruta na ração, o nível de nitrogênio dos dejetos se reduz em 10%. Também ocorre uma diminuição de 10% na emissão de amônia, o que se reflete diretamente na qualidade do ambiente dos animais (Informe Técnico - 09). Em rações a base de milho e farelo de soja, apenas com a inclusão de Lisina Industrial, facilmente se reduz a proteína bruta em 2 pontos percentuais. Nas fórmulas contendo Lisina Industrial, também se observa uma ligeira diminuição no teor da Lisina Total. Isto é decorrente da diferença de digestibilidade da lisina do farelo de soja, que é próxima de 89%, e da Lisina Industrial, que é 100%. Por outro lado, este fato demonstra a importância de se formular com base em aminoácidos digestíveis, pois este sistema estima melhor o real valor em aminoácidos de um determinado ingrediente. Observação A fórmulas calculadas pelo Simulador devem ser utilizadas apenas para se avaliar a oportunidade de utilização de Lisina industrial. Entretanto, só devem ser realizadas alterações de formulação após uma consulta ao seu nutricionista. Este, além de ratificar o benefício da inclusão da Lisina industrial, poderá lhe indicar oportunidades para aproveitar melhor os ingredientes disponíveis na região e apontar alguns dos benéficos aos animais, que não são quantificados pelo programa. Conclusão O uso da Lisina Industrial, dependendo dos preços dos ingredientes, pode promover uma sensível redução dos custos das rações, além de alguns ganhos extras de performance. Com o uso do Simulador, se torna fácil avaliar os benefícios em relação ao custo da ração. O programa também gera alguns parâmetros simples, como o preço de equilíbrio e o spread, facilitando a tomada de decisão sobre o uso da Lisina Industrial. Bibliografia FERREIRA, R.A. Avaliação da redução da proteína bruta da ração com suplementação de aminoácidos para suínos de 15 a 60 kg mantidos em diferentes ambientes térmicos.viçosa, MG: UFV, Impr. Univ., 1998, 67 p. Tese de Doutorado em Zootecnia - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. AJINOMOTO BIOLATINA. Prevenção da poluição de nitrogênio na criação de suínos através de estratégias nutricionais. Informe Técnico Fonte: Amipig baseada na digestibilidade ileal verdadeira do farelo de soja com mais de 5% de fibra e 44,6% de Proteína Bruta.
6 Quadro 1. O que é necessário para se fazer uma simulação? Após selecionar o Espaço do Suinocultor no 1) Selecionar o Simulador 1 2) Escolher o tipo de ração entre as opções disponíveis2; 3) Informar a quantidade de suínos produzidos por semana; 4) Escolher os ingredientes da fórmula atual; 5) Digitar os preços (R$/kg) dos ingredientes; 6) Entrar com as quantidades dos ingredientes, sempre considerando batidas de 1000kg e 7) Clicar o botão SIMULAR A fórmula ajustada será apresentada ao lado da fórmula atual e, à direita da tela, estarão os níveis nutricionais calculados das duas dietas. Clicando no botão RESULTADOS, será apresentado um resumo dos resultados, com as estimativas dos benefícios econômicos. 1 O acesso ao simulador é livre e sem custos, basta informar o login e a senha. Estes são escolhidos pelo próprio usuário após preencher um pequeno cadastro. 2 Por enquanto, o Simulador ajusta apenas fórmulas para animais de 18 a 120kg. Quadro 2. Observações e Restrições do Simulador O Simulador não é um programa de custo mínimo. Assim, em condições adversas de preços, haverá casos em que o custo da fórmula ajustada será maior que o daquela sem Lisina Industrial. Nestas situações, a decisão do uso do aminoácido industrial também deverá levar em conta alguns dos benefícios da redução protéica. O programa não altera a inclusão dos Demais Ingredientes e também não ajusta os níveis de alguns nutrientes como o Ca, P, energia, etc. Caso os níveis de lisina digestível da fórmula não estejam adequados, o Simulador não é capaz de promover esta correção, pois ele sempre mantém o nível da fórmula atualmente em uso. O ganho de energia, obtido com a inclusão da Lisina Industrial, poderá resultar em maior benefício à performance dos suínos quando ajustada à relação energia:lisina da ração. Outra opção é reduzir o custo da dieta, ajustando o nível de energia para o mesmo padrão da fórmula atual, por exemplo, adicionando um pouco de farelo de trigo.
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