Expectativa de vida com incapacidade funcional em idosos em São Paulo, Brasil 1



Documentos relacionados
WASTE TO ENERGY: UMA ALTERNATIVA VIÁVEL PARA O BRASIL? 01/10/2015 FIESP São Paulo/SP

1º semestre de Engenharia Civil/Mecânica Cálculo 1 Profa Olga (1º sem de 2015) Função Exponencial

Semelhança e áreas 1,5

ESTATÍSTICA APLICADA. 1 Introdução à Estatística. 1.1 Definição

ESTADO DO MARANHÃO MINISTÉRIO PÚBLICO PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA a CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DE MEIO AMBIENTE, URBANISMO E PATRIMÔNIO CULTURAL

Análise de Variância com Dois Factores

Fluxo Gênico. Desvios de Hardy-Weinberg. Estimativas de Fluxo gênico podem ser feitas através de dois tipos de métodos:

Faculdade de saúde Pública. Universidade de São Paulo HEP Epidemiologia I. Estimando Risco e Associação

07 AVALIAÇÃO DO EFEITO DO TRATAMENTO DE

Liberdade de expressão na mídia: seus prós e contras

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

TRANSPLANTE DE FÍGADO NO PROGRAMA DE TRATAMENTO FORA DE DOMICÍLIO NO ESTADO DE SERGIPE EM ANÁLISE DE DADOS CLÍNICOS E CUSTO

A MODELAGEM MATEMÁTICA NA CONSTRUÇÃO DE TELHADOS COM DIFERENTES TIPOS DE TELHAS

Manual de Operação e Instalação

1 Fórmulas de Newton-Cotes

INFLUÊNCIA DO CLIMA (EL NIÑO E LA NIÑA) NO MANEJO DE DOENÇAS NA CULTURA DO ARROZ

6.1 Recursos de Curto Prazo ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO. Capital de giro. Capital circulante. Recursos aplicados em ativos circulantes (ativos

SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA INSTITUTO SUPERIOR TUPY

Revista de Saúde Pública ISSN: Universidade de São Paulo Brasil

Simbolicamente, para. e 1. a tem-se

a FICHA DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 9.º ANO

EQUAÇÕES INTENSIDADE / DURAÇÃO / PERÍODO DE RETORNO PARA ALTO GARÇAS (MT) - CAMPO ALEGRE DE GOIÁS (GO) E MORRINHOS (GO)

Área de Conhecimento ARTES. Período de Execução. Matrícula. Telefone. (84) / ramal: 6210

PROVA DE MATEMÁTICA DA UNESP VESTIBULAR a Fase RESOLUÇÃO: Profa. Maria Antônia Gouveia.

CÂMARA MUNICIPAL DE FERREIRA DO ZÊZERE

TÍTULO: Métodos de Avaliação e Identificação de Riscos nos Locais de Trabalho. AUTORIA: Ricardo Pedro

Cobertura vacinal no primeiro ano de vida em quatro cidades do Estado de São Paulo, Brasil 1

CPV O cursinho que mais aprova na GV

3. Cálculo integral em IR 3.1. Integral Indefinido Definição, Propriedades e Exemplos

Definição de áreas de dependência espacial em semivariogramas

Desvio do comportamento ideal com aumento da concentração de soluto

COPEL INSTRUÇÕES PARA CÁLCULO DA DEMANDA EM EDIFÍCIOS NTC

Serviços de Acção Social da Universidade de Coimbra

Quantidade de oxigênio no sistema

1 As grandezas A, B e C são tais que A é diretamente proporcional a B e inversamente proporcional a C.

Matemática Aplicada. A Mostre que a combinação dos movimentos N e S, em qualquer ordem, é nula, isto é,

Material Teórico - Módulo de Razões e Proporções. Proporções e Conceitos Relacionados. Sétimo Ano do Ensino Fundamental

EFEITO DE DIFERENTES SISTEMAS DE CULTIVO DA PALMA NA BIOMASSA MICROBIANA DO SOLO

Considerando a necessidade de contínua atualização do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores - PROCONVE;

Professores Edu Vicente e Marcos José Colégio Pedro II Departamento de Matemática Potências e Radicais

Oportunidade de Negócio: OFICINA DE CONVERSÃO - GNV

Área entre curvas e a Integral definida

TEMA CENTRAL: A interface do cuidado de enfermagem com as políticas de atenção ao idoso.

I AÇÕES DE AUDITORIA INTERNA PREVISTAS:

Relações em triângulos retângulos semelhantes

Plano de Trabalho Docente Ensino Médio

INCIDÊNCIA DE DEFICIENTES NO BRASIL SEGUNDO CENSO DEMOGRÁFICO DE 1991: RESULTADOS EMPÍRICOS E IMPLICAÇÕES PARA POLÍTICAS

Gabarito - Matemática Grupo G

Operadores momento e energia e o Princípio da Incerteza

A ÁGUA COMO TEMA GERADOR PARA O ENSINO DE QUÍMICA

CINÉTICA QUÍMICA CINÉTICA QUÍMICA. Lei de Velocidade

CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICA DE SANTA CATARINA Pró-Reitoria Acadêmica Setor de Pesquisa

Semana Epidemiológica de Início de Sintomas

Prevalência de doação de sangue e fatores associados, Pelotas, RS

A Diretoria de Relações Internacionais da Fundação de Ensino e Pesquisa do Sul de Minas - 1. OBJETIVO 2. PRÉ-REQUISITOS. Re~ unis

CÁLCULO E INSTRUMENTOS FINANCEIROS I (2º ANO)

Relatório de atividades. Abril / 2011 a Janeiro / A Coordenação de Convênios e Contratos da UFG/CAC está vinculada à direção do

Cálculo Numérico Faculdade de Engenharia, Arquiteturas e Urbanismo FEAU

DC3 - Tratamento Contabilístico dos Contratos de Construção (1) Directriz Contabilística n.º 3

EXPOENTE. Podemos entender a potenciação como uma multiplicação de fatores iguais.

ESCOLA SECUNDÁRIA DE CALDAS TAIPAS CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE RECEÇÃO. DISCIPLINA: OPERAÇÕES TÉCNICAS DE RECEÇÃO (12º Ano Turma M)

a a 3,88965 $ % 7 $ % a 5, 03295

Aula 27 Integrais impróprias segunda parte Critérios de convergência

Sindicatos. Indicadores sociais 2001

ALGEBRA LINEAR AUTOVALORES E AUTOVETORES. Prof. Ademilson

Representação de Transformadores Defasadores no Problema de Fluxo de Potência

QUESTÃO 01. O lado x do retângulo que se vê na figura, excede em 3cm o lado y. O valor de y, em centímetros é igual a: 01) 1 02) 1,5 03) 2

Vo t a ç ão TEXTO DO CONGRESSO. PROPOSTA DO GOVERNO / Partidos da Base PROPOSTAS DAS BANCADAS DE OPOSIÇÃO E / OU ATEMPA / SIMPA

Programação Linear Introdução

a) sexto b) sétimo c) oitavo d) nono e) décimo

INFLUÊNCIA DA MARCA NA ACEITAÇÃO SENSORIAL DE DOCE DE LEITE PASTOSO

TERMO DE REFERÊNCIA PROJETOS DE INCLUSÃO PRODUTIVA

Política de segurança alimentar e nutricional no Brasil: uma análise da alocação de recursos

Pacto pela Saúde 2010/2011 Valores absolutos Dados preliminares Notas Técnicas

Resoluções das atividades

II NÚMERO DE VAGAS: As vagas serão oferecidas em cada disciplina optativa de acordo com a disponibilidade institucional do Programa.

Perfil epidemiológico da hanseníase em menores de quinze anos de idade, Manaus (AM),

POLINÔMIOS. Definição: Um polinômio de grau n é uma função que pode ser escrita na forma. n em que cada a i é um número complexo (ou

ÍNDICE DE CONFIANÇA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO

Proporção de pessoas por faixa etária e sexo das cinco regiões do Brasil que contratarão planos de saúde de 2030

Ilha Solteira, 17 de janeiro de OFICIO OSISA 05/2013

Resposta da Lista de exercícios com data de entrega para 27/04/2017

64 5 y e log z, então x 1 y 1 z é igual a: c) 13 e) , respectivamente. Admitindo-se que E 1 foi equivalente à milésima parte de E 2

MRP / MRP II MRP MRP / MRP II 28/04/ Material Required Planning (anos 60) Manufacturing Resource Planning (anos 80)

ESTADO DE RONDÔNIA PREFEITURA MUNICIPAL DE MINISTRO ANDREAZZA Lei de Criação /02/92 PROGRAMA FINALÍSTICO

Comprimento de arco. Universidade de Brasília Departamento de Matemática

Regras. Resumo do Jogo Resumo do Jogo. Conteúdo. Conteúdo. Objetivo FRENTE do Jogo

Eleições Diretório Acadêmico Fisioterapia

TARIFÁRIO 2016 Operadora Nacional SEMPRE PERTO DE VOCÊ

RELAÇÕES DE PREÇO I NSUMO/PRODUTO NA CULTURA DO MILHO DO CENTRO-SUL DO BRASIL

PROJETO E ANÁLISES DE EXPERIMENTOS (PAE) EXPERIMENTOS COM UM ÚNICO FATOR E A ANÁLISE DE VARIÂNCIA

ESCOLA SECUNDÁRIA DE CALDAS TAIPAS CURSO PROFISSIONAL DE TÉCNICO DE COMÉRCIO. DISCIPLINA: ORGANIZAR E GERIR A EMPRESA (10º Ano Turma K)

Regulamento Promoção Promo Dotz

Educação integral/educação integrada e(m) tempo integral: concepções e práticas na educação brasileira

Algoritmos de Busca de Palavras em Texto

Transporte de solvente através de membranas: estado estacionário

Pontos onde f (x) = 0 e a < x < b. Suponha que f (x 0 ) existe para a < x 0 < b. Se x 0 é um ponto extremo então f (x 0 ) = 0.

Prevalência de diabetes e hipertensão no Brasil baseada em inquérito de morbidade auto-referida, Brasil, 2006

GEORREFERENCIAMENTO DOS PONTOS DE OCUPAÇÃO URBANA DESORDENADA AO LONGO DO LITORAL SUL DE PERNAMBUCO-BRASIL

Universidade Federal do Rio Grande FURG. Instituto de Matemática, Estatística e Física IMEF Edital 15 - CAPES MATRIZES

Transcrição:

Investigción originl / Originl reserch Expecttiv de vid com incpcidde funcionl em idosos em São Pulo, Brsil 1 Mirel Cstro Sntos Cmrgos, 2 Ignez Helen Oliv Perpétuo 2 e Crl Jorge Mchdo 2 Como citr Cmrgos MCS, Perpétuo IHO, Mchdo CJ. Expecttiv de vid com incpcidde funcionl em idosos em São Pulo, Brsil. Rev Pnm Slud Public. 2005;17(5/6):379 86. RESUMO Plvrs-chve Objetivo. Determinr, pr indivíduos com nos ou mis no no de 2000, no Município de São Pulo, por sexo e idde, expecttiv de vid livre de e com incpcidde funcionl e, neste último cso, mensurr os nos serem vividos com e sem dependênci. Método. As estimtivs de expecttiv de vid livre de incpcidde funcionl, expecttiv de vid com incpcidde funcionl, expecttiv de vid com incpcidde funcionl e sem dependênci e expecttiv de vid com incpcidde funcionl e dependênci form gerds prtir d construção de um tbel de sobrevivênci, conforme o método descrito por Sullivn. Os ddos básicos utilizdos pr o cálculo ds expecttivs form o número estimdo de idosos no Município em medos de 2000, obtido prtir dos censos demográficos de 1991 e 2000, e s informções sobre óbitos n populção idos, obtids d Fundção Sistem Estdul de Análise de Ddos (SEADE). As txs de prevlênci de incpcidde funcionl e dependênci form clculds prtir dos ddos sobre s tividdes de vid diári do Projeto Súde, Bem- Estr e Envelhecimento n Améric Ltin e Cribe (SABE). As tividdes de vid diári contemplds no SABE são: vestir-se, comer, tomr bnho, ir o bnheiro, deitr-se e levntr d cm e trvessr um cômodo d cs. A incpcidde funcionl foi definid como dificuldde em relizr um ou mis tividdes de vid diári. A dependênci foi definid como necessidde de uxílio pr relizr pelo menos um tividde. Resultdos. Em 2000, o tingir os nos, os homens pulistnos podim esperr viver, em médi, 17,6 nos, dos quis 14,6 (83) serim vividos livres de incpcidde funcionl. As mulheres n mesm idde podim esperr viver 22,2 nos, dos quis 16,4 nos (74) serim livres de incpcidde funcionl. Dos nos com incpcidde funcionl, os homens viverim 1,6 no (9) com dependênci, contr 2,5 nos (11) pr s mulheres. Conclusão. Apesr de s mulheres idoss pulistns terem presentdo mior expecttiv de vid do que os homens, foi menor proporção de nos vividos livres de incpcidde funcionl. O número de nos com incpcidde funcionl e dependênci tmbém foi mior entre s mulheres. As polítics públics devem levr em cont s diferentes necessiddes ds mulheres e homens idosos, ssim como outrs especificiddes dess populção. Envelhecimento d populção, qulidde de vid, súde do idoso. 1 Trblho bsedo n dissertção Estimtivs de expecttiv de vid livre de e com incpcidde funcionl: um plicção do método de Sullivn pr idosos pulistnos, 2000, presentd o Progrm de Mestrdo em Demogrfi do Centro de Desenvolvimento e Plnejmento Regionl (CEDEPLAR) d Universidde Federl de Mins Geris (UFMG). 2 UFMG, CEDEPLAR, Deprtmento de Demogrfi. Envir correspondênci pr Mirel Cstro Sntos Cmrgos no seguinte endereço: Ru São Jorge 125/401, Birro Crlos Prtes, CEP 30710-110, Belo Horizonte, MG, Brsil. Telefone: +55-31- 3272-08; fx: +55-31-3201-3657; e-mil: mirel@ cedeplr.ufmg.br A quntidde de nos vividos com e sem súde e os tipos de problems experimentdos pelos idosos exercem um ppel fundmentl no uso dos serviços de súde (1). Atulmente, qundo se pens em indivíduos ido- Rev Pnm Slud Public/Pn Am J Public Helth 17(5/6), 2005 379

Investigción originl Cmrgos et l. Expecttiv de vid com incpcidde funcionl em idosos em São Pulo, Brsil sos, s principis preocupções dizem respeito quem cuidrá dess populção crescente e como serão vividos os nos gnhos com o umento d expecttiv de vid. Ess reflexão exige informções sobre os indicdores de súde dess populção. A noção de expecttiv de vid sudável, propost n décd de 19 (2) e desenvolvid nos nos 1970 (3), refere-se o número médio de nos de vid que s pessos de determind idde podem esperr viver com súde, desde que se mntenhm s txs de morbidde e mortlidde (4). A expecttiv de vid sudável pode ser mensurd pelos métodos de Sullivn, d tábu de vid de duplo decremento e d tábu de vid multiestdo (5, 6). Esses dois últimos métodos exigem ddos longitudinis de incidênci, rrmente disponíveis, especilmente no cso de píses em desenvolvimento. Assim, o método de Sullivn é o mis utilizdo, pois us ddos correntes de prevlênci de determindo estdo de súde (1, 5 8). A expecttiv de vid sudável clculd pelo método de Sullivn reflete súde corrente de um populção rel justd pelos níveis de mortlidde e independe d estrutur etári d populção (3). Pr clculá-l, é necessário conhecer s proporções de pessos sudáveis e não-sudáveis (que podem ser obtids por meio de estudos trnsversis) em cd idde ou em determindo grupo etário, ssim como mortlidde em determindo período. Como os ddos são derivdos de um tábu de vid de período, podem existir erros ssocidos às estimtivs. Entretnto, experiênci mostr que o método de Sullivn é vntjoso por su simplicidde, precisão reltiv e fcilidde de interpretção (7). Além disso, desde que não ocorrm grndes mudnçs ns txs de prevlênci e de mortlidde o longo do tempo, s estimtivs encontrds são bstnte semelhntes às obtids por meio de ddos longitudinis (8). A expecttiv de vid sudável pode ser definid de váris forms. A noção de vid sudável pode levr em cont, por exemplo, o bem-estr físico, mentl ou socil; s conseqüêncis de doençs; incpcidde funcionl; e o envelhecimento bem-sucedido (5). N prátic, expecttiv de vid sudável é comumente estimd por meio d mensurção d expecttiv de vid livre de incpcidde funcionl (9), ou sej, livre de dificuldde em executr tividdes d vid diári. A expecttiv de vid livre de incpcidde funcionl fornece informções não pens sobre prevlênci de incpcidde funcionl, ms tmbém sobre durção potencil d incpcidde e o tempo pelo qul populção vi precisr de cuiddos pessois (10). Dess form, contribui pr o levntmento ds necessiddes d populção idos e fornece ddos vliosos pr locção dequd de recursos humnos e finnceiros e pr o plnejmento de polítics públics cujo foco sej o umento do número de nos vividos com súde pel populção idos. Assim, o objetivo do presente estudo foi determinr, pr indivíduos com nos ou mis no no de 2000, no Município de São Pulo, por sexo e idde, expecttiv de vid livre de e com incpcidde funcionl e, neste último cso, mensurr os nos serem vividos com e sem dependênci. MATERIAIS E MÉTODOS As estimtivs de expecttiv de vid livre de incpcidde funcionl, expecttiv de vid com incpcidde funcionl, expecttiv de vid com incpcidde funcionl e sem dependênci e expecttiv de vid com incpcidde funcionl e dependênci pr os homens e s mulheres idoss ( nos ou mis) do Município de São Pulo form gerds prtir d construção de um tbel de sobrevivênci (tábu de vid), conforme o método descrito por Sullivn (3). O número de nos vividos dentro de cd grupo de idde n tábu de vid é distribuído segundo s prevlêncis de incpcidde funcionl e dependênci em cd grupo etário. Prtindo do pressuposto de que s txs específics de mortlidde ( n M x ) no período se plicm à coorte, form empregds s n M x correntes n populção do Município de São Pulo em 2000, clculds prtir de ddos sobre populção no meio do período e dos óbitos ocorridos nquele no. A populção idos estimd pr o meio do no de 2000 foi obtid prtir dos censos demográficos de 1991 (11) e 2000 (12), e s informções sobre óbitos n populção idos provierm d Fundção Sistem Estdul de Análise de Ddos (SEADE) (13). Form considerds s médis dos óbitos registrdos no triênio 1999/2000/2001, por sexo e fix etári. As txs de prevlênci de incpcidde funcionl e dependênci form estimds prtir dos ddos sobre s tividdes de vid diári do Projeto Súde, Bem-Estr e Envelhecimento n Améric Ltin e Cribe (SABE) (14), que coletou informções de idosos de sete píses d Améric Ltin e do Cribe: Argentin, Brbdos, Brsil, Chile, Cub, México e Urugui. O Brsil foi representdo pelo Município de São Pulo, onde form relizds entrevists com 2 143 idosos entre jneiro de 2000 e mrço de 2001, por meio de pesquis domicilir, não incluindo idosos institucionlizdos (15). As tividdes de vid diári contemplds no questionário do SABE e empregds n presente nálise são: vestir-se, comer, tomr bnho, ir o bnheiro, deitr-se e levntr d cm e trvessr um cômodo d cs. O idoso deveri responder se presentv lgum dificuldde pr relizr cd um desss tividdes, com s seguintes opções de respost: sim, não, não sbe ou não respondeu. Nos csos em que respost foi sim, investigouse se o idoso er juddo por lguém pr desempenhr quel tividde, sendo s opções de respost iguis às citds nteriormente. Durnte entrevist, o idoso foi orientdo desconsiderr problems com durção inferior 3 meses, ou sej, form considerds pens s situções crônics. A incpcidde funcionl foi definid como dificuldde em relizr um ou mis tividdes de vid diári. A dependênci foi definid como necessidde de uxílio pr relizr pelo menos um tividde. Os indivíduos 3 Rev Pnm Slud Public/Pn Am J Public Helth 17(5/6), 2005

Cmrgos et l. Expecttiv de vid com incpcidde funcionl em idosos em São Pulo, Brsil Investigción originl form clssificdos em: livres de incpcidde funcionl, com incpcidde funcionl, com incpcidde funcionl e sem dependênci e com incpcidde funcionl e dependênci. As informções form processds no progrm Sttisticl Pckge for the Socil Sciences (SPSS), versão 10.0. Form utilizdos os pesos existentes n própri bse de ddos do SABE, pr que os ddos refletissem relidde d populção do Município de São Pulo em termos quntittivos. Colocou-se como critério de exclusão d mostr presenç d respost não sbe ou não respondeu pr tods s tividdes de vid diári vlids. Apens um sujeito foi excluído, ou sej, mostr considerd neste estudo foi de 2 142 idosos. Os três indivíduos que presentrm esse tipo de respost em menos de seis itens, ms que reltrm ter dificuldde ou dependênci em pelo menos um tividde, form mntidos n mostr, sendo clssificdos nos grupos com incpcidde funcionl ou dependênci. RESULTADOS TABELA 1. Expecttiv de vid estimd pr iddes exts prtir dos nos segundo incpcidde funcionl e dependênci, São Pulo (SP), Brsil, 2000 Expecttiv de vid com Sexo Expecttiv Expecttiv de vid incpcidde funcionl (nos) e idde de vid totl livre de incpcidde Sem Com (nos) (nos) funcionl (nos) Totl dependênci dependênci Homens 17,6 14,6 3,0 1,4 1,6 65 14,5 11,7 2,8 1,3 1,6 70 11,7 9,0 2,7 1,3 1,5 75 9,3 6,7 2,6 1,2 1,3 7,2 4,9 2,3 0,9 1,4 85 5,8 3,5 2,3 0,8 1,5 Mulheres 22,2 16,4 5,8 3,4 2,5 65 18,4 13,2 5,2 2,8 2,4 70 14,9 10,0 4,9 2,4 2,5 75 11,6 7,2 4,5 2,0 2,4 8,9 4,8 4,0 1,5 2,5 85 6,8 2,9 3,9 1,3 2,7 Fonte dos ddos básicos pr o cálculo ds expecttivs: Instituto Brsileiro de Geogrfi e Esttístic (IBGE) (11, 12), Fundção Sistem Estdul de Análise de Ddos (SEADE) (13) e Projeto Súde, Bem-Estr e Envelhecimento n Améric Ltin e Cribe (SABE) (14). Incpcidde funcionl: dificuldde de relizr um ou mis tividdes de vid diári (vestir-se, comer, tomr bnho, ir o bnheiro, deitr-se e levntr d cm e trvessr um cômodo d cs). Dependênci: necessidde de uxílio pr relizr pelo menos um tividde. FIGURA 1. Proporção de nos serem vividos livres de incpcidde funcionl, com incpcidde funcionl e sem dependênci e com incpcidde funcionl e dependênci em relção à expecttiv de vid totl pr homens de nos ou mis, Município de São Pulo (SP), Brsil, 2000 Iddes exts (nos) 85 75 70 65 0 20 40 100 Expecttiv de vid livre de incpcidde funcionl Expecttiv de vid com incpcidde funcionl e sem dependênci Expecttiv de vid com incpcidde funcionl e dependênci Fonte dos ddos básicos pr o cálculo ds expecttivs: Instituto Brsileiro de Geogrfi e Esttístic (IBGE) (11, 12), Fundção Sistem Estdul de Análise de Ddos (SEADE) (13) e Projeto Súde, Bem-Estr e Envelhecimento n Améric Ltin e Cribe (SABE) (14). Incpcidde funcionl: dificuldde de relizr um ou mis tividdes de vid diári (vestir-se, comer, tomr bnho, ir o bnheiro, deitr-se e levntr d cm e trvessr um cômodo d cs). Dependênci: necessidde de uxílio pr relizr pelo menos um tividde. As estimtivs de expecttiv de vid indicrm que, em 2000, s mulheres idoss pulistns podim esperr viver mis do que os homens (tbel 1). A diferenç entre os sexos em relção o número de nos serem vividos (cerc de 5 nos os nos) diminuiu à medid que vnçou idde, chegndo cerc de 1 no no último grupo nlisdo. As figurs 1 e 2 permitem visulizr, dentro do totl de nos serem vividos prtir de cd idde ext, proporção de nos livres de incpcidde funcionl, com incpcidde funcionl e sem dependênci e com incpcidde funcionl e dependênci pr homens e mulheres, respectivmente. Pode-se verificr que distribuição proporcionl é diferente entre os sexos. Entretnto, mbos presentm um crcterístic comum: à medid que ument idde, porcentgem de nos serem vividos livres de incpcidde funcionl diminui, o psso que os nos com incpcidde funcionl e dependênci umentm. Esse comportmento é esperdo, um vez que s estimtivs presentds se bseim ns txs de prevlênci de incpcidde funcionl e dependênci, que crescem com o vnçr d idde. A figur 3, por su vez, permite visulizr redução n proporção de Rev Pnm Slud Public/Pn Am J Public Helth 17(5/6), 2005 381

Investigción originl Cmrgos et l. Expecttiv de vid com incpcidde funcionl em idosos em São Pulo, Brsil nos serem vividos livres de incpcidde funcionl à medid que idde ument. Qunto os nos com incpcidde funcionl, observ-se um FIGURA 2. Proporção de nos serem vividos livres de incpcidde funcionl, com incpcidde funcionl e sem dependênci e com incpcidde funcionl e dependênci em relção à expecttiv de vid totl pr mulheres com nos ou mis, Município de São Pulo (SP), Brsil, 2000 Iddes exts (nos) 70 0 20 40 100 Expecttiv de vid livre de incpcidde funcionl Expecttiv de vid com incpcidde funcionl e sem dependênci Expecttiv de vid com incpcidde funcionl e dependênci Fonte dos ddos básicos pr o cálculo ds expecttivs: Instituto Brsileiro de Geogrfi e Esttístic (IBGE) (11, 12), Fundção Sistem Estdul de Análise de Ddos (SEADE) (13) e Projeto Súde, Bem-Estr e Envelhecimento n Améric Ltin e Cribe (SABE) (14). Incpcidde funcionl: dificuldde de relizr um ou mis tividdes de vid diári (vestir-se, comer, tomr bnho, ir o bnheiro, deitr-se e levntr d cm e trvessr um cômodo d cs). Dependênci: necessidde de uxílio pr relizr pelo menos um tividde. FIGURA 3. Proporção de expecttiv de vid livre de incpcidde funcionl e de expecttiv de vid com incpcidde funcionl em relção à expecttiv de vid totl por sexo e iddes exts, Município de São Pulo (SP), Brsil, 2000 100 40 20 0 65 70 75 85 Iddes exts (nos) Expecttiv de vid livre de incpcidde funcionl (homens) Expecttiv de vid com incpcidde funcionl (homens) Expecttiv de vid livre de incpcidde funcionl (mulheres) Expecttiv de vid com incpcidde funcionl (mulheres) Fonte dos ddos básicos pr o cálculo ds expecttivs: Instituto Brsileiro de Geogrfi e Esttístic (IBGE) (11, 12), Fundção Sistem Estdul de Análise de Ddos (SEADE) (13) e Projeto Súde, Bem-Estr e Envelhecimento n Améric Ltin e Cribe (SABE) (14). Incpcidde funcionl: dificuldde de relizr um ou mis tividdes de vid diári (vestir-se, comer, tomr bnho, ir o bnheiro, deitr-se e levntr d cm e trvessr um cômodo d cs). comportmento inverso, ou sej, um crescimento com o vnçr d idde. Pr mbos os sexos, proporção de nos serem vividos com incpcidde funcionl é sempre menor do que proporção de nos serem vividos sem ess condição, exceto pr s mulheres de 85 nos. No que se refere diferençs entre os sexos, pode-se observr que, em tods s iddes nlisds, os homens presentm um mior proporção de nos livres de incpcidde funcionl se comprdos às mulheres. Not-se que s diferençs proporcionis entre os sexos em relção os nos serem vividos sem incpcidde umentm qunto mis vnçd idde. Aos 85 nos, por exemplo, s mulheres podem esperr viver mis d metde dos nos que lhes restm com incpcidde funcionl, o psso que, pr os homens, ess condição tinge pens cerc de 40 dos nos serem vividos. Assim, embor s mulheres tenhm vntgem em quntidde de nos serem vividos, qulidde dos nos remnescentes fic comprometid pel dificuldde em desempenhr s tividdes de vid diári. Qunto os nos serem vividos com incpcidde funcionl, observse que nem sempre os idosos vão necessitr de jud. Em relção o totl de nos serem vividos, ssim como ocorre com expecttiv de vid com incpcidde funcionl pr mbos os sexos, proporcionlmente, expecttiv de vid com incpcidde funcionl e sem dependênci tende umentr com idde, com pequens oscilções (figur 4). Entretnto, qundo são considerdos pens os nos com incpcidde funcionl (figur 5), em termos reltivos, expecttiv de vid com incpcidde funcionl e sem dependênci tende diminuir, comportmento mis evidente entre s mulheres. Assim, existe, por um ldo, um tendênci de umento n proporção de nos vividos com incpcidde funcionl e, por outro, dentro desses nos, um tendênci à redução d independênci. Entre os homens idosos, o número de nos serem vividos com incpcidde funcionl e dependênci é menor em relção às mulheres. Pr mbos os sexos, os nos de vid remnescentes vão diminuindo com o umento d idde, enqunto que expecttiv de 382 Rev Pnm Slud Public/Pn Am J Public Helth 17(5/6), 2005

Cmrgos et l. Expecttiv de vid com incpcidde funcionl em idosos em São Pulo, Brsil Investigción originl vid com incpcidde funcionl e dependênci prticmente se mntém, com vlores próximos em tods s iddes nlisds (tbel 1). Assim, do totl de nos remnescentes em cd idde, em cerc de 1,5 e 2,5 nos os homens e s mulheres, respectivmente, terão dificuldde pr relizr s tividdes de vid diári e dependerão d jud de outrs pessos. Em termos bsolutos, os vlores d expecttiv de vid com incpcidde funcionl pr s diverss iddes exts e pr mbos os sexos tmbém não sofrem grndes vrições, diferentemente d expecttiv de vid livre de incpcidde funcionl. Esse tipo de comportmento lev crer que expecttiv de vid com incpcidde funcionl e expecttiv de vid com incpcidde funcionl e dependênci não sofrem grndes vrições com o vnçr d idde. Se, em termos bsolutos, s vrições são pequens, em termos reltivos proporção tribuíd os nos gstos com incpcidde funcionl e dependênci vi, logicmente, umentndo com o vnçr d idde, sendo mior entre s mulheres em tods s iddes nlisds (figur 4). A diferenç entre os sexos, que se mnteve em torno de 1 no, tmbém tende crescer com o umento d idde qundo nlisd em vlores proporcionis, chegndo 12 os 85 nos e mis, contr pens 2 os nos. Considerndo pens os nos serem vividos com incpcidde funcionl (figur 5), com exceção ds dus primeirs iddes nlisds pr s mulheres, esses serão vividos, em su mior prte, n dependênci d jud de outrs pessos. FIGURA 4. Proporção de nos serem vividos com incpcidde funcionl e sem dependênci e com incpcidde funcionl e dependênci em relção à expecttiv de vid totl por sexo e iddes exts, Município de São Pulo (SP), Brsil, 2000 100 40 20 0 65 70 75 85 Iddes exts (nos) Expecttiv de vid com incpcidde funcionl e sem dependênci (homens) Expecttiv de vid com incpcidde funcionl e dependênci (homens) Expecttiv de vid com incpcidde funcionl e sem dependênci (mulheres) Expecttiv de vid com incpcidde funcionl e dependênci (mulheres) Fonte dos ddos básicos pr o cálculo ds expecttivs: Instituto Brsileiro de Geogrfi e Esttístic (IBGE) (11, 12), Fundção Sistem Estdul de Análise de Ddos (SEADE) (13) e Projeto Súde, Bem-Estr e Envelhecimento n Améric Ltin e Cribe (SABE) (14). Incpcidde funcionl: dificuldde de relizr um ou mis tividdes de vid diári (vestir-se, comer, tomr bnho, ir o bnheiro, deitr-se e levntr d cm e trvessr um cômodo d cs). Dependênci: necessidde de uxílio pr relizr pelo menos um tividde. FIGURA 5. Proporção de nos serem vividos com incpcidde funcionl, decompostos de cordo com presenç ou usênci de dependênci, por sexo e iddes exts, Município de São Pulo (SP), Brsil, 2000 100 40 20 DISCUSSÃO 0 65 70 75 85 Iddes exts (nos) O presente estudo procurou estimr, pr os idosos pulistnos, como serão vividos os nos remnescentes em relção à incpcidde funcionl e à dependênci. Utilizndo os ddos de mortlidde d populção do Município de São Pulo, ssocidos com s txs de prevlênci de incpcidde funcionl e dependênci, form construíds tábus de vid que permitirm esti- Expecttiv de vid com incpcidde funcionl e sem dependênci (homens) Expecttiv de vid com incpcidde funcionl e dependênci (homens) Expecttiv de vid com incpcidde funcionl e sem dependênci (mulheres) Expecttiv de vid com incpcidde funcionl e dependênci (mulheres) Fonte dos ddos básicos pr o cálculo ds expecttivs: Instituto Brsileiro de Geogrfi e Esttístic (IBGE) (11, 12), Fundção Sistem Estdul de Análise de Ddos (SEADE) (13) e Projeto Súde, Bem-Estr e Envelhecimento n Améric Ltin e Cribe (SABE) (14). Incpcidde funcionl: dificuldde de relizr um ou mis tividdes de vid diári (vestir-se, comer, tomr bnho, ir o bnheiro, deitr-se e levntr d cm e trvessr um cômodo d cs). Dependênci: necessidde de uxílio pr relizr pelo menos um tividde. Rev Pnm Slud Public/Pn Am J Public Helth 17(5/6), 2005 383

Investigción originl Cmrgos et l. Expecttiv de vid com incpcidde funcionl em idosos em São Pulo, Brsil mr, pr o no de 2000, expecttiv de vid livre de incpcidde funcionl, expecttiv de vid com incpcidde funcionl, expecttiv de vid com incpcidde funcionl e sem dependênci e expecttiv de vid com incpcidde funcionl e dependênci. As estimtivs feits neste trblho são bseds em ddos de prevlênci de incpcidde funcionl e dependênci e txs de mortlidde d populção em 2000, prtindo dos pressupostos de que esss se mnterão constntes o longo do tempo e de que mortlidde entre pessos com e sem incpcidde funcionl e dependênci é semelhnte, o que não necessrimente ocorre. Sbe-se que novos investimentos em cuiddos e vnços tecnológicos podem permitir, por exemplo, um qued ns txs de prevlênci (por meio do umento ds txs de cur ou d redução d incpcidde) e ns txs de mortlidde, possibilitndo que populção não pens viv mis, como tmbém viv com mis qulidde, com um número mior de nos sem incpcidde funcionl e dependênci. Além disso, o método não permite vlir trnsições de um condição de súde pr outr, como por exemplo, o retorno de um indivíduo incpcitdo funcionlmente e dependente pr melhores condições de funcionlidde, o que só é nlisdo no modelo multiestdo, com o uso de ddos longitudinis de incidênci. No entnto, cso não existm lterções repentins ns txs de prevlênci e ns txs de mortlidde, credit-se que s estimtivs qui presentds sejm um reflexo d populção idos pulistn em 2000, e que possm servir de suporte no plnejmento de polítics de súde e sociis pr ess populção. Um ds limitções do presente estudo é não-inclusão de idosos institucionlizdos no cálculo ds txs de prevlênci de incpcidde funcionl e dependênci, um vez que s entrevists do Projeto SABE form relizds pens com idosos d comunidde. Sbe-se que, entre os institucionlizdos, são comuns dependênci, s limitções e flt de utonomi (16). Entretnto, como provvelmente os institucionlizdos representem pens um pequen proporção dos idosos, credit-se que, mesmo se eles fossem incluídos n mostr, s txs de prevlênci não sofrerim lterções ponto de comprometer os resultdos reltdos. A mortlidde diferencil por sexo tem sido pontd como o principl ftor explictivo d diferenç em relção o número de nos serem vividos por homens e mulheres prtir de um cert idde (17). As estimtivs dos nos serem vividos indicrm que s mulheres presentm mior expecttiv de vid do que os homens, ms pssm um mior proporção de nos com incpcidde funcionl e, qundo se encontrm ness condição, vivem um período proporcionlmente mior com dependênci. Aind que vntgem feminin no que tnge à espernç de vid em cd idde tenh sido consistentemente verificd em diversos estudos sobre populção idos (18, 19), mior frgilidde ds mulheres mis idoss no que se refere à incpcidde funcionl e dependênci prece ser o resultdo mis relevnte deste trblho, e vem dicionr os estudos recentes que encontrrm resultdos semelhntes (10, 20, 21). Nesse sentido, desvntgem feminin poderi ser tribuíd à diferenç de oportunidde que os homens e s mulheres tiverm o longo d vid no que diz respeito às condições econômics, sociis e culturis (22, 23). Não obstnte, esse rgumento deve ser considerdo com reservs, um vez que implicri um espernç de vid mior pr os homens, cd idde, o longo de quse todo o ciclo de vid, o que não contece ns populções humns. O que prece rzoável, portnto, é que s txs de mortlidde mis elevds dos homens em iddes mis jovens poderim permitir que, n velhice, composição do grupo etário msculino fosse mis fvorável do que do feminino, devido um mecnismo de seleção (24). Isso resultri em um grupo heterogêneo, com um número mior de idoss frgilizds e suscetíveis do que de idosos. Resultdos como os do presente estudo reforçm importânci de se considerr s diferençs entre os sexos em relção à demnd por cuiddo. Cbe observr, no entnto, que, em termos bsolutos, longevidde ds mulheres é um vntgem, pois pode permitir que els tenhm mis tempo pr se prevenir contr possíveis incpciddes funcionis, postergndo o máximo o período de dependênci e tenundo su intensidde. Se s polítics sociis e de súde conseguirem promover cpcidde funcionl d populção idos e construir um sistem dequdo de suporte, umentrá enormemente chnce de um velhice sudável (25). O desenvolvimento de progrms n époc em que incpcidde funcionl ind não se instlou pode permitir que pesso envelheç de form mis sudável, o que irá se refletir diretmente em su condição de súde futur. Ao mesmo tempo, n fse em que s perds funcionis estão presentes, ms o indivíduo se mntém independente, s polítics voltds o trtmento desses idosos podem fvorecer s melhors n cpcidde funcionl e prevenir dependênci, por meio, por exemplo, d fcilitção de desempenho ds tividdes, do replnejmento mbientl, d potencilizção ds tividdes remnescentes e d melhor ns condições musculoesquelétics. Já no período em que dependênci se lojou, s polítics oficiis de poio o idoso e à su fmíli podem permitir que se retrde institucionlizção, grntindo permnênci do idoso em su cs e comunidde. É importnte ressltr, ind, que os problems de súde enfrentdos pelos idosos são o resultdo de um cúmulo de experiêncis pssds, dos cuiddos com súde, ds condições de mordi, educção, limentção e higiene, d prátic de tividde físic, ds oportuniddes perdids ou proveitds. Assim, preocupr-se com súde do idoso de mnhã signific investir n súde de tods s iddes. Além disso, é necessário investir nqueles que irão prestr cuiddos o idoso, sejm eles fmilires ou profissionis de súde. A fmíli, que trdicionlmente tem oferecido poio funcionl, mteril e fetivo os idosos, 384 Rev Pnm Slud Public/Pn Am J Public Helth 17(5/6), 2005

Cmrgos et l. Expecttiv de vid com incpcidde funcionl em idosos em São Pulo, Brsil Investigción originl deve ser foco de tenção por prte dos governntes. Adicionlmente, em relção o profissionl de súde, é fundmentl o investimento no seu treinmento, pr que sejm observds tods s peculiriddes que o cuiddo o idoso demnd, grntindo trtmento efetivo, com menores custos e mior qulidde. Tmbém é essencil o desenvolvimento contínuo de pesquiss e de técnics de trtmento direcionds à populção idos. Como bse pr tis inicitivs, projetos como o SABE são importntes pr revelr s demnds reis d populção idos e devem ser relizdos com mostrs representtivs de outrs regiões do Brsil. Os resultdos descritos qui se plicm pens à populção do Município de São Pulo e não podem ser extrpoldos pr o restnte do pís; contudo, podem servir de referênci em termos de polítics públics, respeitndo-se s especificiddes de cd região. Aind sobre o SABE, cbe lembrr que bse de ddos permite obter s prevlêncis de incpcidde funcionl e dependênci pr outros seis municípios d Améric Ltin e do Cribe, lém de São Pulo. Assim, outros estudos, seguindo mesm metodologi descrit qui, poderim comprr os diferentes municípios. Adicionlmente, estudos futuros poderim enfocr s estimtivs de expecttiv de vid com e sem incpcidde funcionl e dependênci em relção spectos como escolridde, nível socioeconômico e rç. Esse tipo de informção é essencil pr estimr necessidde de serviços de poio os idosos dependentes e, o mesmo tempo, produzir esforços pr prevenir dependênci nos csos em que incpcidde funcionl já está instld. Agrdecimentos. Este trblho foi relizdo com o poio d Fundção de Ampro à Pesquis do Estdo de Mins Geris. REFERÊNCIAS 1. Portrit F, Mrten L, Degg D. Life expectncies in specific helth sttes: results from joint model of helth sttus nd mortlity of older persons. Demogrphy. 2001;38(4): 525 36. 2. Snders BS. Mesuring community helth levels. Am J Public Helth. 1964;54(7): 1063 70. 3. Sullivn DF. A single index of mortlity nd morbidity. HSMHA Helth Rep. 1971;86(4): 347 54. 4. Bone MR. Interntionl efforts to mesure helth expectncy. J Epidemiol Community Helth. 1992;46(6):555 8. 5. Robine JM, Romieu I, Cmbois E. Helth expectncy indictors. Bull World Helth Orgn. 1999;77(2):181 5. 6. Mnton KG, Lnd KC. Active life expectncy estimtes for U.S. elderly popultion: multidimensionl continuous-mixture model of functionl chnge pplied to completed cohorts. Demogrphy. 2000;37(3):253 65. 7. Jgger C. Helth expectncy clcultion by the Sullivn method: prcticl guide. Mdison: Nihon University Popultion Reserch Institute; 1999. (NUPRI Reserch Pper 68). 8. Mthers CD, Robine JM. How good is Sullivn s method for monitoring chnges in popultion helth expectncies? J Epidemiol Community Helth. 1997;51(1): 6. 9. Bone MR, Bebbington AC, Nicols G. Policy pplictions of helth expectncy. J Aging Helth. 1998;10(2):136 53. 10. Agree EM. The influence of personl cre nd ssistive devices on the mesurement of disbility. Soc Sci Med. 1999;48(4):427 43. 11. Instituto Brsileiro de Geogrfi e Esttístic. Censo demográfico: 1991. Rio de Jneiro: IBGE; 1991. 12. Instituto Brsileiro de Geogrfi e Esttístic. Censo demográfico: 2000. Rio de Jneiro: IBGE; 2001. 13. Fundção Sistem Estdul de Análise de Ddos. Óbitos ocorridos no município de São Pulo, 1999, 2000 e 2001. São Pulo: Fundção SEADE. 14. Peláez M, Plloni A, Albl C, Alfonso JC, Hm-Chnde R, Hennis A, et l. Survey on ging, helth nd well-being, 2000. Wshington, D.C.: Pn Americn Helth Orgniztion, World Helth Orgniztion; 2003. 15. Lebrão ML, Durte YAO. O projeto SABE no Brsil: um bordgem inicil. Brsíli: Orgnizção Pn-Americn d Súde; 2003. 16. Cerqueir MBR. Envelhecimento populcionl e populção institucionlizd: um estudo de cso dos silos do município de Montes Clros [dissertção de mestrdo]. Belo Horizonte: Universidde Federl de Mins Geris; 2003. 17. Berquo E. Algums considerções demográfics sobre o envelhecimento d populção no Brsil. Em: Anis do I Seminário interncionl sobre envelhecimento populcionl: um gend pr o fim do século. Brsíli: Ministério d Previdênci Socil, Secretri d Assistênci Socil; 1996. Pp. 16 34. 18. Gurlnik JM, Blfour JL, Volpto S. The rtio of older women to men: historicl perspectives nd cross-ntionl comprisons. Aging (Milno). 2000;12(2):65 76. 19. Trovto F, Llu NM. Nrrowing sex differentils in life expectncy in the industrilized world: erly 1970 s to erly 1990 s. Soc Biol. 1996;43(1 2):20 37. 20. Instituto Brsileiro de Geogrfi e Esttístic. Censo demográfico 2000: crcterístics geris d populção, resultdos d mostr. Rio de Jneiro: IBGE; 2003. 21. Bptist DBDA. Idosos no município de São Pulo: expecttiv de vid tiv e perfis multidimensionis de incpcidde prtir d SABE [dissertção de mestrdo]. Belo Horizonte: Universidde Federl de Mins Geris; 2003. 22. Goldni AM. Mulheres e envelhecimento: desfios pr novos contrtos intergercionis e de gênero. Em: Cmrno AA, org. Muito lém dos : os novos idosos brsileiros. Rio de Jneiro: Instituto de Pesquis Econômic Aplicd; 1999. Pp. 75 113. 23. Brreto SM, Gitti L, Ucho E, Lim-Cost MF. Gênero e desigulddes em súde entre idosos brsileiros. Em: Anis d Oficin de trblho sobre desigulddes sociis e de gênero em súde de idosos no Brsil. Ouro Preto: Núcleo de Estudos em Súde Públic e Envelhecimento, Centro de Pesquiss René Rchou d Fundção Oswldo Cruz, Fculdde de Medicin d Universidde Federl de Mins Geris; 2002. Pp. 59 69. 24. Perls T, Kunkel LM, Puc AA. The genetics of exceptionl humn longevity. J Mol Neurosci. 2002;19(1 2):233 8. 25. Pschol SMP. Autonomi e independênci. Em: Ppleo-Netto M, org. Gerontologi: velhice e o envelhecimento em visão globlizd. São Pulo: Atheneu; 2002. Pp. 311 23. Mnuscrito recebido em 29 de junho de 2004. Aceito em versão revisd em 28 de setembro de 2004. Rev Pnm Slud Public/Pn Am J Public Helth 17(5/6), 2005 385

Investigción originl Cmrgos et l. Expecttiv de vid com incpcidde funcionl em idosos em São Pulo, Brsil ABSTRACT Life expectncy with functionl disbility in elderly persons in São Pulo, Brzil Keywords Objective. For persons yers of ge or older living in the city of São Pulo, Brzil, in the yer 2000 to estimte four chrcteristics: (1) life expectncy free of functionl disbility, (2) life expectncy with functionl disbility, (3) life expectncy with functionl disbility but without dependence, nd (4) life expectncy with functionl disbility nd dependence. Methods. The estimtes of the four chrcteristics were clculted by mens of life tble constructed bsed on the method proposed by Sullivn. The bsic dt used for the clcultions were the elderly popultion estimted for the city of São Pulo s of mid-2000, obtined from the demogrphic censuses of 1991 nd 2000, nd deths in the elderly popultion, obtined from the Stte Dt Anlysis System Foundtion (Fundção Sistem Estdul de Análise de Ddos, or SEADE) of the stte of São Pulo. The prevlences of functionl disbility nd of functionl dependence were clculted bsed on dt concerning ctivities of dily living collected in the city of São Pulo s prt of project clled Helth, Well-being, nd Aging in Ltin Americ nd the Cribben (the SABE project ). The ctivities of dily living considered were: dressing, eting, bthing, using the bthroom, lying down on the bed nd getting up from it, nd wlking cross room. Functionl disbility ws defined s difficulty in performing one or more of the ctivities of dily living. Dependence ws defined s the need for help in performing t lest one of the ctivities of dily living. Results. In 2000, -yer-old men from the city of São Pulo could expect to live, on verge, 17.6 yers, of which 14.6 yers (83) would be free of functionl disbility. Women of the sme ge could expect to live 22.2 yers, of which 16.4 yers (74) would be free of functionl disbility. Men would hve functionl disbility nd be dependent on others for 1.6 yers (9), while the comprble period for women would be 2.5 yers (11). Conclusions. Despite their longer life expectncy, the women fced more yers with functionl disbility. The number of yers with functionl disbility nd dependence ws lso higher for the women. Public policies should tke into ccount the differing needs of elderly women nd of elderly men s well s other specific chrcteristics of this older popultion. Popultion dynmics, qulity of life, helth services for the ged. 386 Rev Pnm Slud Public/Pn Am J Public Helth 17(5/6), 2005