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PN 7292.06-5; Ap: TC Bragança 1º) Ap.e: Apª: Em Conferência, no tribunal da relação do Porto I. INTRODUÇÃO: (1) A recorrente n ão se conformou com a improcedência do pedido de alimentos na acção que interpôs contra o R. por falecimento do companheiro, que não deixou herança bastante para os suportar. (2) Da sentença recorrida: (a) A matéria assente não permite concluir pela qualidade de beneficiário de qualquer instituição da Segurança Social do falecido, nem pela necessidade de alimentos por parte da A. (b) Assim resta concluir que a A. não pode ser reconhecida na qualidade de titular do direito às prestações sociais por morte de [com que viveu em união de facto e que não deixou herança]. II. MATÉRIA ASSE NTE: (a) Em 01.12.30, 09h:00, faleceu, natural de Viana de Castelo (Monserrate, no estado de solteiro, com a última residência na terra da naturalidade). 1 Adv: Dr 2 Adv: Dr 1

(b) Durante quatro ou cinco anos e até a 01.12. 30, a A. viveu com o referido, dormindo e fazendo as refeições juntos, sempr e agindo como se de marido e mulher se tratassem. (c) O referido, enquanto viveu, trabalhou como montador de andaimes. (d) A A. e viviam do salário deste, sendo ele quem proporcionava o sustento do agregado fami r. (e) A a. não possui bens. (f) Do relacionamento en tre a A. e o referido nascer am Noémia e Eva Gisela, respectivamente em 98.09.10 e 00.02.29: a A. tem ainda outra filha, Eriça Esmeralda, nascida em 01.12.22. (g) Os filhos da A. carecem eles próprios que lhes sejam prestado alimentos. (h) A mãe da A. é reformada, vivendo de uma contenção mensal de 238. (i) A A. não tem fami res que possam prestar-lhe alimentos. (j) não deix ou quaisquer bens ou rendimentos. III. JUST IFICAÇÃO DO JULGAMENTO DA MATÉRIA DE FACTO: (a) Tiveram resposta negativa: Q7.A A. vive actualmen te apenas de uma bolsa de formação no montante de 282, 80? Q8: Tal rendimento não é suficiente para prover à sua subsistência e do seu agregado. Q9: Tem a seu cargo três filhos menores, resultado da relação com o falecido. Q10: As filhas da A. vivem com ela, que lhes providencia, com os seus fracos recurso, alimentação, vestuário e acorre a outras necessidades. Q12: Do pai da A. há an os que desconhece o paradeiro. Q17: O falecido era o beneficiário da segurança social, nº (b) Deveram-se à não produção de p rova [por exemplo Q17] ou a prova não suficientemente esclarecedora ou contrária: (i) afirmou que a A. já não estava a frequentar qualquer curso, não receb endo qualquer quantia da bolsa de formação e estando desde há cerca de 7/8 meses sem 2

trabalho; (ii) afirmou que a A. não trabalhav a e que desconhecia de que rendimento vivia, mas acrescentou ter novo companheiro há cerca de seis meses, que é proprietário de uma oficina de automóveis, tendo passado a não recorrer à ajuda económica da famí, o que antes sucedia; disse ainda que o pai da A. vive em Lousada e que os filhos da A. não viviam com ela desde a Páscoa, por terem sido adoptados. IV. CLS/ALEGAÇÕES: (1) A A. logrou provar os requisitos exigidos por lei para beneficiar do direito às prestações por morte do companheiro. (2) Provou que o falecido beneficiário era solteiro e que viveu com ele em condições análogas às dos cônjuges mais de dois anos. (3) E todos os elementos fornecidos pela causa impunham decisão diversa, que só pode ser a da procedência do pedido, artº 712/1a.b CPC. (4) De qualquer modo, a sentença deve ser considerada nula, pois os fundamentos estão em oposição com a decisão, artº 168/1c CPC. (5) Deve, pois, ser revogada, vindo, obtendo, por fim, vencimento a oposição da recorrente. V. CONTRA-ALEGAÇÕE S: (1) Como é do conhecimento geral, confrontam-se duas corr entes na jurisprudência relativamente aos requisitos necessários para a prova do reconhecimento da qualidade de titular das prestações de segurança social: bastará apenas alegar e provar a existência da união de facto, há mais d e dois anos, fazendo tábua rasa do artº 2020 CC? Ou antes alegar e p rovar o facto positivo de que o falecido deixou herança e com bens insuficientes para o auxílio do companheiro sobrevivo. (2) A tese maioritária entende que é ao pretendente da pensão d e sobrevivência que cabe o ónus da prova, não só da união de facto, por tempo superior a dois anos, com o titular do direito à pensão de reforma, como ainda da carência 3

efectiva e da impossibilidade de obter alimentos de quem obrigado a essa prestação3 (3) E, de qualquer modo, da conjugação quer do artº 8º DL 320/90, 18.10, quer do DR 1/94, 18.01, quer do artº 6º da lei 135/99 e da lei 7/01, resulta sem dúvida que remetem para o artº 2020 CC. (4) Por conseguinte, afigura-se pacífico ao recorrido que os requisitos exigíveis para o reconhecimento de titular de prestações da segurança social são os que este preceito do CC fixa. (6) Enfim, o direito a prestações por morte do beneficiário, titulado na pessoa que com ele vivia em situação de união de facto, não depende apenas da prova dessa situação, exigindo-se prova de todos os r equisitos previstos na lei civil citada, nomeadamente, não poder a pessoa sobreviva obter alimentos do seu cônjuge, descendente, ascendentes ou irmãos, para além do requisito geral da carência ou necessidade desses alimentos4. (5) Então, de duas uma: ou se reconhece o direito a alimentos d a herança e se condena esta a prestá-los, dada a impossibilidade de as obter nos termos do artº 209 a.d CC, ou se recon hece a necessidade de alimentos, mas a impossibilidade ou insuficiência da herança para os satisfazer: quer num caso, quer no outro, o requerente está então habilitado à pensão de sobrevivência5. (6) Assim, importa concluir os pressupostos do reconhecimento da titularidade do direito à pensão de sobrevivência da parte do sobrevivente da união de facto, são factos constitutivos (positivos e negativos) do respectivo direito: o ónus da respectiva prova cabe a quem invoca a titularidade, artº 342/1 CC. (7) Por conseguinte, compete a quem invoca o direito da inexistência ou insuficiência de bens da herança, não obstante se configurar como um facto negativo, mas elemento constitutivo, em caso de união de facto juridicamente relevante, quer do direito a alimento s da her ança do falecido, quer do direito à pensão de sobrevivência. 3 Cit. Ac STJ 95.06.29, CJ III (1995), II/147. 4 Cit. Ac STJ, 99.02.09, CJ-STJ, VII (1999), t. I: o direito às prestações por morte do beneficiário da segurança social, por parte de quem vivia co m ele em união de facto, depende da verificação de todos os pressuposto do artº 2020 CC. 5 Cit. neste sentido Ac RE, 00.01.25, PN 1948/00. 4

(8) Em suma: cabia à A. a prova da necessidade de alimentos, da inexistência de bens da herança que determine que não os possa prestar e da impossibilidade de os obter dos fami res elencados no já citado artº 209 a e d CC6. (9) Por outro lado, a jurisprudência minoritária tem-se fundamentado na institucionalidade no artº 8º DL 322/90, com base no acórdão do TC apenas aplicável ao artº 40 do estatuto das pensões de sobrevivência da Caix a Geral de aposentações, que não deve ser transposto para o campo de aplicação do regime jurídico do reconhecimento de um direito à titularidade d as prestações por morte adstritas à segurança social. (10) É que o tribunal con stitucional nem sequer julgou contrária à Constituição a norma do dito artº 8º/1 DL 322/90, 18.10, na parte em que faz depender a atribuição da pensão de sobrevivência por morte do beneficiário da segurança social com quem ele conviva em união de facto de todos os requisitos previstos no artº 2020/1 CC, com argumentos que o STJ tem consagrado7. 6 A única tentativa para afastar este regime, onde se pretendia um reconhecimento d o direito apenas desde que houvesse união de facto há dois anos da data d a morte do beneficiário, constou do p rojecto de lei, 17/VIII/1 DAR II SRA, nº 5/VIII/1, 99.11.27, que nunca obteve condições políticas para aprovação. 7 Cit. Ac STJ, 05.06.01, PN 934/05-2: E em reforço da argumentação já expendida no acórdão 195/03, desta tese de não inconstitucionalidade da interpretação normativa em apreço, concluindo ao contrário do defendido n o acórdão nº 88/04 que dela não resulta qu alquer violação dos princípio s constitucionais, mormen te do princípio da proporcion alidade, lê-se no referid o e mais recente acórdão nº 159/05 o seguinte com efeito, o que está em causa no confronto de uma solução no rmativa com o princípio da proporcionalidade não é simplesmente a gravidade ou a dimensão das desvantagens ou inconvenientes que pode acarretar para os visados (como, po r exemplo, a n ecessidade da prova da carência de alimentos ou mesmo a exclusão total de certos direitos); o recorte de um regime jurídico como é o da destruição do vínculo matrimonial ou o dos seus efeitos sucessórios pela hipótese do casamento, deixando de fora situações que as partes não preten deram intencion almente submeter a ele, tem necessariamente como consequência a exclusão dos respectivos efeitos jurídicos podemos, assim, concluir que é con forme à constitu ição a interpretação normativa de q ue os requisitos exigíveis ao membro sobrevivo de uma união de facto para que possa aceder às prestações por morte do companheiro ( não casado, ou separado judicialmente de pesso as e bens), beneficiário de qualquer regime p úblico de segurança social, são cumulativamen te: (i) a prova da união de facto por mais de dois anos entre o so brevivo interessa do e o falecido beneficiário; (ii) a prova de que o sobrevivo interessado carece de a limento s e de que estes não podem ser prestados nem pela heran ça do falecido beneficiário, nem pelas pessoas a quem legalmente podem ser exigidos, Ac STJ 05.07.07, PN 1721/05-7 : Como o recorrente obtempera decidiu-se não julgar inconstitucional a norma do artº 8/1 DL 322/90, 18.10, na parte em que faz dep ender de todos os requisitos previstos no artº 202/1 CC a atribuição de pensão de sobrevivência por morte do beneficiário da segurança social a que com ele conviva em união de facto; quer isto dizer que não foi julgado inconstitucional, no âmbito na segurança social, o entendimento tradicional de que a atrib uição da qualidade de beneficiário d a pensã o de sobrevivência depende não apenas da verificação da união de facto, como também da impossibilidade da atribuição de alimentos, tanto d e quem legalmente é obrigado nos termos do artº 2009 CC, como da herança do companheiro falecido; DS TC, PN 21/06 (Mário Torres): decide-se não julgar inconstitucional a norma constante do artç 6/1 da lei da lei 7/01, 11.05, conjugada com o artº 3e, na parte em que, por remissão para o artº 2020/1 CC, no caso de uniões de facto previstas na referida lei torna necessário, para o reconhecimento do direito às prestações por morte de beneficiário da segurança socia l, a prova de que o membro da união de facto sobrevive não pode obter alimentos de qualquer um dos seus fami res no artº 2009/1 a -d CC. 5

(11) Ora bem! dos facto s assentes, não ficou provado que a A. necessitasse de alimentos. (12) Deve, por conseguinte, ser mantida a decisão recorrida. VI. RECURSO, julgado nos termos do artº 705 CPC: (1) Diz a sentença que não ficou provado ser o companheiro falecido beneficiário da segurança social e que, por outro lado, a A. não demonstrou a necessidade de alimentos. (2) Em primeiro lugar, a o abrigo do artº 712/1 CPC, altera-se a resposta a Q17, justamente o ponto da matéria debatida que dizia respeito à pertença ao sistema de segurança social do falecido para provado, pois a entidade oficial, contra quem foi proposta a acção e a quem estão cometidas as funções públicas respeitantes ao cadastro dos beneficiários das prestações de solidariedade laboral correspectivas, não negou e antes aceitou que se tratava,, de um beneficiário da Segurança Social. (3) Depois, não obstante todas as judiciosas considerações trazidas à discussão jurídica na resposta à motivação do recurso apresentada por CNP-ISSS, o certo é que a A., neste caso, fez prova especificada de todos os factos legais pertinentes ao êxito da pretensão. (3) Com efeito, e tal como a sentença de 1ª instância reconhece, não há dúvidas de que ficou demonstrada: (i) a convivência da interessada com o beneficiário em condições análogas às dos cônjuges no momento da morte deste e há mais de dois anos; (ii) ser o falecido não casado, ou separado judicialmente de pessoas e bens,(iii) esta r a A. impossibilitada de obter alimentos das pessoas indicadas no artº 2009 a-d CC;(iv) a inexistência ou insuficiência de bens da herança. (4) E quanto ao primeiro requisito negado na sentença recorrida, já se decidiu ao contrário, como acima consta; mas, no que diz respeito ao argumento de a recorrente não ter provado a necessidade de alimentos, não pode concordar-se com a 1ª instância, ao convocar as respostas negativas que ficaram extratadas em III (a), p orquanto, quaisquer respostas não provado não querem dizer o 6

contrário do quesito, mas, pura e simplesmente, que esses factos não provados não intervêm na consideração global da matéria assente. (5) Ora, seg undo essa mesma matéria assente, e que resultou das respostas provado, faz-se notar ter-se demonstrado que a A. e viviam do salário deste; que só ele proporcionava o sustento do agregado fami r e que a companheira não possuía, nem possui bens: é base suficiente para se estimar por presunção judicial a necessidade das prestaçõ es de solidariedade socia l que a lei estende às comp anheiras que provem justamente aquela carência de alimentos e todos os demais pontos de desamparo a que tem sido aludido e o foram extensamente nas contra-alegações. (6) Em suma, o programa integral da lei cumpre-se e na visão maioritária do problema, num bem entendido resultado final do debate desta causa: a sentença de 1ª instância é que não tirou as conclusões apropriadas ao caso, visto conjunto da matéria assente8. (7) Por isso mesmo, visto o artº 8/1 DL 322/90, artºs 1, 2 e 3 DR 1/94, artº 6 lei 135/99, artº 6º da lei 7/01, artº 2020 CC, artº 2009/1 deste mesmo diploma legal, foi revogada a sentença recorrida e substituída por esta decisão de procedência inteira do pedido, declarada a A. habilitada à pensão de sobrevivência e aos demais subsídios concedidos pela Segurança Social em caso de morte de um beneficiário. VIII. RECLAMAÇÃO: automática, nos termos do artº 700/3 CPC. IX. SEQUÊNCIA: (a) Porque convencem inteiramente os argumentos do despacho reclamado, nomeadamente no que diz respeito à reinterpretação da matéria assente, toma-no e fazem-no aqui acórdão, com a mesma solução de direito. 8 Deve pôr-se em evidência, perante as justificaçõ es do julgamento da matéria de facto, que qualquer circunstância relacionada com uma convivência marital da A. na data do julgamento não pode fundamentar a desnecessidade de alimentos da companheira, justamente, porque o quadro normativo das uniões de facto ainda não permite concluir p ela automaticidade desse apoio de vida, cuja carência integra o fund amento do pedido na seq uência de ter faltado, mas p orque concretamente pode existir a partir das forças da herança. 7

(b) Por conseguinte, revo gam a sentença recorrida, no sentido da procedência inteira do pedido. X. CUSTAS: Sem custas, por não serem devidas. 8