Notificada a recorrente da participação apresentada, veio pronunciar-se por escrito nos termos que constam de fls. 11, dizendo o seguinte:
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- Branca Flor Vieira Castelhano
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1 > Conselho Superior > Acórdão CS n.º R-09/2007, de 25 de Maio de 2007 Vem o presente recurso interposto de um acórdão do Conselho Distrital de, que em sessão plenária de 21 de Setembro de 2006, aprovou por unanimidade a proposta de encerramento do escritório da sociedade Contabilidade, Lda., com sede na Rua, em, em virtude de a mesma praticar actos de procuradoria ilícita proibidos pelo artigo 6º da Lei dos Actos Próprios dos Advogados e Solicitadores (Lei nº 49/2004 de 24 de Agosto). A sociedade participada foi ouvida nos termos dos artigos 100º e 101º do Código de Procedimento Administrativo, tendo-se pronunciado conforme comunicação de fls. 25 e seguintes, sem lograr com o que daí consta, alterar o sentido da decisão proposta, adoptada pelo Conselho Distrital e da qual a participada, ora recorrente, interpôs recurso para este Conselho Superior. Da matéria dada como provada, consta logo a cópia de um cartão da aludida sociedade ora recorrente, que publicitava prestar serviços em várias áreas de contabilidade, créditos, seguros e ainda na área de escrituras, documentação geral e apoio jurídico. Notificada a recorrente da participação apresentada, veio pronunciar-se por escrito nos termos que constam de fls. 11, dizendo o seguinte: É no âmbito da actividade de contabilidade que é prestado, em exclusivo, o apoio jurídico, que consiste na garantia de uma. actualização de
2 legislação relativamente às áreas relacionadas com I.V.A., I.R.S., I.R.C., essencialmente na área fiscal e comercial Prestar informações sobre processos de constituição, cessão ou dissolução das sociedades, assuntos que remetemos para o Centro de Formalidades das Empresas de, os quais tratam de todo o processado fazendo no âmbito laboral, o processamento mensal dos salários; Ainda no âmbito da actividade de contabilidade, a prestação de serviços de documentação traduz-se na entrega de documentação de carácter fiscal, como as declarações do I.V.A., I.R.S., I.R.C., e tudo o demais necessário junto das Repartições de Finanças e Segurança Social ; Ouvida a legal representante a fls. 16, veio a mesma declarar que, Os actos de documentação no geral e escrituras resumem-se à constituição de sociedades com as respectivas alterações de objecto e de sede e dissoluções não havendo quaisquer outras escrituras a assinalar ; Foram estes os factos apurados que levaram à decisão que perfilhou o parecer onde a fls. 20 se fundamenta com todo o detalhe e rigor nas disposições legais aplicáveis (Lei 15/2005 de 26 de Janeiro e Lei 49/2004 de 24 de Agosto), o entendimento que à luz da matéria de facto apurada não merece qualquer reparo, e que a seguir se transcreve, À data dos factos denunciados a este Conselho, é vigente a Lei 15/2005, de 26 de Janeiro que no art. 61º, remete para o artigo 3º e n.º 1 do art. 6º da Lei 49/2004, de 24 de Agosto Lei dos Actos Próprios dos Advogados caindo
3 os actos praticados, nestas previsões, que estatuem o seguinte: I) art. 3º Considera-se consulta jurídica a actividade de aconselhamento jurídico que consiste na interpretação e aplicação de normas jurídicas mediante solicitação de terceiro. ; II) art. 6º, n.º 1 Com excepção dos escritórios ou gabinetes compostos exclusivamente por advogados, por solicitadores ou por advogados e solicitadores, as sociedades de advogados, as sociedades de solicitadores e os gabinetes de consulta jurídica organizados pela Ordem dos Advogados e pela Câmara dos Solicitadores, é proibido o funcionamento de escritório ou gabinete, constituído sob qualquer forma jurídica, que preste a terceiros serviços que compreendam, ainda que isolada ou marginalmente, a prática de actos próprios dos advogados e dos solicitadores. Os n.ºs 3 e 4 do artigo referido em II), prevêem: i) n.º 3 Não são abrangidos pelo disposto nos números anteriores os sindicatos e as associações patronais, desde que os actos praticados o sejam para defesa exclusiva dos interesses comuns em causa e que estes sejam individualmente exercidos por advogado, advogado estagiário ou solicitador ; ii) n.º 4 Não são igualmente abrangidos pelo disposto nos n.ºs anteriores as entidades sem fins lucrativos que requeiram o estatuto de utilidade pública, desde que, nomeadamente: a) No pedido de atribuição se submeta a autorização específica a prática de actos próprios dos advogados ou solicitadores; b) os actos praticados o sejam para defesa exclusiva dos interesses comuns em causa; c) Estes sejam individualmente exercidos por advogado, advogado estagiário ou solicitador. Não estando os n.ºs 3 e 4 do artigo 6.º da Lei 49/2004, de 24 de Agosto, preenchidos.
4 Estatui ainda o artigo 6.º, n.º 2, da cit. Lei, o seguinte: A violação da proibição estabelecida quer na Lei anterior, quer na nova Lei, confere à Ordem dos Advogados ou à Câmara dos Solicitadores o direito de requererem junto das autoridades judiciais competentes o encerramento do escritório ou gabinete. Interposto o recurso, veio a recorrente alegar nos termos de fls. 41 e seguintes confessando que a publicação dos serviços prestados pela recorrente contem as expressões escrituras e apoio judiciário, mas contraditoriamente vem dizer que com isso não pretendeu a recorrente angariar tais serviços para o âmbito da sua actividade comercial, o que é desmentido pela publicidade efectivamente feita a serviços jurídicos e que se encontra confessada pela própria recorrente ao afirmar que o apoio judiciário era apenas um mote publicitário. Alega também a recorrente que o apoio judiciário se destinava a ser prestado para a recorrente, o que significa que era apoio judiciário publicitado para terceiros mas era para ser prestado à própria sociedade que o publicitava. Ou seja, admite a recorrente o absurdo de uma sociedade comercial anunciar um produto que comercializa e que se destina ao seu próprio consumo! Também contraditoriamente ao agora alegado vem também a recorrente afirmar que, com a menção de apoio judiciário, a mesma pretendia publicitar o facto somente de recorrer aos serviços de um profissional forense com formação específica quando no âmbito do seu trabalho tem dúvidas.
5 Obviamente dúvidas no apoio jurídico que presta aos seus clientes. Seguidamente e com consciência da improcedência da sua argumentação no recurso, vem a recorrente ainda alegar que a inclusão das expressões relativas ao apoio jurídico nos seus cartões se deveu a uma interpretação errónea por parte da recorrente e da tipografia que os processou, sobre o que não produz qualquer prova. Finalmente, afirma ainda nas suas alegações que quem pratica esse serviço de apoio jurídico é uma advogada que se encontra por vezes instalada nas instalações da recorrente e exclusivamente para prestar serviços para a mesma, o que volta a ser contraditório com a alegação de prestação de serviços de apoio jurídico a terceiros e à própria sociedade. Não há assim matéria factual alegada, que, mesmo que fosse sujeita a apuramento através de produção de prova, afaste a decisão recorrida e a sua fundamentação, devendo nos termos dos artigos 1º e 6º, n.os 1 e 2 da Lei 49/2004 ser requerida às autoridades judiciais competentes o encerramento do estabelecimento da recorrente. Devem ainda ser participados criminalmente os actos praticados por indiciarem a prática de um crime de procuradoria ilícita previsto nos artigos citados e punidos, nos artigos 7º e 8º da mesma Lei. Lisboa, 6 de Maio de 2007 O Relator Jorge de Abreu
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