Acordam no Tribunal da Relação do Porto.

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(a) A recorrida não concluiu as fracções dentro do prazo acordado; (b) E apenas foi concedida à recorrida a prorrogação do prazo até 03.

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2. Na contestação foi alegado tratar-se de contrato de conta corrente, com saldo liquidado; por isso a A. litigava de má fé.

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Transcrição:

PN 05.021; Ap.: TC. Valença; Ap.e2: Ap.a3: Acordam no Tribunal da Relação do Porto. 1. A sentença recorrida condenou o Ap.e a pagar à Ap.a a quantia de Pte 3 000 000$00, correspondente ao dobro do sinal que esta satisfez e lhe entregou no âmbito de um contrato promessa de compra e venda de imóvel. 2. Inconformado, concluiu: (a) Nos presentes autos foi proferido despacho saneador sentença: conheceu parcialmente do mérito da causa e condenou o Ap.e a devolver em dobro a quantia entregue de sinal, acrescida de juros de mora desde a citação até pagamento efectivo; (b) O Ap.e interpôs recurso4; (c) E o processo prosseguiu, entretanto, para apuramento da quantia entregue a título de sinal; (d) Por fim, a decisão de que recorre agora condenou o Ap.e no pagamento da quantia [em concreto, líquida] correspondente ao dobro do sinal entregue; (e) Mas a sentença deveria ter-se limitado a declarar qual o montante entregue a título de sinal; 1 Vistos: Des. Ferreira de Sousa (421) Des. Paiva Gonçalves (1227). 2 Adv.: Dr. 3 Adv. Dr. 4 Vd. 8. passim. 1

(f) Contudo, ao voltar a condenar o Ap.e a devolver em dobro tal montante conheceu daquilo que já estava decidido, e que por isso se trata de questão da qual não devia nem podia tomar conhecimento; (g) Foi, por conseguinte, cometida a nulidade do art. 668/1d. CPC; (h) A qual deverá ser reconhecida, finalmente. 3. Nas contra-alegações disse-se: (a) Não se verificou qualquer excesso de pronúncia na sentença recorrida: conheceu da matéria que havia de conhecer; (b) Não se verifica assim a nulidade arguida pelo Ap.e; (c) A decisão recorrida é de manter por inteiro. 4. O julgador de 1ª instância sustentou: não se conheceu de questões que não se podia julgar, antes no seguimento de anterior decisão, foi condenado o R. na quantia líquida apurada a título do dobro de sinal. 5. Ficou provado: (1) Em 96.05.06, a Ap.a entregou ao R., a título de sinal e princípio de pagamento, a quantia de Pte 1 000 000$00; (2) Em 96.06.27, a Ap.a entregou ao R. a quantia de Pte 500 000$00. 5.1 O tribunal retirou a convicção: (a) do contrato promessa junto aos autos; (b) e perante a regra do ónus da prova, art. 344/1 CC, já que o Ap.e não logrou convencer de se tratar do preço de um projecto de construção civil quando a Ap.a lhe entregou na data redita o montante de 500c. 6. A sentença baseou-se na presunção legal estabelecida no art. 441 CC. 2

7. Entretanto, tinha sido proferido despacho saneador-sentença: julgo provado e procedente o pedido de condenação do Ap.e ao pagamento do dobro da quantia entregue pela Ap.a, a título de sinal, acrescido de juros de mora à taxa legal desde a data da citação. 8. Foi recebida a Apelação (já anotada nas conclusões do recurso da sentença final5), com subida diferida, na qual ficaram estas conclusões: (a) A julgadora, nos factos assentes, não tomou em consideração factos [decisivos] alegados pelo Ap.e6; (b) E a provarem estes factos, os mesmos afastariam a presunção de culpa que pende sobre o Ap.e: legitimariam a declaração de rescisão unilateral do contrato; (c) Por certo os factos em causa deveriam ir à base instrutória; (d) Só o não foram em virtude da decisão proferida sobre o incumprimento do contrato; (e) Mas mesmo que assim não fosse, nunca se poderia considerar que o Ap.e estava em mora; (f) Até porque, tendo decorrido o prazo para a celebração da escritura, e por motivo imputável à Ap.a (conforme resultaria da prova dos factos alegados pelo Ap.e), se tornava necessário à mora do Ap.e que a Ap.a o tivesse intimado a celebrar ou marcar data para a celebração da escritura, art. 808 CC; 5 Vd. 2.(b). 6 Da minuta:. A Mma. Juíza não considerou os factos alegados pelo recorrente na sua contestação, designadamente: Que a recorrida ia socorrer-se de empréstimo bancário; Que a recorrida nunca o notificou para assinar quaisquer registos provisórios; Que a recorrida se limitou a pedir-lhe a entrega de certidões para a realização desses registos provisórios; Que o recorrente apenas estava obrigado a providenciar pelas certidões necessárias à celebração da escritura; Que a recorrida podia e devia ter obtido os elementos que necessitava para a efectivação dos registos provisórios; Que a escritura nunca podia ter sido celebrada enquanto a recorrida não tivesse concretizado o em préstimo bancário Com base nos factos que considerou como assentes (e descurando os factos alegados pelo recorrente), a Mma. Juíza a quo considerou que este se encontrava em situação de incumprimento definitivo. 3

(g) Ora, não o tendo feito, nem tendo designado dia para a efectivação dos registos provisórios, nunca o Ap.e esteve em mora até à data em que foi enviada a comunicação de 96.08.01; (h) Assim, a mora, e a existir, é da parte da Ap. a, pelo que a rescisão operada pelo Ap.e é legítima; (i) A decisão recorrida violou ou fez errada interpretação dos arts. 508-A e 510 CPC, arts. 410, 442, 805, 808 e 830 CC; (j) Deve ser revogada, para se ordenar que sejam levados à base instrutória os factos alegados pelo Ap.e e pela Ap.a quanto à responsabilidade pelo incumprimento do contrato promessa dos autos. 9. Nas contra-alegações: (a) Não é necessário fazer prova dos factos que o Ap.e acha essenciais para reconduzir o incumprimento do contrato promessa à responsabilidade da Ap.a, nomeadamente o facto de ir ou não recorrer ao crédito, ou dispor ou não de todos os elementos para a elaboração da escritura; (b) Estes factos apenas seriam relevantes se o Ap.e tivesse marcado dia e hora para a escritura como lhe competia e, notificada a Ap.a, ela, por um qualquer motivo, não outorgasse; (c) Contudo o Ap.e não fez qualquer prova de que marcou ou sequer tentou marcar a escritura pública: o incumprimento do contrato promessa dos presentes autos deve-se a culpa exclusiva do promitente vendedor, dado que a sua actuação no cumprimento da obrigação a que estava adstrito, apreciada na globalidade, e que no caso não passava da obrigação de designar data para a celebração do contrato prometido e dessa data dar conhecimento à Ap.a, o que não fez, torna insignificante tudo quanto alega em contrário; (d) É concerteza apenas nesta obrigação de designar data para a celebração do contrato prometido que reside o cerne da questão e a razão da responsabilidade exclusiva do Ap.e quanto ao incumprimento do contrato promessa, (e) Deve o despacho saneador ser mantido. 4

10. Foi dado como provado: (1) Ap.a e Ap.e outorgaram, 96.05.06, contrato do qual fizeram constar que ele lhe prometia vender a ela e esta lhe prometia comprar os imóveis [referidos no escrito], pelo preço de Pte 6 000 000$00; (2) Do mesmo consta que a título de sinal e princípio de pagamento o Ap.e recebeu a quantia de Pte 1 000 000$00, devendo ser a restante parte do preço paga no acto de celebração de escritura de compra e venda; (3) Mais acordaram, cl. 5ª, que a escritura pública deveria ser celebrada no prazo de 60 dias a contar da data da assinatura do contrato e, ficando a marcação a cargo do promitente vendedor: deveria avisar a promitente compradora com antecedência mínima de 10 dias através de carta registada com A/R; (4) O Ap.e enviou à Ap.a uma missiva, 96.08.08: o contrato deixou de produzir efeitos; a minha decisão é irrevogável; (5) O Ap.e não procedeu à marcação de escritura pública. 11. Foram estes os argumentos sentenciais: (a) A missiva enviada à Ap.a pelo Ap.e corresponde [antes], e em sentido próprio, a uma recusa de cumprimento; (b) Assim, está a Ap.a legitimada para obter a resolução nos termos do art. 808/1 CC; (c) E, nos termos do art. 442/2 CC, tem a faculdade de exigir-lhe o dobro do que prestou; (d) Na verdade, o incumprimento do contrato promessa dos presentes autos deve-se a culpa exclusiva do promitente vendedor, dado que a sua actuação no cumprimento da obrigação a que estava adstrito, apreciada na globalidade, e que no caso não passava da obrigação de designar data para a celebração do contrato prometido e dessa data dar conhecimento à Ap.a, o que não fez, torna insignificante tudo quanto alega em contrário; 5

(e) Não se vislumbra, por outro lado, a existência nos autos de qualquer fundamento para atribuir diferente montante indemnizatório que não o fixado no art. 442/2 CC e peticionado pela Ap.a; (f) Controvertida, fica apenas a questão de saber qual o montante entregue a título de sinal; (g) Tem entretanto de dar-se por assente, neste âmbito: (a) A Ap.a entregou ao Ap.e, 96.05.06, a título de sinal e princípio de pagamento a quantia de Pte 1 000 000$00; (b) em 96.06.27, entregou-lhe a quantia de Pte 500 000$00; (h) Resta, para apurar [e o que é bastante]: (1) esta última quantia foi entregue pela Ap.a para pagamento do montante ajustado para execução de um projecto de construção civil realizado pelo Ap.e? 12. Os recursos estão prontos para julgamento. 13. A sentença recorrida, ao considerar como dever de conduta principal, a marcação da escritura por parte do Ap.e, rasurou qualquer interesse aos contra-motivos assumidos do agir negativo (mas central, este, disse a decisão), e a saber: se a Ap.a iria recorrer ao crédito bancário para poder satisfazer o pagamento do preço, cientes as partes que se trata aqui de crédito hipotecário, porém, não se tendo ela disposto aos registos provisórios (naturalmente da aquisição e da hipoteca), certo terá ocorrido uma impossibilidade de realização do contrato prometido, e no prazo, mas imputável à Ap.a. Do escrito contratual todavia é certo que só consta a obrigação de o Ap.e marcar a escritura, e nem qualquer mínima referência à modalidade de financiamento eleita pela parte contrária. Deste modo é bem verdadeira e consistente a posição adversa ao Ap.e: não retoma qualquer eficácia (e por ausência do mínimo legal de forma), nomeadamente como motivo ponderoso da atitude em falta do Ap.e, promitente vendedor, aquela carência bancária da promitente compradora, livre afinal de contas para escolher a melhor forma de realizar numerário. Teria, isso sim, de se certificar de uma possível falta ao 6

prometido por parte da Ap.a para obter legitimidade na rescisão que intentou, mas afinal contra o direito, por não ter base legal para revogar o compromisso. Por conseguinte, falta a um dever de conduta principal, porque justamente resulta do escrito do contrato promessa, seguido de recusa definitiva ao cumprimento, intentada a irrazoável retractação: não há crítica a fazer à sentença recorrida, tanto mais não ser possível nunca perfilar o vencimento da tese do recorrente no sentido de nem sequer ter começado a correr a mora contra ele (apesar de tudo o dever de marcar a escritura tinha balizas temporais fixas, que foram excedidas). E se assim é, e logo pelos primeiros argumentos, também não haverá de se alterar a condenação no pagamento do sinal em dobro = Pte 3 000 000$00. Diz o recorrente que já havia condenação: a sentença final deveria ter apenas declarado quanto era de sinal. Contrapõe o julgador, sustentando: foi isso mesmo que aconteceu, mas com as contas feitas no respeito pela directiva intra-processual antecedente. É concebível também dizer: a primeira decisão havia de limitar-se a declarar resolvida a promessa por culpa do Ap.e; depois, a última sentença iria conhecer da indemnização e do quantum. Não se pode fugir, sem dúvida, à equivalência das fórmulas! Mas como o recorrente nem sequer questiona, para a hipótese de não fazer vencimento, a essencialidade da matéria de facto assente, certo é dever ser condenado ele Ap.e no pagamento dessa conta de dobro do sinal, e não de outra quantia. Portanto, reitera-se, improcede também a 2ª Apelação: a sentença recorrida não conheceu, com efeito, de matéria ou questão afastada à lide, da qual lhe fosse vedado tomar conhecimento. 14. Atento o exposto, vistos os arts. 410, 442, 805, 808 e 830 CC, decidem manter inteiramente o despacho saneador-sentença, e visto o art. 441 do mesmo diploma, do mesmo modo mantêm a sentença ulterior. 7

15. Custas pelo Ap.e, sucumbente. 8