FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS Escola de Pós-Graduação em Economia. Mestrado em Economia Empresarial e Finanças. Márcio Renato Picança

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Transcrição:

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS Escola de Pós-Graduação em Economia Mesrado em Economia Empresarial e Finanças Márcio Renao Picança PRODUTIVIDADE DO TRABALHO E CUSTO UNITÁRIO DO TRABALHO NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO DO BRASIL NO PERÍODO 1996 A 2014 Rio de Janeiro Maio de 2017

MÁRCIO RENATO PICANÇA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO E CUSTO UNITÁRIO DO TRABALHO NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO DO BRASIL NO PERÍODO 1996 A 2014 Disseração apresenada à Banca examinadora da Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Geulio Vargas como requisio parcial para obenção do grau de Mesre em Economia Empresarial e Finanças. Orienador: Fernando de Holanda Barbosa Filho Rio de Janeiro Maio de 2017

Ficha caalográfica elaborada pela Biblioeca Mario Henrique Simonsen/FGV Picança, Márcio Renao Produividade do rabalho e cuso uniário do rabalho na indúsria de ransformação do Brasil no período 1996 a 2014 / Márcio Renao Picança. 2017. 57 f. Disseração (mesrado) - Fundação Geulio Vargas, Escola de Pós- Graduação em Economia. Orienador: Fernando de Holanda Barbosa Filho. Inclui bibliografia. 1. Produividade do rabalho. 2. Indúsria de ransformação. 3. Concorrência. I. Barbosa Filho, Fernando de Holanda. II. Fundação Geulio Vargas. Escola de Pós-Graduação em Economia. III. Tíulo. CDD 338.06

'"4" FGV MÁRCIO RENATO VIEIRA LIMA PICANÇA "PRODUTIVIDADE DO TRABALHO E CUSTO UNITÁRIO DO TRABALHO NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO DO BRASIL NO PERÍODO 1996 A 2014" Disseração apresenada ao Curso de Mesrado Profissional em Economia Empresarial e Finanças da Escola de Pós-Graduação em Economia para obenção do grau de Mesre em Economia Empresarial e Finanças. Daa da defesa: 29/05/2017 ASSINATURA DOS MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA Fernando de Holanda Barbosa Filho Orienador (a) Carlos Eugenio Ellery Lusosa da Cosa I f/ - I' Jlf-

AGRADECIMENTOS Agradeço aos professores e pesquisadores da EPGE/FGV pelos diversos momenos ao longo desse período, onde foram fundamenais na minha formação. Agradeço especialmene ao meu orienador, professor Fernando de Holanda Barbosa Filho, pela moivação e dedicação para a elaboração dessa disseração. Agradeço ambém aos amigos Marcel Balassiano e Juliana Cunha por comparilharem seus conhecimenos e conribuírem para o debae do assuno desse rabalho. À minha urma que aravés de brincadeiras e companheirismo ornou ese curso menos massacrane. Aos amigos Vior Velho e Ana Paula Samary por odos os incenivos e momenos de alegria. E odos aqueles que de alguma forma colaboraram na minha formação.

RESUMO A compeiividade de um país, região ou indúsria pode ser represenada aravés da produividade e do Cuso Uniário do Trabalho (CUT). Nos anos recenes, a queda da produividade no país foi mascarada pelo boom demográfico e a queda do desemprego. De fao, a incorporação de mão de obra permiiu que o padrão de vida subisse além da produividade, mas a reversão desses evenos fará com que o PIB per capia do Brasil para as próximas décadas cresça de acordo com a axa de crescimeno da produividade. Reconhecendo isso, essa disseração de mesrado avalia a produividade e compeiividade da indúsria de ransformação no Brasil, no período de 1996 a 2014. O rabalho mosra que houve uma redução de 19% na produividade do rabalho da indúsria de ransformação e que 15 dos 20 seores da indúsria apresenaram queda na produividade e somene 5 seores apresenaram ganhos de produividade no período analisado. O rabalho ambém calcula o CUT para o mesmo período e enconra uma variação posiiva de 48% em moeda local e de 6,63% com base na cesa de moedas (axa de cambio efeiva real TCER) do BACEN. Em ambos os casos o rabalho mosra aravés de uma decomposição que o efeio nível explica mais de 90% da variação do CUT. Na análise seorial é desacada a imporância do câmbio na compeiividade da indúsria brasileira e nos resulados enconrados. Palavras-chave: Produividade do rabalho, Cuso Uniário do Trabalho, compeiividade.

ABSTRACT The compeiiveness of a counry, region or indusry can be represened hrough produciviy and he Labor Uni Cos (LUC). Wih produciviy being he basis for assessing he naion poenial growh, i is perinen o sudy he curren siuaion and undersand he causes of his siuaion o allow he developmen of acions improving hese indicaors. This hesis brings he evoluion of labor produciviy and he LUC in he manufacuring indusry for he years 1996 o 2014. Using daa from he Annual Indusrial Survey, he maerial shows a 19% labor produciviy decrease on he manufacuring indusry. Thus, 15 of he 20 indusry secors showed a drop in produciviy and only 5 secors showed produciviy gains during his period. The hesis also calculaes he LUC for he same period and is posiive variaion of 48% in local currency and 6.63% based on he baske of currencies (effecive exchange rae - EER) of he Cenral Bank. The maerial concludes ha economic weigh changes did no affec LUC increase beween 1996 and 2014. LUC increase was explained by exchange rae appreciaion and increase of wages. Keywords: Labor produciviy, Labor Uni Cos, compeiiveness

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1: Produividade do rabalho: Indúsria de Transformação... 24 Gráfico 2: População Ocupada na produção Média anual da Indúsria de Transformação... 26 Gráfico 3: Variação do salário real Média da Indúsria de Transformação... 27 Gráfico 4: Produividade do rabalho por seores da indúsria... 28 Gráfico 5: CUT: Indúsria de Transformação moeda local... 29 Gráfico 6: CUT: Indúsria de Transformação axa efeiva... 30 Gráfico 7: Evolução da Produividade, CUT e Salário na Indúsria de Transformação... 31 Gráfico 8: Variação por período (%) Salário real, Produividade do Trabalho e CUT... 36 Tabela 1: Variação média do Cuso Uniário do Trabalho por período... 34 Tabela 2: Decomposição da variação do CUT na Indúsria de Transformação... 37 Anexo A.1: Tabela de adequação enre os códigos nacional de aividade econômica (CNAE)... 43 Anexo A.2: Deflaores implícios do PIB aravés do Sisema de Conas Nacionais. 44 Anexo A.3: INPC 1994 a 2016... 45 Anexo A.4: CUT axa efeiva por seor da indúsria... 46 Anexo A.5: Produividade do rabalho, CUT moeda local e CUT TCER... 47 Anexo A.6: Paricipação dos seores no VTI da Indúsria de Transformação 1996 a 2014... 48 Anexo A.7: Paricipação dos seores no VTI da Indúsria de Transformação 1996 a 2002... 49 Anexo A.8: Paricipação dos seores no VTI da Indúsria de Transformação 2002 a 2014... 50

Anexo A.9: Variação da produividade do rabalho nos seores da Indúsria de ransformação... 51 Anexo A.10: Variação do cuso uniário do rabalho, da população ocupada (PO) na produção, axa de cambio efeiva real, na indúsria de ransformação.... 52 Anexo A.11: Variação do cuso uniário do rabalho, da população ocupada (PO) na produção, em moeda domésica, na indúsria de ransformação... 53 Anexo A.12: Variação do % da população ocupada (PO) na produção enre os seores na Indúsria de ransformação... 54 Anexo A.13: Variação da população ocupada (PO) na produção na ind. de ransformação... 55 Anexo A.14: Variação da massa salarial da População Ocupada (PO) na produção na indúsria de ransformação... 56 Anexo A.15: Variação do salário uniário da população ocupada (PO) na produção na indúsria de ransformação... 57

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO... 10 2. REVISÃO DA LITERATURA... 13 3. DADOS E METODOLOGIA... 19 3.1. DADOS... 19 3.2. METODOLOGIA... 20 3.2.1. PRODUTIVIDADE DO TRABALHO... 20 3.2.2. CUSTO UNITÁRIO DO TRABALHO (CUT)... 21 3.2.3. DECOMPOSIÇÃO DO CUSTO UNITÁRIO DO TRABALHO (CUT)... 22 4. RESULTADOS... 24 4.1. PRODUTIVIDADE DO TRABALHO NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO... 24 4.2. CUSTO UNITÁRIO DO TRABALHO (CUT)... 29 4.2.1 ANÁLISE SETORIAL DO CUT... 33 4.3. DECOMPOSIÇÃO DO CUT EM EFEITO NÍVEL E COMPOSIÇÃO... 37 5. CONCLUSÃO... 39 6. REFERËNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 41 7. ANEXOS... 43

10 1. INTRODUÇÃO Nos anos recenes, a queda da produividade no país foi mascarada pelo boom demográfico e a queda do desemprego. De fao, a incorporação de mão de obra permiiu que o padrão de vida subisse além da produividade, mas a reversão desses evenos fará com que o PIB per capia do Brasil para as próximas décadas cresça alinhado com a axa de crescimeno da produividade. Desa forma, a produividade é faor essencial para o crescimeno da economia e desenvolvimeno do país. Ela pode ser visa em comenários de profissionais que defendem esse faor acima de ouras variáveis, quando há redução ou fala das mesmas, como é o caso que argumena ser pior a baixa produividade do que a fala de invesimeno, mosrando a enaiva de chamar aenção para a prioridade da produividade na economia 1. A imporância do crescimeno da produividade para aumenar os níveis de produção e bem-esar da população brasileira inensifica a aenção quando o desempenho da produividade no Brasil é não saisfaório e surgem quesões de como elevar mais rapidamene esse índice no nosso país. Por que a produividade cresce pouco no Brasil? Como acelerar seu crescimeno para consequenemene melhorar o desempenho do PIB? Por que essa dificuldade da indúsria brasileira de crescer? Quais são os enraves à evolução da infraesruura no Brasil para reduzir os gargalos que de longa daa prejudicam diversos seores no país? Quais são os iens que se apresenam como barreiras para fundar no país os alicerces que permiirão o aumeno da produividade e o desenvolvimeno de uma indúsria compeiiva? As quesões acima são incluídas consanemene na paua de seminários e grupos de pesquisas para buscar resposam que auxiliem a gesão pública. A parir dessa demanda, orna-se relevane os esforços na consrução de esudos que visam conribuir com essas análises, ou direamene nas resposas ou buscando e regisrando dados que demonsram a siuação real do Brasil e suas específicas caracerísicas. 1 Valor Econômico (2015). Texo disponível em: <hp://www.valor.com.br/brasil/3996368/baixa-produividade-e-pior-do-que-fala-de-invesimeno-diz-fgv>

11 Com esse objeivo, o presene rabalho avalia a produividade e compeiividade da indúsria de ransformação no Brasil e conribui com a lieraura calculando a evolução da produividade do rabalho na indúsria de ransformação no período de 1996 a 2014. Juno dessa série hisórica de evolução da produividade é calculado o Cuso Uniário do Trabalho (CUT) como medidas de compeiividade da indúsria. O cálculo do CUT consise em ponderar o cuso oal do rabalho pelo nível de produção com o objeivo de ober o cuso relaivo do rabalho em unidades de produo. Ou, de forma diferene, o CUT pode ser definido como nível salarial médio ponderado pela produividade do rabalho de algum país ou seor, como no caso desse rabalho. Para enendimeno dos resulados, quano maior o CUT, menor a compeiividade de uma deerminada indúsria. O CUT cresce se o salário crescer acima da produividade, e com resulado inverso, irá cair se a produividade superar o crescimeno do salário. No caso especial de os salários variarem, para cima ou para baixo, à mesma axa que a produividade, o CUT permanecerá esável. Ainda que seja possível fazer o cálculo com base nos salários nominais, para esse esudo o CUT foi calculado uilizando-se os salários reais, com base na moeda domésica e com base em uma cesa de moedas, e na produividade. A diferença no uso enre os salários reais e nominais seria como analisar o resulado da variação. No caso do cálculo com base em salários nominais, havendo um aumeno do CUT indicaria uma elevação do cuso uniário em ermos nominais. Caso o preço do bem produzido crescesse acima do CUT, a indúsria ganharia compeiividade em vez de perder. A presene disseração mosra que houve uma redução de 19% na produividade do rabalho da indúsria de ransformação no período esudado. Esse resulado significou uma queda de 1,14% a.a. se for disribuída igualmene em odos os anos. Os resulados mosram ainda que 15 dos 20 seores apresenaram queda na produividade e somene 5 seores apresenaram ganhos de produividade no período analisado. O rabalho ambém calcula o CUT para o período de 1996 a 2014 e enconra uma variação posiiva de 48% em moeda local e de 6,63% com base na cesa de moedas (axa de cambio efeiva real TCER) do BACEN. Para o valor calculado pela axa efeiva, houve fore elevação no período 2002 a 2014. Em ambos os casos

12 o rabalho mosra aravés de uma decomposição que o efeio esruural de composição, que significa o aumeno do peso econômico dos seores com cuso uniário do rabalho mais elevado relaivamene aos de menor cuso uniário, é pouco significane nessa variação, com o efeio nível explicando mais de 90% da variação do CUT. No que ange aos seores a disseração mosra que somene 2 iveram queda do CUT em reais e que 9 dos 20 seores mosraram queda do CUT medido pela cesa de moedas, ilusrando a imporância do câmbio na compeiividade da indúsria brasileira. A presene disseração esá dividida em cinco seções, incluída esa inrodução. A segunda seção apresena uma revisão da lieraura econômica sobre o ema, e esudos recenes que incorporam base para a pesquisa. Os dados uilizados na análise e a meodologia do rabalho são apresenados na erceira seção. A quara seção apresena e discue os resulados do rabalho, enquano a quina seção conclui o presene esudo.

13 2. REVISÃO DA LITERATURA O ema produividade ganhou desaque no debae econômico e recebe relevância especial no Brasil, devido aos desafios de crescimeno que enfrenamos no país. A imporância do ema pode ser apresenada aravés da famosa frase de auoria de Paul Krugman que diz "produividade não é udo, mas no longo prazo é quase udo" 2. Esse aforismo foi usado para represenar como o ema passou a ser raado pelos pesquisadores americanos, e podemos incluir ambém os brasileiros, colocando-o como iem cenral para o crescimeno e desenvolvimeno econômico. Conceiualmene, produividade é a razão enre a quanidade de produo obido e a quanidade de insumo uilizado na sua elaboração. Nessa explicação, é uma medida da eficiência com que uma unidade econômica convere insumos em produos e, sendo assim, é um objeivo que deve ser perseguido por odos os agenes econômicos. Na eoria econômica a produividade pode ser colocada como variável sínese do funcionameno da economia. Colocando a produividade como faor relevane para explicação de cusos e preços, compeiividade das empresas e das nações e ambém para o nível de emprego e para o rimo de crescimeno econômico. No Brasil o ema é raado por diversos economisas, com cero grau de convergência sobre o ema. Enre eles há opinião convergene de que o maior empecilho ao crescimeno rápido e susenável da economia brasileira esá na baixa produividade. Sem poder conar com o aumeno da produção por rabalhador, ficará difícil acelerar a axa de expansão do produo inerno bruo (PIB) sem risco de elevar a inflação. Exisem debaes sobre o real moivo da baixa produividade, mas pesquisas recenes mosram resulados que consroem mais evidências para essas resposas. Trazendo dados sobre esse ema no nosso país, enre 1950 e 1980 o Brasil experimenou um rápido aumeno de seu produo por rabalhador, em orno de 4,5% ao ano, como mosrou Ferreira e Fragelli (2017). Esses auores mosram ambém a diferença em períodos mais recenes ao afirmarem no mesmo maerial que em 2 A produividade não é udo, mas no longo prazo é quase udo. A capacidade de um país melhorar seu padrão de vida ao longo do empo depende quase que exclusivamene da sua habilidade em aumenar a produção por rabalhador (Paul Krugman radução livre do auor)

14 conrase, de 1980 aé 2009, o produo por rabalhador brasileiro caiu em orno de 0,5% ao ano. Esses dados razem para o debae as correnes que enam explicar porque houve essa redução. Há pelo menos duas visões nesse debae. Em resumo, uma susena que após um primeiro impulso posiivo, mudanças seoriais eriam afeado negaivamene o crescimeno. Nessa visão, os rabalhadores já esariam rabalhando em ceros seores, mas esses seores seriam errados por serem menos produivos e ecnologicamene arasados. Sob essa linha de pensameno a composição da indúsria brasileira esá afeando negaivamene a produividade e o produo da economia brasileira. Oura visão em o alicerce na ideia que o Brasil não carece de capial físico ou mesmo por er escolhido os seores mais arasados e menos posiivos em produividade para fazer a composição da sua produção. O Brasil esá com o resulado aual porque apresena deficiência em odos os seores. Definir esse diagnósico é essencial para direcionar as políicas públicas e indusriais já que a aplicação das mesmas será diferene se houver a aceiação de uma ou oura visão. Para os defensores da primeira visão, na qual vigora uma esruura produiva errada no Brasil, vale o esforço de políicas públicas para promover seores esraégicos e dinâmicos e dessa forma alocar recursos nesses seores escolhidos. Em pesquisa de Veloso e al (2017) essa visão eve fraca aderência aos dados. Nesse rabalho, os auores procuraram idenificar se a explicação da baixa produividade brasileira esava na escolha errada de alocação da mão de obra em seores pouco produivos, ou se a explicação esaria no fao de haver baixa produividade em odos os seores. O resulado se mosrou favorável à segunda explicação. O resulado mosrou, como exemplo, que se fosse considerada a média dos países desenvolvidos como base de comparação, o aumeno de produividade seria da ordem de 50% se fosse alerada a alocação dos rabalhadores nos seores. E haveria uma melhora de 192% se a produividade brasileira fosse igual a esses países, em odos os seores já exisenes. Sendo assim: A principal conclusão é que, embora exisam ganhos poenciais de uma realocação da população ocupada para seores mais produivos, a baixa produividade brasileira esá muio mais associada ao baixo nível de produividade em odos os seores. Ou seja, raa-se de um problema sisêmico e não algo associado a seores específicos. (Veloso e al, 2017).

15 Com isso políicas que privilegiam seores específicos erão efeio mínimo sobre a produividade e renda agregada, sendo preferidas políicas que ainjam odos os seores de forma horizonal. Como foi exposo na passagem abaixo: Não há evidência de que mudanças na composição seorial do país em direção a seores modernos eriam hoje impacos significanes no produo. O problema é que odos os seores da economia são muio pouco produivos. A ineficiência é generalizada. (Ferreira e Fragell 2017). Essa quesão é colocada como pilar na caracerísica e classificação da compeiividade da indúsria e consequenemene do país no qual ela se enconra. Caselar e Bonelli (2011, p.50), baseados no índice Global de Compeiividade global do Fórum Econômico Mundial, definem compeiividade como o conjuno de insiuições, políicas e faores que deerminam o nível de produividade de um país. Mesmo que essa definição, por ser abrangene, orne difícil a comparação enre países, é aceio que economias mais compeiivas endem a produzir níveis de renda mais elevados para suas populações. Essa percepção é raduzida no índice do relaório global de compeiividade, uma medida abrangene de mensuração da compeiividade das nações, que aribui noas aos países em diferenes pilares 3 que são considerados principais faores deerminanes do crescimeno econômicos, explicando porque alguns países crescem mais do que ouros. A relevância da produividade e sua derivação para a compeiividade do país e de seu produo final é reforçada na afirmação: A produividade ambém deermina as axas de reorno do invesimeno seja físico, humano ou ecnológico. Devido ao fao de que essas axas de reorno são as forças principais das axas de crescimeno das economias, um país mais compeiivo será capaz de crescer mais no médio e longo prazo. Dessa forma, o crescimeno poencial ambém é direamene afeado pela compeiividade. (Caselar e Bonell 2011, p.50). 3 Os 12 pilares do relaório global de compeiividade (GCR- Global Compeiivenes Repor) são: 1. Qualidade das insiuições, 2. Infraesruura, 3. Ambiene macroeconômico, 4. Saúde e educação primária, 5. Educação superior e reinameno, 6. Eficiência no mercado de bens, 7. Eficiência no mercado de rabalho, 8. Desenvolvimeno do mercado financeiro, 9. Apidão ecnológica, 10. Tamanho de mercado, 11. Sofisicação da área de negócios e 12. Inovação.

16 Sobre a produividade do rabalho na indúsria de ransformação Campelo e Sales (2011) demonsram a evolução da mesma o período 1996 a 2010. Mosrando que não há homogeneidade enre os segmenos que compõem a indúsria. Os auores ambém desacam mudanças na economia que impacaram a evolução da indúsria. Nessa análise, Campelo e Sales (2011, p.311-313) dividem o período em dois subperíodos. O primeiro período seria enre os anos 1996 e 2003, onde é mosrado o impaco da flexibilização cambial de 1999 e os choques aconecidos devido ao racionameno energéico de 2001 e a megadesvalorização do câmbio às vésperas da eleição de 2002. O segundo período definido pelos auores vai de 2003 a 2010, onde os auores definem que o principal faor de expansão da indúsria brasileira, principalmene no que se refere ao seor manufaureiro, foi mesmo a fore expansão do consumo inerno. Ainda no período de 2003 a 2010, enconra-se o boom de commodiies, onde foi possível alcançar ganhos de produividade e abre-se debae do moivo desse aconecimeno. Em Bonelli (2016, p. 69-70) são levanadas duas conclusões para esse período, uma explica que as reformas de governos aneriores eriam possibiliado a aceleração dos ganhos de produividade anos depois, e oura explicação é que a bonança exerna possibiliou ganhos elevados de produividade na produção de commodiies, que se eriam ransmiido ao resane do sisema econômico. O auor ainda argumena que as explicações podem ser complemenares. A lieraura econômica ambém lança mão em oura medida de compeiividade que é o cuso uniário do rabalho (CUT). Os dados apresenados na lieraura mosram um aumeno do CUT ano medido em moeda local como em moeda esrangeira, em dólar ou aravés de cesa de moedas. O cálculo do CUT aqui apresenado segue a meodologia uilizada em Barbosa Filho e Mello (2013), no qual é mosrado que o cuso uniário do rabalho no Brasil, usando como base uma cesa de moedas, aumenou enre 1995 e 2010 em mais de 80%, resulado da fore apreciação cambial. Bonelli (2012) apresena uma elevação da ordem de 90% do cuso uniário do rabalho no Brasil no período compreendido enre 2002/2003 e 2009, ambém usando uma cesa de moedas.

17 Resulado similar é apresenado em BACEN (2007) que mosra elevação do CUT para a indúsria da ransformação enre janeiro de 2003 e seembro de 2007. No boleim regional do BACEN (2015) é demonsrado que o rendimeno médio real do rabalho cresceu acima de 3% em odas as regiões do país de 2003 a 2013, e especificamene na indúsria a população ocupada (PO) reduziu enquano e o cuso uniário do rabalho (CUT) aumenou. Campello Jr. e Salles (2011) mosram que em 2010 o Índice Relaivo de Cuso de Trabalho da indúsria (medida equivalene ao CUT) esava 153% acima do nível de 2003, sendo esa ala menor para o caso da indúsria exraiva que para a de ransformação. Mesmo os períodos de variação da produividade acima do aumeno de salários, onde emos queda da CUT, são seguidos por períodos onde o câmbio, somado a queda de produividade, agiu para mais que compensar os ganhos aneriores, como mosrado em Barbosa Filho e Mello (2013). Bonelli e Caselar (2016, p.212) mosram em análises que a evolução do CUT, medido em reais consanes, aumenou à axa média de 3,0% ao ano, no período 1994-2014. Mas aponam que a dinâmica ao longo do período não foi homogênea, havendo redução do CUT no período 1995 a 1998, aingindo o mínimo em 2004 e a parir dessa daa, sobe quase coninuamene. Os auores mosram que o principal moivo da ala do CUT foi o aumeno real dos rendimenos do rabalho. Para o período esudado, as variações de produividade e CUT levam à seguine conclusão em Bonelli e Caselar (2016, p. 217), que a perda de compeiividade da indúsria de ransformação eseve concenrada no período 2004-11, quando o país experimenou uma combinação de fore queda da produividade, ala pronunciada do rendimeno real do rabalho e apreciação cambial. Ainda no esudo apresenado, é percebido o alívio causado pela desvalorização cambial no período 2012-14, mas argumena-se que o impaco foi miigado pela queda da produividade e ala real do rendimeno do rabalho nesse período. Campelo e Sales (2011, p.318) mosram que o aumeno do cuso do rabalho foi quase generalizado na indúsria de ransformação. Os auores desacam que os segmenos que mais perderam compeiividade em virude de aumeno de cusos do rabalho em moeda esrangeira foram os afeados pela compeição chinesa ou produos de ala ecnologia. Eles demonsram que máquinas e aparelhos eléricos,

18 elerônicos, de precisão e de comunicação iveram o resulado negaivo moivado por uma junção de queda na produção e pela evolução dos salários acima da média da indúsria. O seor de fumo houve queda fore da produção, apesar do crescimeno pequeno dos salários. Ouros seores com fores elevações do CUT, em axas médias anuais, foram calçados e couro (5%) e alimenos e bebidas (3,6%). A ressalva dos auores é demonsrar que as únicas quedas do CUT em moeda esrangeira durane o período foi ocorreu nos seores de papel e gráfica (-1,7%) e máquinas e equipamenos (-0,6%).

19 3. DADOS E METODOLOGIA 3.1. DADOS Para essa pesquisa foram uilizados dados da Pesquisa Indusrial Anual (PIA) e do Sisema de Conas Nacionais (SCN). A Pesquisa Indusrial Anual - Empresa (PIA-Empresa) e a Pesquisa Indusrial Anual - Produo (PIA-Produo) formam o núcleo cenral das esaísicas indusriais. Têm por objeivo idenificar as caracerísicas esruurais básicas do segmeno indusrial brasileiro e suas ransformações ao longo empo, bem como gerar informações anuais sobre o volume e o valor das vendas dos principais produos fabricados pelo seor. Desse modo, enfocam a esruura produiva sob duas óicas: das aividades indusriais e dos produos fabricados. A Pesquisa Indusrial Anual Empresa (PIA-Empresa) é elaborada pelo IBGE, e em por objeivo idenificar as caracerísicas esruurais básicas do segmeno empresarial da aividade indusrial no país e suas ransformações no empo, aravés de levanamenos anuais, omando-se como base uma amosra de empresas indusriais. A série da PIA eve início em 1966 e apresena aé 1995, resulados em anos inercensiários, com exceção dos anos de 1971 e 1991. A parir de 1996, surge uma nova concepção da pesquisa, adequada aos parâmeros do novo modelo de produção das esaísicas indusriais, comerciais e de serviços. Nese modelo, os Censos Econômicos quinquenais são subsiuídos por pesquisas anuais. No Brasil, com a publicação no Diário Oficial da União em 26/12/94, foi lançada a Classificação Nacional de Aividades Econômicas CNAE. Essa classificação permie efeuar, em nível de agregação, a comparabilidade inernacional das informações esaísicas e, em um nível esruural mais desagregado, uma represenação próxima da esruura produiva do País. Denro do período de escopo dessa pesquisa, a CNAE foi aualizada. Para o período 1996 a 2006, emos a CNAE 1.0 e a parir de 2007, o IBGE uiliza a CNAE 2.0, para esruurar suas pesquisas. Para se rabalhar com a abela de forma conínua no período 1996-2014, uiliza-se a equalização das duas abelas, para a segregação de

20 2 dígios (nível de divisão), agrupando em 20 seores de aividades da Indúsria de Transformação, resumidos no Anexo A.1. Para o cálculo da produividade do rabalho e cuso uniário do rabalho (CUT), foram exraídas da base da PIA os valores represenando salários, Valor da Transformação Indusrial VTI - (proxy do VA), Valor Bruo da Produção Indusrial VBPI, além do número de rabalhadores, População Ocupada PO. Para ransformar as séries de VTI em valores reais de 2014, foram usados os deflaores implícios do PIB, aravés do Sisema de Conas Nacionais, separados nos seores de classificação da Indúsria (Anexo A.2). Para os salários, o deflaor uilizado foi o INPC oficial, ambém calculado e divulgado pelo IBGE (Anexo A.3). A lieraura sobre o assuno de Cuso Uniário do Trabalho usa ano a informação nominal quano real dos salários para o cálculo. Nesse esudo será uilizado o dado com valor real. Para melhor demonsrar a evolução do nível da compeiividade, foi usado o valor em moeda local (Real do Brasil - R$) e de uma cesa de moedas (axa de cambio efeiva real TCER) do BACEN. Com isso, é possível avaliar a evolução da compeiividade do país no mercado inernacional, considerando ser facível que grande pare dos produos finais da Indúsria de ransformação sejam comercializados enre os países. 3.2. METODOLOGIA 3.2.1. PRODUTIVIDADE DO TRABALHO A produividade do rabalho corresponde ao quociene enre alguma medida de produo como o valor adicionado, o valor da ransformação indusrial (VTI) ou a produção física e alguma medida de rabalho, podendo ser expressa, por meio da noação Y / L. A associação enre o crescimeno da produividade e o crescimeno do PIB pode ser expliciada de diversas maneiras. Uma maneira simples de expliciar essa relação é usar a idenidade algébrica PIB = ( PIB ) PO, onde PO é o pessoal PO

21 ocupado. A manipulação algébrica dessa idenidade permie concluir que a axa de crescimeno do PIB corresponde à soma das axas de crescimeno da produividade do rabalho e da axa de crescimeno do pessoal ocupado: PIB = ( PIB + PO PO ) (4) Para esse rabalho na avaliação de produividade do rabalho uilizaremos a fórmula PT = PIB, onde PIB = VTI (proxy de VA) e a e a PO é a população ocupada PO na produção em cada seor. 3.2.2. CUSTO UNITÁRIO DO TRABALHO (CUT) Para avaliar a compeiividade da indúsria de ransformação brasileira, foi calculado o cuso uniário do rabalho em moeda domésica e esrangeira (em ermos reais) para o oal da indúsria e seus segmenos. O CUT mosra quano o país ou segmeno é compeiivo. Ele possui um resulado de ordenação e quano mais baixo o nível do resulado, melhor, indicando maior compeiividade da indúsria. Dessa forma, calculou-se o cuso uniário do rabalho como a razão enre o salário médio e a produividade 5. CUT = W PT Em que W é o salário médio da Indúsria e PT a produividade do rabalho da indúsria. 4 Na equação, a barra superior indica a axa de crescimeno da variável correspondene. 5 Alernaivamene, o cuso uniário do rabalho pode ser escrio como a fração enre a massa salarial e o PIB. Dessa forma eríamos: W CUT PT W PIB PO W PO PIB MS PIB

22 3.2.3. DECOMPOSIÇÃO DO CUSTO UNITÁRIO DO TRABALHO (CUT) Variações de nível e composição do Cuso Uniário do Trabalho O cuso uniário do rabalho pode variar em virude de modificações da massa salarial da indúsria ou do produo oal. Seguindo Barbosa e Mello (2013), A decomposição da axa de crescimeno (anual) do cuso uniário do rabalho enre os períodos e +N pode ser escria da seguine forma: ln( CUT N ) ln( CUT ) ln( W N ) ln( W ) ln( PT N ) ln( PT ) N N N Em que W é o salário uniário médio e PT é a produividade do rabalho da indúsria. O cuso uniário do rabalho pode ser apresenado como a soma ponderada pelo peso econômico relaivo do CUT de diversos grupos, como os segmenos da indúsria de ransformação, por exemplo. Seguindo esse caso, o cuso uniário do rabalho pode ser escrio da seguine forma: CUT i PO W PT PO PT PT i PO PO PT CUT CUT CUTi, i W i PO i PO PO PIB PO PT W PT PO PT CUT PT i i i PO PO PIB CUT PO PIB CUT PO PT PT i i PIB PIB CUT em que PIB VTI = é a paricipação do segmeno i no Produo da PIB VTI i indúsria no insane e insane. i CUT i, é o cuso uniário do rabalho no segmeno i no Tendo como base a definição de cuso uniário do rabalho (CUT) acima descrio, é possível decompor os efeios nível e paricipação da mesma. Essa

23 decomposição permie avaliar os aspecos de maior influência na variação do cuso uniário do rabalho ao longo do empo, uilizando-se da fórmula abaixo: i, CUT i, CUT i, 1 i, CUT CUT 1 CUTi, 1CUT 1 1 i i i 1 (1) 1 (2) CUTi, 1CUT 1 CUTi, 1CUT CUT CUT 1 1 2 i 2 i Somando-se e subraindo-se o ermo CUT 1 do primeiro colchee e somando-se e subraindo-se o ermo CUT 1 do segundo colchee, emos 6 : 1 2 1 2 i CUT CUT CUT 1 1 1 i, 1 CUT i, CUT i, 1 CUT i, i, i, 1 i i 2 CUT CUT 1 CUT i, i, 1 CUTi, CUTi, 1 1 i CUT 2 N C N C CUT i CUT i CUT CUT 1,, (4) i i (3) A equação (4) mosra como é possível decompor a variação do cuso uniário do rabalho em dois componenes: o componene relacionado à mudança do nível do cuso em si e ouro componene relacionado à variação do cuso uniário ponderado com a mudança na composição do produo da Indúsria conforme o amanho do CUT. O primeiro componene é denominado efeio nível e nos informa a conribuição da variação Cuso Uniário do Trabalho (CUT) de cada grupo i, manido fixo a paricipação relaiva média enre os dois períodos considerados. O segundo componene é denominado efeio composição e nos informa a conribuição da variação da paricipação relaiva do VTI de cada grupo i no VTI oal da economia (manido fixo a axa de produividade média do grupo). 6 A equação (1) foi decomposa em duas pares, com peso (1/2) para cada uma, obendo-se, assim, a equação (2). Na equação (3) o primeiro ermo é o efeio nível e o segundo o efeio composição. Para se ober o efeio nível, fixa-se a paricipação na média dos períodos. Por sua vez, para se ober o efeio composição, fixa-se o nível do CUT na média dos períodos. Assim, a escolha inicial do peso (1/2) foi arbirária e gerou a média no final. Poder-se-ia er escolhido quaisquer dois valores para o peso de al forma que somassem um ou seja, qualquer combinação convexa. Uma meodologia similar é mosrada em Barbosa Filho e Pessôa (2012) e Barbosa Filho e Moura (2012)

24 4. RESULTADOS 4.1. PRODUTIVIDADE DO TRABALHO NA INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO Produividade do Trabalho na Indúsria de Transformação Cada seor e agene econômico busca aumenar sua eficiência para aumenar seus lucros. Aravés desse aumeno de eficiência, ele esá conribuindo para o crescimeno do produo agregado. Uma medida para raduzir essa eficiência é a produividade do rabalho. O gráfico 1 apresena o hisórico da produividade do rabalho, no período de 1996 a 2014, da Indúsria de Transformação no Brasil, onde é observado uma queda de aproximadamene 19% 7 no período oal esudado. Esse resulado significou uma queda média de 1,14% a.a.. O caminho passou por um pequeno crescimeno enre 1996 e 2002, alcançando o seu ápice do período esudado em 1999. A parir de 2002, a série hisórica apresena queda com períodos de recuperação, conudo, sem volar a alcançar os níveis da década anerior. O resulado faz com o que o úlimo ano da série repia o pior nível de odo período, que ambém havia sido aingido em 2009. Gráfico 1 Produividade do rabalho: Indúsria de Transformação (1996=100) 110 100 90 80 70 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Produividade do rabalho Fone: PIA - IBGE 7 O valor enconrado foi 18,62% de queda da produividade do rabalho no período de 1996 a 2014. Fone PIA

25 Independene de pequenas variações posiivas quando efeuamos comparações ano conra ano, é noável verificar no gráfico 1 que um rabalhador dessa indúsria chegou ao ano de 2014 muio menos produivo que em 1996. Isso significa que a produividade do rabalho andou para rás nos 18 anos do período pesquisado. Vale observar que durane o período apresenado, o Brasil acompanhou algumas enaivas do governo em melhorar a siuação da indúsria no país. Só nesse período de 1996 a 2014, foram lançados rês planos de políicas indusriais 8. É noório na lieraura que um dos parâmeros de auação do governo na economia advém aravés de políicas indusriais. O governo pode escolher pelo esímulo à indúsria como um odo, aravés de políicas horizonais, ou pode escolher por fomenar uma indúsria ou seor específico, aravés de políicas vericais. Uilizar políica indusrial de esímulo é ema conroverso, não havendo unanimidade na lieraura. Há argumenos a favor de ações vericais, como Rodrik (2010), que enende que a uilização de políicas seoriais não é necessariamene ruim, desde que se consiga idenificar com anecedência quem seriam os perdedores e impedir a paricipação dos mesmos na políica. Assim como há argumenos defendendo políicas indusriais horizonais, nas quais se busca melhorar o desempenho da economia na sua oalidade, sem privilegiar alguma indúsria específica (Ferraz e al, 2002). Esse ipo de políica busca, segundo esses auores, alerar o mecanismo geral de alocação de recursos na produção. À margem desse debae, o resulado demonsrado no gráfico 1 mosra que a indúsria brasileira não raduziu qualquer ipo de esímulo que enha recebido em aumeno susenável da produividade do rabalho, e consequenemene não se ornou mais araene do pono de visa da compeiividade. A população ocupada na produção (Gráfico 2) apresena o crescimeno da mão de obra que aconeceu na indúsria. Um aumeno acumulado de 65,8% no oal do período. Com exceção de gráfica e fumo, odos os seores apresenaram 8 Nesse período foram lançados os planos de políica indusrial PITCE - Políica Indusrial, Tecnológica e de Comércio Exerior (2003-2007), PDM Políica de Desenvolvimeno Produivo (2008-2010) e PBM Plano Brasil Maior (2011-2014). Enre os anos 1996 a 2002, a políica indusrial pode ser resumida no esforço do governo auando na esabilização macroeconômica do país.

26 crescimeno do número de empregados na produção, apesar de alguns seores erem apresenado queda na paricipação do oal de empregos na produção da indúsria. Os resulados são apresenados em dealhes nas abelas dos anexos A.12 e A.13, ao final do rabalho. Esse esudo ambém apresena a variação dos salários reais da população ocupada na produção (Gráfico 3), consaando que houve queda no período de 1998 a 2002, que eseve enre dois momenos de consanes elevação do salário real que foram os períodos 1996 a 1998 e poseriormene, o período 2002 aé 2014. Nos seores, apenas Gráfica apresenou redução do salário real, enquano odos os demais iveram variação posiiva. Nos seores Ouros Equipamenos de Transpores, Combusíveis e Madeira foram observados os maiores aumenos, como dealhado no Anexo A.15, ao final do rabalho.

27 A produividade do rabalho da indúsria apresenou redução quase que coninuamene, no período de 1996 a 2014, com breves períodos de aumeno nessa medida, como nos anos de 1997 a 1999 e depois enre 2009 e 2010. Os seores que compõem essa indúsria iveram, no geral, resulados semelhanes. Para o ano de 2014, apenas os seores de combusíveis e papel apresenaram resulados superiores ao ano inicial. Enquano Madeira, Ouros Equipamenos de Transpore e o seor Mobiliário e Diversos, erminaram a série com resulados aproximados ao ano de início. Todos os demais reduziram sua produividade do rabalho. Em Combusíveis foi enconrado o resulado mais elevado da série, enre odos os seores, no ano de 2002. A parir desse pono, o seor incorreu em seguidas perdas na produividade alcançando em 2008 o menor valor nessa queda conínua, volando a se recuperar na sequência. O Gráfico 4 separa o resulado da produiva do rabalho agrupando os cinco seores que obiveram ganho no período, colocando-os na figura superior esquerda, enquano as ouras 3 figuras apresenam os 15 seores resanes.

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 28 Gráfico 4 Produividade do rabalho por seores da indúsria (1996=100) 350,0 Seores com crescimeno de produividade 350 Seores com redução de produividade - pare 2 300,0 300 250,0 200,0 Madeira Papel 250 200 Alimenos e bebidas Fumo 150,0 Mobiliário e diversos 150 Têxil 100,0 50,0 Combusíveis Ouros Equipamenos de ranspore 100 50 Vesuário e acessórios Couros e calçados - 0 Seores com redução de produividade - pare 1 Seores com redução de produividade - pare 3 350 350 300 250 200 150 Borracha e plásico Minerais não-meálicos Mealurgia 300 250 200 150 Equipamenos de informáica, produos elerônicos, hospialar e ópicos máquinas, aparelhos e maeriais eléricos Veículos auomoores 100 50 0 Produos de meal - exceo Maq e Equip Máquinas e equipamenos 100 50 0 Químicos e Farmaceuicos Gráfica Fone: PIA - IBGE

29 4.2. CUSTO UNITÁRIO DO TRABALHO (CUT) Para além da produividade do rabalho, é possível calcular o cuso uniário do rabalho como resulado da produividade e do salário oferecido pelo seor. Esse indicador apresena a compeiividade do seor, baseado no insumo rabalho. A fórmula CUT = W PT é sensível ano a variações no salário (W), quano na produividade da indúsria (PT). Nos gráficos 5 e 6 é possível observar a variação no CUT em moeda local e usando a axa câmbio efeiva real, aravés de uma cesa de moedas. Nos dois casos é possível noar a endência de manuenção e melhora da compeiividade no período 1996-2002. E na sequência, 2002-2014, uma consane piora da siuação ano a ano. A variação no período oal apresenou uma elevação do CUT de 6,63%, quando medido no valor deflacionado pela cesa de moeda (CUT Taxa efeiva). No período de redução do CUT, o valor para a indúsria de ransformação apresenou queda de 63% enre os anos 1996 a 2002. Essa queda foi mais do que compensado no resane do período observado, aingindo 184% de variação no aumeno de 2002 a 2014. Durane esse caminho de elevação do CUT, a série hisórica mosrou apenas um ano de fore reração do valor enconrado. No ano de 2008 apresena redução de 18%, comparado ao ano anerior. Essa redução é compleamene dissipada no cálculo do ano 2009, quando foi enconrado aumeno de 47%

30 comparado ao ano anerior. Ao final do período dessa série, o gráfico mosra que a parir de 2003 a redução do CUT que esava ocorrendo aé o ano anerior é inegralmene reverida, chegando ao final do período de 2014 com valores superiores aos enconrados em 1996. Barbosa Filho e Mello (2013) relaam, em seu rabalho de análise do CUT das regiões do Brasil, que no período a parir de 2003 a fore apreciação cambial revere os ganhos de compeiividade dos anos aneriores elevando o cuso uniário do rabalho. O riênio final da série apresena uma manuenção com pequenas quedas no valor enconrado, resulado da depreciação cambial que ocorre nesse período e amenizam a perda da compeiividade. Em moeda local o período apresenou uma queda muio leve, no período 1996-2002, de apenas 14%. E a parir de 2002 foi observado um aumeno no valor do CUT, quase consane, de 4,7% a.a. Havendo apenas um período de redução na comparação com o ano anerior, que foi em 2010 quando foi reduzido em 4% na comparação com 2009. Nesse período de 2002 a 2014 foi enconrada variação de 73% que, assim como o valor calculado com cambio efeivo, ambém revereu a leve melhora na compeiividade dos anos aneriores. No período oal da série hisórica, o cuso uniário do rabalho medido apenas em moeda local apresenou elevação de 48% para o oal da indúsria de ransformação. No anexo A.4, são apresenadas as variações do CUT axa efeiva para os seores separadamene, onde 11 dos 20 seores apresenaram elevação do CUT baseado na cesa de moedas, com Papel (-49%), Combusíveis (-34%), e Mobiliário

31 Diversos (-16%) acumulando as maiores quedas no período oal. Na oura exremidade, os seores de Couros e Calçados e de Químicos e Farmacêuicos apresenaram alas acima de 40%. O resulado mais alo foi enconrado no seor de Equipamenos de Informáica, Produos Elerônicos, Hospialar e Ópicos que aingiu ala de 95% do CUT efeivo. O resulado mosra coerência com o parecer enconrado em Campelo e Sales (2010). Observando o gráfico 7 pode fazer mais senido dividir a análise agregada em 4 períodos. 1996 a 1998, 1998 a 2002, 2002 a 2009 e finalmene 2009 a 2014. O primeiro deles corresponde aos anos 1996 a 1998. Nesses anos há pouca variação dos indicadores. A produividade do rabalho e o CUT em moeda local apresenam um aumeno que não alcança 2%, enquano o CUT TCER apresena uma leve redução de valor, devido ao início da depreciação cambial. Essa depreciação ainda se prolongaria em ouros anos conribuindo para a melhora de compeiividade da indúsria brasileira. Nesse inervalo de empo os salários médios da indúsria apresenam um crescimeno de 3% de ganho real. No período seguine observa-se a variação enre os anos 1998 a 2002. Nesse período, a produividade do rabalho encerrará o ciclo no mesmo nível em se enconrava em 1998, após er apresenado uma variação de 6% enre 1998 e 1999, a qual elevou o nível da produividade do rabalho para o maior valor enconrado na

32 série pesquisada nesse esudo. Após 1999, a produividade inicia a queda e fechará o ano de 2002 0,41% maior que em 1998. Esse, inclusive, será o úlimo ano com valores acima do nível inicial de 1996. Com a produividade apresenando modesos resulados, o CUT em moeda local responde de forma assimérica, mas não sendo na mesma magniude. O índice se maném abaixo do valor inicial, represenando melhor compeiividade para a indúsria. Enquano a variação do CUT em moeda local se maném modesa como a produividade, mesmo com variação dos salários reais para baixo, no valor de -15%, na média da indúsria o CUT TCER, devido ao componene câmbio, apresena uma redução maior, de 60%. Confirmando o movimeno já percebido no período 1996-1998. A depreciação do Real em 2002 é raduzida no menor valor enconrado para o CUT, no próprio ano de 2002. Passada a urbulência gerada pelas eleições e a perspeciva de viória do candidao de oposição, que acabou se confirmando, inicia-se o período limiado aos anos 2002 a 2009. Durane esses anos a produividade segue a direção de queda e rompe o nível do início da série para não volar a se recuperar nos anos seguines. Enre 2002 e 2009 é enconrada uma variação posiiva dos salários médios da indúsria no valor de 21%. Nesse período a produividade ca os salários são reajusados acima da perda do poder de compra, e o câmbio se aprecia cada vez mais. Assim, parimos do ano de 2002, onde é enconrado o menor valor da série do CUT, para iniciar uma rajeória de crescimeno. O CUT em moeda local já em 2004 erá ulrapassado o nível de 1996. O valor em CUT TCER demorará um pouco mais devido a depreciação cambial que o impacou em anos aneriores. Acumulando axas de crescimeno muio superiores ao índice em moeda local, ele aingiu 2009 13% acima do valor de 1996, impacando negaivamene na compeiividade brasileira. Com esse hisórico, inicia-se o período 2009 a 2014. Esse período confirma a endência anunciada em anos aneriores. Com variação dos salários médios aingindo 14% de aumeno real, e a produividade chegando no pior nível da série. O ano de 2014 fecha com perda de 41% de produividade do rabalho em comparação com 1996. Isso leva o CUT ambém a romper o nível dos valores enconrados nessa série. O CUT TCER, ao conrário, inicia em 2009 com o seu valor mais alo, mas no

33 riênio 2011-2013 o valor, medido pela cesa de moedas sofre uma redução devido a depreciação cambial que afea a moeda nacional. No ano de 2014 o CUT TCER vola a crescer juno com o CUT em moeda local. A abela 1 dealha os valores de variação do salário, produividade e CUT. 4.2.1 ANÁLISE SETORIAL DO CUT Enre os seores da indúsria, noa-se a diferença de resulado quando há elevação de produividade no período, para absorver o aumeno do componene salário. Enre 1996 e 2014 dois seores apresenaram os maiores percenuais de reajuse dos salários médios. O segmeno de Madeira, com 72%, e Combusíveis, com 70%, ficaram no opo da ordenação de reajuse salarial enre seores. Mas apesar do reajuse semelhane, a evolução da produividade do rabalho foi disina neles, absorvendo esse reajuse e por isso eles apresenaram resulados disinos no CUT medido em moeda local. Madeira fecha a série com 70% de aumeno e Combusíveis eve o CUT reduzido em 8%. Resulado de CUT disinos pelo mesmo moivo ambém são observados nos seores que iveram reajuses de salário médio enre 31% e 41%. Enquano Vesuário e Acessórios (31%), Minerais Não Meálicos (33%) e Alimenos e Bebida (35%) apresenaram reajuses de salário inferiores a Mobiliário Diversos (41%), o resulado no CUT foi inverido. Os 3 primeiros alcançaram maiores reajuses do CUT em moeda local devido a menor evolução da produividade comparado ao seor Mobiliário Diversos, que obeve 21% de variação nesse índice em 1996-2014. E mesmo os seores com menores reajuses salariais ambém apresenaram resulados semelhanes. Papel fechou o período da série com redução do seu CUT em moeda local de 29%, enquano o seor de Gráfica mosrou aumeno oal de CUT de 25%. Papel, apesar de er sua média salarial aumenada em 4%, compensou com aumeno da produividade em 47%. Para Gráfica, onde foi consaado variação negaiva de 20% nos salários, o resulado de redução de 36% da produividade

34 piorou a compeiividade do seor, elevando o CTU para 25% acima do índice de 1996. A Tabela 1 complea as variações dos seores fazendo duas quebras no período. No primeiro, é demonsrado o período de 1996 a 2002, onde houve redução do CUT em moeda local e em axa efeiva. E no segundo, 2002 a 2014, onde é significaivo o aumeno do CUT e redução da produividade. Em ambos os períodos a imporância da axa de câmbio na compeiividade fica evidene. Tabela 1 : Variação média do Cuso Uniário do Trabalho por período (Em % a.a.) 1996-2002 Seores Salários Produividade CUT Alimenos e bebidas -1,3 2,3-3,6 Fumo -2,2-3,5 1,3 Têxil -2,9 0,7-3,5 Vesuário e acessórios -2,8-3,1 0,3 Couros e calçados -2,0-4,7 2,6 Madeira 0,7-0,8 1,4 Papel -2,4 9,2-11,6 Gráfica -2,9 1,5-4,4 Combusíveis 3,6 18,4-14,8 Químicos e Farmaceuicos -0,8-5,6 4,9 Borracha e plásico -2,7-3,0 0,3 Minerais não-meálicos -1,7 1,7-3,4 Mealurgia -1,7 3,0-4,7 Produos de meal - exceo Maq e Equip -3,2-0,1-3,0 Máquinas e equipamenos -3,0-3,0-0,0 Equipamenos de informáica, produos elerônicos, hospialar e ópicos 1,7-1,8 3,4 máquinas, aparelhos e maeriais eléricos -2,6-2,7 0,1 Veículos auomoores -0,5 0,9-1,4 Ouros Equipamenos de ranspore 3,5 11,8-8,3 Mobiliário e diversos -1,5 0,2-1,7 Toal Ind. Transformação -2,2 0,3-2,6 2002-2014 Seores Salários Produividade CUT Alimenos e bebidas 3,1-2,9 6,1 Fumo 3,2-1,7 4,8 Têxil 2,5-1,0 3,4 Vesuário e acessórios 3,7 0,7 3,0 Couros e calçados 2,6-2,1 4,7 Madeira 4,2 0,5 3,7 Papel 1,5-1,4 2,9 Gráfica -0,4-4,5 4,1 Combusíveis 2,6-4,1 6,7 Químicos e Farmaceuicos 1,4-1,9 3,3 Borracha e plásico 2,1-2,5 4,7 Minerais não-meálicos 3,2-3,6 6,8 Mealurgia 2,4-4,7 7,1 Produos de meal - exceo Maq e Equip 3,2-0,3 3,5 Máquinas e equipamenos 2,7-0,5 3,3 Equipamenos de informáica, produos elerônicos, hospialar e ópicos 0,3-6,3 6,6 máquinas, aparelhos e maeriais eléricos 1,9 0,0 1,9 Veículos auomoores 1,4-1,1 2,6 Ouros Equipamenos de ranspore 1,9-4,9 6,8 Mobiliário e diversos 3,6 1,4 2,1 Toal Ind. Transformação 2,7-1,9 4,6 Fone: PIA - IBGE Elaboração própria

35 No período 1996 a 2002, a variação do CUT TCER aconece de forma favorável à compeiividade da indúsria. Analisando a abela 1, noa-se que mesmo os seores que apresenaram variação anual da produividade com valores negaivos foram beneficiados com a depreciação média do câmbio de 14% a.a. O resulado se invere nos anos de 2002 a 2014, onde foi observada variação anual posiiva do CUT em odos os seores, mesmo para os que apresenaram variação posiiva na produividade, como foi o caso de Vesuário e Acessórios. No período os reajuses de salários e apreciação cambial, na ordem de 4%, foram desfavoráveis para o resulado final do CUT. No Gráfico 8 é apresenado o resulado com um recurso mais visual dessas variações no período compleo. Na primeira pare da figura esão as variações de salário, ordenadas da menor para a maior, endo o oal da indúsria na primeira linha. Esse resulado é a soma dos dois períodos da Tabela 1, e fica desacado o seor Gráfica como único que não compensou o período de redução salarial, e fechou o período oal com variação negaiva. Na segunda pare é disribuída a produividade que irá amenizar ou inensificar o resulado de aumeno do CUT. Nessa figura ficam claros os 5 seores, enre os 20, onde foram observados o aumeno de produividade. E na pare abaixo, esá apresenado o cálculo do CUT em moedas local e TCER. A diferença no resulado das duas medidas de CUT orna evidene o impaco do câmbio nesse cálculo. Ao final, 9 dos 20 seores erminaram o ano de 2014 com o posicionameno mais favorável nessa medida de compeiividade.

36 Gráfico 8 Variação por período (%) Variação do Salário real na Indúsria de Transformação- 1996 a 2014-60% -30% O% 30% 60% 90% 120% 150% Toal lnd. Transformação Gráfica Papel máquinas, apare lhos e maeriais eléricos Borracha e plásico Químicos e Farmaceuicos Têx il Equipamenos de informáica, produos elerônicos, hospialar e ópicos Veículos auomoores Máquinas e equipamenos Mealurgia Produos de meal - exceo Maq e Equip Couros e calçados Fumo Vesuário e acessórios Minerais não-meálicos Alimenos e be bidas Mobiliário e diversos Ouros Equipamenos de ranspore Combusíveis Madeira Salário Variação da Produividade do Trabalho na Indúsria de Transformação -1996 a 2014 - -60% -30% Toal lnd. Transformação Gráfica Papel --- O% 30% 60% 90% 120% máquinas, aparelhos e maeriais eléricos Borracha e plásico Químicos e Farmaceuicos Têxil Equipamenos de informáica, produos elerônicos, hospialar e ópicos Veículos auomoores Máquinas e equipamenos Mealurgia Produos de meal- exceo Maq e Equip Couros e calçados Fumo Vesuário e acessórios Minerais n~o-meálicos Alimenos e bebidas Mobiliário e diversos Ouros Equipamenos de ranspore Combusíveis Madeira - - - - - 150% Produividade Variação do CUT na Indúsria de Transformação - 1996 a 2014 Toal lnd. Transformaç~o Gráfica Papel máquinas, aparelhos e maeriais eléricos Borracha e plásico Qui micos e Farmaceuicos Têxil Equipamenos de informáica, produos elerônicos, hospialar e ópicos Fone: PIA - IBGE Veículos auomoores M áquinas e equipamenos Mealurgia Produos de meal - exceo Maq e Equip Couros e calçados Fumo Vesuário e acessórios Minerais n~o-meá l icos Alimenos e bebidas Mobiliário e diversos Ouros Equipamenos de ranspore Combus íveis Madeira -60% -30% O% 30% 60% 90% - -... =--... - -... - - CUT TCER Cu R$ 120% 150%

37 4.3. DECOMPOSIÇÃO DO CUT EM EFEITO NÍVEL E COMPOSIÇÃO Esa seção faz a decomposição do cuso uniário do rabalho separando a variação do CUT em dois componenes: nível e composição. O aumeno do CUT em deerminada indúsria pode aconecer derivado do aumeno do cuso uniário na indúsria (salário reais aumenaram ou produividade do rabalho caiu) ou porque ocorreu um aumeno do peso econômico dos seores com cuso uniário do rabalho mais elevado relaivamene aos de menor cuso uniário. Para a Indúsria de Transformação, a abela 2 mosra que o efeio nível explica praicamene oda dinâmica de variação dos cusos do rabalho no período. O efeio nível domina o efeio composição ano no cálculo do período oal, quano nos cores em diferenes períodos da série hisórica. Tabela 2 : Decomposição da variação do Cuso Uniário do Trabalho na indúsria de ransformação Período ΔCUT R$ Nível Comp. ΔCUT (TCER) Nível Comp. 1996-2014 0,0567 0,0567 0,0000 0,0112 0,0105 0,0007 % 100,0 0,0 93,4 6,6 1996-2002 -0,0167-0,0150-0,0017-0,1054-0,1049-0,0005 % 89,9 10,1 99,5 0,5 2003-2007 0,0232 0,0223 0,0009 0,0728 0,0721 0,0007 % 96,3 3,7 99,1 0,9 2008-2010 0,0068 0,0054 0,0014 0,0684 0,0669 0,0015 % 79,9 20,1 97,8 2,2 2011-2014 0,0226 0,0229-0,0003-0,0108-0,0105-0,0003 % 101,4-1,4 97,3 2,7 Fone: PIA IBGE. Elaboração própria A Tabela 2 mosra que o efeio nível explica praicamene oda dinâmica de elevação dos cusos do rabalho no período. O efeio nível domina em ambas as decomposições, ano para o CUT em moeda local como o em axa efeiva. Isso indica que a mudança esruural da indúsria de ransformação não foi o faor preponderane do aumeno do cuso do rabalho, evidenciando o efeio da queda da produividade, do aumeno dos salários e a evolução do cambio no índice.

38 O período 2011 2014 evidencia a imporância do câmbio. Devido à depreciação cambial que aconece no período, o CUT TCER apresena queda no seu resulado. Conrário ao CUT em moeda local, que maneve a rajeória de crescimeno. No período compleo, o efeio combinado de políica de aumeno dos salários reais, descolada de medidas de produividade, com a apreciação cambial reduziu consisenemene a compeiividade do país. Mesmo nos anos recenes onde foi regisrada uma ímida recuperação do CUT, período 2011-2013, o efeio nível é dominane. Indicando que o câmbio auou nesse componene, mas não foi suficiene para compensar os aumenos de anos aneriores e melhorar a compeiividade do país. Ou seja, a recuperação recene foi ocasionada por uma depreciação cambial e não por uma recuperação da produividade.

39 5. CONCLUSÃO A queda da produividade do rabalho, somada aos ganhos de salários, fez com o que cuso uniário do rabalho aumenasse e chegasse no ano de 2014 bem acima do nível de 1996, isso reduziu a compeiividade da indúsria no Brasil. No caso de considerar o valor baseado numa cesa de moedas, a valorização cambial nesse período ambém conribuiu para esse aumeno do CUT em axa real. Como resulado, alcançamos em 2014 o mesmo nível de produividade de 2009. A presene disseração mosra que houve uma redução de 19% na produividade do rabalho da indúsria de ransformação, no período oal esudado. Esse resulado significou uma queda de 1,14% a.a. se for disribuída igualmene em odos os anos. Os resulados mosram ainda que 15 dos 20 seores apresenaram queda na produividade e somene 5 seores apresenaram ganhos de produividade no período analisado. O rabalho ambém calcula o CUT para o período de 1996 a 2014 e enconra uma variação posiiva de 48% em moeda local e de 6,63% com base na cesa de moedas (axa de cambio efeiva real TCER) do BACEN. Para o valor calculado pela axa efeiva, houve fore elevação no período 2002 a 2014. Em ambos os casos o rabalho mosra aravés de uma decomposição que o efeio esruural de composição é pouco significane nessa variação, com o efeio nível explicando mais de 90% da variação do CUT. No esudo, foi possível avaliar 4 subperíodos com resulados diferenes. No primeiro deles, enre 1996 e 1998, houve aumeno dos salários reais em 3% que foi compensado com aumeno de produividade. O CUT em axa real apresenou melhora aravés de depreciação cambial. Os anos de 1998 a 2002 apresenaram variação negaiva dos salários médios da indúsria, o que conribuiu para a redução da CUT, mesmo com a produividade do rabalho sem apresenar melhoras. A parir de 2002 aé 2009 o quadro fica desfavorável para a compeiividade da indúsria brasileira. Queda da produividade do rabalho em 20% e aumeno real do salário médio na ordem de 21% jogam o CUT numa endência de crescimeno, inensificada pela apreciação cambial do período.

40 Os anos de 2009 a 2014, para fechar a série, ermina com o pior nível de produividade no ano de 2014. Os reajuses salariais da indúsria coninuam enregando ganhos reais, apesar da queda conínua da produividade. O CUT em axa efeiva cessa a rajeória de crescimeno no riênio 2011-2013 volando a apresenar elevação no úlimo ano da série. Assim, os resulados indicam que a prolongada perda de compeiividade da indúsria de ransformação brasileira, associada ao aumeno do CUT em moeda local e pela cesa de moedas, aconeceu como consequência do fraco desempenho da produividade e dos ganhos reais de salário, além da imporane conribuição do câmbio.

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43 7. ANEXOS Anexo A.1 Tabela de adequação enre os códigos nacional de aividade econômica (CNAE) CNAE 1.0 (1996 a 2006) & CNAE 2.0 (2007 a 2014) Id SETORES CNAE 1.0 CNAE 2.0 1 15 Fabricação de produos alimenícios e bebidas 10 Fabricação de produos alimenícios 11 Fabricação de bebidas 2 Fumo 16 Fabricação de produos do fumo 12 Fabricação de produos do fumo 3 Têxil 17 Fabricação de produos êxeis 13 Fabricação de produos êxeis 4 Vesuário e acessórios 5 Couros e calçados 18 Confecção de arigos do vesuário e acessórios 19 Preparação de couros e fabricação de arefaos de couro, arigos de viagem e calçados 6 Madeira 20 Fabricação de produos de madeira 7 Papel 8 Gráfica 9 Combusíveis 10 11 Alimenos e bebidas Químicos e Farmaceuicos Borracha e plásico 12 Minerais não-meálicos 21 Fabricação de celulose, papel e produos de papel 22 Edição, impressão e reprodução de gravações 23 Fabricação de coque, refino de peróleo, elaboração de combusíveis nucleares e produção de álcool 24 Fabricação de produos químicos 25 Fabricação de arigos de borracha e plásico 26 Fabricação de produos de minerais não-meálicos 14 Confecção de arigos do vesuário e acessórios 15 Preparação de couros e fabricação de arefaos de couro, arigos para viagem e calçados 16 Fabricação de produos de madeira 17 Fabricação de celulose, papel e produos de papel 18 Impressão e reprodução de gravações 19 Fabricação de coque, de produos derivados do peróleo e de biocombusíveis 20 Fabricação de produos químicos 21 Fabricação de produos farmoquímicos e farmacêuicos 22 Fabricação de produos de borracha e de maerial plásico 23 Fabricação de produos de minerais não-meálicos 13 Mealurgia 27 Mealurgia básica 24 Mealurgia Produos de meal - exceo 28 Fabricação de produos de meal - 14 Maq e Equip exceo máquinas e equipamenos 15 Máquinas e equipamenos 29 Fabricação de máquinas e equipamenos 25 Fabricação de produos de meal, exceo máquinas e equipamenos 28 Fabricação de máquinas e equipamenos 16 17 máquinas, aparelhos e maeriais eléricos 18 Veículos auomoores 19 Equipamenos de informáica, produos elerônicos, hospialares e ópicos Ouros Equipamenos de ranspore 20 Mobiliário e diversos 30 Fabricação de máquinas para escriório e equipamenos de informáica 32 Fabricação de maerial elerônico e de aparelhos e equipamenos de comunicações 33 Fabricação de equipamenos de insrumenação médico-hospialares, insrumenos de precisão e ópicos, equipamenos para auomação indusrial, cronômeros e relógios 31 Fabricação de máquinas, aparelhos e maeriais eléricos 34 Fabricação e monagem de veículos auomoores, reboques e carrocerias 35 Fabricação de ouros equipamenos de ranspore 36 Fabricação de móveis e indúsrias diversas 37 Reciclagem 26 Fabricação de equipamenos de informáica, produos elerônicos e ópicos 33 Manuenção, reparação e insalação de máquinas e equipamenos 27 Fabricação de máquinas, aparelhos e maeriais eléricos 29 Fabricação de veículos auomoores, reboques e carrocerias 30 Fabricação de ouros equipamenos de ranspore, exceo veículos auomoores 31 Fabricação de móveis 32 Fabricação de produos diversos

44 Anexo A.2 Deflaores implícios do PIB, aravés do Sisema de Conas Nacionais. Fone: Sisema de Conas Nacionais

45 Anexo A.3 INPC (Índice Nacional de Preço ao Consumidor IBGE)

46 Anexo A.4 CUT axa efeiva por seor da indúsria