Retornos à estocagem de carvão vegetal
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- Lara Alencastre de Vieira
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1 IPEF, n.25,.33-35, 1983 Retornos à estocagem de carvão vegetal SÉRGIO ALBERTO BRANDT Universidade Federal de Viçosa, Deto. Econ. Rural, Viçosa - MG ALOISIO RODRIGUES PEREIRA Sociedade de Investigações Florestais, UFV, Viçosa - MG ORLANDO MONTEIRO DA SILVA Universidade Federal de Viçosa, Deto. Adm. E Economia, Viçosa - MG RESUMO - A estocagem sazonal de carvão vegetal é atividade que vem exandindo grandemente, rincialmente em áreas róximas ao comlexo siderúrgico do Estado de Minas Gerais. Volumes consideráveis de recursos humanos e de caital vêm sendo alocados nesta atividade. Pouco se conhece contudo, acerca das taxas de retorno aos recursos investidos, considerando-se as alternativas mais usuais abertas aos investidores. No resente estudo deixa-se que os dados de mercado indiquem a natureza e os níveis de retorno ao caital investido em estocagem de carvão vegetal. Além disso, o modelo usado indica o n1vel de custos de estocagem, or unidade de temo. O modelo emírico utilizado relaciona reços eserados de carvão, reços observados de carvão e reço real de caital (taxa real de juros do mercado financeiro). A evidência emírica sugere que a taxa de retorno obtida com estocagem de carvão é inferior à obtida com ativos desrovidos de risco. A estimativa indireta de custo de estocagem de carvão é coerente com a informação direta disonível. ABSTRACT - An emirical model is fitted to real rices of charcoal and real rice of caital in older to estimate rates of return to storage of charcoal. The series cover the eriod of 1976-VI to 1981-XII and are adjusted by a general rice index (1977=100). The results indicate a negative (θ = 0,49) and significant rate of return to storage of charcoal. It seems that the redominant motivation to storage is not a seculative one. INTRODUÇÃO A estocagem de carvão vegetal ara atendimento da demanda roveniente do comlexo siderúrgico do Estado de Minas Gerais é atividade que vem se exandindo sobremaneira nos últimos anos. Tanto as emresas consumidoras, como rodutoras e intermediárias arecem esecular com estoques deste insumo industrial. A exansão da atividade de estocagem tanto ode ser exlicada elo motivo de eseculação como elos motivos de transação e recaução (BRANDT, 1980). O motivo de eseculação seria atribuído à existência de lucros eserados ositivos e maiores que os obtidos no mercado financeiro. Não se disõe de informações sobre taxas de retomo a investimentos em estocagem de carvão vegetal no País. Na verdade, ouco se sabe acerca destes níveis de rentabilidade,
2 mesmo ara outros rodutos originários do setor rimário (BRANDT, DEMBERCK, 1980). Mesmo no caso destas esquisas anteriores, referentes a rodutos agrícolas, as análises de retornos à estocagem aresentam forte limitação. É que, naqueles estudos, ressuõe-se que os emresários estoquem rodutos durante eríodo que maximizaria retorno líquido observado. Evidentemente, é mais razoável suor que os estocadores rocurem maximizar retorno líquido eserado. O resente estudo retende fazer uma investigação emírica da taxa de retorno aos recursos emregados em estocagem de carvão vegetal, no Estado de Minas Gerais. Faz-se também uma comaração desta taxa com a alcançada em inversões raticamente desrovidas de risco, como as alicações em cadernetas de ouança. METODOLOGIA O rocedimento emírico usado na resente esquisa é o roosto or KRASKER (1979). Seja, inicialmente, o caso de um emresário que adquire carvão ao reço e aga custo de estocagem igual a δ, isto é, igual à tarifa total unitária de estocagem. Na medida em que, no final do eríodo t, o reço de carvão for igual a *, a taxa de retorno, descontado o custo de estocagem, será igual a (* - - δ) / (I) de modo que a taxa de retorno eserado, no início do eríodo t, isto é, no momento da aquisição do roduto, é igual a (E* - - δ) / (II) Suondo-se, em seguida, que este retorno eserado exceda a taxa de retorno r, obtida em ativos desrovidos de risco, or um valor determinado e, isto é E *- -δ - r = θ (III) O valor de e ode ser diferente de zero, or dois motivos rinciais: (a) o retorno real obtido elos recursos investidos em estocagem de carvão ode ser correlacionado com o retorno real obtido em outros ativos. e (b) os mercados de carvão e de serviços de estocagem de carvão odem não serem cometitivos. Fazendo-se * = E* + u (IV) onde u é uma variável randômica, com exectativa igual a zero, e rearranjando os termos da relação (III), obtém-se a seguinte equação de regressão: * - - r 1 = θ + δ + u (V)
3 artir da qual odem ser estimados os arâmetros desconhecidos θ e δ, isto é, a taxa de retorno à estocagem e o custo ou tarifa de estocagem, or unidade de temo. Considerando-se que a escala de distribuição de u deve ser aroximadamente roorcional a, a reação u/ deve ter variância aroximadamente constante, de modo que a equação (V) é a forma aroriada de ajuste de equação de retorno e custo e de teste da hiótese nula Ho: θ = 0. O teste desta hiótese é conduzido or meio de estatística t de Student (PINDYCK & RUBINFELD, 1976). Vale notar, a riori, que a estatística r 2 não é relevante, em se tratando de testes de eficiência de mercado (FAMA, 1970). Em outros termos, não interessa, no resente estudo, saber se (1 + r) δ é um bom revisor de *, mas sim o de verificar se é um revisor não enviezado ou não tendencioso de *. Pressuõe-se em rocesso simles de formação de exectativas de reços de carvão vegetal: *= 0, , ,167-2 (VI) no qual o reço eserado ara o eríodo t + 1, isto é, *, é uma média onderada, com esos decrescentes, de reços observados corrente () e assados ( - 1 e - 2). O somatório das onderações de reços observados é igual à unidade (FAMA, 1970) (KRASKER, 1979). Os dados utilizados no resente estudo são reços de carvão vegetal agos aos rodutores do Estado de Minas Gerais, observados no eríodo de 1976-VI a 1981-XII (BRASIL, 1982). Estes reços correntes são deflacionados or meio do IGP (n.o 2), com base 1977 = 100 (BRASIL, 1981). Destarte, o custo de estocagem de caro vão é exresso em cruzeiros de 1977, or MDC, or mês. A taxa de juros reais obtidos or meio de alicação em cadernetas de ouança, no eríodo considerado (1976-VI a 1981-XII) foi igual a 0,4866% a.m. A equação é ajustada elo método de mínimos quadrados ordinários (MOO), sob as ressuosições usuais (KRASKER, 1979). RESULTADOS E DISCUSSÃO As estimativas MQO dos arâmetros θ e δ, ara o mercado de carvão vegetal do Estado de Minas Gerais, são aresentadas em seguida, tendo os resectivos erros-adrão entre arênteses e as estatísticas t de Student entre colchetes: * - - r (r2 = 0,977) dw = 2,022 1 = - 0, ,9818 (0,0244) [19,9221][52,9451] F(1;65) = 2,839,730 ρ = 0,010 (0,018)
4 As estatísticas dw de Durbin-Watson e de Theil-Nagar indicam inexistência de roblemas de correlação serial nos resíduos da equação estimada. As estatísticas r 2 e F de Snedocor indicam altos graus ajuste e de significância da regressão aos dados de *, e r. Nota-se que a estimativa de θ é negativa e estatisticamente significante, ao nível de 0,01 de robabilidade. Conclui-se que o retorno real eserado à estocagem de carvão é inferior ao obtido em ativos raticante desrovidos de risco, como as alicações em cadernetas de ouança. A evidência emírica indica que, em geral e não na média, os emresários não estocam carvão vegetal com motivação eseculativa. Aarentemente, estes emresários estocam carvão com objetivos de atendimento da demanda de transação (rodutores de carvão) e/ou levados elo motivo de recaução (indústria siderúrgica). A estimativa de δ igual a 0,9818 também é estatisticamente significante, ao nível 0,01 de robabilidade. O valor de δ indica que, caso esteja correto, o custo médio de estocagem de carvão vegetal, no eríodo de , foi da ordem de Cr$ 0,98 de 1977 or MDC, or mês. Este valor corresonde a Cr$ 11,38 or MDC, or mês, quando exresso em moeda de dezembro de E esecialmente notável que a estimativa disonível de custo (variável) de estocagem de carvão vegetal englobando aenas desesas de manejo e materiais, seja da ordem de Cr$ 45,45 or MDC, or mês, exresso em moeda de dezembro de 1981 (FLORESTAL ACESITA, 1981). Visto que esta última estimativa se refere a estocagem de carvão em grande emresa ligada ao comlexo siderúrgico, era de se eserar que a estimativa de custo estocagem, ara o setor de carvoejamento em geral, fosse mais baixa. É que uma série de desesas, obrigatórias ara as grandes emresas, não são enfrentadas elos equenos rodutores de carvão. Neste sentido, o resultado obtido é coerente com as exectativas a riori. BIBLIOGRAFIA BRASIL. Fundação Getúlio Vargas, Conjuntura Económica, Rio de Janeiro, 35 (6) : 65-77, 1981 Sulemento). BRASIL. Instituto Brasileiro de Siderurgia. Preços médios mensais de carvão vegetal. Rio de Janeiro, 1982, 3. (mimeo). BRANDT, S.A. Comercialização Agrícola. Piracicaba: Livroceres, 1980, 195. DEMBERCK, W. Estrutura de custo e eficiência técnica de estocagem de grãos no Estado de Mato Grosso. Rio de Janeiro: FGV-EIAP, 1980, 112. (Tese M.S.). FAMA, E. Efficient caital markets: a review of theory and emirical work, Journal of Finance. Chicago, 25(2): , FISHER; B.S. & TANNER. C. The formulation of rice exectations: an emirical test of theoretical models, American Journal of Agricultural Economics, Lexington 60 (2) : FLORESTAL ACESIT A S.A. Custos fixos e variáveis de estocagem de carvão vegetal. Belo Horizonte (Relatório Interno).
5 KRASKER, W.S. The rate of return to storing wines. Journal of Political Economy, Chicago. 87 (6): PINDYCK. S. & RUBINFELD. R. Econometric models and economic forescasts. New York. McGraw-Hill
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