Figura utilizadas. 1 Todas as figuras, nas quais, aparecem as crianças, há autorização dos responsáveis para que sejam

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1 Conhecendo os pássaros: uma experiência realizada com crianças de 2 anos. Eixo 4: Práticas Pedagógicas, culturas Infantis e Produção cultural para crianças pequenas. Alice Pereira Cruz Bernardino. Resumo O projeto foi realizado na creche Antônio Manfrim, no município de Santa Cruz do Rio Pardo, com as crianças de dois anos. Teve como objetivo geral oferecer às crianças informações referentes às suas perguntas sobre as aves e, com isso, ampliar seus conhecimentos sobre as mesmas. Os objetivos específicos buscaram informar também, sobre os cuidados que devemos ter com os pássaros, as suas cores, os sons que emitem e as várias espécies existentes, considerando as mais conhecidas pelas crianças. Durante e execução do projeto foram realizadas varias atividades como: construção de cartazes, brincadeira corporal, desenhos, registros do voo dos pássaros e conversas na roda da conversa. No decorrer do desenvolvimento do projeto percebemos que as crianças se envolveram bastante com o assunto, aprenderam várias coisas sobre as aves e contavam às outras crianças sobre o que haviam aprendido. O projeto trouxe às crianças a oportunidade de ampliarem seus conhecimentos de um jeito prazeroso. A idéia de realizar o projeto sobre pássaros com nossa turma de maternal I surgiu a partir de uma visita que fizemos com todas as crianças, na casa da educadora Oédis. O passeio foi realizado com a turma e teve como objetivo mostrar às crianças o viveiro de pássaros existente em sua residência. Pelo fato de seu esposo ser um admirador de pássaros, em especial, de canários, ele construiu um grande viveiro, onde mantêm vários pássaros como, canários da terra, canários do reino, curiós e mandarins. A visita aconteceu no horário de aula e as crianças ficaram muito empolgadas ao verem os animais de perto. Enquanto observavam os canarinhos, a educadora explicava para elas tudo o que sabia sobre as aves, mostrando-lhes o lugar onde os pássaros botam os ovos, os alimentos que dão a elas e o local onde é colocada a água. Nesse dia havia algumas canarinhas que estavam botando e as crianças queriam saber por que elas somente ficavam dentro da casinha. Em meio à empolgação as crianças diziam: Cadê Oédis, eu não estou vendo, tá escuro lá dentro. Por que a mamãe fica quietinha la? Nesse momento a educadora explicou que ela ficava quietinha para por os ovinhos e que, de dentro deles, iriam sair os filhotes. Essa informação gerou outras curiosidades nas crianças. E ele vai sair voando? Mas como que o filhote voa?

2 As crianças ficaram tão entusiasmadas que queriam abrir o viveiro e colocar as mãos nos passarinhos. Elas falavam: Olha o piu, piu... O passarinho tá voando. Deixa eu ver o passarinho de perto. O viveiro não foi aberto, mas colocavam o dedinho dentro dele e quando os pássaros se aproximavam, davam gritinhos de alegria. Uma das crianças, diante da vontade de se aproximar das aves e, ao mesmo tempo, com um pouco de medo, perguntava o tempo todo: Ele não morde, né? Após olharem os passarinhos, ainda na casa da educadora, as crianças foram levadas para ver alguns quadros de pássaros que havia em sua casa e também revistas com imagens de aves. Enquanto olhavam as revistas, a educadora recortava algumas figuras de pássaros que foram levadas para a creche e coladas em um cartaz. Figura Todas as figuras, nas quais, aparecem as crianças, há autorização dos responsáveis para que sejam utilizadas.

3 Figura 2. De volta para a creche, as crianças não paravam de falar sobre os passarinhos, queriam contar para todas as pessoas sobre o que viram na casa da educadora. Diante do grande interesse da turma e da empolgação das crianças com os pássaros, iniciamos o projeto. O objetivo geral do trabalho era oferecer às crianças informações referentes às suas perguntas sobre as aves e, com isso ampliar seus conhecimentos sobre as mesmas. Atrelado ao objetivo geral, havia outros mais específicos como: - Quais os cuidados devemos ter com os pássaros. - Suas cores. - Seus sons. - As várias espécies existentes, considerando as mais conhecidas pelas crianças. Assim, o projeto iniciou-se no mês de março e ainda se encontra em andamento. Embora, em nossa turma, as crianças sejam bem pequenas, consideramos que elas possuem muita capacidade para aprender e conhecer coisas novas, principalmente, quando o que lhe é proposto estiver relacionado com suas necessidades e interesses. De acordo com a teoria histórico-cultural, base teórica do trabalho, a criança não nasce pronta, com todas as suas características determinadas biologicamente, mas sim, com uma capacidade ilimitada para aprender e, ao aprender e se relacionar com a cultura e as pessoas, apropria-se das qualidades humanas. Para Leontiev (1978, p. 267):

4 [...] as aptidões e caracteres especificamente humanos não se transmitem de modo algum por hereditariedade biológica, mas adquirem-se no decurso da vida por um processo de apropriação da cultura criada pelas gerações precedentes. Nesse contexto, a creche se transforma num espaço educativo, onde o cuidar se encontra associado ao educar, visto que ambos os aspectos devem estar presentes nas práticas pedagógicas. Segundo (ROSSETI-FERREIRA, 2003, p. 9): Não há um conteúdo educativo na creche desvinculado dos gestos de cuidar. Não há um ensino, seja um conhecimento ou um hábito, que utilize uma via diferente da atenção afetuosa, alegre, disponível e promotora da progressiva autonomia da criança. Desse modo, a creche torna-se um lugar de aprendizagem, onde as crianças teem a possibilidade de ampliar seus conhecimentos, de vivenciar experiências diversas e significativas e, com isso, aprender e se desenvolver. Para MELLO 2007, p. 85: A creche e escola da infância podem e devem ser o melhor lugar para a educação das crianças pequenininhas-crianças até os 6 anos, pois aí se pode intencionalmente organizar as condições adequadas de vida e educação para garantir a máxima apropriação das qualidades humanas [...]. Entendemos ainda, que essa prática de envolver as crianças nas atividades propostas também colabora para que elas assumam a posição de sujeitos ativos do seu processo de aprendizagem e desenvolvimento. Segundo Mello (2002), é importante que, na creche e na escola da infância, a criança seja vista, como alguém capaz de conviver com os outros, de exprimir seus sentimentos em relação ao mundo e de fazer teoria sobre esse mundo que ela passa a conhecer. Assim, o passo seguinte, após a visita aos pássaros, foi a abordagem do assunto nas rodas das conversas. Essa prática acontece diariamente na turma, é o momento em que as crianças são estimuladas a falarem e conversarem com os amigos e a educadora, estimulando assim, o desenvolvimento da linguagem oral.

5 Entre os assuntos abordados, conversamos sobre: quais crianças tinham pássaros em casa? Onde já haviam visto um passarinho? Qual a cor dos pássaros? O que eles comem? Falamos também sobre os pássaros verde e amarelo da Amazônia. A cada dia, mais crianças queriam participar da conversa contando algo sobre os pássaros. Durante as conversas descobrimos que uma das crianças, a Eloísa, tinha em sua casa, um papagaio, então, tivemos a idéia de levar toda turma para conhecê-lo, visto que a sua residência ficava bem próxima da creche. Antes de sairmos, combinamos com as crianças como seria o nosso passeio e o que íamos fazer na casa da amiga Eloísa. Quando chegamos à casa da amiga, o papagaio, cujo nome era Chico, estava fora da gaiola, e as crianças ficaram tão contentes em vê-lo que gritavam de alegria. Puderam observar também, dentro da gaiola, quais os alimentos ele comia, pois havia pêssego, abacate e semente de girassol. Chamamos a atenção das crianças para a cor do pássaro, lembrando-as de que no cartaz que havíamos feito na creche também tinha pássaros daquela cor. Antes de retornarmos à creche, a mãe da Eloísa nos deu uma pena do Chico para levarmos conosco. As crianças ficaram muito empolgadas e satisfeitas com o passeio e ao chegarem na creche ficavam contando para todo mundo sobre o passeio. Todos os dias as crianças perguntam à Eloisa: e o Chico? Concomitante às conversas, levamos para a sala algumas poesias de autores que falavam de pássaros, entre eles, Mário Quintana. Ao considerar, segundo a teoria histórico-cultural, a relação da criança com a cultura, fundamental para o seu desenvolvimento humano, optamos por oferecer a elas o que temos de melhor da cultura, ou seja, a cultura mais elaborada. Faria e Mello (2010), dizem que, além de garantir o acesso das crianças à cultura, temos de proporcionar-lhes experiências com a cultura elaborada. Dentro desse contexto, buscamos enriquecer os momentos de leituras diárias com as crianças, oferecendo a elas, além das histórias, outros tipos de textos também, com o cuidado de procurar bons textos e bons autores. Buscando enriquecer ainda mais as experiências das crianças, trouxemos também algumas músicas que falavam de pássaros. Ao selecionar as músicas, também tivemos o cuidado de oferecer aquelas que ampliassem o repertório musical das crianças, e escolhemos: o Canto do Curió, gravado por Ana Dias, historiadora e

6 pesquisadora do canto dos pássaros, Canto Praia Grande super clássico, Canário da Terra e Canto Clássico Metralha de Geraldo G. Silva. Após ouvirem e cantarem as músicas, propusemos às crianças, irmos ao parque para observarmos se havia algum pássaro nas árvores. Encontramos vários deles voando por todo lado. Em seguida, as crianças também começaram brincar de voar como os pássaros. Abriam os bracinhos e corriam pelo parque como se fossem pássaros. De volta à sala, cada criança desenhou com canetinha num papel grande o vôo do pássaro. Algumas crianças fizeram círculos grandes, outros traços compridos, e conforme desenhavam também comentavam: olha, o meu passarinho tá voando bem alto! Uma das crianças fez um traço com vários pingos e disse: é o ninho do passarinho. Outra experiência realizada com a turma ocorreu, após conversarmos com elas sobre o local onde os pássaros dormem. Contamos que os pássaros dormiam nas árvores e então, fomos ao parque da creche para escolhermos um galho de árvore para fazermos uma instalação na classe. As crianças, muito entusiasmadas, mostravam todo galho que encontravam e falavam: esse tá bom? Olha um galho ali! Eu quero esse! Ao retornarmos à sala, as crianças pintaram o galho com tinta guache e, em seguida, penduraram vários pássaros feito de dobradura. O galho com os pássaros ficou exposto na entrada da sala, e assim, todas as pessoas que chegam, inclusive os pais, podem apreciar a atividade feita pelas crianças. Figura 3.

7 As próprias crianças ficam horas observando e conversando sobre os pássaros. Outra atividade proposta foi a pintura com guache utilizando as várias cores de pássaros que encontramos nas nossas pesquisas. O projeto ainda está em andamento, mas já podemos observar alguns resultados. As crianças se envolveram muito com o assunto, aprenderam sobre as cores dos pássaros, sobre a sua alimentação, ao verem os alimentos que havia na gaiola do Chico, aprenderam ainda, onde os pássaros dormem e como eles voam e cantam. O fato de as crianças vivenciarem todas as atividades propostas contribuiu para que elas, realmente, aprendessem e se envolvessem tanto com o projeto. Bibliografia LEONTIEV, A. N. O desenvolvimento do psiquismo. Tradução Manuel Dias Duarte. 3 ed. Lisboa: Horizonte Universitário, p MELLO, S. A. O espaço da creche. Marília, Mimeografado. Infância e humanização: algumas considerações nas perspectiva históricocultural. Revista Perspectiva do Centro de Ciências da Educação, Florianópolis, v.25, n.1, p.85, jan/jul ROSSETTI-FERREIRA, M. C. A necessária associação entre educar e cuidar. Pátio: Educação Infantil, Porto Alegre: ano 1, n. 1, p. 9, 2000.

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