O nascimento de Vênus,. de Sandro Botticelli
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- Benedicto Vieira Alcântara
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1 O nascimento de Vênus,. de Sandro Botticelli
2 Definições de Arte A arte é, sem dúvida nenhuma, a mais rica e diversificada produção do homem ao longo de toda a sua história. Ela registrou e documentou todo o legado de nossos antepassados, em todas as épocas e regiões do mundo. Não saberíamos da existência de todos os povos e civilizações não fossem pelos registros da arte em suas diversas manifestações: desenho, pintura, escultura, arte cerâmica, arquitetura, através também da dança, da música, do teatro e outras mais. Definições de arte existem incontáveis, mas segundo o Dicionário Aurélio, arte é a capacidade que tem o ser humano de pôr em prática uma idéia, valendo-se da faculdade de dominar a matéria.
3 Para Herbert Read a simples palavra arte associa-se, na maior parte das vezes, às artes que se distinguem como plásticas ou visuais, porém pode-se acrescentar a isso as artes da palavra e da música. Todas essas expressões artísticas assim o são consideradas por constituírem um âmbito do desenvolvimento humano com características próprias, singulares. Então, o bom ponto de partida para o nosso estudo é definir o que há de comum a todas essas artes. Os artistas, de forma geral, buscam uma produção que visa principalmente a criação de formas agradáveis. Isso nos remete à ideia de uma satisfação, de um sentimento de beleza, que consiste na possibilidade de apreciar a unidade ou harmonia de relações formais entre e nas percepções sensoriais humanas. Isso não significa dizer que a arte seja incapaz de criar uma situação de mal-estar, de estabelecer inversões sobre aquilo considerado belo em um determinado momento e estabelecer novos cânones (princípios) sobre estética.,
4 E esse é o ponto de partida para compreendermos a função da arte na história. A arte, entendida como desenvolvimento humano, deve remontar ao processo de hominização, ao processo de diferenciação física e mental que permitiu intervenções humanas na natureza e, dentro das mesmas, a criação artística. A esse respeito, devemos avaliar os estudos de especialistas sobre o assunto, como Ernst Fischer e Gordon Childe.
5 O primeiro coloca:...o ser pré-humano que se desenvolveu e se tornou humano só foi capaz de tal desenvolvimento porque possuía um órgão especial, a mão, com a qual podia apanhar e segurar objetos. A mão é o orgão essencial da cultura, o indicador da humanização. Isso não quer dizer que tenha sido a mão sozinha que fez o homem: a natureza (particularmente a natureza orgânica) não admite semelhantes simplificações, semelhantes sequências unilaterais de causa e efeito. Um sistema de complexas relações uma nova qualidade resulta sempre do estabelecimento de diversos efeitos recíprocos.
6 O desenvolvimento de certos organismos biológicos trepados nas árvores, em condições que favoreciam o aperfeiçoamento da visão em detrimento do sentido do olfato; o encolhimento do focinho, facilitando uma mudança na disposição dos olhos; a emergência em que se via essa criatura (então equipada com um senso de visão mais agudo e mais preciso) de olhar em todas as direções, como também a postura ereta condicionada por tal situação;
7 a libertação dos membros dianteiros e o crescimento do cérebro devido à postura ereta do corpo; as mudanças na alimentação e diversas outras circunstâncias, em conjunto, contribuíram para a criação das condições necessárias para que o homem se tornasse homem. Porém, o órgão diretamente decisivo foi a mão. Já São Tomás de Aquino estava ciente dessa significação única da mão, esse organum organorum (órgão dos órgãos) e expressou-o na sua definição do homem: Habet homo rationem et manum (O homem possui razão e mão). E é verdade que foi a mão que libertou a razão humana e produziu a consciência própria do homem.
8 O segundo nos apresenta que:...os homens podem fabricar ferramentas porque suas patas dianteiras tornaram-se mãos, porque veem o mesmo objeto com ambos os olhos e podem avaliar as distâncias com muita exatidão, bem como porque um delicadíssimo sistema nervoso e complicado cérebro os capacitam a controlar os movimentos da mão e do braço em adequação precisa ao que estão vendo com ambos os olhos. Mas os homens não sabem por algum instinto inato fazer ferramentas e usá-las: precisam aprender através da experiência, através do ensaio e do erro.
9 pens e que você vê na tela pintada por René Magritte? Um cachimbo? Será mesmo?
10 O objetivo de René Magritte, importante artista do modernismo, era discutir a relação entre objetos e sua representação. Nesse sentido, discutir o próprio campo da arte. A representação não é a coisa desejada mas trata dessa coisa, a transfigura. Um dos quadros que tornou Magritte famoso chama-se a Traição das imagens. Representa um cachimbo, acompanhado da seguinte legenda: Isto não é um cachimbo. O que Magritte quer dizer, é que, mesmo pintado da maneira mais realista possível, um quadro que representa um cachimbo não é um cachimbo. Mas sim a sua representação. Permanece apenas uma imagem do cachimbo: não se pode enchê-lo com o tabaco, nem fumá-lo, como se o fizesse com um verdadeiro cachimbo. Magritte desenvolveu este discurso da relação entre o objeto e a sua representação em vários outros quadros.
11 O que é arte? Por que o homem a cria? Poucas perguntas são capazes de provocar um debate tão caloroso e resultar em tão poucas respostas satisfatórias. Mas se não conseguimos chegar a uma conclusão definitiva, há, no entanto, muitas coisas que podemos considerar. A produção artística pode ser entendida, entre outros aspectos, como um impulso irresistível de reestruturar a si própria e ao meio ambiente de uma forma ideal. Nesse sentido, a arte representa a compreensão mais profunda e as mais altas aspirações de seu criador; ao mesmo tempo, o artista muitas vezes tem a importante função de articulador de crenças comuns. Eis porque uma grande obra contribui para a nossa visão de mundo e nos deixa profundamente emocionados. Uma obra-prima tem esse efeito sobre muitas pessoas. Em outras palavras, ela é capaz de resistir ao teste do tempo.
12 Outra motivação da produção artística é que nos dá a possibilidade de comunicar a concepção que temos das coisas através de procedimentos que não podem ser expressos de outra forma. Na verdade, uma imagem vale por mil palavras. Não apenas por seu valor descritivo, mas também por sua significação simbólica (sensação). Na arte, como linguagem, o homem é sobretudo um inventor de símbolos que transmitem idéias complexas e muitas vezes inenarráveis. Temos de pensar na arte não em termos de prosa do cotidiano, mas como poesia, que é livre para reestruturar o vocabulário e a sintaxe convencional, a fim de expressar significados e estados mentais novos, muitas vezes múltiplos. Da mesma forma, uma pintura sugere muito mais do que afirma. E, como no poema, o valor da arte encontra-se iqualmente naquilo que ela diz, e como o diz. Mas qual é o significado da arte? O que ela tenta dizer? Os artistas em geral não nos dão uma explicação clara, uma vez que a obra é a própria afirmação. Se fossem capazes de dá-la em forma de palavras, então seriam escritores.
13 A arte tem sido considerada um diálogo visual, pois expressa a imaginação de seu criador tão claramente como se ele estivesse falando conosco, embora o objeto em si seja mudo. Até mesmo as declarações mais pessoais dos artistas podem ser compreendidas de alguma forma, ainda que apenas em nível intuitivo. Mas é claro que existem manifestos de artistas, declarações de movimentos e textos particulares que tornam visíveis os encaminhamentos dos artistas. A realização e a fruição de uma obra de arte são únicas e aí podemos encontrar esse diálogo visual.
14 No entanto, a existência de um diálogo pressupõe a nossa participação ativa. Se não podemos, literalmente, falar com uma obra de arte, podemos pelo menos aprender a reagir a ela. O processo é semelhante ao aprendizado de uma língua estrangeira. Precisamos aprender o estilo e a forma de ver as coisas de um país, de um período e de um artista, caso queiramos compreender adequadamente a obra. Esse processo de interação entre obra de arte e observador é condicionado, em boa parte, pela posição do observador e essa diz respeito a todo um conjunto de valores que o sensibiliza ou não a uma apreciação (fruição) da obra de arte. Daí a necessidade de uma educação no campo das artes para o entendimento do valor histórico das produções artísticas. E isso não significa dizer que não haja a possibilidade de se lançar novos olhares sobre os produtos da sensibilidade artística dos homens que a precederam; a releitura é importante e estimulante inclusive para a produção artística contemporânea, pois constitui referência para as discussões atuais em artes.
15 Esse valor da representação da arte é um dos seus significados maiores e ai reside a capacidade de diálogo e de compreensão de uma transcendência humana. Como Pablo Picasso coloca: Todos sabemos que arte não é verdade. A arte é uma mentira que nos faz compreender a verdade, pelo menos a verdade que podemos compreender.
16 Arte e beleza A maior parte das nossas concepções errôneas sobre arte resulta da falta de coerência no emprego das palavras arte e beleza. Pode-se dizer que só temos coerência no mau emprego delas. Supomos que a fealdade não pode ser expressa, em termos estéticos, como algo belo. A idéia de feiura e beleza em arte, no entanto, é relativa e isso muitas vezes escapa ao senso comum. A composição, o propósito e as circunstâncias históricas devem ser considerados na apreciação estética de uma obra de arte e isso dilui o que o senso comum afirma ser belo ou feio, triste ou alegre etc. A arte, como já apresentado aqui, nos informa sobre relações harmônicas e isso não exclui um tratamento ao que, numa impressão, possa ser chamado de feio.
17 Arte e artesanato: considerações sobre a produção e a função O artesanato, de natureza empírica, é basicamente o próprio trabalho manual em si, ou a produção de um artesão.
18 Com o advento da industrialização e a mecanização da indústria o artesão é identificado como aquele que produz objetos pertencentes à chamada cultura popular. É essencialmente uma produção em série, de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possui todos os meios de produção (sendo ele o proprietário da oficina e das ferramentas). Normalmente ele trabalha com sua família, em sua própria casa. Realiza com auto-suficiência todas as etapas da produção, desde a busca e o preparo da matériaprima até o acabamento final, sem divisão do trabalho e sem contar com mão-de-obra especializada. É comum o artesão ter, em alguns casos, um ajudante ou aprendiz.
19 Contrapondo-se ao artesanato, a arte de natureza erudita, tem como principal característica o fato de não criar nenhuma obra em série. Exige de seu criador um conhecimento estético mais apurado e freqüenta espaços mais definidos para sua apreciação, tais como galerias e museus, enquanto o artesanato vive livremente nas feiras e espaços populares.
20 A arte corresponde a uma necessidade fundamental do homem, e, mais uma vez, contrapondo-se ao artesanato, é destituída de caráter utilitário ou decorativo. Ela pode também servir a outros fins, tais como: religiosos,simbólicos, sociais e políticos, e prestase à expressão dos mais diversos sentimentos humanos, levando o homem à reflexão e à busca de si mesmo.
21 Família de retirantes (Pernambuco)
22 A pintura é uma poesia visível. Leonardo da Vinci Criação de Adão, de Michelangelo
23 EXERCÍCIOS 1 -Observe as afirmativas abaixo e indique as alternativas corretas. I O homem, começou efetivamente a fazer arte, somente após ter se apropriado da escrita. II - O conceito de arte é único e válido para todos os tempos e povos. III - Arte e beleza não são sinônimos. IV - Para entendermos uma obra de arte, temos que entender o contexto do tempo e das circunstâncias em que foi criada. a) I, II e III b) III e IV c) II e III d) II, III e IV e) I, II, III e IV.
24 2 - Podemos afirmar que tudo que é belo é arte, e que toda arte é bela, e o que não é belo não é arte. Discorra sobre a afirmativa.
25 3 -Indique abaixo qual a alternativa que melhor define o artesanato. a) É todo e qualquer produto que é produzido em série por uma indústria. b) Uma produção em série, de caráter familiar, na qual o produtor (artesão) possui todos os meios de produção b) Objeto criado segundo rígidas normas da ABNT. d) Obra criada por artista, normalmente exposta em galerias e museus. e) De natureza erudita, exige de seu criador um conhecimento estético mais apurado.
26 4 - O quadro ao lado chama-se a Traição das imagens. Representa um cachimbo, acompanhado da seguinte legenda: Isto não é um cachimbo. O que o artista quer dizer, é que, mesmo pintado da maneira mais realista possível, um quadro que representa um cachimbo não é um cachimbo. Mas sim a sua representação. Permanece apenas uma imagem do cachimbo: não se pode enchê-lo com o tabaco, nem fumá-lo, como se o fizesse com um verdadeiro cachimbo. Quem foi o pintor que representou este discurso da relação entre o objeto e a sua representação em vários outros quadros.? a) Picasso b) Leonardo da Vinci c) Tarsila do Amaral d) René Magritte e) Salvador Dali
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