Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 2ª Composição Adjunta da 13ª Junta de Recursos

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 2ª Composição Adjunta da 13ª Junta de Recursos Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SÃO BERNARDO DO CAMPO Benefício: 42/ Espécie: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO Recorrente: JOSE FERREIRA DE SOUZA - Titular Capaz Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório O presente processo refere-se ao pedido de aposentadoria por tempo de contribuição, formulado na Agência da Previdência Social de São Bernardo do Campo, em 27/11/2013 pelo segurado Senhor JOSÉ FERREIRA DE SOUZA, contando com 53 anos de idade na data do requerimento. Não concorda com a aposentadoria proporcional. Autoriza a reafirmação da DER (Evento 01 Doc. Processo Concessório, fl. 07). O segurado apresentou os seguintes documentos (Evento 01 Doc. Processo Concessório): - pessoais (fls. 02/05); - comprovante de endereço (fl. 06); - Carteira de Trabalho e Previdência Social/CTPS (fls. 14/27); - Laudos Técnicos Periciais/DSS8030/DIRBEN/PPP (fls. 35/50). A fim de converter o período especial em comum, apresentou os documentos na seguinte ordem e discriminação: Período de 06/05/1980 a 12/01/1981 Multibrás Eletrodomésticos função: ajudante de produção agente físico ruído de 85dB(A) Dirben8030+Laudo técnico pericial+fre; Período de 02/01/1984 a 01/09/1989 Banco Bradesco função: vigilante agentes: intempéries e porte de arma; postura; ruído e vibração PPP+declaração da empresa+fre. Período de 27/09/1989 a 01/02/1993 BASF função: auxiliar de segurança e portaria agente físico ruído de 70dB(A) PPP; Período de 03/02/1993 a 02/01/1997 Multibrás Eletrodomésticos função: guarda de segurança patrimonial agente nocivo NA Dirben8030+FRE. Expedida carta de exigência, em 24/12/2013, a fim de o segurado apresentar declaração do Banco Bradesco informando quem está autorizado assinar o PPP (Evento 01 Doc. Processo Concessório, fl. 51). Em cumprimento apresentou a declaração conforme fls. 57/58. Não houve analise pela Perícia Médica, todavia, o INSS enquadrou administrativamente os períodos de 02/01/1984 a 01/09/1989 e de 03/02/1993 a 28/04/1995 (Evento 01 Doc. Processo Concessório, fl. 63). Mediante a documentação apresentada, o INSS apurou 31 anos, 02 meses e 29 dias de tempo de contribuição na data da entrada do requerimento/der (Evento 01 Doc. Processo Concessório, fls. 60/63).

2 Em fls. 64 expõe o INSS: Considerado no TS períodos conforme CNIS e CTPS do segurado. Constam recolhimentos de GFIP extemporâneos e concomitantes com auxílio-doença. Considerados na contagem de TS, somente os recolhimentos válidos. Mesmo se enquadrado o período de 06/05/1980 a 12/01/1981 Multibrás, o segurado não atinge o TS integral na DER, assim como os períodos extemporâneos da GFIP, que necessitam de apresentação de declaração e contrato com a Cooperativa. Deste modo, o benefício fora indeferido por falta de tempo de contribuição até 16/12/1998 ou até a Data de entrada do requerimento (Evento 01 Doc. Processo Concessório, fls. 68/71). Não consta ciência do segurado acerca da decisão de indeferimento do INSS. Irresignado com a denegatória, em 18/02/2014, interpõe recurso, requerendo que seja considerado o período de 27/09/1989 a 01/02/1993 como especial, tendo em vista que portava arma de fogo (Evento 01 Doc. Recurso Ordinário). O INSS apresentou contrarrazões, em 25/04/2014, ratificando os termos do indeferimento. Encaminhando, em sequência, à Junta de Recurso para análise e julgamento (Evento 04). Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 02/07/2014 para sessão nº 0113/2014, de 11/07/2014. Voto EMENTA: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. INDEFERIMENTO. ATIVIDADE ESPECIAL. RUIDO ACIMA DO LIMITE DE TOLERANCIA. ENQUADRAMENTO POR FUNÇÃO/ATIVIDADE. SEGURANÇA/GUARDA. CONTRIBUIÇÕES COM MARCA DE EXTEMPORANEIDADE. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL PRESTADOR DE SERVIÇO. COOPERATIVA. OBRIGAÇÃO DA EMPRESA. REOCLHIMENTO DENTRO DO PERIODO DE GRAÇA. CONTRIBUIÇÕES VALIDADAS. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ART. 201 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL: ARTS. 15, 26 E 57 DA LEI Nº 8.213/91. REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL/RPS APROVADO PELO DECRETO Nº 3.048/99, ARTS. 19, 56, 187, 188 E 305, 1º RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE Em face do relatório apresentado e, que os pressupostos de admissibilidade estão presentes, sobretudo a tempestividade do recurso, nos termos do 1º, do artigo 305, do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, segue-se à análise do mérito. A aposentadoria é a prestação por excelência da Previdência Social, substituindo em caráter permanente, ou pelo menos duradouro, os rendimentos do segurado e assegurando sua subsistência e daqueles que dele dependem. Trata-se de garantia constitucional, minuciosamente tratada no artigo 201 da Constituição Federal/88, com nova redação dada pela Emenda Constitucional 20/98. Neste sentido, preceitua a legislação previdenciária (Regulamento da Previdência Social/RPS, Decreto nº 3.048/99) nos arts. 56, 187 e 188. A controvérsia objeto do requerimento do recurso encontra-se no reconhecimento e enquadramento do período de 27/09/1989 a 01/02/1993 como especial, tendo em vista que portava arma de fogo. Reza o Regimento Interno do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, em seu art. 33, 2º, que em se tratando de recurso firmado pelo próprio segurado ou beneficiário que não seja advogado, o Conselheiro relator do processo deverá identificar, se não for apontada, a norma infringida ou não observada pelo INSS. Amparada neste dispositivo, analiso o presente recurso administrativo.

3 Sopesando a documentação, apura-se o seguinte: - DO PERIODO ESPECIAL: O INSS enquadrou administrativamente os períodos de 02/01/1984 a 01/09/1989 e de 03/02/1993 a 28/04/1995. Logo, período incontroverso. - do período de 06/05/1980 a 12/01/1981: o Recorrente laborou na empresa Multibrás Eletrodomésticos, exercendo a função de ajudante de produção. Exposto ao agente físico ruído de 85dB(A). Devido o enquadramento ante a profissiografia e o uso de EPI eficaz não descaracteriza o período especial, eis que o ruído estava acima do limite de tolerância, com fundamento no Decreto /64, quadro anexo, código 1.1.4, combinado com Decreto /79, anexo I, código 1.1.3, combinado com o verbete de Súmula nº 09 da TNU. - do período de 27/09/1989 a 01/02/1993: o Recorrente laborou na empresa BASF, exercendo a função de auxiliar de segurança e portaria, no setor de segurança patrimonial. Exposto ao agente físico ruído de 70dB(A), além porte de arma calibre 38 diariamente e calibre 12 em operação pagamento. Acerca do ruído, estava abaixo do limite de tolerância. Atinente à função exercida, é possível o enquadramento com fulcro no Decreto /64, quadro anexo, código Isto por que: De acordo com a CBO/Classificação Brasileira de Ocupações descrita no PPP: Enquadra-se como vigilante, as seguintes nomenclaturas, conforme Portaria Ministerial: Agente de segurança ferroviária, Assistente de segurança, Auxiliar de segurança, Auxiliar de serviço de segurança, Encarregado de portaria e segurança, Encarregado de segurança, Encarregado de vigilância - organizações particulares de segurança, Fiscal de segurança, Fiscal de vigilância - organizações particulares de segurança, Fiscal de vigilância bancária, Guarda de banco - organizações particulares de segurança, Guarda de segurança, Guarda de segurança - empresa particular de segurança, Guarda de vigilância, Guarda ferroviário, Guarda valores, Guarda vigia, Guarda-civil, Guarda-costas, Inspetor de vigilância, Monitor de vídeo, Operador de circuito interno de tv, Ronda - organizações particulares de segurança, Rondante - organizações particulares de segurança, Vigilante bancário. Já a Descrição Sumária: Fiscalizam a guarda do patrimônio e exercem a observação de fábricas, armazéns, residências, estacionamentos, edifícios públicos, privados e outros estabelecimentos, inclusive comerciais, percorrendo-os sistematicamente e inspecionando suas dependências, prevenir perdas, evitar incêndios e acidentes, entrada de pessoas estranhas e outras anormalidades; controlam fluxo de pessoas, identificando, orientando e encaminhando-as para os lugares desejados; recebem hóspedes em hotéis; acompanham pessoas e mercadorias; fazem manutenções simples nos locais de trabalho. A CBO 5174 descreve as atividades dos porteiros: Zelam pela guarda do patrimônio de fábricas, armazéns, residências, estacionamentos, edifícios públicos, privados e outros estabelecimentos, entrada de pessoas estranhas e outras anormalidades; controlam fluxo de pessoas; identificando, orientando e encaminhando-as para os lugares desejados; recebem hospedes em hotéis; fazem manutenções simples nos locais de trabalho na portaria. Conforme se verifica do formulário PPP, o Recorrente exercia a função de auxiliar de segurança e portaria, dentre as atribuições efetuava a segurança interna e externa da empresa, portando arma de fogo de modo habitual e permanente. Ora, a versão original do artigo 57, da Lei 8.213/91, previa que a aposentadoria especial seria devida ao segurado que cumprisse a carência, conforme a atividade profissional, independentemente da exposição a agentes nocivos à saúde. Assim, a aposentadoria especial, em sua forma genesis, abarcava determinadas categorias profissionais, expostas ou não aos agentes agressores da saúde. Desta feita, os guardas e seguranças se beneficiavam desta vantagem. Dessa forma, fica invencivelmente caracterizado que a redação do 3º, do art. 57 da Lei 8.213/91, não vedava a conversão do tempo de serviço comum em especial pelo fato do segurado não estar exposto a agentes nocivos à saúde, bastando apenas desempenhar as suas funções dentro das categorias profissionais contempladas pelo Decreto /79 e Decreto /64, que prevê expressamente o caso concreto. Logo, devido o enquadramento por atividade/função neste interregno.

4 - do período de 29/04/1995 a 02/01/1997, na empresa Multibrás Eletrodomésticos, na função de guarda de segurança patrimonial. No Dirben não há indicação de exposição ao agente nocivo. Indevido o enquadramento, eis que por função se dá até 28/04/1995 e não há indicação de nocividade. - DOS RECOLHIMENTOS TIDOS COMO EXTEMPORANEOS: Embora os recolhimentos constarem marca de extemporaneidade, essa motivação, não seria óbice para o cômputo dessas contribuições, já que o 4º do Art. 26 da Lei 8.213/91 previu que a obrigação do recolhimento, no caso de contribuintes individuais que prestam serviço a pessoa jurídica, será da empresa. Ainda, aludidas contribuições se deram dentro do período de graça, assegurado no Inciso II, 4º do Art. 15 da Lei nº 8.213/91. Consoante Parecer nº 616/2010 do Conjur/MPS: Entendemos que o período de graça, para o contribuinte individual, inicia-se com a interrupção das contribuições, pois a responsabilidade pela arrecadação é, em regra, do próprio segurado (excepciona-se a hipótese do art. 4º da Lei nº , de 8 de maio de 2003, em que a responsabilidade da arrecadação é da empresa para qual o contribuinte individual presta serviços). Tal raciocínio decorre da interpretação sistemática do art. 15 da Lei nº 8.213, de 1991, combinado com o art. 30, inciso II, da Lei nº 8.212, de Levando em consideração que o Recorrente, em nenhum momento perdeu a qualidade de segurado, é possível reconhecer e computar as contribuições tidas como extemporâneas no CNIS, devendo a APS, portanto, efetuar o acerto no CNIS com base no artigo 19 do Decreto nº 3.048/99. Destarte, com o reconhecimento e cômputo das contribuições tidas como extemporâneas, com o enquadramento dos períodos de 06/05/1980 a 12/01/1981 e de 27/09/1989 a 01/02/1993, somados aos demais períodos comuns e aos já enquadrados pelo INSS, o recorrente, ainda assim, NÃO FAZ JUS à concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, na modalidade integral. CONCLUSÃO: Diante do exposto, VOTO no sentido de que SE CONHEÇA DO RECURSO interposto pelo interessado, para no mérito DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, nos termos da fundamentação. Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). JOSE NATAL CORREA DE QUEIROZ Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). ROSA INES LOPES GONCALVES Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo Presidente concorda com voto do relator(a). GUILHERME DEMARCHI SILVA

5 Presidente Decisório Nº Acórdão: 1377 / 2014 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 2ª Composição Adjunta da 13ª Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros JOSE NATAL CORREA DE QUEIROZ e ROSA INES LOPES GONCALVES. Relator(a) GUILHERME DEMARCHI SILVA Presidente