Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 04ª Junta de Recursos

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 04ª Junta de Recursos Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SALVADOR-ITAPUÃ Benefício: 21/ Espécie: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA Recorrente: ANERITA MARIA DOS SANTOS CARDOSO LEMOS Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório Anerita Maria dos Santos Cardoso Lemos interpôs o presente recurso ordinário, inconformada com a decisão do INSS que INDEFERIU seu pedido de PENSÃO por MORTE do Sr. Luiz Claro Silveira, cujo óbito ocorreu em 21/03/2013, pleiteando a reforma do ato denegatório. A pensão foi requerida em 04/02/2014 e negada sob o fundamento de falta de falta de qualidade de dependente. Para instruir o processo e comprovar sua qualidade de dependente companheira, a recorrente anexou, entre outros, os seguintes documentos: Certidão de Óbito do ex-segurado (fls. 02), que atesta o falecimento em 21/03/2013. Verifica-se que a recorrente não foi a declarante do óbito; Fatura de cartão emitida pelo Banco Santander, com vencimento em 03/2013, tendo o instituidor como dependente; Fatura de cartão emitida pelo Banco HSBC, com vencimento em 10/2012, tendo o instituidor como dependente; Extrato de transferência de valores entre contas da recorrente e instituidor; Contrato especial Boa Luz Card, datado em 20/02/2012, tendo a recorrente e instituidor como dependentes; Proposta de adesão de seguro de pessoas, datada em 05/06/2012, tendo o instituidor como proponente e a recorrente como beneficiária. O endereço da recorrente informado na Conta da Coelba coincide com o do instituidor anexado a fl.13. Dados migrados junto ao plenus informam que a pensão por morte foi concedida para Sra. Valéria Casarim, companheira, sob o número , com data de início fixada em 21/03/2013. A autarquia, obedecendo aos princípios do contraditório e ampla defesa, notificou a beneficiária da pensão, Sra. Valéria Casarim, acerca do requerimento realizado pela Sra.Anerita Maria dos Santos. A Sra. Valéria Casarim, devidamente representada por advogado, apresentou defesa administrativa informando que contraiu matrimônio com o de cujus, Luiz Claro Silveira, em 31/07/1981, e que desta união adveio o nascimento dos filhos Rogério Casarim Silveira e Rafael Casarim Silveira, respectivamente em 02/08/1982 e 04/06/1985. Segundo a depoente, em 26/04/1991, após 10 anos de casados, divorciaram-se, vindo, contudo, 12 anos após a separação, a reconciliar. Mais adiante aduziu a beneficiária que em 2008, ela e o instituidor, após conviverem maritalmente desde 2003, resolveram lavrar escritura publica de união estável, conforme a certidão atualizada acostada aos autos. Por fim, concluiu que o pedido da requerente não merece guarida, razão pela qual a pensão não deverá ser concedida.

2 A parte ora beneficiária da pensão, apresentou, dentre outros, os seguintes documentos: a) certidão de casamento datada em 1981 comprovando o matrimônio com o instituidor; b) carteira de identidade de dois filhos havidos em comum 1982 e 1985; c)escritura pública declaratória emitida pelo 1º tabelião de notas e protesto de letras e títulos de Barueri, datada em 03/04/2014, informando que em 23/06/2008 compareceram o Sr. Luiz Claro Silveira e a Sra. Valéria Casarim e relataram que vivem juntos há 05 anos; d)extratos de FGTS do instituidor; e) relação dos segurados emitida pela Alianz Seguro onde consta a recorrente como titular e o instituidor como dependente fl.115 f) extratos de cartão da Sra. Valéria onde consta o instituidor como dependente; No despacho acostado ao evento 01, proc.adm07, o servidor afirmou que embora a solicitante tenha apresentado provas de união estável como: transferência bancárias, cartão de crédito com o instituidor como dependente, comprovante de mesmo endereço, já havia habilitação/concessão para outra companheira, Sra. Valéria Casarim. Assim, o benefício foi indeferido pela impossibilidade legal de um mesmo indivíduo manter união estável com mais de uma pessoa. Em suas razões de recurso, rec.08, a recorrente, devidamente representada por advogado, afirma que em meados de 2010 iniciou a convivência com o instituidor e que essa união só foi extinta na data do óbito. Afirmou que apresentou as provas devidas e que faz jus à concessão do benefício, razão pela qual pediu a reforma do ato denegatório. No ato da interposição do presente recurso, a recorrente apresentou, dentre outras, diversas fotos que retratam, segundo ela, momentos vividos com o instituidor. Nas contrarrazões o INSS reafirmou o indeferimento inicial. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 20/11/2014 para sessão nº 0305/2014, de 16/12/2014. Voto O recurso é tempestivo e instruído conforme requisitos exigidos em lei. O benefício da pensão por morte está previsto no Art. 201, V, da Constituição Federal de 1988, nos seguintes termos: "Art Os planos de previdência social, mediante contribuição, atenderão, nos termos da lei, a: V pensão por morte de segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no 2 º." Por sua vez, a Lei de 24 de julho de 1.991, que rege os benefícios da Previdência Social, em seu Art. 18, II, a, assim dispõe:

3 "Art. 18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços: II - quanto ao dependente: 1. pensão por morte;. Para sua fruição, o interessado deve preencher três requisitos, quais sejam: [a] - comprovar a deflagração do evento morte do instituidor do benefício; [b] - demonstrar a qualidade de segurado do de cujus(a); [c] - comprovar a qualidade de dependente em relação ao falecido(a). No caso, o preenchimento do primeiro requisito - o óbito do instituidor - é incontroverso, consoante se vê na Certidão de Óbito acostada ao evento 01, evento ocorrido em 21/03/2013. O segundo requisito também restou comprovado, uma vez que a pensão já foi concedida para a Sra. Valéria. Quanto ao terceiro requisito qualidade de dependente passaremos a expor a respeito dos documentos apresentados. A parte suplicante, Sra. Anerita, com intuito de comprovar a condição de dependente anexou, dentre outros: a)fatura de cartão emitida pelo Banco Santander, com vencimento em 03/2013, tendo o instituidor como dependente; b)fatura de cartão emitida pelo Banco HSBC, com vencimento em 10/2012, tendo o instituidor como dependente; c)extrato de transferência de valores entre contas da recorrente e instituidor; d)contrato especial Boa Luz Card, datado em 20/02/2012, tendo a recorrente e instituidor como dependentes; e) Proposta de adesão de seguro de pessoas, datada em 05/06/2012, tendo o instituidor como proponente e a recorrente como beneficiária. Ocorre que a senhora Valéria Casarim além de estar recebendo a pensão por morte do instituidor, na condição de companheira, também apresentou diversas provas comprovando a união estável com o instituidor. Conforme mencionamos no relatório, a Sra. Valéria apresentou escritura pública declaratória emitida pelo 1º tabelião de notas e protesto de letras e títulos de Barueri, datada em 03/04/2014, informando que em 23/06/2008 compareceram o Sr. Luiz Claro Silveira e a Sra. Valéria Casarim e relataram que vivem juntos há 05 anos; A recorrente, nas razões de recurso apresentada, afirmou que começou a conviver com o instituidor em meados de Ora, percebe-se que há provas nos autos que comprovam a relação de companheirismo tanto da recorrente quanto da Sra. Valéria Casarim com o instituidor. A legislação previdenciária em vigor concede tanto a esposa do segurado quanto a companheira a condição de dependente. O artigo 16 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, estatui:

4 Art. 16. São beneficiários do Regime Geral da Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido; O ordenamento jurídico brasileiro, mais precisamente, Código Civil, no capitulo que rege sobre a união estável, estabeleceu no artigo 1727 que: Art As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. Nesse mesmo diapasão o artigo º e o 1521 do código civil estabelecem que: Art.1723 [...] 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art ; não se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente. Art Não podem casar: [...] VI - as pessoas casadas; Da leitura dos dispositivos supramencionados, conclui-se que a legislação brasileira veda a existência de duas uniões estáveis. Desse modo, para podermos julgar o mérito achamos mais conveniente e prudente retornar os autos ao órgão de origem para que este: a) Realize pesquisa com os vizinhos da Sra. Valéria Casarim para verificar se esta conviveu com o instituidor até a data do óbito. Após o acima solicitado retorne os autos a este órgão para que possamos julgar o mérito da demanda. Diante do exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que se processe o quanto acima foi solicitado. Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). AGUIDA MARIA DE BARROS GOUVEIA

5 Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas Presidente concorda com voto do relator(a). LUZIA MENDES FERREIRA Presidente Decisório Nº Decisão: 1834 / 2014 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, DECIDEM os membros da 04ª Junta de Recursos do CRPS, em CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros MARIA CONSUELO SAPHIRA CORDEIRO e AGUIDA MARIA DE BARROS GOUVEIA. Relator(a) LUZIA MENDES FERREIRA Presidente