Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 14ª Junta de Recursos

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 14ª Junta de Recursos Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SÃO PAULO-VILA MARIA Benefício: 42/ Espécie: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO Recorrente: MARCIA ADRIANA FERREIRA CARDOSO Recorrente: IRENIO TRINDADE DA SILVA Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: Relatório Trata-se de Aposentadoria por Tempo de Contribuição pleiteada em 31/03/2014. O requerente nasceu em 18/09/1959 e contava com 54 anos de idade na DER (Data de Entrada do Requerimento). Para comprovação do tempo de contribuição foi juntada cópia das anotações das Carteiras Profissionais (evento 4, pág.13/65). Os dados migrados do Cadastro Nacional de Informações informam vínculos empregatícios e recolhimentos previdenciários no lapso temporal de 03/03/1976 a 03/2014 (evento 4, pág.66/77). Em 29/05/2014 foram feitas exigências para apresentação de comprovantes de pro labore (períodos extemporâneos de 08/2004 a 11/2008) e do Contrato Social e (evento 4, pág.78). Em cumprimento a carta de exigência, foram apresentados recibos de pagamentos dos períodos de janeiro, fevereiro e maio a dezembro de 2007; fevereiro, março, julho a dezembro de 2005; janeiro, março a julho, setembro, novembro e dezembro de 2006; janeiro a dezembro de 2008; e o Contrato Social da Sociedade Pizzaria Te Fa Bene Ltda (evento 4, pág.79/104). Para comprovação da atividade especial juntou ao processo o seguinte formulário de informações: 1 Mereje Brazil Industria de Metalurgia de Precisão Ltda, de 01/06/1978 a 16/101/978, na função de ajudante, sem informações sobre o fator de risco (evento 4, pág.105). 2 Companhia Industrial Dox, de 01/02/1980 a 18/02/1981, nas funções de ajudante geral, operador de máquinas, com exposição a ruídos de 92 e 92.1 db (evento 4, pág.106/107). 3 Novartis Biociências S.A, de 16/07/1981 a 03/02/1982, na função de ajudante, sem informações sobre fator de risco (evento 4, pág.109/110). 4 Copagaz Distribuidora de Gás S.A, de 01/07/1982 a 02/03/1984, nas funções de servente e ajudante, com exposição a ruídos de 93.1 db (evento 4, pág.112). 5 Produtos Eletrônicos Metaltex Ltda, de 16/04/1984 a 15/05/1986, na função de prensista, sem informações sobre fator de risco (evento 4, pág.113). 6 Viação Cidade Dutra Ltda, de 02/05/1988 a 30/12/1989, na função de cobrador (evento 4, pág.114). Declarou o interessado não concordar com a concessão da aposentadoria na modalidade proporcional (evento 4, pág.117). Houve análise do Serviço de Saúde o Trabalhador (SST), que concluiu por não enquadrar nenhum dos períodos (evento 4, pág.120/121). O pedido de benefício foi indeferido por falta de tempo, sendo reconhecidos 27 anos, 11 meses e 24 dias de contribuição (evento 4, pág. 143/144). Não consta ciência da decisão, porém em 12/08/2014 houve interposição de recurso.

2 Em suas razões recursais, o requerente alegou que não foram considerados os períodos exercidos em condições especiais das empresas Dox, Copagaz, Metalflex (prensista código 2.5.2, anexo II) e Viação Cidade Dutra (cobrador de ônibus), que não houve inclusão do período de 03/03/1976 a 20/06/1977 trabalhado junto a empresa André Fodor, nem do período de empresário de 01/08/2004 a 30/11/2008. Informou ter apresentado toda documentação necessária, atingindo 35 anos, 08 meses e 09 dias. Requereu ainda a reafirmação da DER para 01/04/2014 (Recurso1 evento 1). O INSS apresentou contrarrazões, mantendo o indeferimento por não ter sido apresentado elementos novos, e encaminhou o processo para julgamento (evento 5 e 7). O julgamento foi convertido em diligência para que fosse providenciada: nova digitalização da análise médica, da contagem de tempo de contribuição, do contrato de trabalho e das anotações referente ao período de trabalho junto a empresa Indústria Metalúrgica Andre Fodor Ltda e manifestação da autarquia quanto a não inclusão dos períodos de trabalho junto a André Fodor (Anotado na Carteira Profissional) e do período de empresário (01/08/2004 a 30/11/2008) (Dec1, evento 15). Houve cumprimento a diligência, sendo juntadas novas digitalizações (Recurso 2, 3 e 4 evento 17), assim como, a Autarquia informou que o período de trabalho junto a André Fodor não foi computado pela má conservação da Carteira Profissional, e o período de empresário, por não haver assinatura do segurado nos comprovantes (Recurso5, evento 17). Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 16/02/2015 para sessão nº 0066/2015, de 02/03/2015. Voto EMENTA: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. INDEFERIMENTO. RECURSO ORDINÁRIO. ENQUADRAMENTO PARCIAL DOS PERÍODOS REQUERIDOS COMO ATIVIDADE ESPECIAL. ENQUADRAMENTO POR CATEGORIA PROFISSIONAL. INCLUSÃO DO PERÍODO DE EMPRESÁRIO, COM RECOLHIMENTOS EXTEMPORÂNEOS. FALTA DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. ARTIGOS 56, 64 E 188 DO DECRETO Nº 3.048/99 RECURSO CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE O recurso interposto é tempestivo nos termos do artigo 305 do Decreto 3.048/99. Acerca da matéria ora debatida, estabelece o artigo 3º da Emenda Constitucional 20/98, o direito adquirido ao benefício para aqueles segurados que até a data da publicação da emenda (16/12/1998), tiverem preenchido todos os requisitos exigidos à concessão do benefício pleiteado, isto é, o mínimo de 25 anos de tempo de serviço se do sexo feminino e 30 anos se do sexo masculino, conforme artigo 52 da Lei n.º 8.213/91, na redação dada pela Lei n.º 9.032/95. O benefício foi requerido após a Emenda Constitucional nº 20 de 16/12/1998, na vigência do Decreto 3048/99, que em seu artigo 56, estabelece que o benefício é devido nos termos do parágrafo 7º do artigo 201 da Constituição Federal que modificou o sistema de Previdência Social, estabelecendo normas de transição, inclusive quanto ao requisito idade ao segurado que após cumprir a carência, contar com 30 anos de contribuição e mínimo de 53 anos de idade, se homem, e 25 anos de contribuição e 48 anos de idade, se mulher, desde que cumprido o período de tempo adicional de 40% do tempo que em 16/12/1998 faltava para atingir o tempo mínimo de contribuição, conforme exige o artigo 188 do Decreto 3048/99. O preceito legal que regula o reconhecimento dos períodos especiais está disposto no artigo 64, parágrafos 1 e 2 do Decreto 3048/99, o qual aduz que o segurado deverá comprovar perante o INSS, o tempo de trabalho habitual, permanente, não ocasional e não intermitente exercido efetivamente em condições especiais, exposto a agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes, que prejudiquem a saúde ou a integridade física do segurado. O artigo 68, parágrafo 2 do mesmo diploma legal, exige para comprovação do trabalho em condições especiais, a apresentação de formulário de informações, denominado DSS8030 ou Perfil Profissiográfico Previdenciário, conforme o caso, emitido pela empresa ou preposto, acompanhado do respectivo Laudo Técnico de condições ambientais do trabalho, emitido por médico do trabalho ou por engenheiro de segurança do trabalho. Após 28/04/1995, não cabe o enquadramento das categorias profissionais, de acordo com os Decretos nºs /64 e /79, para efeito de conversão do tempo de serviço especial em comum, pois faz-se necessário a comprovação de efetiva exposição aos agentes nocivos constantes do Anexo IV do Regulamento de Benefícios da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 2.172/97. Portanto, os períodos de trabalho anteriores a Lei n.º 9.032/95, podem ser enquadrados nos Anexos dos Decretos /79 e /64, independentemente de haver o direito adquirido em 28/04/95. Importante salientar, também, que, em se tratando do agente físico ruído, nos termos do Enunciado nº 29, da súmula da Advocacia Geral da União, os níveis de poluição sonora a serem considerados para o enquadramento da atividade

3 terão que ser superiores aos seguintes limites: Até 05/03/97-80 db (Anexo III, Decreto nº /64) De 06/03/97 a 17/11/ db (Anexo IV Decretos nº 2.172/97 e 3.048/99) De 19/11/2003 em diante - 85 db (Anexo IV, Decreto nº 3.048/99 redação Dec. 4882/03) Estabelecidas essas premissas, passa-se à análise do período requerido como atividade especial, reiterando que o recorrente ofertou o seguinte documento: Para comprovação da atividade especial juntou ao processo o seguinte formulário de informações: 1 Mereje Brazil Indústria de Metalurgia de Precisão Ltda, de 01/06/1978 a 16/101/978, na função de ajudante, sem informações sobre o fator de risco (evento 4, pág.105). 2 Companhia Industrial Dox, de 01/02/1980 a 18/02/1981, nas funções de ajudante geral, operador de máquinas, com exposição a ruídos de 92 e 92.1 db (evento 4, pág.106/107). 3 Novartis Biociências S.A, de 16/07/1981 a 03/02/1982, na função de ajudante, sem informações sobre fator de risco (evento 4, pág.109/110). 4 Copagaz Distribuidora de Gás S.A, de 01/07/1982 a 02/03/1984, nas funções de servente e ajudante, com exposição a ruídos de 93.1 db (evento 4, pág.112). 5 Produtos Eletrônicos Metaltex Ltda, de 16/04/1984 a 15/05/1986, na função de prensista, sem informações sobre fator de risco (evento 4, pág.113). 6 Viação Cidade Dutra Ltda, de 02/05/1988 a 30/12/1989, na função de cobrador (evento 4, pág.114). Houve análise do Serviço de Saúde o Trabalhador (SST), que concluiu por não enquadrar nenhum dos períodos (Recurso 2, págs.03/04 evento 17), sob as seguintes justificativas: - período 1 necessidade da indicação dos responsáveis técnicos legalmente habilitados pelos registros ambientais e pelos registros de monitoração biológica; - período 2 PPP deverá conter indicação dos responsáveis técnicos legalmente habilitados pelos registros ambientais e monitoração biológica por períodos, o que só aconteceu em 01/01/2010; - período 3 necessidade da indicação dos responsáveis técnicos legalmente habilitados pelos registros de monitoração biológica; - período 4 necessidade da indicação dos responsáveis técnicos legalmente pela monitoração biológica por períodos; obrigatoriedade do preenchimento do campo 13.7 (GFIP); e utilização de EPI eficaz; - período 5 - necessidade da indicação dos responsáveis técnicos legalmente habilitados pelos registros de monitoração biológica e que PPP deverá conter indicação dos responsáveis técnicos legalmente habilitados pelos registros ambientais por períodos, o que só aconteceu em 1997; - período 6 não foi especificada a fonte do agente agressivo; Pois bem, em análise aos documentos apresentados, discordo do entendimento da autarquia senão vejamos: O recorrente laborou, na vigência dos Decretos nº /79, nº 357/1991 e nº 611/92 que em seus textos legais, nem sequer determinavam a apresentação de laudo técnico para a comprovação do exercício da atividade especial, portanto, comprometido o questionamento quanto aos responsáveis pelos registros ambientais, monitoração biológica, GFIP, que não são mencionados nas legislação vigente, em período representativo da prestação de serviços, como documento de apresentação obrigatória (parágrafo 1º, do artigo 70 do Decreto nº 3.048/99). Por outro lado, reconheço, que o enquadramento pelo agente ruído sempre esteve vinculado ao seu aspecto quantitativo nas diversas legislações, que condicionavam o reconhecimento da especialidade à exposição à intensidade superior ao limite nela mesmo definido ou referido. Logo, necessária se faz apresentação de documento que determine o nível de ruído a que o segurado esteve exposto, e neste sentido as empresas Companhia Industrial Dox e Copagaz Distribuidora de Gás Ltda apresentaram formulários informando fator de risco ruído de 92, 92.1 e 93.1 db. Posto isto, considerando a exposição à pressão sonora sempre superior ao limite legal de tolerância, reconheço a natureza especial dos períodos 2 (de 01/02/1980 a 31/03/1980) e 4 (de 01/07/1982 a 02/03/1984) e os enquadro no código 1.1.6, Anexo III, Decreto nº /64. Quanto aos períodos 5 e 6, períodos de trabalho junto as empresas Produtos Eletrônicos Metalex Ltda e Viação Cidade Dutra, apesar de não constar informações sobre fator de risco e a intensidade do ruído, as funções desenvolvidas prensista e cobrador podem ser enquadradas por categoria profissional nos códigos: e 2.5.2, anexo II do Decreto nº /79. Já com relação às empresas Mereje Brazil Indústria de Metalurgia de Precisão Ltda e Novartis Biociência S/A, períodos 1 e 3, considerando que os formulários não informaram fator de risco, não há o que se falar em reconhecimento de atividade especial.

4 Superada a discussão sobre os períodos especiais, passo a análise dos períodos comuns, verificando que a controvérsia reside na exclusão do período de trabalho junto a empresa Indústria Metalúrgica Andre Fodor Ltda e do período de empresário, de 01/08/2004 a 30/11/2008. O artigo 19, do Decreto nº 3.048/99, estabelece que os dados constantes do CNIS, relativos a vínculos, valem como prova de tempo de serviço perante a Previdência Social. Cumpre esclarecer que a prova de tempo de serviço é feita mediante documentos que comprovem o exercício de atividade nos períodos a serem contados, devendo esses documentos ser contemporâneos dos fatos a comprovar e mencionar as datas de início e término e, quando se tratar de trabalhador avulso, a duração do trabalho e a condição em que foi prestado. As anotações em Carteira Profissional e/ou Carteira de Trabalho e Previdência Social relativas a férias, alterações de salários e outras que demonstrem a seqüência do exercício da atividade podem suprir possível falha de registro de admissão ou dispensa (artigo 62 do Decreto 3.048/99). Saliento desde já, que não foi ignorado o disposto no verbete nº.225, da Súmula do Colendo Supremo Tribunal Federal, ao estabelecer que as anotações em Carteira Profissional não constitui prova absoluta, mas por outro lado, somente diante de uma argumentação fundamentada e razoável, que enseje, dúvida quanto a veracidade das anotações (que tenha suporte fático à respaldá-la), aquele documento poderia ser desconsiderado. Observo que não foi localizada nos autos, tal fundamentação. Com relação ao período de 03/03/1976 a 20/06/1977, junto a Ind. Metalúrgica Andre Fodor Ltda., observo que referido vínculo possui outras anotações referentes a férias, alteração salarial, FGTS, razão pela qual entendo que referido vínculo pode ser incluído na contagem, registrando ainda, que na contagem da autarquia também foi considerado. Já com relação ao período de empresário (Proc.Conc.1, pág.99/104), considerando tratar-se de segurado obrigatório, entendo que os documentos apresentados são suficientes para a inclusão das competências de janeiro, fevereiro, maio, junho, julho, agosto, setembro, outrubro, novembro e dezembro de 2007; fevereiro, março, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro de 2005; janeiro, março, abril, maio, junho, julho, setembro, novembro e dezembro 2006; janeiro a dezembro de Posto isto, conforme contagem realizada por esta relatora (evento 21), o tempo de contribuição foi alterado, todavia o recorrente não atingiu tempo suficiente para concessão aposentadoria. Cumpre observar, a final, que desta decisão, caberá recurso na forma do artigo 16, da Portaria MPS/GM nº 548/2011. Pelo exposto, VOTO no sentido de, preliminarmente, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL. Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). DARCLE PINTO WAGNER Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). JOYCE ANGELI DE OLIVEIRA MATOZO Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas Presidente concorda com voto do relator(a). PAULO GUSTAVO FERREIRA BARROS Presidente

5 Decisório Nº Acórdão: 942 / 2015 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 14ª Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros DARCLE PINTO WAGNER e JOYCE ANGELI DE OLIVEIRA MATOZO. Relator(a) PAULO GUSTAVO FERREIRA BARROS Presidente