Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NOVA SERRANA Benefício: 42/ Espécie: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO Recorrente: PAULO EDUARDO GONTIJO MARINHO - Procurador Recorrente: ITAMAR CORREIA DA SILVA Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS Relatório Trata o presente de recurso especial interposto pelo Sr. Itamar Correia da Silva, recorrente, contra a decisão proferida pela 08ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social, através do Acórdão nº 3083/2015, que negou provimento ao seu pedido de recurso, NB 42/ , sendo mantida a decisão de indeferimento proferida pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ora recorrido. Tendo em vista o Principio da Eficiência da Administração Pública previsto na Lei 9.784/99 em seu artigo 2º utilizo do relatório elaborado pela Junta de Recursos:... ITAMAR CORREIA DA SILVA recorre a esta Junta de Recursos, inconformado com o indeferimento de seu pedido de APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO, nº. 42/ , requerido em 21/10/2014, Evento 2, Processo Concessório, páginas 06/ 06/04/2013. O postulante é nascido em 17/09/1950. Dados do CNIS, Cadastro Nacional de Informações Sociais, páginas 16/18, indicam vínculos empregatícios no período de 01/03/1969 a 09/2014, com interrupções. Às páginas 24/27, consta planilha de tempo de contribuição, até 21/10/2014, com o total de 30 anos, 02 meses e 03 dias. O benefício foi indeferido, páginas 29/30, por falta de tempo de contribuição até 16/12/1998 ou até a data de entrada do requerimento. Nestes autos foi apresentado formulário PPP, Perfil Profissiográfico Previdenciário, para o período de 18/08/2010 a 30/05/2011, Oficina Mecânica Guata Ltda., setor transporte, função motorista A, fator de risco ruído de 80 decibéis, páginas 161/163. Evento 2, Recurso Ordinário, com data de 29/12/2014, páginas 266/276, quando o recorrente solicita a conversão de tempo especial em comum dos seguintes períodos: - 13/10/1975 a 28/02/1977, Sulfrio Transportes Rodoviários; - 01/03/1977 a 15/04/1978, Ernani Bruhn; - 01/09/1978 a 28/08/1979, empresa Transportes Periquito; - 01/11/1979 a 23/10/1980, Transportes FS Sul, função de motorista; - 01/06/1981 a 20/09/1982 e de 17/06/1983 a 17/03/1984, Hipermodal Transporte e Navegação, função de motorista; - 01/10/1985 a 15/07/1990, Comércio de Transporte Zepelini, função de motorista. O recorrente afirma que as anotações na carteira profissional são suficientes para o reconhecimento da atividade especial, por enquadramento profissional,

2 principalmente quando se trata de veículos antigos, com dificuldade de localização das empresas empregadoras para fornecimento dos formulários de atividade especial. O segurado, mediante exigência do INSS para apresentar os formulários de registro da atividade especial, declarou que as empresas estão extintas e devido à localização e o tempo decorrido não tem contato com nenhum colega de trabalho, portanto não tem como apresentar PPP ou solicitar Justificação Administrativa. Evento 7, Contrarrazões/INSS, páginas 287/288, quando a Autarquia manteve o indeferimento do benefício por não atendimento das exigências para apresentação dos formulários de exercício de atividade especial. Evento 18, Despacho, quando os autos foram reencaminhados à instância julgadora, após atendimento de diligência de alteração da espécie do benefício de Auxílio-Doença Previdenciários para Aposentadoria por Tempo de Contribuição. À fl. 64, mantido o parecer anterior. Evento 2, Processo Concessório Anterior, 42/ , DER em 26/12/2013, páginas 35/95, também indeferido por falta de tempo de contribuição. Evento 2, Processo Concessório Anterior, 42/ , DER em 23/06/2011, páginas 96/219, também indeferido por falta de tempo de contribuição. Evento 2, Processo Concessório Anterior, 42/ , DER em 08/10/2012, também indeferido por falta de tempo de contribuição.... Através do Acórdão nº 3083/2015, evento 24, a decisão da 08ª Junta de Recursos/CRPS, foi de negar provimento ao pedido de recurso, conforme a justificativa:... entende este Relator que não cabe a conversão de tempo especial em comum dos períodos controversos, a saber: 18/08/2010 a 30/05/2011, Oficina Mecânica Guata Ltda., setor transporte, função motorista A, fator de risco ruído de 80 decibéis, vez que o agente ruído está com intensidade menor do que o limite previsto nas normas previdenciárias, observado o item5, letra c, cima transcrito. Por outro lado, não cabe a conversão, para tempo especial, por categoria profissional, pois a legislação só contempla tal conversão até 28/04/1995; 13/10/1975 a 28/02/1977, Sulfrio Transportes Rodoviários; 01/03/1977 a 15/04/1978, Ernani Bruhn; 01/09/1978 a 28/08/1979, empresa Transportes Periquito; 01/11/1979 a 23/10/1980, Transportes FS Sul, função de motorista; 01/06/1981 a 20/09/1982; 17/06/1983 a 17/03/1984, Hipermodal Transporte e Navegação, função de motorista e de 01/10/1985 a 15/07/1990, Comércio de Transporte Zepelini, função de motorista, vez que não foram apresentados os formulários próprios para caracterização dos períodos como de exercício de atividades especiais, cabendo registrar que o segurado, mediante exigência do INSS para apresentar os formulários de registro da atividade especial, declarou que as empresas estão extintas e devido à localização e o tempo decorrido não tem contato com nenhum colega de trabalho, portanto não tem como apresentar PPP ou solicitar Justificação Administrativa. O INSS apurou até a DER (data da entrada do requerimento), 32 anos, 04 meses e 15 dias de tempo de contribuição, evento 1, Processo Concessório, fls. 76/77, quando eram necessário 34 anos, 04 meses e 15 dias e idade de 53 anos, para aposentadoria proporcional. Diante do acima exposto, em 16/12/98, o tempo de serviço do segurado não alcança o mínimo legalmente exigível, nos termos dos artigos 54 do Decreto 2.172/97 e 187 do Decreto 3.048/99, não se podendo falar em direito adquirido.... Inconformado com a decisão da 08ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social, o recorrente protocolou pedido de recurso especial a esta Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social, em que requer, em síntese, sejam considerados como atividade especial todos os períodos em que trabalhou como motorista de carga pesada conforme consta nos registros trata-se de transportadora com transporte de cargas pesadas, bem como, seja reafirmada a DER, caso necessário. Em suas contrarrazões o Órgão Previdenciário se manifesta pela manutenção do ato recorrido, pelos motivos:...o recorrente, em seu recurso, apenas expressa o seu inconformismo com o indeferimento de seu pedido pela 8ª JR/CRPS, alegando ter direito ao benefício pleiteado. Contudo, perante documentação apresentada não se firmou convicção de que o requerente faça jus ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição. Desta forma, somos favoráveis à manutenção do indeferimento do benefício pleiteado, nada de novo fora trazido aos autos que possa ensejar a reforma da decisão recorrida. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 05/10/2015 para sessão nº 0324/2015, de 13/10/2015. Voto

3 EMENTA: APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. DIREITO CONFIGURADO. RECONHECIDO O EXERCÍCIO DE ATIVIDADE ESPECIAL ATRAVÉS DE ENQUADRAMENTO POR CATEGORIA PROFISSIONAL ATÉ 28/04/1995. ACRÉSCIMO DO PERIODO DE ATIVIDADE ESPECIAL CONVERTIDA EM COMUM AO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO INICIALMENTE APURADO. O REQUERENTE IMPLEMENTOU TODOS OS REQUISITOS EXIGIDOS PARA OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO PLEITEADO. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: ART. 56, ART. 68 DO DECRETO 3048/99, DECRETO 53831/64 E ENUNCIADO Nº 20 CRPS SÚMULAS49 E 75 TNU E SÚMULA Nº 12 TST. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO AO SEGURADO Recurso considerado tempestivo, conforme 1º do art. 305 do Regulamento da Previdência Social- RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99 e pelo Art. 31, da Portaria Ministerial nº 548/2011. De acordo com o Art. 56, do Decreto 3048/99 A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao segurado após trinta e cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos, se mulher, observado o disposto no art. 199-A. Devemos observar o contido nos 3º do Art. 68, do Decreto 3048/99-3º A comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos será feita mediante formulário emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. (Nova redação Decreto Nº 8.123/2013) De acordo com o resumo de tempo de contribuição verificou-se que não houve enquadramento de atividade especial, sendo apurado o tempo de contribuição de 30 anos, 02 meses e 08 dias. No presente recurso o requerente requer o enquadramento de atividade especial nos períodos de 13/10/1975 a 28/02/1977, Sulfrio Transportes Rodoviários; 01/03/1977 a 15/04/1978, Ernani Bruhn Transportes - ME; 01/09/1978 a 28/08/1979, empresa Transportes Periquito; 01/11/1979 a 23/10/1980, Transportes FS Sul, função de motorista; 01/06/1981 a 20/09/1982; 17/06/1983 a 17/03/1984, Hipermodal Transporte e Navegação e de 01/10/1985 a 15/07/1990, Comércio e Transporte Zapelini, em que exerceu a ocupação de motorista. Conforme justificativa do INSS, ratificada pela 08ª Junta de Recursos, a decisão de não enquadrar os períodos de atividade de motorista como atividade especial decorre da falta de apresentação de formulários próprios para caracterização dos períodos como de exercício de atividades especiais, pela impossibilidade de cumprimento da exigência do INSS para apresentar os formulários de registro da atividade especial, visto que as empresas estão extintas e devido à localização e o tempo decorrido não tem contato com nenhum colega de trabalho, portanto não tem como apresentar PPP ou solicitar Justificação Administrativa. No entanto, cabe destacar que diante do conjunto probatório com dados nas CTPSs apresentadas e no CNIS, em que consta prevalência de vínculos empregatícios junto a empresas de transporte rodoviário de cargas e com informação do CBO condutores de ônibus, caminhões e veículos similares, para o vínculo com a empresa Transportadora Periquito, de 01/09/1978 a 28/08/1979, CBO motorista de caminhão, para os vínculos com as empresas Transportadora Áurea, de 02/05/1994 a 24/06/1996 e empresa Paulo Eising Esser, de 01/07/1992 a 15/09/1992 e demais vínculos empregatícios posteriores a 1995 até a data atual, em que consta anotado o CBO motorista de caminhão (rotas regionais e internacionais) e da ausência de anotação que demonstre alteração do cargo para o qual foi contratado, podemos inferir que a profissão do requerente sempre foi a de motorista no transporte rodoviário de carga, ou seja, de motorista de caminhão ou no transporte de passageiros como motorista de ônibus. Quanto às atividades exercidas sob condições especiais, destaco o contido no 1º do Art. 70, do Decreto 3048 A caracterização e a comprovação de tempo de atividade, sob condições especiais, obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. Em abril de 1995, com a edição da Lei nº 9.032, o artigo 57 da Lei nº 8.213, 1991, sofreu significativa alteração que resultou numa nova roupagem à aposentadoria especial. O critério de concessão por categoria profissional foi excluído de vez do Ordenamento Jurídico e as atividades expostas ao perigo deixaram de ser consideradas especiais, prevalecendo apenas aquelas que implicam em prejuízo a saúde ou a integridade física do segurado. Ressalta-se que a redação original do artigo 57, da Lei nº 8.213, de 1991, já havia suprimido a periculosidade do rol de atividades especiais; no entanto, como ainda havia sido mantido o critério de concessão por categoria profissional e os decretos que fixavam tais categorias foram integralmente mantidos pelo Decreto nº 611, de 1992, entende-se que as atividades expostas ao perigo efetivamente deixaram de existir com o advento da Lei nº 9.032, de Assim, cabe o enquadramento de atividade especial para a ocupação de motorista até 28/04/1995, de acordo com o item 2.4.4, do Decreto /64, que prevê o enquadramento pela categoria profissional, para motorneiros e condutores de bondes, motoristas e cobradores de ônibus e motoristas e ajudantes de caminhão, em transporte rodoviário. Destacamos o disposto na Súmula nº 49 TNU DOU de 15/03/ Para reconhecimento de condição especial de trabalho antes de 29/4/1995, a exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física não precisa ocorrer de forma permanente.

4 E ainda, o disposto no Enunciado nº 20 CRPS DOU de 18/11/ Salvo em relação ao agente agressivo ruído, não será obrigatória a apresentação de laudo técnico pericial para períodos de atividades anteriores à edição da Medida Provisória n.º , de 11/10/96, facultando-se ao segurado a comprovação de efetiva exposição a agentes agressivos à sua saúde ou integridade física, mencionados nos formulários SB-40 ou DSS-8030, mediante o emprego de qualquer meio de prova em direito admitido. Devemos observar o disposto nas seguintes Súmulas: Súmula nº 12 - TST estabelece que: as anotações da Carteira de Trabalho e Previdência Social gozam de presunção "jurus tantum" de veracidade, constituindo daquilo que nela foi registrado como fatos verdadeiros. Sumula nº 75- TNU - A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se aponta defeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de presunção relativa de veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço para fins previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). Assim, em que pese constar anotações na CTPS nº S 213, emitida em 10/01/1972, sem rasuras, que comprovam vinculo empregatício com empresas de transportes, na ocupação de motorista, cujos dados se encontram regulares no Cadastro Nacional de Informações Sociais CNIS, posso concluir pelo enquadramento de atividade especial, por categoria profissional, da atividade de motorista exercida nos períodos de 13/10/1975 a 28/02/1977, 01/03/1977 a 15/04/1978, 01/09/1978 a 28/08/1979, 01/11/1979 a 23/10/1980, 01/06/1981 a 20/09/1982; 17/06/1983 a 17/03/1984, de 01/10/1985 a 15/07/1990, e complementarmente os períodos de 02/01/1991 a 24/06/1991, de 01/10/1991 a 13/10/1991, de 01/07/1992 a 15/09/1992 e de 02/04/1994 a 28/04/1995, que não foram solicitados pelo requerente às razões recursais, em que o requerente, também, exercer atividade de motorista em empresa de transporte de cargas que após convertido deverá ser somado ao tempo de contribuição inicialmente apurado, que resultará no tempo de 35 anos de contribuição exigidos para a obtenção do benefício. No que se refere ao período de atividade a contar de 29/04/1995, considero que não restou comprovado o exercício de atividade especial, haja vista não ter sido apresentado novo elemento, em fase recursal, que demonstrasse o exercício de atividade sujeita a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, de modo habitual e permanente não ocasional ou intermitente, conforme exigido pela legislação vigente. Diante de todo o exposto considero que merece reforma a decisão proferida pela 08ª Junta de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social, através do Acórdão nº 3083/2015, pelos fundamentos acima mencionados. CONCLUSÃO: Pelo exposto, VOTO no sentido de preliminarmente conhecer do recurso e, no mérito DAR-LHE provimento. SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS Relator(a) Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). MARILEIA TONIETTO Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a). GUSTAVO MOREIRA BAVOSO Conselheiro(a) Suplente Representante das Empresas Presidente concorda com voto do relator(a). ERALDO SERGIO ARAUJO DE MEDEIROS Presidente

5 Decisório Nº Acórdão: 3887 / 2015 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª Composição Adjunta da 4ª Câmara de Julgamento do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E DAR PROVIMENTO AO RECORRENTE, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. BAVOSO. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros MARILEIA TONIETTO e GUSTAVO MOREIRA SANDRA MARIA DE PINA TORRES DE FREITAS Relator(a) ERALDO SERGIO ARAUJO DE MEDEIROS Presidente