Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 27ª Junta de Recursos

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 27ª Junta de Recursos Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL SÃO PAULO-TATUAPÉ Benefício: 21/ Espécie: PENSÃO POR MORTE PREVIDENCIÁRIA Recorrente: MIRIAM ACUNZO DE ARAUJO - Procurador Recorrente: JOSE BENEDITO MERLIN NETO - Titular Capaz Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: INDEFERIMENTO Relator: ELDERLANE SILVA DOS SANTOS Relatório Recurso ordinário, tempestivo, apresentado contra decisão do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS que através da Agência da Previdência Social APS Tatuapé/SP, sob o nº / , que indeferiu o pedido de Pensão por morte do formulado pela parte interessada, conforme se evidencia no processo acostado aos autos. O óbito da segurada instituidora se deu em , conforme certidão acostada na fl. 23 do processo. Sendo esta empregada na empresa WM Tecnologia em Informática Ltda ME. Para comprovar qualidade de companheiro o requerente apresentou os seguintes documentos: - Declaração assinada pela segurada informando que o requerente reside no mesmo endereço emitida em , fl. 07; - Fotos da de cujus com o requerente, fl. 10/15; - Certidão de Casamento do Sr. José Carlos Videira com a de cujus, fl.26; - Apólice da Azul seguros constado o endereço da segurada, fl. 29; - Comprovante de endereço do requerente, dos anos 2009/2010, 2014/2015 fls. 33/34, 44/45; - Apólice da Azul seguros em nome da de cujus e constado o requerente como beneficiário emitido em , fl ; - Declaração do Hospital atestando que o requerente foi responsável pela internação da requerente, emitida em , fl. 46. O INSS indeferiu o pedido alegando não haver provas suficientes que comprovariam a união estável. Não se conformando com a decisão desta Autarquia, o Sr. José Benedito Merlin Neto interpôs recurso em , alegando ser companheiro da instituidora, que mantiveram união estável por mais de 10 anos, requerendo ainda Justificação Administrativa. O INSS não apresentou as contrarrazões pelo decurso do prazo de 30 dias. Não consta no processo ação judicial com a mesma causa de pedir.

2 Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 04/01/2016 para sessão nº 0005/2016, de 13/01/2016. Voto O recurso considerado tempestivo nos termos do 1º do Art.305 do Decreto nº 3.048/99. O Sr. José Benedito Merlin Neto, recorre contra a decisão do INSS que indeferiu o pedido de pensão por morte. O artigo 16 de Decreto 3.048/99 elenca quais são os dependentes da segurada falecida, a saber: Art.16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado de qualquer condição, menor de vinte e um anos ou inválido; 5º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que mantenha união estável com o segurado ou segurada. (grifos nossos) 6º Considera-se união estável aquela configurada na convivência pública, contínua e duradoura entre o homem e a mulher, estabelecida com intenção de constituição de família, observado o 1o do art do Código Civil, instituído pela Lei no , de 10 de janeiro de º A dependência econômica das pessoas de que trata o inciso I é presumida e a das demais deve ser comprovada. Por outro lado, para a concessão do benefício à legislação previdenciária exige qualidade de segurado do falecido e a comprovação da união estável, que deverá ser demonstrada através de no mínimo três dos documentos elencados nos incisos do 3º, art. 22, do Decreto 3.048/99. Quanto à qualidade de segurada da instituidora do benefício, não há o que se questionar, uma vez que acosta aos autos que na data do óbito este estava exercendo suas atividades laborativas na empresa WM Tecnologia em Informática Ltda ME. Com relação às provas apresentadas pelo recorrente, que foram discriminadas no relatório, no entender desta Relatora, se mostram insuficientes para a concessão do benefício, pois os documentos apresentados não comprovam a qualidade de dependente da de cujus para com o requerente. Desta forma, mantenho o indeferimento do pedido. VOTO: no sentido de conhecer do recurso, por tempestividade, para no mérito negar-lhe provimento, mantendo a decisão recorrida. ELDERLANE SILVA DOS SANTOS Relator(a) Voto divergente Conselheiro(a) discorda do voto do relator(a). EDWIGES ARAUJO MAGALHAES Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Voto divergente De acordo com o voto do presidente Milton César Rodrigues de Sousa.

3 IRACILDA BEZERRA DA SILVA Conselheiro(a) Suplente Representante do Governo Voto divergente vencedor 1- Em virtude do pedido de vistas feito por este conselheiro, analisamos os autos e verificamos que se trata de um pedido de pensão por morte, requerido em 24/02/2015, em virtude do óbito da segurada HELENICE APARECIDA WADA VIDEIRA, ocorrido em 11/01/ O benefício foi requerido por José Benedito Merlin Neto, na qualidade de companheiro da ex-segurada. 3- Como prova da união estável apresentou: a) cópia autenticada em cartório de uma proposta de seguros e automóvel, em nome da ex-segurada, datada de junho/2013, com endereço na rua Honório Emiliano Bueno 737, Jardim Ponte Rasa, São Paulo-SP, tendo o nome de José Benedito como beneficiário, mas sem a assinatura da proponente; b) cópia de conta de água autenticada em cartório, em nome da ex-segurada, emitida em novembro/2013, com endereço na rua Honório Emiliano Bueno 737; c) cópia autenticada em cartório, de um demonstrativo mensal da Bradesco Cartões, emitida em 01/2009, em nome do recorrente, com endereço na rua Honório Emiliano Bueno 737, Jd Pte Rasa, São Paulo-SP; d) cópia autenticada em cartório, de um Boletim de Ocorrência Policial, em nome do recorrente, datado de 23/10/2010, com endereço na rua Honório Emiliano Bueno 737, Ponte Rasa, S. Paulo-SP; e) cópia autenticada em cartório, de uma proposta de renovação do Azul Seguro Auto mais a apólice do seguro, em nome da ex-segurada, datada de junho/2014, com endereço na rua Honório Emiliano Bueno 737, Jardim Ponte Rasa, São Paulo, tendo o nome de José Benedito Merlin Neto como beneficiário, mas sem a assinatura da proponente; f) cópia autenticada em cartório, de uma fatura mensal Itaucard, em nome do recorrente, com o mesmo endereço na rua Honório Emiliano Bueno 737, antigo 15, Jardim Ponte Ra, São Paulo-SP, com vencimento em 25/04/2010; g) cópia autenticada em cartório, da conta de energia elétrica, em nome da ex-segurada, referente ao mês fevereiro/2015, portanto posterior ao óbito; h) cópia autenticada em cartório, da fatura mensal do Santander Flex, em nome do recorrente, com vencimento em dezembro/2014, com endereço na rua Honório Emiliano Bueno 737, Jardim Ponte R, São Paulo-SP; i) declaração do Hospital Salvalus, falando sobre o internamento e óbito da ex-segurada, informando que o sr. José Benedito Merlin Neto foi o responsável pela internação. 4- O pedido de benefício foi indeferido em virtude da não comprovação da qualidade de dependente. 5- Em seu recurso, o recorrente diz, em resumo, que vivia com a ex-segurada há mais de dez anos, que apresentou três provas de união estável, quais sejam, mesmo endereço, declaração de acompanhamento no hospital e seguro do carro no nome dele. Solicita Justificação Administrativa e apresenta fotos que demonstram a evolução do relacionamento entre os dois. Juntou, também, uma cópia, sem autenticação, de declaração firmada pela ex-segurada, onde informa que o recorrente mora em sua residência, na rua Honório Emiliano Bueno 737, Ponte Raza, São Paulo, em maio/ O INSS não apresentou contrarrazões.

4 Voto: 7- Inicialmente, destaque-se que ficou constatada a tempestividade, já que não consta data da ciência do indeferimento, e a legitimidade da parte, com o devido instrumento procuratório anexo ao requerimento do benefício, bem como não foi apontada nenhuma causa que implique no não conhecimento do recurso. 8- A controvérsia instalada, no presente feito, refere-se à não comprovação da qualidade de dependente, pela não apresentação de provas materiais suficientes que demonstrem a existência de união estável entre a falecida segurada e o recorrente. 9- O 3º do art. 22, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99, diz que a comprovação do vínculo e da dependência econômica entre os segurados da Previdência Social e seus dependentes, será feita por pelo menos, três documentos de uma lista exemplificativa, que apresenta. 10- Ressalte-se, que tais documentos devem sem contemporâneos aos fatos a serem comprovados. 11- No presente caso, o recorrente apresentou, basicamente, prova de mesmo endereço. Em relação à ex-segurada, destacamos o endereço na conta de água, emitida em novembro/2013, podendo correlacionar com o extrato do Bradesco, de 01/2009, Boletim de Ocorrência Policial e fatura Itaucard, de 2010, anteriores, e a fatura do Santander Flex, de novembro/2014, posterior, onde consta o endereço do recorrente, servindo como uma prova apenas, pois só consta um comprovante de endereço em nome da falecida. 12- As propostas de seguro apresentadas não podem servir como prova pois não consta a assinatura da ex-segurada como proponente. A conta de energia em nome dela, também não serve como prova pois refere-se a mês posterior ao óbito. 13- A declaração expedida pelo Hospital Salvalus, não pode ser considerada como prova porque, logicamente, foi emitida após o óbito e não veio acompanhada da ficha de internação. 14- Quanto à declaração de endereço firmada pela falecida segurada, em 2012, não pode ser considerada porque, provavelmente, é apenas uma cópia simples, sem autenticação, já que o original foi entregue no Detran, conforme informação do recurso. 15- Apesar de considerarmos apenas uma prova de união estável, o que é insuficiente para a exigência regulamentar, entendemos que cabe uma diligência para que: a) o recorrente apresente cópia autenticada por servidor público do Detran ou em cartório, da declaração de endereço, ou o INSS confirme sua autenticidade junto ao Detran; b) o INSS, promova pesquisa junto ao Hospital Salvalus, para comprovar as informações fornecidas na declaração apresentada, principalmente, o responsável pela internação, registrado na ficha hospitalar e o endereço da paciente; c) depois das exigências acima, caso o INSS não considere formadas as três provas exigidas pelo Regulamento da Previdência Social para comprovação da união estável, e se ficar comprovado pelos registros hospitalares que o recorrente foi o responsável pelo internamento da ex-segurada, que promova uma Justificação Administrativa, conforme requerido no recurso, tendo em vista a existência de início de prova material. Dessa forma, conheço do recurso e voto no sentido de converter o julgamento em diligência, a fim de que o INSS promova o cumprimento das exigências acima. MILTON CESAR RODRIGUES DE SOUSA Presidente

5 Decisório Nº Decisão: 2 / 2016 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, DECIDEM os membros da 1ª Composição Adjunta da 27ª Junta de Recursos do CRPS, em CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, POR MAIORIA, de acordo com o voto vencedor do (a) Conselheiro (a) MILTON CESAR RODRIGUES DE SOUSA e sua fundamentação. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros EDWIGES ARAUJO MAGALHAES e IRACILDA BEZERRA DA SILVA. MILTON CESAR RODRIGUES DE SOUSA Presidente