RECURSO HIERÁRQUICO PROCESSO N RECORRENTE: MÔNICA BLÓRIS NABUCO, T.A.J. RELATOR: DES. MARCUS BASÍLIO

Transcrição

1 RECURSO HIERÁRQUICO PROCESSO N RECORRENTE: MÔNICA BLÓRIS NABUCO, T.A.J. RELATOR: DES. MARCUS BASÍLIO RECURSO ADMINISTRATIVO HIERÁRQUICO. SERVIDORA APOSENTADA POR INVALIDEZ COM PROVENTOS PROPORCIONAIS. REQUERIMENTO PARA A TRANSFORMAÇÃO DE SUA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ PROPORCIONAL EM APOSENTADORIA POR ACIDENTE DE TRABALHO. INDEFERIMENTO. IRRESIGNAÇÃO. MANUTENÇÃO DA DECISÃO ATACADA QUE SE IMPÕE DIANTE DOS LAUDOS ANEXADOS AOS AUTOS ATESTANDO QUE A REQUERENTE NÃO APRESENTA, NO ATUAL MOMENTO, QUALQUER DAS CONDIÇÕES PREVISTAS EM LEI PARA A CONCESSÃO DA TRANSFORMAÇÃO DE APOSENTADORIA. RECURSO DESPROVIDO. VISTOS, relatados e discutidos estes autos do Recurso Hierárquico nº , em que é recorrente MÔNICA BLÓRIS NABUCO, T.A.J.; ACORDAM os Desembargadores que compõem o Conselho da Magistratura, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.

2 RELATÓRIO Cuida-se de requerimento formulado por MÔNICA BLÓRIS NABUCO (fl. 02), matrícula n 01/22557, aposentada por invalidez, com proventos proporcionais, no cargo de Técnico de Atividade Judiciária, Classe B, padrão 8, através do Ato Executivo n 4317/2011, com publicação e validade em 21/09/2011, requerendo a transformação de sua aposentadoria por invalidez proporcional em aposentadoria por acidente de trabalho. Com a inicial vieram os laudos de fls. 03 e 04, estando o histórico da servidora à fl. 09. Nova manifestação da servidora às fls. 11 e 12, 15 e 16, acompanhada da informação de fls. 13 e 14. Laudo de transformação de aposentadoria emitido pela Micelli & Associados Ltda. em 19/04/2012 (fl. 18) concluindo que a requerente não apresenta, no atual momento, qualquer das condições previstas em Lei para a concessão da transformação de aposentadoria. O pedido foi indeferido pela Presidente do Tribunal de Justiça através da decisão de fl. 23. Inconformada, a requerente apresentou pedido de reconsideração com alternativa de recurso hierárquico (fls.28/34) alegando, em síntese, que a Portaria n 1339/GMS de 18/11/1999, do

3 Ministério da Saúde (fls.35/37), faz reluzir o direito que ampara a pretensão da recorrente, pois elenca a doença da qual a recorrente é portadora Síndrome de "Bourn-out" (síndrome do esgotamento profissional), como doença relacionada ao trabalho. Desta forma, associando-se a referida Portaria aos laudos médicos anexados aos autos, requereu a conversão de sua aposentadoria por invalidez com proventos proporcionais para integrais, na forma do art. 40, 1, I, segunda parte, da CF/88, pois se trata de doença adquirida em virtude do exercício do cargo. Avaliação Médica emitida pela Micelli & Associados Ltda em 17/12/2013 (fl.42), concluindo que a recorrente não possui doença ocupacional ou acidentária. Laudo médico-pericial emitido pelo Departamento de Saúde DESAU (fl.44) contraindicando a transformação da aposentadoria por não apresentar, no momento pericial, doença grave na forma da lei ou doença de caráter ocupacional. Parecer do Serviço de Processamento de Aposentadorias (fl. 56) sugerindo a manutenção da decisão que indeferiu o pedido de transformação da aposentadoria. Manifestação da Diretora-Geral de Gestão de Pessoas (fl. 58) sugerindo a manutenção do despacho que indeferiu o pedido de transformação da aposentadoria.

4 Despacho da Exma. Desembargadora Presidente do Tribunal de Justiça (fl. 59) mantendo a decisão atacada por seus próprios fundamentos e remetendo os autos a este Egrégio Conselho em grau de Recurso Hierárquico. VOTO Registre-se que o presente recurso foi tempestivamente interposto, sendo devidamente preparado (cf. fls. 56 e 59-verso). Ultrapassado o conhecimento, passa-se ao exame do mérito propriamente dito, destacando, desde já, que, a meu sentir, a pretensão da requerente não merece acolhida. No caso em comento, a servidora MÔNICA BLÓRIS NABUCO interpôs o recurso buscando a reforma da decisão que indeferiu seu pedido de transformação da aposentadoria de invalidez proporcional para invalidez por acidente do trabalho. Inicialmente cabe destacar a regra inscrita no artigo 40, parágrafo 1º, inciso I da Constituição Federal, in verbis: Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito

5 Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, ) 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos 3º e 17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, ) I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, ) (grifado) Em complemento a tal regra transcrevo o disposto pelo artigo 2º da Emenda Constitucional nº 70/2012: Art. 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, assim como as respectivas autarquias e fundações, procederão, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias da entrada em vigor desta Emenda Constitucional, à revisão das aposentadorias, e das pensões delas decorrentes, concedidas a partir de 1º de janeiro de 2004, com base na redação dada ao 1º do art. 40 da Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998,

6 com efeitos financeiros a partir da data de promulgação desta Emenda Constitucional. (grifado) Com efeito, como bem destacado no parecer emitido pelo Serviço de Processamento de Aposentadorias (fl. 56), a Emenda acima transcrita, ao ingressar no ordenamento jurídico, não teve o condão de transformar as aposentadorias com proventos proporcionais em integrais, sendo imperiosa a realização de novas perícias para aferição da necessidade dessa transformação. Desta forma, em que pese à alegação da recorrente no sentido de que a Portaria n 1339/GMS de 18/11/1999, do Ministério da Saúde (anexada às fls.35/37) elenca a doença da qual é portadora (Síndrome de "Bourn-out") como doença relacionada ao trabalho, as avaliações e laudos médicos anexados aos autos concluíram pela inexistência de doença ocupacional ou acidentária, contraindicando, portanto, a transformação inicialmente pleiteada. Por tudo que foi exposto, dirijo meu voto no sentido de negar provimento ao recurso. Rio de Janeiro, 07 de agosto de Desembargador MARCUS BASÍLIO Relator

7