Os pré-socráticos. O surgimento da Filosofia

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Os pré-socráticos. O surgimento da Filosofia"

Transcrição

1 Os pré-socráticos O surgimento da Filosofia Nós começamos nossa viagem pela aventura do pensamento a partir dos relatos mitológicos, estabelecendo uma comparação entre a visão de mundo dos índios Guarani e dos antigos gregos. Descobrimos assim que o mundo mitológico é povoado por deuses e seres fantásticos que, além de serem a causa de tudo o que existe, controlam os destinos da humanidade. Ñande Ru criou a primeira terra, sustentando-a com quatro colunas, que asseguram sua estabilidade. A esta primeira terra original envia os homens e a víbora, a pequena cigarra vermelha, a grande perdiz e o tatu. Quando se destruiu esta primeira terra, os homens virtuosos se elevaram ao céu, onde conservaram sua figura; os transgressores da lei divina também subiram, porém transformados em seres irracionais. Os animais que agora vivem sobre a terra não são nada além de imagens dos protótipos celestiais, isto é, dos homens transformados em animais e dos animais mencionados, que desde sua origem tiveram a forma atual. Antología de Literatura Guaraní Ayvu Rapita, León Cadogan, Como podemos reparar no texto compilado pelo pesquisador paraguaio León Cadogan, as características do mito são que deuses estão na origem de tudo e que eles podem controlar a existência das coisas e das pessoas. Nós estudamos a mitologia indígena Guaraní porque é algo que está mais próximo da nossa realidade, mas se formos pesquisar, constataremos que praticamente todos os povos da humanidade possuem a sua mitologia. Podemos nos perguntar a este ponto: por que os povos criam os mitos? Podemos supor que os seres humanos têm uma tendência natural a buscar uma explicação para os fenômenos que influenciam sua vida. Por que o sol nasce e se põe todos os dias? Por que todos os seres vivos nascem e morrem? O que acontece depois da morte? O que são as estrelas? De onde vem a terra, a água, as plantas, os animais? Se para muitas dessas questões não temos respostas definitivas ainda hoje, imaginem numa época onde não existia a ciência, a tecnologia e a pesquisa. Uma época onde as pessoas estavam totalmente a mercê dos fenômenos da natureza e muito pouco se sabia a seu respeito. Mas eis que numa pequena região do mundo antigo, por volta do século VII, surge uma nova forma de pensar a realidade. Na Grécia de então começavam a se concretizar as cidadesestados (polis), organização que levaria seus habitantes a uma convivência mais estreita que na atividade agrícola em propriedades esparsas. Para organizar essa convivência os gregos precisam refletir e pensar novas formas de governo, desenvolvendo a atividade política. As navegações pelo Mar Mediterrâneo os levaram a estabelecer contato com outros povos e realizar comércio com eles. Esta mudança na organização social é acompanhada por uma

2 mudança na forma de pensar. Ora, se povos diferentes possuem crenças diferentes, como saber qual é a certa? Se nós podemos organizar a vida política das sociedades, onde fica a interferência dos deuses nos assuntos humanos? Dessa forma, através de questionamentos sobre a real interferência dos deuses na natureza e na vida dos homens, os gregos iniciam uma nova forma de pensar, buscando na própria realidade as explicações para os fenômenos e eventos que observavam. Filósofos da physis A principal característica dos filósofos pré-socráticos (como ficaram conhecidos todos aqueles que vieram antes de Sócrates) é o estudo da physis, palavra grega que significa o princípio da evolução e do progresso das coisas na natureza. Nesse contexto a palavra princípio tem um papel fundamental para entendermos a grande mudança que se opera na passagem do pensamento mitológico para o filosófico. Quando buscamos o princípio de alguma coisa estamos, na verdade, buscando duas coisas: como ela veio a ser e o que faz com ela seja o que é. Tomemos como exemplo a cadeira na qual você está sentado. Qual é o princípio dessa cadeira? Por um lado podemos pesquisar e descobrir que ela foi feita na fábrica tal, com tal material, a partir de um projeto de tal marceneiro (ou designer, se quisermos ser mais chiques...). Mas isso é o suficiente para definirmos o que é essa cadeira, para definirmos seu princípio? O que faz com que essa cadeira seja uma cadeira? Assim, através dessas questões, partimos em busca de algo mais profundo, do conceito que está por trás do ser, daquilo que o define como sendo aquilo que é. De certa forma, a evolução do pensamento dos gregos antigos é a passagem das questões materiais para as questões conceituais, isto é, a passagem da física para a metafísica, que em grego antigo significa justamente além da física. E a missão que os gregos se colocaram (e colocaram para o mundo, para a civilização humana) não foi nada simples. O objetivo deles foi descobrir, nada mais, nada menos, que o princípio do ser, ou seja, o princípio de tudo o que existe, o princípio da própria existência! Isso significa que ao estudarmos os primeiros filósofos estamos entrando no universo do desenvolvimento dos conceitos, que é o universo da Filosofia. O pensamento desses grandes homens está na origem de tudo o que vivemos hoje. Só temos as tecnologias, o conhecimento, o trabalho, a política, enfim, quase todas as estruturas que organizam e fazem parte da nossa vida, por causa deles, do pensamento deles. Um pensamento, no caso, livre das amarras dos mitos, um pensamento que existe por causa da dúvida e parte em buscas de respostas para se aproximar cada vez mais da verdade. Chegaremos algum dia à verdade em si? Duvido muito, mas pelo menos podemos fazer perguntas cada vez melhores...

3 A Escola Jônica Tales de Mileto Como já dissemos, por volta do século VII a.c surgiu a Filosofia na Grécia. Na verdade, sabemos exatamente com quem e onde começou: foi com Tales, na cidade de Mileto, na Ásia Menor (que então fazia parte da Magna Grécia). Localização da cidade de Mileto, onde se criou a primeira escola filosófica da Grécia Antiga Mas como é possível dizer que Tales foi o primeiro filósofo? Por várias questões, mas principalmente pela afirmação de que a origem de todas as coisas está na água. O que tem de tão especial essa afirmação? Ela demonstra uma total mudança de ponto de ponto de vista a respeito da questão sobre a origem do mundo. Até então, todas as civilizações do mundo recorriam aos deuses para explicar a criação do universo; ninguém tinha raciocinado sobre isso de uma forma que, partindo da realidade, da observação, se chegasse a uma conclusão lógica e coerente. Para chegar à conclusão de que a água está na origem de todas as coisas, Tales utiliza uma metodologia, que é a observação detalhada da realidade, do mundo como este se apresenta para ele. A partir dessa observação ele percebe que a água está presente em praticamente tudo aquilo que anima o mundo, que faz com que as coisas se movimentem. Vejam o que diz Aristóteles a respeito da filosofia de Tales: A maior parte dos primeiros filósofos considerava como os únicos princípios de todas as coisas os que são da natureza da matéria. (...)Tales, o fundador de tal filosofia, diz ser água [o princípio] (é por este motivo também que ele declarou que a terra está sobre água), levado sem dúvida a

4 esta concepção por ver que o alimento de todas as coisas é úmido, e que o próprio quente dele procede e dele vive (ora, aquilo de que as coisas vêm é, para todos, o seu princípio). Por tal observar adotou esta concepção, e pelo fato de as sementes de todas as coisas terem a natureza úmida; e a água é o princípio da natureza para as coisas úmidas. ARISTÓTELES, Metafísica, I, b 6 (DK 11 A 12). No testemunho de Simplício a concepção do raciocínio de Tales fica ainda mais clara: Alguns dos que afirmam um só princípio de movimento Aristóteles, propriamente, chama-os de físicos consideram que ele é limitado; assim Tales de Mileto, filho de Examias, e Hipão, que parece ter sido ateu, afirmavam que água é o princípio, tendo sido levados a isto pelas (coisas) que lhes apareciam segundo a sensação; pois o quente vive com o úmido, as coisas mortas ressecam-se, as sementes de todas as coisas são úmidas e todo alimento é suculento. Donde é cada coisa, disto se alimenta naturalmente: água é o princípio da natureza úmida e é continente de todas as coisas; por isso supuseram que a água é princípio de tudo e afirmaram que a terra está deitada sobre ela. Os que supõem um só elemento afirmam-no ilimitado em extensão, como Tales diz da água. SIMPLÍCIO, Física, 23, 22 (DK 11 A 13) Através destes testemunhos podemos acompanhar o nascimento do pensamento filosófico, isto é, do pensamento racional, guiado por um método, a respeito do mundo, da sua origem e dos seus fenômenos. Anaximandro de Mileto O pensamento de Tales a respeito das coisas do mundo, seu amor pelo conhecimento e sua sabedoria fizeram com que algumas pessoas se aproximassem dele para ouvir seus ensinamentos. Seu grande sucessor naquilo que podemos chamar de Escola Jônica (dizemos escola porque trata-se de uma linha de pensamento, não uma escola com professores e alunos como temos hoje) foi Anaximandro. Pedra onde foi entalhado o vulto de Anaximandro

5 Para entendermos melhor o pensamento sobre a Physis, não só na Escola Jônica, mas em toda a Filosofia Grega e Romana, temos que levar em consideração não só a situação econômica, política e social da época, mas também o estado científico e tecnológico dessas civilizações. Neste caso, é preciso saber que os gregos e seus contemporâneos não conheciam os elementos da natureza como os conhecemos hoje. Ao invés de toda aquela tabela periódica que estudamos das aulas de química, os povos da época reduziam os elementos da natureza a apenas quatro substâncias: água, terra, fogo e ar. As coisas e corpos tomariam forma e apresentariam suas propriedades a partir da maior ou menor presença desses elementos na sua constituição. Levando em conta esse conhecimento e refletindo sobre a afirmação de Tales de que as coisas todas vinham da água, Anaximandro se deparou com uma dificuldade: como explicar a transformação da água nos outros elementos? Como pode um elemento ser a origem dos outros, se todos fazem parte igualmente da natureza? Se a água deu origem a tudo, de onde surgiu a água? A solução de Anaximandro para estes dilemas foi busca a explicação da geração e movimento do mundo num elemento diferente daqueles que se apresentam para nós na natureza. Como diz Simplício, Anaximandro, observando a transformação recíproca dos quatro elementos, não achou apropriado fixar um destes como substrato, mas algo diferente, fora destes (SIMPLÍCIO, Dísica, 24, 13 (DK 12 A 9)). Foi assim que ele afirmou que o princípio de onde surgiam as coisas todas é o ápeiron (que em grego antigo significa tanto o indeterminado, quanto o ilimitado ). Segundo ele, as coisas se originariam dali e tomariam movimento através do processo de separação dos contrários, como quente e frio, seco e molhado, etc. Com este pensamento, percebemos que Anaximandro dá um passo além e traz algumas importantes novidades ao desenvolvimento da Filosofia. Afinal, para chegar ao ápeiron como elemento primordial, ele parte da observação da natureza, mas desenvolve um raciocínio lógico que o leva à necessidade de formular uma nova teoria, baseada num elemento que vai além daqueles presentes na realidade natural do mundo. Essa abstração, este ir além dos dados imediatos e estabelecer novas teorias através do uso da razão, é uma das características fundamentais do pensamento filosófico e científico de todos os tempos. Anaxímenes Foi companheiro de Anaximandro e compartilhou da maioria das ideias dele sobre as questões relativas a princípio do mundo. Ele também acredita que existe um elemento que serve de substrato para todos os outros e que ele é ilimitado. Porém, diferente de Anaximandro, ele acredita que este elemento apresenta algumas características específicas que o aproximam do elemento ar. Isso porque para ele não era possível a origem das coisas materiais de algo que não fosse sensível, que não estivesse já presente na natureza. O processo pelo qual o ar se transforma nas outras coisas é descrito da seguinte maneira:

6 Diferencia-se nas substâncias, por rarefação e condensação. Rarefazendo-se, torna-se fogo; condesando-se, vento, depois nuvem, e ainda mais, água, depois terra, depois pedras, e as demais coisas (provêm) destas. Também ele faz eterno o movimento pelo qual se dá a transformação. SIMPLÍCIO, Física, 24, 26 (DK 13 A 5) Com Anaxímenes encerramos nosso estudo a respeito da Escola Jônica. É importante lembrarmos mais uma vez que estes filósofos foram fundamentais para o desenvolvimento do pensamento ocidental (isto é, o pensamento da nossa civilização), pois foram os primeiros que procuraram substituir a explicação mitológica pelo uso da Razão. Agora preparem-se, pois estamos prestes a entrar no mundo dos números... A matemática como princípio Pitágoras de Samos Até agora, vimos que a busca pelo princípio estava centrada em elementos materiais. Até mesmo o ápeiron de Anaximandro, apesar de ser indefinido e ilimitado, também pode ser considerado como algo material, pois até então ninguém acreditava que coisas materiais pudessem surgir ou se organizar a partir de coisas não materiais. Essa história começa a mudar quando entra em cena um homem chamado Pitágoras de Samos. Representação de Pitágoras e seus estudos sobre a matemática A história de Pitágoras é recheada de lendas, por isso é difícil sabermos diferenciar a verdade do que é invenção. Sabemos que, quando jovem, ele foi obrigado a abandonar sua cidade natal por causa da perseguição do tirano Polícrates, governante da ilha de Samos. Por volta do ano 540 a.c., Pitágoras chega à cidade de Crotona, no sul da Itália. É nesta cidade que ele tem uma revelação que vai mudar completamente sua vida e seu pensamento.

7 Um dia ele estava andando pelas ruas da cidade e passou na frente da oficina de um ferreiro, que estava fazendo uma espada (naquele tempo as cidades viviam em guerra...). Para forjar a espada, o ferreiro tinha uma bigorna, onde apoiava o ferro incandescente e batia com um martelo para dar forma. Pitágoras ficou ali observando o trabalho até que se deu conta de uma coisa: dependendo de onde o ferreiro batia, saía um som diferente. Pitágoras ficou com essa ideia (de que o som mudava de acordo com a distância da batida) na mente e foi pra casa. Lá ele pensou, pensou, e descobriu como fazer para reproduzir aquele experimento. Pitágoras pegou uma madeira e colocou dois pregos, um em cada ponta. A seguir, amarrou nos pregos uma tripa de bode, bem esticada, até que produzisse um som. O próximo passo foi pressionar a corda exatamente na metade entre os dois pontos e fazer soar cada um dos dois pedaços. O que acontecem então? O som foi o mesmo em cada um deles! O instrumento desenvolvido por Pitágoras para estudar o som ficou conhecido como o monocórdio

8 Foi assim que Pitágoras acabou estabelecendo a relação existente entre a música e a matemática. A seguir ele pensou: ora, se o som que produzimos é regido por uma relação matemática, então pode ser que outras coisas da natureza também sejam. Foi assim que ele começou a estudar a natureza e as relações matemáticas que existiam por trás das coisas e eventos. Para ele, a matemática estava, inclusive, nas teorias dos primeiros filósofos sobre a origem do universo. Como vimos antes, estes primeiros filósofos (principalmente Anaximandro) viam as coisas do mundo na forma de duplas de opostos que formavam e davam movimento ao mundo. Estas duplas, porém, surgiam de uma unidade. Isso porque se o a realidade é feita de opostos, e o mundo contém uma pluralidade de duplas de opostos, deveria também existir a unidade, que necessariamente está na origem. Entenderam? Não? Vamos tentar explicar de uma forma diferente: 1 - A realidade é feita de duplas de opostos: SECO x UMIDO QUENTE x FRIO ALTO x BAIXO GRANDE x PEQUENO 2 No mundo existem várias duplas de opostos. 3 - Se no mundo existe uma pluralidade de duplas de opostos, é de se supor que exista também uma unidade. Por quê? Porque o oposto de pluralidade é unidade. PLURALIDADE x UNIDADE 4 - Mas onde fica a unidade, se a realidade é feita sempre de duplas? 5 - Bem, a unidade deve estar no princípio, na origem. É da unidade que surgem as duplas de opostos que formam a realidade. Para Pitágoras, a matemática estava realmente em tudo. Ele foi tão a fundo nesse pensamento que acabou misturando a filosofia com religião. Durante vários séculos foi importante na Grécia a seita pitagórica, que acreditava que a purificação da alma poderia ser alcançada pelo estudo da matemática e da compreensão de que a harmonia do mundo era uma harmonia dos números que se encaixam para formar um mundo bem proporcionado. De qualquer forma, Pitágoras foi fundamental para o desenvolvimento do pensamento ocidental. Foi com ele que a matemática entrou definitivamente no pensamento filosófico e científico. Tudo muda ou nada muda? Heráclito de Éfeso

9 Os testemunhos da época dizem que Heráclito era muito orgulhoso e que não gostava nem um pouco da burrice das pessoas, ou seja, daqueles que se sabiam ignorante e por preguiça de estudar preferiam continuar ignorantes. Dizem, inclusive, que ele escreveu seu livro de uma forma difícil justamente para que não fosse qualquer um que o conseguisse entender. Este fato fez com que ganhasse o apelido de Heráclito, o obscuro. Aqui podemos ver Heráclito sofrendo com a burrice humana... Ao observar a natureza e a realidade do mundo, Heráclito chegou à conclusão de que tudo muda. Vamos ver como Platão explica isso: Heráclito diz em alguma passagem que todas as coisas se movem e nada permanece imóvel. E, ao comparar os seres com a corrente de um rio, afirma que não poderia entrar duas vezes num mesmo rio. Heráclito retira do universo a tranquilidade e a estabilidade, pois é próprio dos mortos; e atribuía movimento a todos os seres, eterno aos eternos, perecível aos perecíveis. PLATÃO, Crátilo, p. 402 A (DK 22 A 6) Sua teoria funciona da seguinte maneira: para ele, todas as coisas têm origem no fogo e para ele retornam depois que se dissolvem. Neste meio tempo, elas passam por uma série de transformações e estão em eterno movimento. Este movimento se dá por força da guerra entre os contrários.

10 Dessa teoria, podemos concluir que a unidade está na origem e dela se desprendem os opostos que formarão a realidade. Os opostos seguem em contínuo movimento, até que se extinguem e retornam à unidade. Parmênides de Eléia O pensamento de Heráclito, apesar de estar de acordo com a observação que podemos fazer da natureza (alguém aqui discordaria da ideia de que as coisas todas se transformam?) gera um problema de ordem filosófica: como podemos conhecer as coisas se elas estão constantemente mudando? O que faz com que uma coisa seja a mesma ao longo do tempo, apesar de suas modificações? Parmênides tentando resolver o problema do conhecimento Para resolver essas questões, Parmênides toma o caminho inverso do seu colega e afirma com todas as letras que nada muda. Mas como ele chegou a esta conclusão? Tudo começa com outra afirmação que se tornou clássica: o que é, é; o que não é, não é. Parece uma coisa banal, quase que sem sentido. Mas se formos analisar, a coisa não é assim tão simples. Para entender este raciocínio, precisamos, primeiramente, pensar a realidade formada por uma dupla de opostos: SER x NÃO-SER Ora, se o ser é o nada, isto é, não existe, então tudo o que existe é o ser. Isso significa que o ser é uma coisa só e, sendo uma coisa só, deve ser fixo e eterno, pois se assim não fosse, acabaria se transformando em não-ser, o que é impossível. Entenderam? (Não se preocupem,

11 eu mesmo demorei mais de 20 anos para começar a entender isso aqui e ainda não tenho certeza de saber exatamente o que ele quis dizer com isso...) Porém, surge aqui uma dificuldade: como aplicar este conhecimento em mundo onde os nossos sentidos dizem que tudo está em constante mudança e movimento? Para Parmênides, essa unidade é uma unidade formal, pois tudo o que existe pode ser colocado dentro de um conceito, e este conceito é único, imutável e eterno. Platão resolve o problema Nós não vamos entrar aqui num estudo pormenorizado da vida e obra de Platão, pois este é o estudo para uma vida inteira. O que nos interessa, no momento, é a forma como o filósofo (se não o maior de todos, um dos mais importantes de todos os tempos) resolve o problema entre o tudo muda de Heráclito e o nada muda de Parmênides. Imagem de Platão pintada por Rafael Sanzio. Se alguém souber dizer por que ele aponta para cima, ganha um ponto na prova A solução de Platão envolve a divisão da realidade em dois mundos: o mundo sensível, formado pelas coisas que podemos captar com nossos sentidos; e o mundo inteligível, que é o mundo das ideias. Segundo ele, no mundo sensível as coisas mudam, conforme o que disse Heráclito. É por isso que neste mundo, nunca podemos ter certeza de nada, pois as coisas não se deixam conhecer em sua essência e nunca são perfeitas (uma coisa perfeita não pode mudar), nos deixando sempre na dúvida. Para atingir a verdade, o conhecimento real das coisas, devemos nos aproximar cada vez mais do mundo das ideias, pois os conceitos podem atingir um grau de perfeição muito maior que o das coisas sensíveis.

12 O percurso em busca do conhecimento verdadeiro, ou seja, a passagem do mundo sensível para o mundo inteligível, é feito através da dialética. Dialética é o aprimoramento das ideias através do confronto a fim de atingir uma verdade mais elevada. Platão ilustra bem essa passagem do mundo sensível ao mundo inteligível através da Alegoria da Caverna, que vocês podem ler aqui: Alegoria da Caverna A República, livro VII Sócrates: Agora imagine a nossa natureza, segundo o grau de educação que ela recebeu ou não, de acordo com o quadro que vou fazer. Imagine, pois, homens que vivem em uma morada subterrânea em forma de caverna. A entrada se abre para a luz em toda a largura da fachada. Os homens estão no interior desde a infância, acorrentados pelas pernas e pelo pescoço, de modo que não podem mudar de lugar nem voltar a cabeça para ver algo que não esteja diante deles. A luz lhes vem de um fogo que queima por trás deles, ao longe, no alto. Entre os prisioneiros e o fogo, há um caminho que sobe. Imagine que esse caminho é cortado por um pequeno muro, semelhante ao tapume que os exibidores de marionetes dispõem entre eles e o público, acima do qual manobram as marionetes e apresentam o espetáculo. Glauco: Entendo. Sócrates: Então, ao longo desse pequeno muro, imagine homens que carregam todo o tipo de objetos fabricados, ultrapassando a altura do muro; estátuas de homens, figuras de animais, de pedra, madeira ou qualquer outro material. Provavelmente, entre os carregadores que desfilam ao longo do muro, alguns falam, outros se calam. Glauco: Estranha descrição e estranhos prisioneiros! Sócrates: Eles são semelhantes a nós. Primeiro, você pensa que, na situação deles, eles tenham visto algo mais do que as sombras de si mesmos e dos vizinhos que o fogo projeta na parede da caverna à sua frente? Glauco: Como isso seria possível, se durante toda a vida eles estão condenados a ficar com a cabeça imóvel? Sócrates: Não acontece o mesmo com os objetos que desfilam? Glauco: É claro. Sócrates: Então, se eles pudessem conversar, não acha que, nomeando as sombras que vêem, pensariam nomear seres reais? Glauco: Evidentemente. Sócrates: E se, além disso, houvesse um eco vindo da parede diante deles, quando um dos que passam ao longo do pequeno muro falasse, não acha que eles tomariam essa voz pela da sombra que desfila à sua frente?

13 Glauco: Sim, por Zeus. Sócrates: Assim sendo, os homens que estão nessas condições não poderiam considerar nada como verdadeiro, a não ser as sombras dos objetos fabricados. Glauco: Não poderia ser de outra forma. Sócrates: Veja agora o que aconteceria se eles fossem libertados de suas correntes e curados de sua desrazão. Tudo não aconteceria naturalmente como vou dizer? Se um desses homens fosse solto, forçado subitamente a levantar-se, a virar a cabeça, a andar, a olhar para o lado da luz, todos esses movimentos o fariam sofrer; ele ficaria ofuscado e não poderia distinguir os objetos, dos quais via apenas as sombras anteriormente. Na sua opinião, o que ele poderia responder se lhe dissessem que, antes, ele só via coisas sem consistência, que agora ele está mais perto da realidade, voltado para objetos mais reais, e que está vendo melhor? O que ele responderia se lhe designassem cada um dos objetos que desfilam, obrigando-o com perguntas, a dizer o que são? Não acha que ele ficaria embaraçado e que as sombras que ele via antes lhe pareceriam mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora? Glauco: Certamente, elas lhe pareceriam mais verdadeiras. Sócrates: E se o forçassem a olhar para a própria luz, não achas que os olhos lhe doeriam, que ele viraria as costas e voltaria para as coisas que pode olhar e que as consideraria verdadeiramente mais nítidas do que as coisas que lhe mostram? Glauco: Sem dúvida alguma. Sócrates: E se o tirarem de lá à força, se o fizessem subir o íngreme caminho montanhoso, se não o largassem até arrastá-lo para a luz do sol, ele não sofreria e se irritaria ao ser assim empurrado para fora? E, chegando à luz, com os olhos ofuscados pelo brilho, não seria capaz de ver nenhum desses objetos, que nós afirmamos agora serem verdadeiros. Glauco: Ele não poderá vê-los, pelo menos nos primeiros momentos. Sócrates: É preciso que ele se habitue, para que possa ver as coisas do alto. Primeiro, ele distinguirá mais facilmente as sombras, depois, as imagens dos homens e dos outros objetos refletidas na água, depois os próprios objetos. Em segundo lugar, durante a noite, ele poderá contemplar as constelações e o próprio céu, e voltar o olhar para a luz dos astros e da lua mais facilmente que durante o dia para o sol e para a luz do sol. Glauco: Sem dúvida. Sócrates: Finalmente, ele poderá contemplar o sol, não o seu reflexo nas águas ou em outra superfície lisa, mas o próprio sol, no lugar do sol, o sol tal como é. Glauco: Certamente. Sócrates: Depois disso, poderá raciocinar a respeito do sol, concluir que é ele que produz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível, e que é, de algum modo a causa de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna. Glauco: É indubitável que ele chegará a essa conclusão.

14 Sócrates: Nesse momento, se ele se lembrar de sua primeira morada, da ciência que ali se possuía e de seus antigos companheiros, não acha que ficaria feliz com a mudança e teria pena deles? Glauco: Claro que sim. Sócrates: Quanto às honras e louvores que eles se atribuíam mutuamente outrora, quanto às recompensas concedidas àquele que fosse dotado de uma visão mais aguda para discernir a passagem das sombras na parede e de uma memória mais fiel para se lembrar com exatidão daquelas que precedem certas outras ou que lhes sucedem, as que vêm juntas, e que, por isso mesmo, era o mais hábil para conjeturar a que viria depois, acha que nosso homem teria inveja dele, que as honras e a confiança assim adquiridas entre os companheiros lhe dariam inveja? Ele não pensaria antes, como o herói de Homero, que mais vale viver como escravo de um lavrador e suportar qualquer provação do que voltar à visão ilusória da caverna e viver como se vive lá? Glauco: Concordo com você. Ele aceitaria qualquer provação para não viver como se vive lá. Sócrates: Reflita ainda nisto: suponha que esse homem volte à caverna e retome o seu antigo lugar. Desta vez, não seria pelas trevas que ele teria os olhos ofuscados, ao vir diretamente do sol? Glauco: Naturalmente. Sócrates: E se ele tivesse que emitir de novo um juízo sobre as sombras e entrar em competição com os prisioneiros que continuaram acorrentados, enquanto sua vista ainda está confusa, seus olhos ainda não se recompuseram, enquanto lhe deram um tempo curto demais para acostumar-se com a escuridão, ele não ficaria ridículo? Os prisioneiros não diriam que, depois de ter ido até o alto, voltou com a vista perdida, que não vale mesmo a pena subir até lá? E se alguém tentasse retirar os seus laços, fazê-los subir, você acredita que, se pudessem agarrá-lo e executá-lo, não o matariam? Glauco: Sem dúvida alguma, eles o matariam. Sócrates: E agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar exatamente essa alegoria ao que dissemos anteriormente. Devemos assimilar o mundo que apreendemos pela vista à estada na prisão, a luz do fogo que ilumina a caverna à ação do sol. Quanto à subida e à contemplação do que há no alto, considera que se trata da ascensão da alma até o lugar inteligível, e não te enganarás sobre minha esperança, já que desejas conhecê-la. Deus sabe se há alguma possibilidade de que ela seja fundada sobre a verdade. Em todo o caso eis o que me aparece tal como me aparece; nos últimos limites do mundo inteligível aparece-me a idéia do Bem, que se percebe com dificuldade, mas que não se pode ver sem concluir que ela é a causa de tudo o que há de reto e de belo. No mundo visível, ela gera a luz e o senhor da luz, no mundo inteligível ela própria é a soberana que dispensa a verdade e a inteligência. Acrescento que é preciso vê-la se quer comportar-se com sabedoria, seja na vida privada, seja na vida pública. Glauco: Tanto quanto sou capaz de compreender-te, concordo contigo.

Texto: A alegoria da caverna A República (514a-517c)

Texto: A alegoria da caverna A República (514a-517c) Texto: A alegoria da caverna A República (514a-517c) Sócrates: Agora imagine a nossa natureza, segundo o grau de educação que ela recebeu ou não, de acordo com o quadro que vou fazer. Imagine, pois, homens

Leia mais

OS PRIMEIROS FILÓSOFOS E AS PRIMEIRAS QUESTÕES FILOSÓFICAS. A physis é a Natureza eterna e em constante transformação

OS PRIMEIROS FILÓSOFOS E AS PRIMEIRAS QUESTÕES FILOSÓFICAS. A physis é a Natureza eterna e em constante transformação OS PRIMEIROS FILÓSOFOS E AS PRIMEIRAS QUESTÕES FILOSÓFICAS As principais características desses filósofos eram de filosofar acerca de uma explicação racional e sistemática sobre a origem, ordem e transformação

Leia mais

As origens da filosofia. Os filósofos pré-socráticos

As origens da filosofia. Os filósofos pré-socráticos Na aula de hoje vamos estudar. As origens da filosofia. Os filósofos pré-socráticos O que chamamos de filosofia surgiu na Grécia Antiga. Os filósofos pré socráticos. Os jônios ou Escola de Mileto. Escola

Leia mais

FILOSOFIA E OS PRÉ-SOCRÁTICOS TERCEIRÃO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP

FILOSOFIA E OS PRÉ-SOCRÁTICOS TERCEIRÃO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP FILOSOFIA E OS PRÉ-SOCRÁTICOS TERCEIRÃO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP O CONCEITO E A ORIGEM DA FILOSOFIA A ruptura com o pensamento mítico não se dá de forma imediata, mas de forma progressiva,

Leia mais

FILOSOFIA RECAPITULAÇÃO

FILOSOFIA RECAPITULAÇÃO FILOSOFIA RECAPITULAÇÃO O QUE É FILOSOFIA? CONCEITOS ORIGEM DA PALAVRA philo = AMOR FRATERNAL sophia = SABEDORIA AMOR PELA SABEDORIA AMIZADE PELO SABER PRIMEIRO USO DO TERMO ACREDITA-SE QUE O FILÓSOFO

Leia mais

MAC DOWELL FILOSOFIA OS PRÉ- SOCRÁTICOS PAZ NA ESCOLA

MAC DOWELL FILOSOFIA OS PRÉ- SOCRÁTICOS PAZ NA ESCOLA MAC DOWELL FILOSOFIA OS PRÉ- SOCRÁTICOS PAZ NA ESCOLA DATA: 18/02/2019 1. O surgimento da Filosofia. 2. Mitologia Grega. 3. Mito e Filosofia. 2 3 MAC DOWELL FILOSOFIA OS PRÉ- SOCRÁTICOS PAZ NA ESCOLA DATA:

Leia mais

Tales de Mileto (c a.c.)

Tales de Mileto (c a.c.) Tales de Mileto (c. 624-546 a.c.) Tales foi considerado por Aristóteles como o primeiro filósofo, por ter sido o primeiro a buscar uma explicação racional de mundo. Com esse pensador, ele foi o fundador

Leia mais

FILOSOFIA CURSINHO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP

FILOSOFIA CURSINHO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP FILOSOFIA CURSINHO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP O CONCEITO DE MITO UNIDADE 1 Mythos: contar e/ou narrar. Os mitos são uma tentativa de entender a realidade a partir de explicações referidas

Leia mais

UNIDADE 2. Período Pré-socrático. Cosmológico

UNIDADE 2. Período Pré-socrático. Cosmológico UNIDADE 2 Período Pré-socrático Cosmológico PRÉ-SOCRÁTICOS FILÓSOFOS DA NATUREZA RODA VIVA Chico Buarque Tem dias que a gente se sente Como quem partiu ou morreu A gente estancou de repente Ou foi o mundo

Leia mais

A principal forma de organização da sociedade grega durante a Antiguidade é a Polis, cidade-estado que produzia todos os bens necessários à

A principal forma de organização da sociedade grega durante a Antiguidade é a Polis, cidade-estado que produzia todos os bens necessários à A principal forma de organização da sociedade grega durante a Antiguidade é a Polis, cidade-estado que produzia todos os bens necessários à subsistência do ser humano à época. Tinha autonomia política

Leia mais

Unidade 2: História da Filosofia Filosofia Clássica. Filosofia Serviço Social Igor Assaf Mendes

Unidade 2: História da Filosofia Filosofia Clássica. Filosofia Serviço Social Igor Assaf Mendes Unidade 2: História da Filosofia Filosofia Clássica Filosofia Serviço Social Igor Assaf Mendes Conteúdo (a) Nascimento da filosofia (b) Condições históricas para seu nascimento (c) Os principais períodos

Leia mais

Afirma que a realidade mais fundamental é composta de ideias ou formas abstratas. Para Platão, estas ideias ou formas são objetos do verdadeiro

Afirma que a realidade mais fundamental é composta de ideias ou formas abstratas. Para Platão, estas ideias ou formas são objetos do verdadeiro Afirma que a realidade mais fundamental é composta de ideias ou formas abstratas. Para Platão, estas ideias ou formas são objetos do verdadeiro conhecimento. Elas residem no mundo inteligível e sua natureza

Leia mais

FILOSOFIA Conceito e delimitação

FILOSOFIA Conceito e delimitação FILOSOFIA Conceito e delimitação Conceito de Filosofia Filosofia significa philo= amigo, amor, Sophia= sabedoria. A filosofia busca dar profundidade e totalidade à aspectos referentes a vida como um todo;

Leia mais

Processo de compreensão da realidade. Não é lenda Verdade Explicação do misterioso Expressão fundamental do viver humano

Processo de compreensão da realidade. Não é lenda Verdade Explicação do misterioso Expressão fundamental do viver humano Processo de compreensão da realidade Não é lenda Verdade Explicação do misterioso Expressão fundamental do viver humano Homero Ilíada Hesíodo Teogonia Odisseia A invenção da escrita Nova idade mental Surgimento

Leia mais

15/03/2016. História da Filosofia Antiga: Aula 2 Prof. Rafael de Lima Oliveira

15/03/2016. História da Filosofia Antiga: Aula 2 Prof. Rafael de Lima Oliveira Pré-socráticos História da Filosofia Antiga: Aula 2 Prof. Rafael de Lima Oliveira 1 Os primeiros filósofos: os pré-socráticos Séculos VII-VI a.c.; Restam apenas fragmentos de suas obras e comentários doxográficos;

Leia mais

Encontrar explicações naturais para os processos da natureza. Os pré-socráticos são os filósofos da natureza. A pergunta que os orienta é:

Encontrar explicações naturais para os processos da natureza. Os pré-socráticos são os filósofos da natureza. A pergunta que os orienta é: A busca pelo Arché Encontrar explicações naturais para os processos da natureza. Os pré-socráticos são os filósofos da natureza. A pergunta que os orienta é: Existe uma substância básica, um princípio

Leia mais

Filosofia Geral. Prof. Alexandre Nonato

Filosofia Geral. Prof. Alexandre Nonato Filosofia Geral Prof. Alexandre Nonato Ruptura da Mitologia à Filosofia Mitologia é um conjunto de mitos de determinados povos. Ex.: Deuses, lendas. Explicação para a vida, o sobrenatural, sem a existência

Leia mais

OS FILÓFOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS

OS FILÓFOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS OS FILÓFOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS São chamados de filósofos da natureza. Buscavam a arché, isto é, o elemento ou substância primordial que originava todas as coisas da natureza. Dirigiram sua atenção e suas

Leia mais

A ORIGEM DA FILOSOFIA

A ORIGEM DA FILOSOFIA A ORIGEM DA FILOSOFIA UMA VIDA SEM BUSCA NÃO É DIGNA DE SER VIVIDA. SÓCRATES. A IMPORTÂNCIA DOS GREGOS Sob o impulso dos gregos, a civilização ocidental tomou uma direção diferente da oriental. A filosofia

Leia mais

MITO E FILOSOFIA 1 SÉRIE DO ENSINO MÉDIO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP

MITO E FILOSOFIA 1 SÉRIE DO ENSINO MÉDIO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP MITO E FILOSOFIA 1 SÉRIE DO ENSINO MÉDIO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP QUAL O SIGINIFICADO DA PALAVRA FILOSOFIA? QUAL A ORIGEM DA FILOSOFIA? E O QUE HAVIA ANTES DA FILOSOFIA? OS MITOS A palavra

Leia mais

Bem vindo à Filosofia. Prof. Alexandre Cardoso

Bem vindo à Filosofia. Prof. Alexandre Cardoso Bem vindo à Filosofia Prof. Alexandre Cardoso A criação da filosofia está ligada ao pensamento racional. Discutir, pensar e refletir para descobrir respostas relacionadas à vida. Os filósofos gregos deixaram

Leia mais

A palavra MITO procede do grego mythos, que é uma palavra ligada ao verbo mythevo, que significa crio uma história imaginária, que se refere a uma

A palavra MITO procede do grego mythos, que é uma palavra ligada ao verbo mythevo, que significa crio uma história imaginária, que se refere a uma Prof. Cícero Robson A palavra MITO procede do grego mythos, que é uma palavra ligada ao verbo mythevo, que significa crio uma história imaginária, que se refere a uma crença, a uma tradição ou a um acontecimento.

Leia mais

Como surgiram os MITOS?

Como surgiram os MITOS? PENSAMENTO MÍTICO MITO MITO Nasce do desejo de entender o mundo para afugentar o medo e a insegurança. é um relato de algo fabuloso que se supõe ter acontecido num passado remoto e quase sempre impreciso.

Leia mais

Ar infinito: indeterminado, não tem uma forma clara.

Ar infinito: indeterminado, não tem uma forma clara. FILOSOFIA ANTIGA Ar infinito: indeterminado, não tem uma forma clara. Está presente na água de Tales: H20. Essencial para a vida dos seres vivos. É a causa do movimento da natureza: vento move nuvens,

Leia mais

INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

INTRODUÇÃO À FILOSOFIA INTRODUÇÃO À FILOSOFIA Há três mil anos, não havia explicações científicas para grande parte dos fenômenos da natureza ou para os acontecimentos históricos, assim, para buscar um significado para esses

Leia mais

O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Prof. André Teixeira

O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Prof. André Teixeira O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Prof. André Teixeira COMPETÊNCIA DE ÁREA HABILIDADES - Compreender os elementos culturais que constituem as identidades HABILIDADE: H23 - Analisar a importância dos valores éticos

Leia mais

MATÉRIA DA DISCIPLINA ÉTICA E CIDADANIA APLICADA AO DIREITO I

MATÉRIA DA DISCIPLINA ÉTICA E CIDADANIA APLICADA AO DIREITO I 4 MATÉRIA DA DISCIPLINA ÉTICA E CIDADANIA APLICADA AO DIREITO I MINISTRADA PELO PROFESSOR MARCOS PEIXOTO MELLO GONÇALVES PARA A TURMA 1º T NO II SEMESTRE DE 2003, de 18/08/2003 a 24/11/2003 O Semestre

Leia mais

AULA DE FILOSOFIA. Prof. Alexandre Cardoso

AULA DE FILOSOFIA. Prof. Alexandre Cardoso AULA DE FILOSOFIA Prof. Alexandre Cardoso A criação da filosofia está ligada ao pensamento racional. Discutir, pensar e refletir para descobrir respostas relacionadas à vida. Os filósofos gregos deixaram

Leia mais

Aula 10 1 Colegial - Filosofia

Aula 10 1 Colegial - Filosofia Aula 10 1 Colegial - Filosofia PLATÃO E O MITO DA CAVERNA LIVRO VII DE A REPÚBLICA Uma caverna, no fundo da qual estão vários prisioneiros, acorrentados, imobilizados, com as cabeças presas na direção

Leia mais

UNIDADE 1 - Do Mito à Filosofia

UNIDADE 1 - Do Mito à Filosofia FILOSOFIA UNIDADE 1 - Do Mito à Filosofia A curiosidade humana levou o homem a buscar explicações para os fenômenos do cotidiano. Numa época em que não havia nenhuma fundamentação científica capaz de

Leia mais

A Ciência e a Filosofia gregas

A Ciência e a Filosofia gregas A Ciência e a Filosofia gregas Por que a Grécia foi o berço da produção de tanto conhecimento? Atualmente que nação seria a Grécia? Pitágoras e a Harmonia Musical do Universo Matemático, astrônomo, filósofo

Leia mais

O MITO DA CAVERNA - 1

O MITO DA CAVERNA - 1 O MITO DA CAVERNA - 1 ϕ Platão nos conta uma parábola que ilustra bem esta reflexão. ϕ Nós a conhecemos por Alegoria da Caverna. Vou conta-lá com minhas próprias palavras. 1 O MITO DA CAVERNA - 1 ϕ Imagine

Leia mais

Exercícios de Revisão 1

Exercícios de Revisão 1 Exercícios de Revisão 1 1. Quando começamos a estudar, somos logo levados a buscar o que ela é. Nossa primeira surpresa surge ao descobrirmos que não há apenas uma definição da, mas várias. Uma primeira

Leia mais

O MUNDO VISÕES DO MUNDO ATRAVÉS DA HISTÓRIA

O MUNDO VISÕES DO MUNDO ATRAVÉS DA HISTÓRIA O MUNDO VISÕES DO MUNDO ATRAVÉS DA HISTÓRIA MITO: FORMA DE EXPLICAÇÃO MITO: vem do vocábulo grego mythos, que significa contar ou narrar algo. Mito é uma narrativa que explica através do apelo ao sobrenatural,

Leia mais

INSTITUTO ÁGORA CEZAR CANESSO. O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Resenha Crítica

INSTITUTO ÁGORA CEZAR CANESSO. O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Resenha Crítica INSTITUTO ÁGORA CEZAR CANESSO O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Resenha Crítica Rio de Janeiro - RJ 2017 1 O SURGIMENTO DA FILOSOFIA De acordo com o tema apresentado no Artigo, há uma incerteza quanto à origem

Leia mais

Curso TURMA: 2101 e 2102 DATA: Teste: Prova: Trabalho: Formativo: Média:

Curso TURMA: 2101 e 2102 DATA: Teste: Prova: Trabalho: Formativo: Média: EXERCÍCIOS ON LINE 3º BIMESTRE DISCIPLINA: Filosofia PROFESSOR(A): Julio Guedes Curso TURMA: 2101 e 2102 DATA: Teste: Prova: Trabalho: Formativo: Média: NOME: Nº.: Exercício On Line (1) A filosofia atingiu

Leia mais

Pré-socráticos. Colégio Ser! 1º Médio Filosofia Marilia Coltri

Pré-socráticos. Colégio Ser! 1º Médio Filosofia Marilia Coltri Pré-socráticos Colégio Ser! 1º Médio Filosofia Marilia Coltri Heráclito de Éfeso Segundo a tradição, Heráclito, também chamado o obscuro, era um homem reservado e de poucas palavras. Parmênides de Eléia

Leia mais

FILOSOFIA. Professor Ivan Moraes, filósofo e teólogo

FILOSOFIA. Professor Ivan Moraes, filósofo e teólogo FILOSOFIA Professor Ivan Moraes, filósofo e teólogo Finalidade da vida política para Platão: Os seres humanos e a pólis têm a mesma estrutura: alma concupiscente ou desejante; alma irascível ou colérica;

Leia mais

O CAMPO DOS NÚMEROS REAIS. Capítulos IV, V e VI do livro Conceitos fundamentais da Matemática Bento de Jesus Caraça

O CAMPO DOS NÚMEROS REAIS. Capítulos IV, V e VI do livro Conceitos fundamentais da Matemática Bento de Jesus Caraça O CAMPO DOS NÚMEROS REAIS Capítulos IV, V e VI do livro Conceitos fundamentais da Matemática Bento de Jesus Caraça Aula passada... Números Naturais: 1, 2, 3, Números Inteiros: 0, 1, 2, 3, Relações Biunívocas

Leia mais

Filosofia Teorias do conhecimento Prof. Gilmar Dantas. Aula 4 Platão e o mundo das ideias ou A teoria do conhecimento em Platão

Filosofia Teorias do conhecimento Prof. Gilmar Dantas. Aula 4 Platão e o mundo das ideias ou A teoria do conhecimento em Platão Filosofia Teorias do conhecimento Prof. Gilmar Dantas Aula 4 Platão e o mundo das ideias ou A teoria do conhecimento em Platão ACADEMIA DE PLATÃO. Rafael, 1510 afresco, Vaticano. I-Revisão brevíssima

Leia mais

O Mito da Caverna de Platão

O Mito da Caverna de Platão O Mito da Caverna de Platão Imagine uma caverna grande, úmida e escura. Nessa caverna vivem algumas milhares de pessoas. Essas pessoas desde que nasceram, vivem com correntes nos braços, pescoço e pés,

Leia mais

Platão, desiludido com a. escola de filosofia a Academia.

Platão, desiludido com a. escola de filosofia a Academia. Platão era filho da aristocracia ateniense. Foi discípulo de Sócrates. Sua obra reflete o momento caótico pelo qual passou Atenas no decorrer de sua vida A crise da sociedade ateniense está ligada à guerra

Leia mais

SURGIMENTO DA FILOSOFIA: RUPTUARA DO PENSAMENTO MÍTICO PARA O PENSAMENTO FILOSÓFICO CIENTIFICO

SURGIMENTO DA FILOSOFIA: RUPTUARA DO PENSAMENTO MÍTICO PARA O PENSAMENTO FILOSÓFICO CIENTIFICO Eumarque Pereira Candido SURGIMENTO DA FILOSOFIA: RUPTUARA DO PENSAMENTO MÍTICO PARA O PENSAMENTO FILOSÓFICO CIENTIFICO Resenha crítica apresentada na disciplina o Surgimento da Filosofia, do Curso de

Leia mais

Pré Socráticos- Sócrates - Sofistas

Pré Socráticos- Sócrates - Sofistas Pré Socráticos- Sócrates - Sofistas CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Bibliografia: GARCIA MORENTE, Manuel. Fundamentos de filosofia. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1980 MARCONDES, Danilo. Iniciação

Leia mais

RESUMO DA ALEGORIA DA CAVERNA DO FILÓSOFO PLATÃO

RESUMO DA ALEGORIA DA CAVERNA DO FILÓSOFO PLATÃO ESCOLA DE GUERRA NAVAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS MARÍTIMOS SALOMÃO MELQUIADES LUNA RESUMO DA ALEGORIA DA CAVERNA DO FILÓSOFO PLATÃO DISCIPLINA PPGEM GO-1 TRABALHO I Rio de Janeiro 2014 2 1 OBRA

Leia mais

OS FILÓSOFOS DA NATUREZA

OS FILÓSOFOS DA NATUREZA Instituto de Educação Infantil e Juvenil Verão, 2019. Londrina, Nome: de Ano: Tempo Início: Término: Total: Edição 4 MMXIX Fase 2 Grupo Alfa (DESENHE A LUA DE HOJE E ESCREVA A FASE CORRESPONDENTE NA LINHA

Leia mais

Fique atento a data da sua avaliação de Filosofia, conferindo com antecedência no portal NIED.

Fique atento a data da sua avaliação de Filosofia, conferindo com antecedência no portal NIED. Caro estudante, Este material contém informações BÁSICAS sobre os conteúdos. Para maiores informações, procure diretamente o professor de filosofia, Daniel de Oliveira Neto. Fique atento a data da sua

Leia mais

Docente: Prof. Marcos Paulo. Curso: Proficiência em Filosofia, licenciatura plena. Discente: Marcos Flávio Couto Ferreira. Matrícula:

Docente: Prof. Marcos Paulo. Curso: Proficiência em Filosofia, licenciatura plena. Discente: Marcos Flávio Couto Ferreira. Matrícula: Docente: Prof. Marcos Paulo. Curso: Proficiência em Filosofia, licenciatura plena. Discente: Marcos Flávio Couto Ferreira. Matrícula: 17-2-03854. 1. O SURGIMENTO DA FILOSOFIA O surgimento da Filosofia

Leia mais

O MITO NA FILOSOFIA PLATÔNICA 1

O MITO NA FILOSOFIA PLATÔNICA 1 O MITO NA FILOSOFIA PLATÔNICA 1 A filosofia nasceu da mudança no modo como os homens passaram a responder os seus questionamentos sobre o mundo. Diferentemente do mito, predominante no contexto no qual

Leia mais

SOFISTAS E SÓCRATES Os sofistas são pensadores que questionam pela retórica o ideal democrático e racionalidade grega que colocava a centralidade da

SOFISTAS E SÓCRATES Os sofistas são pensadores que questionam pela retórica o ideal democrático e racionalidade grega que colocava a centralidade da SOFISTAS E SÓCRATES Os sofistas são pensadores que questionam pela retórica o ideal democrático e racionalidade grega que colocava a centralidade da vida ética na coletividade e no bem comum. Neste sentido,

Leia mais

Ensino de Astronomia

Ensino de Astronomia Ensino de Astronomia História Aula I Astronomia antiga Curso de extensão Ensino de Astronomia no ABC Em algum lugar, algo maravilhoso está esperando para ser descoberto Carl Sagan O que é Astronomia? Astronomia

Leia mais

Corpo: a fronteira com o mundo VOLUME 1 - CAPÍTULO 2

Corpo: a fronteira com o mundo VOLUME 1 - CAPÍTULO 2 Corpo: a fronteira com o mundo VOLUME 1 - CAPÍTULO 2 1 1. O Corpo para os Antigos 1.1. Os mistérios do Orfismo A religião Órfica, também chamada de Orfismo. Uma das concepções mais clássicas do corpo humano,

Leia mais

AULA FILOSOFIA. O realismo aristotélico

AULA FILOSOFIA. O realismo aristotélico AULA FILOSOFIA O realismo aristotélico DEFINIÇÃO O realismo aristotélico representa, na Grécia antiga, ao lado das filosofias de Sócrates e Platão, uma reação ao discurso dos sofistas e uma tentativa de

Leia mais

Nascido em Estagira - Macedônia ( a.c.). Principal representante do período sistemático.

Nascido em Estagira - Macedônia ( a.c.). Principal representante do período sistemático. Aristóteles Nascido em Estagira - Macedônia (384-322 a.c.). Principal representante do período sistemático. Filho de Nicômaco, médico, herdou o interesse pelas ciências naturais Ingressa na Academia de

Leia mais

Michelangelo - Capela Sistina

Michelangelo - Capela Sistina Mito e Filosofia Michelangelo - Capela Sistina Origens do Mito Mito: explicação da realidade anterior a filosofia e que Não se baseia na racionalidade! O Mito serviu para acalmar a ansiedade humana em

Leia mais

Como se define a filosofia?

Como se define a filosofia? Como se define a filosofia? Filosofia é uma palavra grega que significa "amor à sabedoria" e consiste no estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores

Leia mais

A passagem do pensamento Mítico para o pensamento Filosófico

A passagem do pensamento Mítico para o pensamento Filosófico A passagem do pensamento Mítico para o pensamento Filosófico Filosofia Terceiro Ano 1 Trimestre Professor Me. Phil. Fabio Goulart www.filosofiahoje.com https://www.youtube.com/filosofiahoje https://www.facebook.com/filosofiahoje/

Leia mais

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, FILOSÓFICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO. A Geografia Levada a Sério

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, FILOSÓFICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO.  A Geografia Levada a Sério FUNDAMENTOS HISTÓRICOS, FILOSÓFICOS E SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO 1 O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete Aristóteles 2 O Mito da Caverna - Platão 3 Entendes??? 4 A Filosofia É um estudo relacionado

Leia mais

Educação Matemática MATEMÁTICA LICENCIATURA. Professora Andréa Cardoso

Educação Matemática MATEMÁTICA LICENCIATURA. Professora Andréa Cardoso Educação Matemática MATEMÁTICA LICENCIATURA Professora Andréa Cardoso OBJETIVO DA AULA: Diferenciar a Matemática Racional da Matemática Prática 2 UNIDADE I : EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E ENSINO Matemática Racional

Leia mais

UNESP 2013 (Questão 12)

UNESP 2013 (Questão 12) UNESP 2013 (Questão 12) Do lado oposto da caverna, Platão situa uma fogueira fonte da luz de onde se projetam as sombras e alguns homens que carregam objetos por cima de um muro, como num teatro de fantoches,

Leia mais

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO. A Geografia Levada a Sério

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO.  A Geografia Levada a Sério FUNDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 1 O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflete Aristóteles 2 O Mito da Caverna - Platão 3 Entendes??? 4 A Filosofia É um estudo relacionado à existência

Leia mais

QUESTIONÁRIO DE FILOSOFIA ENSINO MÉDIO - 2º ANO A FILOSOFIA DA GRÉCIA CLÁSSICA AO HELENISMO

QUESTIONÁRIO DE FILOSOFIA ENSINO MÉDIO - 2º ANO A FILOSOFIA DA GRÉCIA CLÁSSICA AO HELENISMO QUESTIONÁRIO DE FILOSOFIA ENSINO MÉDIO - 2º ANO A FILOSOFIA DA GRÉCIA CLÁSSICA AO HELENISMO ESTUDAR PARA A PROVA TRIMESTRAL DO SEGUNDO TRIMESTRE PROFESSORA: TATIANA SILVEIRA 1 - Seguiu-se ao período pré-socrático

Leia mais

O conhecimento das civilizações Profª Tathiane Milaré

O conhecimento das civilizações Profª Tathiane Milaré O conhecimento das civilizações Profª Tathiane Milaré Cultura própria: deuses, língua, escrita hieroglífica Importância do Rio Nilo na Agricultura Transporte: roda raiada e barco à vela Comércio: uso de

Leia mais

Sobre este trecho do livro VII de A República, de Platão, é correto afirmar.

Sobre este trecho do livro VII de A República, de Platão, é correto afirmar. O que é o mito da caverna? O que levou Platão a se decepcionar com a política? 3) Mas quem fosse inteligente (...) lembrar-se-ia de que as perturbações visuais são duplas, e por dupla causa, da passagem

Leia mais

RESOLUÇÃO FILOSOFIA SEGUNDA FASE UFU SEGUNDO DIA

RESOLUÇÃO FILOSOFIA SEGUNDA FASE UFU SEGUNDO DIA RESOLUÇÃO FILOSOFIA SEGUNDA FASE UFU SEGUNDO DIA 1) Para Parmênides o devir ou movimento é uma mera aparência provocada pelos enganos de nossos sentidos. A realidade é constituída pelo Ser que é identificado

Leia mais

Sociedade. O homem é, por natureza, um animal político Aristóteles.

Sociedade. O homem é, por natureza, um animal político Aristóteles. Sociedade O homem é, por natureza, um animal político Aristóteles. É impossível saber, historicamente, qual foi a primeira sociedade. O Homem vive em sociedade desde sua existência. A sociedade é uma necessidade

Leia mais

AULA 02 HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA I

AULA 02 HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA I AULA 02 HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA I Os primeiros Jônicos e a questão do princípio de todas as coisas. TALES DE MILETO O pensador ao qual a tradição atribui o começo da filosofia grega é Tales, que

Leia mais

Sócrates: após destruir o saber meramente opinativo, em diálogo com seu interlocutor, dava início ã procura da definição do conceito, de modo que, o

Sócrates: após destruir o saber meramente opinativo, em diálogo com seu interlocutor, dava início ã procura da definição do conceito, de modo que, o A busca da verdade Os filósofos pré-socráticos investigavam a natureza, sua origem de maneira racional. Para eles, o princípio é teórico, fundamento de todas as coisas. Destaca-se Heráclito e Parmênides.

Leia mais

Sócrates, Sofistas, Platão e Aristóteles (ética) Séc. III e IV a. C

Sócrates, Sofistas, Platão e Aristóteles (ética) Séc. III e IV a. C Sócrates, Sofistas, Platão e Aristóteles (ética) Séc. III e IV a. C Nunca deixou nada escrito Patrono da Filosofia Sh As principais fontes: Platão, Xenofonte e Aristóteles Questões Antropológicas O início

Leia mais

Platão a.c. Arístocles Platão (Amplo) Um dos principais discípulos de Sócrates

Platão a.c. Arístocles Platão (Amplo) Um dos principais discípulos de Sócrates PLATÃO Platão 432 347 a.c. Arístocles Platão (Amplo) Origem Aristocrática Um dos principais discípulos de Sócrates Platão foi o fundador da primeira instituição de ensino superior do mundo ocidental, a

Leia mais

Conteúdo: Capítulo 01 Cultura: o cosmo humano Filosofia Antiga Filósofos: Tales, Anaxímenes, Pitágoras.

Conteúdo: Capítulo 01 Cultura: o cosmo humano Filosofia Antiga Filósofos: Tales, Anaxímenes, Pitágoras. Colégio: Nome: nº Professor(a): Série: 1ª série do E.M. Turma: Data: / / 2013 SIMULADO DE FILOSOFIA - 1ºANO Sem limite para crescer Conteúdo: Capítulo 01 Cultura: o cosmo humano Filosofia Antiga Filósofos:

Leia mais

Metafísica & Política

Metafísica & Política Aristóteles (384-322 a.c.) Metafísica & Política "0 homem que é tomado da perplexidade e admiração julga-se ignorante." (Metafisica, 982 b 13-18). Metafísica No conjunto de obras denominado Metafísica,

Leia mais

Recuperação Final Filosofia 6º ano do EF

Recuperação Final Filosofia 6º ano do EF COLÉGIO MILITAR DOM PEDRO II SEÇÃO TÉCNICA DE ENSINO Recuperação Final Filosofia 6º ano do EF Aluno: Série: 6º ano Turma: Data: 14 de dezembro de 2016 LEIA COM ATENÇÃO AS INSTRUÇÕES ABAIXO. 1. Esta prova

Leia mais

PLATÃO E O MUNDO IDEAL

PLATÃO E O MUNDO IDEAL Introdução: PLATÃO E O MUNDO IDEAL - A importância do pensamento de Platão se deve justamente por conseguir conciliar os mundos: dos Pré-Socráticos, com suas indagações sobre o surgimento do Cosmo (lê-se:

Leia mais

OFICINA DA PESQUISA ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE

OFICINA DA PESQUISA ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE OFICINA DA PESQUISA ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE Prof. Msc. Carlos José Giudice dos Santos carlos@oficinadapesquisa.com.br www.oficinadapesquisa.com.br A FORMAÇÃO DA MORAL OCIDENTAL FILOSOFIA ANTIGA A ERA

Leia mais

O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Prof. André Teixeira

O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Prof. André Teixeira O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Prof. André Teixeira COMPETÊNCIA DE ÁREA HABILIDADES - Compreender os elementos culturais que constituem as identidades H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.

Leia mais

A criação da filosofia está ligada ao pensamento racional. Discutir, pensar e refletir para descobrir respostas relacionadas à vida.

A criação da filosofia está ligada ao pensamento racional. Discutir, pensar e refletir para descobrir respostas relacionadas à vida. A criação da filosofia está ligada ao pensamento racional. Discutir, pensar e refletir para descobrir respostas relacionadas à vida. Os filósofos gregos deixaram de lado os deuses e os mitos e tentaram

Leia mais

ALBERTO MAGNO E TOMÁS DE AQUINO

ALBERTO MAGNO E TOMÁS DE AQUINO 1 ALBERTO MAGNO E TOMÁS DE AQUINO A ESCOLÁSTICA E OS PRINCIPAIS REPRESENTANTES ALBERTO MAGNO TOMÁS DE AQUINO Buscaram provar a existência de Deus utilizando argumentos racionais. 2 A UNIDADE ENTRE A FÉ

Leia mais

Filósofos Clássicos: Sócrates e o conceito de justiça

Filósofos Clássicos: Sócrates e o conceito de justiça Filósofos Clássicos: Sócrates e o conceito de justiça Sócrates Com o desenvolvimento das cidades (polis) gregas, a vida em sociedade passa a ser uma questão importante. Sócrates vive em Atenas, que é uma

Leia mais

RESOLUÇÕES DE QUESTÕES PROFESSOR DANILO BORGES FILOSOFIA 9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL II

RESOLUÇÕES DE QUESTÕES PROFESSOR DANILO BORGES FILOSOFIA 9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL II RESOLUÇÕES DE QUESTÕES PROFESSOR DANILO BORGES FILOSOFIA 9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL II (UEL) Tales foi o iniciador da filosofia da physis, pois foi o primeiro a afirmar a existência de um princípio originário

Leia mais

MITO E RAZÃO. A passagem do mito à Filosofia

MITO E RAZÃO. A passagem do mito à Filosofia MITO E RAZÃO A passagem do mito à Filosofia O QUE PERGUNTAVAM OS PRIMEIROS FILÓSOFOS? Por que os seres nascem e morrem? Por que os semelhantes dão origem aos semelhantes, de uma árvore nasce outra árvore,

Leia mais

TRABALHO DE RECUPERAÇÃO BIMESTRAL DE FILOSOFIA

TRABALHO DE RECUPERAÇÃO BIMESTRAL DE FILOSOFIA ENSINO MÉDIO Valor: 2,0 pontos Nota: Data: / /2016 Professor: WAGNER GUEDES Disciplina: FILOSOFIA Nome: n o : SÉRIE: 2ª 4º bimestre TRABALHO DE RECUPERAÇÃO BIMESTRAL DE FILOSOFIA 1. O nascimento do conhecimento

Leia mais

FILOSOFIA: RESUMO DAS AULAS 4, 5 e 6

FILOSOFIA: RESUMO DAS AULAS 4, 5 e 6 FILOSOFIA: RESUMO DAS AULAS 4, 5 e 6 Antes de elaborar um resumo do conteúdo das AULAS 4, 5 e 6, é necessário entender o panorama geral dentro do qual as discussões destas aulas fazem sentido. Isto é,

Leia mais

O CONHECIMENTO NA TERRA SÃO SOMBRAS PLATÃO (C A.C.)

O CONHECIMENTO NA TERRA SÃO SOMBRAS PLATÃO (C A.C.) O CONHECIMENTO NA TERRA SÃO SOMBRAS PLATÃO (C.427-347 A.C.) Em 399 a.c., o mentor de Platão, Sócrates, foi condenado à morte como Sócrates não havia deixado nada escrito, Platão assumiu a responsabilidade

Leia mais

TRABALHO DE RECUPERAÇÃO 1º TRIMESTRE DISCIPLINA: FILOSOFIA PROFESSOR (A): KATIANE ASSINATURA DOS PAIS E/ OU RESPONSAVEIS:

TRABALHO DE RECUPERAÇÃO 1º TRIMESTRE DISCIPLINA: FILOSOFIA PROFESSOR (A): KATIANE ASSINATURA DOS PAIS E/ OU RESPONSAVEIS: NOME: DATA: TURMA: PROFESSOR (A): KATIANE ASSINATURA DOS PAIS E/ OU RESPONSAVEIS: TRABALHO DE RECUPERAÇÃO 1º TRIMESTRE DISCIPLINA: FILOSOFIA NOTA: ORIENTAÇÕES: O CONTEÚDO COBRADO SERÁ O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

Leia mais

Acreditavam em vários deuses (Politeístas); Seus deuses viviam no Olimpo (sinônimo de Céu); Os deuses podiam tanto ser bons com os humanos como

Acreditavam em vários deuses (Politeístas); Seus deuses viviam no Olimpo (sinônimo de Céu); Os deuses podiam tanto ser bons com os humanos como Acreditavam em vários deuses (Politeístas); Seus deuses viviam no Olimpo (sinônimo de Céu); Os deuses podiam tanto ser bons com os humanos como prejudica-los; Quando queriam agradar um deus ou uma deusa

Leia mais

FILOSOFIA, O PRINCIPIO DE TUDO:

FILOSOFIA, O PRINCIPIO DE TUDO: Aluno: Série/ano: 7 Turma: Turno: Professor: Data: / / FILOSOFIA, O PRINCIPIO DE TUDO: Já estudamos no 6º ano que a Filosofia surgiu do espanto do homem diante da natureza. Os primeiros filósofos procuravam

Leia mais

Filosofia. 1. A origem da filosofia. 2. O mito. 3. Do mito ao logos

Filosofia. 1. A origem da filosofia. 2. O mito. 3. Do mito ao logos Filosofia 1. A origem da filosofia filo= amigo, sofia = sabedoria Um filósofo não deve ser apenas um estudioso, mas também um homem sábio. Platão: origem é o espanto pelo espanto é que uma pessoa se torna

Leia mais

Descobrindo a Verdade

Descobrindo a Verdade Descobrindo a Verdade Capítulo 1 Descobrindo a Verdade que é a verdade e o que sabemos sobre ela? Será O que ela é absoluta ou toda verdade é relativa? Como descobrimos a verdade sobre aquilo que não podemos

Leia mais

A utopia platônica. Perspectiva política da alegoria da caverna: a sofocracia. Educação e política: as três classes

A utopia platônica. Perspectiva política da alegoria da caverna: a sofocracia. Educação e política: as três classes Ideias políticas Platão Pp. 311-312 A utopia platônica Perspectiva política da alegoria da caverna: a sofocracia Educação e política: as três classes A utopia platônica é elaborada na época da decadência,

Leia mais

A EVOLUÇÃO E A REENCARNAÇÃO.

A EVOLUÇÃO E A REENCARNAÇÃO. A EVOLUÇÃO E A REENCARNAÇÃO. Queremos compartilhar com aqueles que vem aqui às quintas-feiras algumas informações que conseguimos reunir ao longo da vida através da busca de respostas sobre o TEMA: -O

Leia mais

Sofistas, Sócrates e Platão. Período antropológico V-IV ac

Sofistas, Sócrates e Platão. Período antropológico V-IV ac Sofistas, Sócrates e Platão Período antropológico V-IV ac Mudança de foco Da PHYSIS ao ANTROPOS Contexto: DEMOCRACIA Uso PÚBLICO da palavra Dominar o DISCURSO Papel da Educação Quando eles precisavam decidir,

Leia mais

Aristóteles. (384 a.c 347 a.c)

Aristóteles. (384 a.c 347 a.c) Aristóteles (384 a.c 347 a.c) Trajetória histórica Nasce em Estagira império macedônio Encontro com Platão academia aos 17 anos (fica 20 anos) Preceptor de Alexandre Muito estudo biblioteca e investigação

Leia mais

É possível levar um sapo ao lago?

É possível levar um sapo ao lago? É possível levar um sapo ao lago? Resumo da atividade Nesta atividade o professor proporá aos alunos um jogo de tabuleiro, sem contar para os alunos que o objetivo do jogo é impossível de se alcançar.

Leia mais

Colégio Santa Dorotéia Área de Ciências Humanas Disciplina: Filosofia Ano: 1º - Ensino Médio Professor: Enrique

Colégio Santa Dorotéia Área de Ciências Humanas Disciplina: Filosofia Ano: 1º - Ensino Médio Professor: Enrique Área de Ciências Humanas Disciplina: Ano: 1º - Ensino Médio Professor: Enrique Atividades para Estudos Autônomos Data: 8 / 5 / 2018 INTRODUÇÃO Este estudo de revisão tem como objetivo uma nova oportunidade

Leia mais

Platão 428/27 348/47 a.c.

Platão 428/27 348/47 a.c. Professor Ricardo da Cruz Assis Filosofia - Ensino Médio Platão 428/27 348/47 a.c. O corpo é inimigo do espírito, o sentido se opõe ao intelecto, a paixão contrasta com a razão. 1 Platão e Sócrates Representação

Leia mais

Aula 08 Terceiro Colegial.

Aula 08 Terceiro Colegial. Aula 08 Terceiro Colegial Cristianismo: Entre a Fé e a Razão Busca por uma base racional para sustentar a fé Formulações filosóficas se estendendo por mais de mil anos Cristianismo Palavra de Jesus, que

Leia mais

Alegoria da Caverna. Platão

Alegoria da Caverna. Platão Alegoria da Caverna Platão Imagina homens que vivem numa espécie de morada subterrânea em forma de caverna, que possui uma entrada que se abre em toda a largura da caverna para a luz; no interior dessa

Leia mais

Clóvis de Barros Filho

Clóvis de Barros Filho Clóvis de Barros Filho Sugestão Formação: Doutor em Ciências da Comunicação pela USP (2002) Site: http://www.espacoetica.com.br/ Vídeos Produção acadêmica ÉTICA - Princípio Conjunto de conhecimentos (filosofia)

Leia mais