INSTITUTO ÁGORA CEZAR CANESSO. O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Resenha Crítica

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1 INSTITUTO ÁGORA CEZAR CANESSO O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Resenha Crítica Rio de Janeiro - RJ 2017

2 1 O SURGIMENTO DA FILOSOFIA De acordo com o tema apresentado no Artigo, há uma incerteza quanto à origem exata da Filosofia, alguns autores defendem que suas raízes estão no oriente, mas o maior consenso é de que foi no ocidente, mais precisamente na Grécia, onde nasceram as primeiras investigações filosóficas de maneira mais sistemática e detalhada. Para que a filosofia tivesse sua origem na Grécia vários fatores foram essenciais. Dentre esses fatores, o primeiro elencado é o valor da poesia (destaque para Homero e suas duas grandes obras: Ilíada e Odisseia). Através da poesia teve-se um modo particular de fornecer explicações remontando às causas, mesmo que a um nível imaginário. Nesse sentido, provando ainda mais a singular importância, sabe-se que as primeiras noções filosóficas são vistas nas obras de Homero. Ademais, junto com a poesia, outro fator essencial foi o valor atribuído ao mito para explicar os fenômenos do mundo. Porém, houve um certo momento em que mitologia já não era mais suficiente para explicar a realidade. Então, nesse contexto, surge a Filosofia como uma forma de conhecimento capaz de explicar as diversas mudanças que ocorriam na natureza. A filosofia chegou aos poucos para mostrar que o aquele mundo explicado de maneira mitológica já não tinha mais sentido e que o pensamento crítico e racional era capaz de aos poucos encontrar as verdadeiras explicações que o ser humano tanto procurou. Indo adiante, também são apresentadas outras condições que favoreceram ao surgimento da filosofia na Grécia. São elas: A desmitificação do mundo a partir das viagens marítimas: com destaque para o desenvolvimento do comércio onde as grandes navegações possibilitaram a desmitificação do mundo ao descobrirem que as lendas eram falsas; A construção do calendário: onde os gregos foram percebendo que o tempo como algo natural e não como um poder divino incompreensível; O uso da moeda : favoreceu o pensamento abstrato, pois a moeda passou a exigir uma nova capacidade de abstração e generalização que a anterior troca entre produtos não possibilitava; A invenção do alfabeto e o uso da palavra : com essas capacidades tornava-se muito mais fácil sistematizar o conhecimento; destaque também para as discussões nas assembleias que estimulava o pensamento crítico-reflexivo. Com isso, foi possível, a partir da investigação sistemática, das contradições, da exigência de rigor lógico, surgir a Filosofia; O crescimento urbano: formação de conglomerados urbanos; e, por fim, a criação da Política : ela introduz três aspectos novos e decisivos 1 Resenhado por Cezar Canesso a partir do artigo sobre o Surgimento da Filosofia na atividade modular nº I

3 para o nascimento da filosofia: 1) A ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana; 2) O surgimento de um espaço público: Agora, com a pólis, isto é, a cidade política, surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir em público sua opinião, discuti-la com os outros, persuadi-los a tomar uma decisão proposta por ele, A política, valorizando o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional, valorizou o pensamento racional e criou condições para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica. 3) A política estimula um pensamento e um discurso públicos, ensinados, transmitidos, comunicados e discutidos. A ideia de um pensamento que todos podem comunicar e transmitir, é fundamental para a filosofia. Depois desses breves esclarecimentos preliminares, passa-se ao estudo do surgimento da palavra filosofia. Como não poderia ser diferente, a palavra filosofia tem origem grega. O termo philia significa amizade e sophia, sabedoria. Temos assim a amizade pela sabedoria, o desejo de estar próximo do saber, do conhecimento verdadeiro. Já a palavra filósofo tem seu nascimento com Pitágoras (nascido em a.c. e também o primeiro a usar o termo filosofia), conhecido criador do teorema matemático que leva o seu nome, e significa amigo da sabedoria. Seguindo em frente, a filosofia grega pode ser dividida em três períodos: o primeiro, conhecido como naturalista ou pré-socrático, em que o pensamento filosófico busca uma resposta para as questões da natureza; o segundo pode ser dito antropológico metafísico, e abrange, principalmente, Sócrates, Platão e Aristóteles; o terceiro é o período ético, desde o fim da época aristotélica IV a.c. até a decadência da sociedade grega, por volta de VI d.c. Neste artigo é apresentada uma breve introdução ao primeiro período. Ademais, de maneira didática, este período é dividido do seguinte modo: 1 - Escola Jônica (Ásia Menor); 2 - Escola Pitagórica ou Itálica (Magna Grécia); 3 - Escola Eleata (Magna Grécia); 4 - Escola Atomista (Trácia. Por conseguinte, como são vários os pensadores do período naturalista, o artigo apresenta apenas os principais: Tales de Mileto ( a.c.): É tido como o primeiro filósofo e precursor da filosofia grega. Sua questão filosófica mais elevada: Qual é a causa última, o princípio supremo de todas as coisas? foi colocada por ele sistematicamente na intenção de encontrar uma resposta racional, livre da explicação mítica. Nesse sentido, seu pensamento era em explicar a origem de todas as coisas, por isso para ele a água era o princípio supremo de onde tudo provinha. Constatou que o elemento líquido está presente em todo lugar em que há vida, e onde não existe água não existe vida. Anaximandro de Mileto (aproximadamente a. C.) : Seguindo a linha dos filósofos do seu período e contrariando Tales de Mileto, afirmava que a água não era o princípio de todas as

4 coisas, mas esse princípio, que ele chamou de a-peiron, deveria ser infinito e sem limites internos ou externos. Deste autor resta ainda um pequeno fragmento de um tratado denominado Sobre a Natureza. Anaxímenes de Mileto (aproximadamente a.c.): Como era discípulo de Anaximandro, defendeu que o princípio de todas as coisa deveria ser infinito, mas divergiu do mestre ao considerar que o princípio era algo físico e o identificou como o ar, que sustenta, vivifica e abarca o ser humano e o universo inteiro. Xenófanes de Cólofon (aproximadamente a.c.): Considerado o primeiro filósofo a contrariar a mitologia. Para Aristóteles ele foi o fundador da escola eleática. Há vários fragmentos desse autor, destaque para o 23: Um deus, o maior entre os deuses e os homens, que em nada se assemelha aos mortais, nem no corpo nem na mente. Pitágoras de Samos (571-0 a.c. e morreu em a.c): é considerado um dos gênios da humanidade, com contribuições para as áreas da matemática, a geometria, a astronomia, a filosofia, a ascese e a mística. Para ele o princípio de todas as coisas é a mônada; dela procede a díada indeterminada, que serve de substrato material à mônada, que é a sua causa. Delas derivam todas as coisas. Destaque para sua concepção da terra ser esférica e da imortalidade das almas formadas de substância incorruptível. Heráclito de Éfeso (nasceu por volta de 504 a.c): Também seguindo a linha dos filósofos de sua época, afirmou que o princípio agente de todas as coisas era o fogo, que é perfeita expressão do movimento perene, e justamente na dinâmica da guerra dos contrários (o fogo vive da morte do combustível, transformando-o continuamente em cinzas, mas se manifesta harmonicamente como chama de modo constante). O fogo está estreitamente ligado com o conceito de racionalidade (=logos), razão da harmonia do cosmo. Por fim, a proposição emblemática tudo escorre é de sua autoria e indica o fato de que o devir é uma característica estrutural de toda a realidade. Parmênides de Eléia (530 a.c a.c) : Parmênides de Eleia foi o maior expoente da Escola Eleática e sua obra principal é poema Sobre a Natureza. O ponto central do seu pensamento é a negação da possibilidade de transformação na natureza, afirmando que tudo que existe sempre existiu, pois nada que existe pode ter surgido do nada ou se transformar em nada. Deste modo, para ele as transformações observadas na natureza eram apenas ilusão dos sentidos, e confiava apenas na razão. Por fim, para o autor o Ser era único, absoluto, imutável e imóvel e, nesse sentido, ele é considerado um dos primeiros grandes metafísicos.

5 E, finalmente, o artigo apresenta um breve resumo de outros filósofos que tiverem sua importância, porém de maneira mais singela. São eles: Empédocles de Agrigento; Anaxágoras de Clazômena ( a.c.); Demócrito de Abdera ( a.c.) e Zenão de Eleia (secs. VI-V a.c.), discípulo de Parmênides que defendeu a teoria do mestre, e em particular a tese da não existência do movimento e da multiplicidade. Muito famosos se tornaram os argumentos seu sobre a inexistência do movimento, em particular o chamado de Aquiles e o da da flecha. Portanto, a partir do estudo do artigo, observa-se que a Filosofia surgiu na Grécia devido a vários fatores essenciais, pois justamente lá formou-se um clima religioso, cultural e político totalmente favoráveis. E ao longo do conteúdo foi possível perceber que o estudo da história da Filosofia é uma riqueza incomensurável que não pode se perder e, nesse sentido, compreender suas origens torna-se extremamente necessário.