Relatório Semanal de Estratégia de Investimento

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1 1 de abril de 2013 Relatório Semanal de Estratégia de Investimento Destaque da Semana As questões relacionadas à crise do sistema financeiro cipriota foram mais uma vez o destaque da semana na Europa; Continuamos a acreditar que o BC iniciará, ainda neste semestre, um ciclo de alta dos juros básicos, porém de magnitude restrita;

2 fev-11 abr-11 jun-11 ago-11 out-11 dez-11 fev-12 abr-12 jun-12 ago-12 out-12 dez-12 fev-13 set-02 jun-03 mar-04 dez-04 set-05 jun-06 mar-07 dez-07 set-08 jun-09 mar-10 dez-10 set-11 jun-12 mar-13 Economia Internacional As questões relacionadas à crise do sistema financeiro cipriota foram mais uma vez o destaque da semana na Europa. Ainda que a adoção de impostos aos depósitos dos correntistas dos dois principais bancos do país já tivesse sido absorvida pelo mercado, a possibilidade de que tal política possa ser utilizada em problemas similares de economias mais relevantes como, por exemplo, Portugal, Irlanda, e até mesmo Espanha, Itália, continuou a contaminar os termômetros de risco de dívida (Credit Default Swaps) destes países. Com isso, o custo de rolagem da dívida de dez anos de Itália e Espanha (olhando para o mercado secundário) subiu de 4,50 e 4,85 para, respectivamente, 4,78 e 5,06 desde que se instalou a crise no Chipre (Gráfico g1), prejudicando ainda mais a já frágil situação fiscal destes países. Ainda que estejamos longe de uma situação de estresse como a observada no ano passado, a Europa voltou a adicionar um pouco de instabilidade aos mercados, após um período de maior calmaria. 2013, mas que acabou não se concretizando após acordo político finalizado às pressas no início do ano. Mesmo com o crescimento mais fraco, a economia dos EUA completou o 14º trimestre consecutivo de alta, e o PIB de 2012 encerrou o ano com alta de 2,2%. Entre os componentes do PIB, a revisão mais significativa foi a dos investimentos fixos das empresas, que subiram 13,2% no quarto trimestre, impulsionados principalmente por gastos maiores no setor de construção. Por falar em setor imobiliário, este continua a mostrar uma trajetória consistente de retomada. De acordo com dados divulgados, a venda de casas novas atingiu o patamar anualizado de 411 mil fevereiro, cerca de 50% superior ao pior registro pós crise de O preço dos imóveis também tem mostrado recuperação importante nos últimos 12 meses exibem alta de 8% nas 20 regiões metropolitanas mais relevantes, de acordo com a S&P/ Case Shiller. Em relação aos EUA, os números mais recentes reforçam a idéia de que a economia segue em recuperação moderada. Na semana passada, um dos principais destaques foi a divulgação do número final (3ª revisão) do PIB do 4º tri de 2012, que mostrou um crescimento anualizado de 0,4% (Gráfico g2), em linha com as estimativas. O crescimento do 4º tri foi afetado pela redução de gastos do governo, e também pela incerteza em torno do risco de um forte ajuste fiscal, que poderia levar a economia à recessão em Gráfico G1- EUROPA: Rendimento títulos de 10 anos Gráfico G2- EUA: PIB VS Consumo Pessoal 8 7,5 7 6,5 6 5,5 5 4,5 4 3,5 6,0 2,0-2,0-6,0-10,0 Itália. Espanha PIB EUA (% QoQ)

3 jul-08 jan-09 jul-09 jan-10 jul-10 jan-11 jul-11 jan-12 jul-12 jan-13 nov-05 mai-06 nov-06 mai-07 nov-07 mai-08 nov-08 mai-09 nov-09 mai-10 nov-10 mai-11 nov-11 mai-12 nov-12 Economia Brasileira A semana passada foi repleta de informações relevantes, entre os quais destacamos quatro delas. O resultado fiscal primário do setor público foi deficitário em R$ 3 bilhões (a mediana das estimativas apontava para um superávit de R$ 1, 5 bilhão). Assim, a relação dívida/pib deu um salto razoável, de 35,2% para 35,7%. É notável a deterioração do superávit primário nos últimos tempos, estreitamente relacionada à série de desonerações feitas pelo governo com o intuito de estimular a atividade e controlar a alta da inflação. Na medida em que a retomada da economia continua tímida, o impacto relativamente negativo nas contas públicas no curto prazo se torna inevitável. Ainda que os números da economia permaneçam sólidos neste fundamento, esta situação causa desconforto aos investidores, que tem exigido um prêmio maior para ativos brasileiros, como mostra a alta recente do risco Brasil (EMBI). A taxa de desemprego (IBGE) ficou em 5,6%, abaixo das estimativas e em nível historicamente baixo para meses de fevereiro, o que em conjunto com a divulgação do Caged na semana passada, reforça a percepção de que o mercado de trabalho no Brasil permanece bastante aquecido. É um número altamente positivo em si e que em outros tempos teria como contra partida números mais elevados de PIB, o que não acontece por conta da fragilidade observada na indústria e nos investimentos produtivos. O terceiro destaque da semana, ficou por conta do nível de inadimplência das pessoas físicas em relação ao crédito livre, que recuou de 7,9% para 7,7% em fevereiro, atingindo o menor nível desde dezembro de A notícia é positiva, ao indicar que os bancos podem ter um maior apetite na concessão de créditos e, com isso, contribuir para o processo de retomada da atividade. Porém, vale lembrar que esses dados fazem parte de uma nova metodologia, que por ser mais curta que a anterior a torna estatisticamente menos robusta. Por fim, o BC divulgou o Relatório Trimestral de Inflação (RI), a versão mais atualizada de seu cenário prospectivo. O BC também começa a enxergar sinais mais consistentes, confirmados pelos dados de atividade divulgados mais recentemente, de retomada da economia, conforme discurso da última ata do COPOM, mas reconhece uma piora significativa nas projeções de inflação para 2013 e 2014, que se afastaram bastante do centro da meta (se aproximando de 6% para 2013) e aumentaram o risco de estouro do teto da meta (6,5% para o IPCA fechado do ano) para cerca de 25%. É esse o ponto principal a destacar no RI: a explicitação de que o IPCA tende a ficar consideravelmente distante do centro da meta, o que reforça a tese de que um aumento do juro básico é praticamente obrigatório, ainda que o mercado esteja longe do consenso no que diz respeito à magnitude e timing dessa provável ação do BC, mesmo que a autoridade monetária mantenha a visão de que o cenário externo permanece complexo, indicando um comportamento de moderação para os preços de commodities. Em suma, continuamos a acreditar que o BC iniciará, ainda neste semestre, um ciclo de alta dos juros básicos, porém de magnitude restrita. Para que a alta de juros seja mais comedida, o governo terá que lançar mão de outros instrumentos para auxiliar o controle de preços, tais como as desonerações fiscais. Gráfico G3 - Brasil: Risco País Gráfico G4 - Brasil: Números Fiscais EMBI Brazil Superávit Primário Déficit Nominal Dívida Pública/PIB. Página 3 de 6

4 jun-11 ago-11 out-11 dez-11 fev-12 abr-12 jun-12 ago-12 out-12 dez-12 fev-13 abr-13 Mercados BOLSA Na última semana, houve forte volatilidade no índice Bovespa, que chegou a ceder a pontos, patamar mínimo desde julho de 2012, diante da penalização aos correntistas com depósitos superiores à 100 mil no Chipre. O mercado recuperou grande parte das perdas, porém, diante da melhora dos indicadores econômicos norte-americanos, com a recuperação gradual do setor imobiliário, do emprego e do PIB, além da nota de crédito do sistema financeiro que mostrou melhora, na margem, na trajetória de inadimplência da pessoa física. No balanço das informações internacionais o Ibov flutuou consideravelmente, mas vale salientar que o índice respeitou um importante patamar de suporte em pontos. De toda a forma, a bolsa brasileira segue entre as que têm pior desempenho em dólar no mercado global (79ª posição entre 94 analisadas no índice Bloomberg). Os papéis small caps (baixa capitalização de mercado) também acumulam variação negativa no ano (-5,38% vs -7,55% do Ibov), mas que nos parece ter maiores condições de apresentar desempenho mais favorável, principalmente se os estímulos à recuperação do nível de atividade local vierem a ser bem sucedidos. Estamos em posição neutra nesse mercado, com viés levemente defensivo. Posição Tática Atual: Under Over CÂMBIO A semana foi marcada pela atuação do BC no mercado após a cotação superar a marca de R$ 2,02 por dólar. A intervenção da autoridade monetária referenda a idéia de que o dólar deve flutuar entre R$ 1,95 e R$ 2,00, aproximadamente, patamar que contribui para a competitividade da indústria local e tem efeitos adicionais reduzidos na inflação corrente. Outra importante sinalização do governo, no sentido de trabalharmos com essa banda de flutuação da moeda, foi dada no Relatório Trimestral de Inflação (RI), divulgado na última quintafeira pelo BC, no qual se explicita que a estabilidade dos ativos financeiros (a moeda faz parte deste grupo) está no cenário base da condução da política monetária. Assim, mantemos a propensão a vender dólar quando a cotação se encontra acima de R$ 2,00 e a comprá-lo na ponta oposta (ao redor de R$ 1,95). Já o Euro chegou a perder valor ante ao dólar, com o temor de que líderes europeus adotassem o acordo do Chipre como modelo de atuação para futuras crises bancárias de economias com maior relevância na região. Ainda que tal possibilidade tenha sido rechaçada pelos líderes locais, o Euro atingiu a 1,2751, patamar mais baixo desde nov/12, depois de atingir a US$ 1,37 8 semanas antes. A fragilidade dos fundamentos europeus justifica um Euro mais desvalorizado, mas a política monetária expansionista adotada pelo Federal Reserve (Fed banco central dos EUA) contém esse movimento potencial Posição Tática Atual: Under Over JUROS A estrutura a termo da curva de juros apresentou ligeiro aumento de sua inclinação, com estabilidade dos rendimentos dos DI s de curto prazo e alta dos ativos de prazos mais dilatados, diante da preocupação dos agentes econômicos com a evolução dos índices de preços. Este sentimento, justifica-se devido a: a) forte difusão de alta dos preços observada no IPCA que, em tese, eleva a persistência das pressões inflacionárias; b) Relatório de Inflação (RI) que trouxe, tanto no cenário de referência, quanto no de mercado, alta na projeção do IPCA para 2013, destacando-se o fato do BC admitir, pela primeira vez, que a taxa ficará consideravelmente acima do ponto médio da meta; e c) números fiscais aquém do esperado em fevereiro. O governo reforçou a tese de que o combate à inflação é absolutamente necessário, mas evitando-se caminhos que possam penalizar ainda mais o desempenho da atividade produtiva que se encontra aquém do almejado. É uma tese que vem sendo colocada em prática, mas que não agrada a ala mais conservadora dos analistas e traz apreensão aos mercados. De toda a forma, a curva de juros já subiu muito (exageradamente frente aos sinais de quanto o juro básico poderá vir a subir) nos últimos meses e pode haver boas oportunidades para aumentarmos nossa posição em papéis pré-fixados e títulos vinculados à inflação. Posição Tática Atual: Juros Pré-Fixado Inflação Under Over Under Over Ibov Index - US$ S&P , , , , , , , ,80 abr-12 jun-12 ago-12 out-12 dez-12 fev-13 abr-13 VIX USDBRL 10,40 9,90 9,40 8,90 8,40 7,90 7,40 6,90 28/03/ /03/ /03/2013 Página 4 de 6

5 Indicadores e Cotações F EC HA M EN T O N A SEM A N A N O M ÊS N O A N O 3 M ESES 6 M ESES 12 M ESES IBOV ,40% -1,87% -7,55% -7,56% -8,98% -15,49% S&P ,51% 3,60% 10,03% 10,52% 7,71% 10,78% DOW JONES ,09% 3,73% 11,25% 11,16% 7,52% 10,10% NASDAQ ,39% 3,40% 8,21% 9,28% 3,38% 4,64% M SCI WORLD ,56% 2,10% 7,18% 7,38% 7,72% 8,41% C OM M OD IT IES: PETRÓLEO 9 7,2 3 5,17% 5,16% 4,37% 5,15% 3,89% -9,77% OURO ,70-1,24% 1,01% -5,02% -4,15% -9,88% -6,23% CRB COM M ODITIES 296 0,80% 1,17% 0,47% 0,22% -3,12% -5,91% M OED A S: REAL / DOLAR 2, ,67% 2,18% -1,46% -1,34% -0,19% 11,25% DOLAR / EURO 1,2 8-0,64% -1,85% -2,86% -3,09% -0,89% -4,06% JU R OS PÓS F IX A D OS: DI OVER 7,0 1% 0,14% 0,55% 1,70% 1,79% 3,68% 8,12% FED FUND 0,2 5% 0,00% 0,02% 0,06% 0,06% 0,13% 0,26% JU R OS PR É F IX A D OS: PRÉ DE ANO 7,9 3 % 0,00% 0,23% 0,80% 0,80% 0,42% -1,07% LIBOR 6 M ESES 0,4 4 % 0,00% -0,01% -0,06% -0,07% -0,21% -0,29% TREASURY 10 ANOS 1,8 5% -0,06% -0,03% 0,09% 0,10% 0,14% -0,40% Agenda Semanal SEGUNDA PAÍS PERÍODO ESPERADO ANTERIOR RELEVÂNCIA Leading Index CHI Feb ,5 + PMI Manufacturing BRA Mar -- 52,5 ++ ISM Manufacturing EUA Mar 54 54,2 +++ Trade Balance (FOB) - Monthly BRA Mar $150M -$1276M ++ EXPORTS - US$ million BRA Mar $18600M $15551M + IMPORTS - US$ million BRA Mar $18600M $16827M + TERÇA PMI Manufatura Mar F 46,6 46,6 ++ Taxa de Desemprego EUR Feb 12,00% 11,90% ++ Industrial Production sa (MoM) BRA Feb -2,00% 2,50% +++ Factory Orders EUA Feb 2,90% -2,00% ++ Non-manufacturing PMI CHI Mar -- 54,5 + QUARTA FIPE CPI - Monthly BRA Mar -0,15% 0,22% + ADP Employment Change Mar 200K 198K ++ ISM Non-Manf. Composite EUA Mar 55, QUINTA PMI Services EUR Mar F 46,5 46,5 ++ ECB Announces Interest Rates EUR 04/abr 0,75% 0,75% +++ SEXTA Euro-Zone Retail Sales (MoM) EUR Feb -0,40% 1,20% ++ Change in Nonfarm Payrolls EUA Mar 195K 236K +++ Unemployment Rate EUA Mar 7,70% 7,70% +++ Sentix Investor Confidence EUR Apr ,6 + Consumer Price Index (YoY) CHI Mar 2,50% 3,20% +++

6 INFORMAÇÕES IMPORTANTES AO INVESTIDOR Este material, meramente informativo, foi preparado pela área de Estratégia do Votorantim Private Bank e não se caracteriza como relatório de análise, para fins da Instrução CVM nº 483/2010, e, não foi produzido por analista de valores mobiliários. As informações contidas neste material foram obtidas por meio de comunicação de acesso público, tais como jornais, revistas, internet entre outros, de forma aleatória. Tais informações estão sujeitas a alterações, a qualquer momento, sem que haja necessidade de comunicação neste sentido. Apesar das informações aqui contidas terem sido obtidas de fontes consideradas confiáveis, a área de Estratégia não pode garantir a precisão e veracidade das mesmas. As recomendações de alocação deste documento refletem única e exclusivamente a opinião pessoal dos profissionais da área de Estratégia do Votorantim Private Bank, de modo que as recomendações foram elaboradas de forma independente e autônoma com relação às demais áreas da Votorantim Asset Management DTVM Ltda., ao Banco Votorantim S.A. e demais empresas do Consolidado Econômico Financeiro Votorantim. As recomendações de alocação contidas neste documento apresentam riscos de investimento e não são asseguradas pelos fatos nem contam com qualquer tipo de garantia ou segurança da área de Estratégia. O Votorantim Private Bank e suas áreas de negócio não serão responsáveis por perdas diretas, indiretas ou lucros cessantes decorrentes da utilização deste material para quaisquer finalidades, incluindo, mas não se limitando a realização de negócios, investimentos ou transações baseadas nestas informações.sac: , Deficientes Auditivos e de Fala: Todos os dias, 24 horas por dia, ou pelo sac@bancovotorantim.com.br. Ouvidoria: , Deficientes Auditivos e de Fala: , de 2ª a 6ª feira das 9:00 às 18:00 hs. Estratégia de Investimento Votorantim Private Bank (11)