Acordam no Tribunal da Relação do Porto

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Transcrição:

PN 1207.011 ; Ap.: TC. Amarante; Ape2: Apa3: C.. Acordam no Tribunal da Relação do Porto 1. O Ape não se conforma com a sentença de 1ª instância pela qual apenas foi parcialmente condenada a Apa, por responsabilidade advinda de contrato de seguro celebrado com terceiro (estranho à lide, por força da lei) e com base nos danos que o A. sofreu advindos de acidente rodoviário, conferida judicialmente uma indemnização de Pte 900 000$00. 2. Concluiu: (a) Não pode aceitar uma indemnização irrisória, um pouco mais do que era o salário mensal do recorrente à data do sinistro: tem 54 anos, com previsão de actividade profissional até aos 65/70 anos; (b) Na verdade, passou a sofrer de IPP, com uma cicatriz transversal na mão direita sobre as articulações metacarpo-falangicas, com redução da mobilidade 1 Vistos: Des. Ferreira Des. Paiva 2 Adv.: Dr.. 3 Adv.: Dr.. 1

activa e passiva, depois de ter sofrido esfacelamento do dorso da mão direita, com perda de substância cutânea e laceração dos tendões extensores de 4 dedos; (c) Entretanto foi assistido no H. Amarante, onde lhe foi feita uma sutura cutânea, reparação dos tendões e imobilização, sendo notório o sofrimento e as dores que teve; (d) Passou depois aos cuidados de um cirurgião plástico, com posterior recuperação física e tratamentos de fisioterapia ao longo de 9 meses, padecendo incómodos e mal-estares físicos, quer nas intervenções médicas imediatas, quer nas posteriores e de fisioterapia; (e) Por fim deixou de poder praticar ténis e sente permanência das dores; (f) Contudo, não foram valoradas todas estas circunstâncias na sentença recorrida, não obstante haver nos autos perícia médico-legal exacta, onde a decisão deveria ter ido buscar apoio; (g) E não é aceitável que o tribunal tenha atribuído uma indemnização por forma ad hoc, por equidade, ignorando o conteúdo de uma perícia que ordenou [oficiosamente] e as conclusões percentuais nela fixadas4; (h) Não tendo tomado em conta também o depoimento do médico Dr. A. P., altamente especializado em ortopedia e cirurgião de mãos, fundador da SPMC - Soc. Por. Microcirurgia, e da APADAC Ass. Port. Avaliação de Dano Corporal, Director do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital de Lamego, o qual avaliou a IPP a atribuir ao recorrente, no momento da Audiência, em 16,8%; (i) Mas, aceite a perícia oficial por ambas as partes, a indemnização pela incapacidade deveria ter sido calculada por aplicação percentual aos montantes comprovados daquilo que constituía o rendimento mensal proveniente do 4 Quantum doloris: grau 4 IPG: 5% IPP: 5% Dano estético: grau 2. 2

trabalho; e, do mesmo modo, a indemnização pelas dores e prejuízo estético, deveria ter sido aproximada aos equilibrados montantes indicados no pedido; (j) Considerando, por outro lado, a fixação em 5% da IPG + 5% da IPP5, deveria ter sido tido em conta uma IP única de 10%; logo, a indemnização: 10% / Pte 167 757 340$006 = Pte 16 757 340$00, verba a diminuir até ao montante do pedido - Pte 9 000 000$00; (k) Por fim, na actividade de relações públicas que o recorrente tem, os potenciais clientes não deixarão de olhar, sempre, em cada encontro pessoal, para a cicatriz da mão que lhes é estendida, dano moral permanecente até ao final da vida activa, acrescido do desgosto de, para sempre, ter de deixar o ténis; (l) Ora, uma vez mais se observa que o tribunal devia ter entendido que estas situações tinham um valor indemnitório solvível com uma compensação criteriosa e razoável, apreciadas as situações reais emergentes e permanecentes mas não julgou assim; (m) Contudo não é esta (nem no primeiro nem neste último aspecto) a posição da jurisprudência dominante, podendo ver-se em sentido favorável ao Ape, ac. STJ, 77.05.10, PN 662277, ac. STJ 79.01.18, BMJ 283/2758; (n) E não restam dúvidas: o recorrente continua na sua actividade profissional mas é seguro que o rendimento profissional está afectado, daí resultando corte nas melhorias salariais concedidas pela entidade empregadora, a qual 5 Vd. nota antecedente. 6 22 x Pte 7 625 334$00, salário anual. 7 I- Tendo a vítima de um acidente de viação sofrido em consequência dele redução de 1/3 do respectivo rendimento laboral, tem direito a ser indemnizada por tal dano, segundo os critérios dos arts. 562/564 CC; II- A reconstituição da situação que existiria se não se tivesse verificado o evento causador do dano exigirá que a indemnização represente um capital que se extinga no fim da vida activa do lesado e seja susceptível de garantir, durante ela, as prestações periódicas correspondentes à sua perda de ganho. 8 I- O computo da indemnização deverá respeitar a ideia de reconstituição anterior ao evento danos, atendendo-se aos prejuízos e aos lucros cessantes, e não só aos presentes como também aos futuros previsíveis; II- Em relação ao futuro, a indemnização deve ser calculada em atenção ao tempo provável de vida da vítima, de forma a representar um capital produtor do rendimento que cubra a diferença entre a situação anterior e a actual até final desse período, segundo as tabelas financeiras usadas para 3

forçosamente se apercebe da diminuição do êxito das tarefas levadas a cabo pelo Ape, cortando aos naturais aumentos dos anos vindouros; (o) Outro prejuízo inerente é o que resulta da progressiva desvalorização da moeda e bem assim da inflação; (p) Deve a sentença recorrida ser revogada e substituída por acórdão tirado no sentido de ser fixada a justa indemnização, cobrindo a totalidade dos danos. 3. Nas contra-alegações disse a Seguradora: (a) A indemnização arbitrada pelo tribunal recorrido é razoável, atentos os danos morais de que o recorrente padeceu, e não deve por isso ser alterada; (b) De todo o modo e se (como o recorrente defende) a indemnização a conceder-lhe tem por base a responsabilidade pelo risco, então a indemnização não pode ultrapassar o limite constante do art. 508 CC, atendendo à data do acidente dos autos, montante diminuído dos valores pagos pela recorrida, e relativos às despesas constantes da matéria de facto assente. 4. Ficou provado: (1) O A. era passageiro, 95.09.06, do veículo, conduzido por, sócio de & Filho, Lda, Avª, 28 1º dto, Odivelas, veículo seguro na Apa, através da ap. 31/404611; (2) O veículo referido teve um acidente naquela data quando circulava na IP4 entre Chaves e Amarante na descida existente a cerca de 10 Km desta última, tendo do mesmo resultado ferimentos no Ape; determinação do capital necessário à formação de uma renda periódica correspondente ao juro anual de 9%. 4

(3) A R. satisfez integralmente todas as contas das despesas que o sinistrado liquidou com serviços médicos, tratamentos, fisioterapia e deslocações, reconhecendo a responsabilidade assumida pelo acidente; (4) Em consequência deste o Ape sofreu esfacelamento do dorso da mão direita com perda de substância cutânea e laceração dos tendões extensores de 4 dedos, só não tendo ficado afectado o polegar; (5) Foi assistido no H. Amarante: sutura cutânea, reparação dos tendões e imobilização da mão em extensão; (6) O Ape passou posteriormente aos cuidados do cirurgião plástico Dr., ao que se seguiu a recuperação física com tratamentos de fisioterapia prestados pelos serviços dos BV. Algés e no Gabinete de Fisioterapia, Rua Helena Felix, Ed. Trevi, lt. 2, Lisboa, os quais se prolongaram por 9 meses; (7) Ficou com cicatriz transversal sobre as articulações metacarpo-falangicas que se prolonga pelo dorso da primeira falange do segundo, terceiro, e quarto dedos; (8) Sofreu redução na mobilidade activa e passiva, tendo dificuldade de preensão e mobilização da mão, sofrendo dores esporádicas; (9) O Ape poderá sujeitar-se a tratamento cirúrgico em relação à cicatriz, hipertrofia e instabilidade, o qual consistirá na excisão das cicatrizes hipertróficas e enxerto de pele total, podendo ser necessárias mais de uma intervenção e tendo tais tratamentos finalidades exclusivamente estéticas; (10) A referida intervenção ou intervenções obrigam a anestesia loco-regional do membro superior, situação que implica algum risco; (11) No seguimento da operação ou operações, haverá lugar a internamento e perda de 21 dias por ITA, acrescendo 45 dias de incapacidade profissional, para tratamentos de fisioterapia; 5

(12) Em 09.96, o médico Dr. avaliou a incapacidade do Ape em 12,4%, sendo que actualmente o Ape apresenta sequelas funcionais que produzem IPG 5% e IPP 5%; (13) O Ape, na vida privada, era praticante de desporto, frequentando o ténis, que está impossibilitado de continuar, e por não lhe ser possível exercer preensão adequada e necessária ao uso da raquete, já que permanece a falta de sensibilidade e de força na mão em toda a actividade pessoal em que esta intervém; (14) O sinistrado recebeu, 1996, o vencimento anual ilíquido de Pte 7 625 344$00, o que dá um vencimento mensal de Pte 544 667$00; (15) Por inerência de funções, o Ape dispõe de uma viatura de serviço para seu uso, bem como da respectiva manutenção, integralmente suportada pela empresa, que inclui as seguintes rubricas: combustível, Pte 421 264$00; lavagens, Pte 3 150$00; reparações, Pte 344 142$00; seguros e impostos, Pte 94 222$00. 5. A sentença recorrida baseou-se nos seguintes momentos argumentativos: (a) Na presente acção importa apenas fixar a indemnização pelos danos não patrimoniais reclamados pelo A.[estima: Pte 16 000 000$009] uma vez que a 9 Da p.i.:. 15. O sinistrado tem direito a uma compensação por indemnização, que abranja e compense a situação global existente, e que represente o ressarcimento dos danos não patrimoniais emergentes do acidente; 16. Na fixação do valor indemnitório não pode deixar de atender-se à posição social do sinistrado, não podendo deixar de ser a fixação [do ressarcimento] dos danos físicos senão com base nos rendimentos pessoais provenientes do seu trabalho, já que não há outra forma básica em que a doutrina e a jurisprudência se apoiem para fixação de incapacidades senão pela tabela nacional de incapacidades; 17. O sinistrado tem pois direito a ser ressarcido pelo sofrimento moral suportado e a suportar, pelo custo de futura ou futuras operações plásticas, pelo pensamento permanente da sua incapacidade residual, que sofrerá ao longo da sua vida, fixada em 12,4%, e pelo sofrimento psíquico no seu diário relacionamento pessoal, pela exibição de cicatrizes, e que poderão não vir a ser erradicadas, e ainda pelo prejuízo lúdico, representado pela impossibilidade da prática de um desporto em que tinha grande empenho e de que retirava satisfação e prazer; 6

R. assumiu a responsabilidade pelo acidente, não estando tal questão controvertida; (b) Atendidos os danos merecedores de tutela do direito pela sua gravidade, deve o montante da indemnização fixar-se equitativamente, tendo em atenção, em qualquer caso, as circunstâncias referidas no art. 494 CC (cfr. art. 496, id.); (c) 1. Passou a sofrer uma IPP de 5%; 2. Ficou com uma cicatriz transversal sobre as articulações metacarpofalangicas, que se prolonga pelo dorso da 1ª falange do 2º, 3ª e 4º dedos; 3. Sofreu redução na mobilidade activa e passiva tendo dificuldade de preensão e da mobilização da mão, sofrendo dores esporádicas; 4. sofreu esfacelamento do dorso da mão direita com perda de substância cutânea e laceração dos tendões extensores de 4 dedos, só não tendo ficado afectado o polegar; 5. Foi assistido no H. Amarante: sutura cutânea, reparação dos tendões e imobilização da mão em extensão; 6. Passou posteriormente aos cuidados do cirurgião plástico Dr. o, ao que se seguiu a recuperação física com tratamentos de fisioterapia prestados pelos serviços dos BV. Algés e no Gabinete de Fisioterapia, Rua Helena Felix, Ed. Trevi, lt. 2, Lisboa, os quais se prolongaram por 9 meses, sendo notório que o referido tratamento determinou incómodos 18. Com base nos seus proventos pessoais, à data do acidente, como remuneração do seu trabalho, única base legal para cálculo da incapacidade, o sinistrado reclamou à R. uma indemnização por danos não patrimoniais no valor total de Pte 16 000 000$00, em computo a valores actuais, abrangendo: : (a) sofrimento sofrido e a sofrer e custos de operações e tratam entos fisioterapêuticos, Pte 4 000 000$00; (b) prejuízo lúdico por impossibilidade de continuar a praticar desporto, Pte 3 000 000$00; (c) incapacidade permanente, Pte 9 000 000$00; 21. O sinistrado [tendo por base o vencimento e o acréscimo por mordomias: Pte 7 625 334$00 + 826 788$00, anuais] reclamou à Seguradora, para a qual foi transferida a responsabilidade civil emergente de acidentes causados pelo veículo por ela seguro, [essa] importância global de Pte 16 000 000$00, valor que a Seguradora se recusou a satisfazer, contrapondo um valor que se reputa ridículo face à situação concreta 7

sofridos, circunstância que não carece de alegação nem de prova (cfr. art. 414 CPC); 7. Deixou de poder praticar ténis; (d) Tudo ponderado, o tribunal entende como adequado fixar a indemnização por danos não patrimoniais em Pte 900 000$00. 6. O recurso está pronto para julgamento. 7. A sentença recorrida considerou que o Ape apenas pediu a indemnização dos danos não patrimoniais decorrentes do acidente, e até mesmo só dos danos consolidados, tomando, p. ex., e apenas nessa dimensão, a incapacidade profissional na vertente dos actuais desgosto e incómodo trazidos pela consciência do defeito motor. Também é certo que a redacção do articulado do Ape poderia muito bem sugerir ser este, e só este, o propósito do impetrante. Contudo não pode deixar de se lhe conceder, numa leitura atenta, a verdadeira formulação de um pedido de ressarcimento dos danos patrimoniais futuros ancorados na IPG e IPP10, avaliadas no exame médico-legal, e aferidos a situações virtuais quer de mudança de ocupação profissional, quer de prejuízo no aumento de salário. Por outro lado, o Ape pediu claramente indemnização das despesas médicas, dores e sofrimentos, em concreto determinadas pela intervenção cirúrgica futura para remover a cicatriz da mão11. Porventura poderá aceitar-se ex bono et aequo o montante da indemnização fixada pela sentença na perspectiva restrita sob que foi calculada, mas também é evidente que terá de ser aditada das importâncias correspondentes ao ressarcimento dos danos excluídos. Tem pois razão parcial o Ape. 10 Vd. nota antecedente. 11 Id., nota 10. 8

No cálculo da indemnização por danos futuros determináveis, manda a lei proceder ainda assim por juízo de equidade, muito embora o auxiliar precioso das tabelas financeiras citadas na jurisprudência avocada à minuta da Apelação. Porém, este método em particular ganha motivo nas situações de facto ligadas à perda de emprego, ou de emprego precário, em suma, quando não há estabilidade profissional ou se perspectiva um despedimento. E segundo a matéria comprovada, que as alegações do recorrente seguem, nem isso está em causa. Por conseguinte, a medida da repercussão quer da IPG quer da IPP, as quais não se somam, mas que coincidem no hábito profissional do sinistrado12, terá de prescindir da matemática e balizar-se mais pela tradição jurisprudencial. Tendo presente, por conseguinte, a lenta variação que se nota nas sentenças de indemnizações dos danos contraídos em acidentes rodoviários, e não deixando o ponto de vista de um desejável movimento no sentido de as fazer corresponder à justeza de uma contemporaneidade em acelerado devir global, mas ancorando-nos ao realismo constritor das saídas económicas conjunturalmente observáveis em Portugal, pode estimar-se a justa compensação deste dano através da entrega ao lesado de uma quantia igual àquela que de início se aceitou estar correctamente ponderada em face dos sofrimentos e incómodos trazidos pelas lesões contraídas no sinistro, i.é, mais Pte 900 000$00. Subsiste por fim outro dano, patrimonial e não patrimonial, apenas previsível, mas não determinável e que diz respeito à possibilidade de futura operação estética, cuidado médico que nem por ser da ordem do agrado ou do bem-estar de uma figura pessoal gratificante deixa de se inserir no âmbito e alcance indemnizatório. Mas a solução, neste particular, é evidentemente a de deixar o quantum para execução de sentença. 12 Na verdade, o significado e correlação IPG/IPP traduzir-se-á no seguinte: para todo e qualquer desempenho operativo, o Ape poderá sofrer de 5% de incapacidade; porém, esta é seguramente de 5% no caso do ramo de emprego onde está inserido. 9

8. Atento o exposto, vistos os arts. 483, 496, 503/1.3, 562, 564/1.2, 566/1.3 CC, decidem alterar a sentença recorrida (1) no sentido de passar a contemplar, na indemnização arbitrada, também a verba de Pte 900 000$00, e para ressarcimento do dano incapacidade profissional futura; e (2) no sentido de relegar para execução de sentença o apuramento dos danos patrimoniais e não patrimoniais decorrentes da intervenção estético-cirúrgica com a finalidade de excisão da comprovada cicatriz advinda ao sinistrado (Ape), por força do acidente rodoviário sob julgamento. 9. Custas pelo Ape e Apo, na proporção. 10