FRANCISCO ROBERTO FUENTES TAVARES DE LIRA A INFLUÊNCIA DO CÂMBIO E DO BOOM DE COMMODITIES SOBRE A PAUTA DE EXPORTAÇÕES SUL-AMERICANA

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1 FRANCISCO ROBERTO FUENTES TAVARES DE LIRA A INFLUÊNCIA DO CÂMBIO E DO BOOM DE COMMODITIES SOBRE A PAUTA DE EPORTAÇÕES SUL-AMERICANA CURITIBA 2013

2 A INFLUÊNCIA DO CÂMBIO E DO BOOM DE COMMODITIES SOBRE A PAUTA DE EPORTAÇÕES SUL-AMERICANA Disseração apresenada ao curso de Pós-Graduação em Desenvolvimeno Econômico, Deparameno de Economia, seor de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Paraná (UFPR), como requisio parcial à obenção do íulo de Mesre em Desenvolvimeno Econômico. Orienador: Prof. Douor Maurício Vaz Lobo Biencour CURITIBA 2013

3 Não há assuno ão velho que não possa ser dio algo novo sobre ele. (Fiódor Dosoievski) The devil is in he deails. (Dio popular)

4 AGRADECIMENTOS Agradeço àqueles que me auraram durane dois anos, que me ensinaram alguma coisa, que me orienaram, e que iveram o rabalho de ler e escuar as minhas as ideias. E para não parecer ingrao, agradeço à minha família e aos amigos que me escuaram (e me pagaram uma cerveja).

5 RESUMO LIRA, Francisco Robero Fuenes Tavares de. A influência do câmbio e do boom de commodiies na paua de exporações sul-americana. 90p. Disseração (Mesrado em Desenvolvimeno Econômico) UFPR - Universidade Federal do Paraná. Curiiba A América do Sul em sido marcada por exporações mais especializadas em produos básicos do que em produos manufaurados, e a especificidade desse comércio exerior expõe os países dessa pare do coninene a uma deerminada vulnerabilidade. Os preços das commodiies êm desempenhado um papel imporane na deerminação dessa esruura de especialização, e a axa de câmbio ambém em se mosrado um elemeno não desprezível na mudança da paua exporadora dos países em desenvolvimeno, pois é enfaizado pela lieraura o papel de uma axa adequada de câmbio no esímulo à exporação de manufauras. Logo, perguna-se se é a axa de câmbio ou os preços de commodiies que mais conribuíram para o deslocameno da composição das exporações, divididas enre manufauras e bens básicos? No afã de responder essa quesão, foram realizadas regressões (de mínimos quadrados e pelo méodo dos momenos generalizados) com painéis de dados de efeios fixos numa amosra envolvendo dez países (Argenina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela) no período de 1970 a É concluído que nos países sul-americanos esudados, a axa real de câmbio em um maior papel que os preços de commodiies em alerar a especialização do comércio exerior. PALAVRAS-CHAVE: América do Sul, commodiies, axa real de câmbio, composição das exporações.

6 ABSTRACT Souh America has been marked more by specialized expors in commodiies han in manufacured goods, and his characerisic on rade exposes he counries of his par of he coninen o cerain vulnerabiliy. The price of commodiies has played an imporan role in deermining his srucure of specializaion, and he exchange rae has also been shown as a non-negligible facor o change he expor baske of developing counries, according o a lieraure which emphasized he role of an appropriae rae exchange in simulaing he expor of manufacures. So, he quesion is wheher he exchange rae or he commodiies prices have more conribuion o he shif in he expor baske, which is divided beween basic goods and manufacures? Searching o answer his quesion, regressions were made (by leas square and general momens mehod) wih fixed effecs panel daa in a sample involving en counries (Argenina, Brazil, Chile, Colombia, Ecuador, Paraguay, Peru, Uruguay, Venezuela) beween 1970 and I is concluded ha in he Souh American counries, real exchange rae have a greaer influence han commodiy prices in changing he foreign rade specializaion. KEY-WORDS: Souh America, commodiies, real exchange rae, expors composiion.

7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES GRÁFICO 1 ÍNDICE DE PREÇOS DAS PRINCIPAÍS COMMODITIES EPORTADAS PELA AMÉRICA LATINA (2005=100) GRÁFICO 2 CRESCIMENTO DO PIB CHINÊS E INDIANO EM RELAÇÃO AO MUNDO GRÁFICO 3 PARTICIPAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES REALIZADAS NO MUNDO GRÁFICO 4 CRESCIMENTO MÉDIO DAS EPORTAÇÕES INDUSTRIAIS E DE BENS BÁSICOS ENTRE 2000 E GRÁFICO 5 FRONTEIRA DE POSSBILIDADE DE PRODUÇÃO PARA MANUFATURAS E BENS BÁSICOS GRÁFICO 6 FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO SEM SUBSTITUIBILIDADE DOS FATORES GRÁFICO 7 FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO COM SUBSTITUIÇÃO DE FATORES GRÁFICO 8 EFEITO STOLPER-SAMUELSON GRÁFICO 9 A EVOLUÇÃO DO VOLUME EPORTADO E DOS PREÇOS DO CAFÉ NA COLÔMBIA GRÁFICO 10 ESPECIALIZAÇÃO E TAA DE CÂMBIO REAL GRÁFICO 11 A EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES VNB DA ARGENTINA, BOLÍVIA, BRASIL, COLÔMBIA, EQUADOR, PARAGUAI, PERU, URUGUAI E VENEZUELA GRÁFICO 12 MÉDIA DOS ÍNDICES VNB GRÁFICO 13 A EVOLUÇÃO DAS TAAS REAIS DE CÂMBIO ( RER) DA ARGENTINA, BOLÍVIA, BRASIL, CHILE, COLÔMBIA, EQUADOR, PARAGUAI, PERU, URUGUAI E VENEZUELA GRÁFICO 14 A EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇO DOS BENS BÁSICOS ( PBB) EPORTADOS PELA ARGENTINA, BOLÍVIA, BRASIL, CHILE, COLÔMBIA, EQUADOR, PARAGUAI, PERU, URUGUAI E VENEZUELA GRÁFICO 15 AS VARIÂNCIAS DO ÍNDICE DE PREÇOS DE BENS BÁSICOS E DA TAA DE CÂMBIO REAL GRÁFICO 16 PREÇO DO PETRÓLEO CRU SÉRIE TEMPORAL NORMAL COM TENDÊNCIA GRÁFICO 17 PREÇO DO PETRÓLEO CRU SÉRIE TEMPORAL DIFERENCIADA (ESTACIONÁRIA)... 70

8 LISTA DE TABELAS TABELA 1 VARIAÇÃO MÉDIA DO CÂMBIO NOMINAL ENTRE 2003 E TABELA 2 PRINCIPAIS COMMODITIES EPORTADAS PELOS PAÍSES SUL-AMERICANOS AO LONGO DE 1970 E TABELA 3 TAAS DE CÂMBIO REAL DO CHILE E DO BRASIL TABELA 4 TAA DE CÂMBIO REAL DO CHILE E DO BRASIL POSICINADAS COMO PAINEL DE DADOS TABELA 5 TESTES DE RAIZ UNITÁRIA (DICKEY-FULLER AUMENTADO) TABELA 6 AS REGRESSÕES DE MÍNIMO QUADRADO EM PAINÉIS DE DADOS COM EFEITOS FIOS TABELA 7 AS REGRESSÕES DE MMG EM PAINÉIS DE DADOS COM EFEITOS FIOS... 82

9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADF Augmened Dickey-Fuller (Tese Aumenado de Dickey-Fuller) CEPAL Comissão Econômica para América Laina e Caribe MMG Méodo dos Momenos Generalizados MQO Mínimos Quadrados Ordinários RER Real Exchange Rae (Taxa Real de Câmbio) PIB Produo Inerno Bruo PBB Preço dos Bens Básicos (inerene ao Índice de Preços de Bens Básicos) PSI Processo de Subsiuição de Imporações VAR Veores Auo-Regressivos VNB Vulnerabilidade (inerene ao Índice de Vulnerabilidade da Paua Exporadora)

10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO O BOOM DAS COMMODITIES NOS ANOS 2000: CONSEQUÊNCIAS OS DESDOBRAMENTOS DO CRESCIMENTO ASIÁTICO OS IMPACTOS DO BOOM SOBRE O COMÉRCIO ETERIOR SUL- AMERICANO REFERENCIAL TEÓRICO POR QUE É MELHOR EPORTAR MANUFATURAS? A deerioração dos ermos de roca de Raúl Prebisch Os ermos de roca quando a renda é consane Os ermos de roca quando a renda é variável As razões para a deerioração dos ermos de roca Ouras conribuições à ideia de Prebisch O pensameno de Nicholas Kaldor: a imporância das manufauras Ouros argumenos Mensuração do conceio de vulnerabilidade O IMPACTO DO CÂMBIO E DO PREÇO DE COMMODITIES SOBRE A ESTRUTURA DAS EPORTAÇÕES A influência dos preços O papel do câmbio na especialização das exporações METODOLOGIA DESCRIÇÃO E CONSTRUÇÃO DAS VARIÁVEIS O índice de vulnerabilidade do comércio exerior: o VNB A axa de câmbio real O índice de preços dos bens básicos exporados pelos países sul-americanos: o PBB Ouras observações e consrução do modelo economérico ASPECTOS ECONOMÉTRICOS Dados em Painel A simples agrupação de dados (pooled) A inclusão de dummies Modelo de efeios fixos (esimador wihin) Efeios Aleaórios... 65

11 Tese Hausman Considerações imporanes Dados não esacionários: um dos principais obsáculos das séries emporais Esacionariedade e raiz uniária Tese de raiz uniária para painéis Coinegração Procedimeno de Johansen para painéis de dados RESULTADOS CONCLUSÃO REFERÊNCIAS... 87

12 INTRODUÇÃO Desde o início do século I, em sido aponado que a América do Sul em passado pelo processo de especialização regressiva das exporações, iso é, a composição das exporações em abrigado mais produos básicos (fruas, minérios, grãos) do que manufaurados (desde calçados aé aviões). De acordo com o senso comum, iso abre uma imporane vulnerabilidade para a economia, especialmene no comércio exerior, pois os produos básicos possuem menor valor agregado, além de esarem mais sujeios às incerezas inerenes aos ciclos de preços. Uma das explicações para essa ransformação na balança comercial deve-se aos consideráveis crescimenos da economia indiana e chinesa, o qual se em refleido recenemene nos alos preços das commodiies (cobre, ferro, soja, rigo), e revelado as vanagens comparaivas dos países laino-americanos na exploração de recursos naurais. Além do argumeno das vanagens comparaivas, há os movimenos cambiais, cuja influência da elevação dos preços das commodiies é desacável, mas não é preponderane (a liquidez financeira inernacional ambém é imporane) nese movimeno, e em impacado nas exporações de arigos manufaurados. Enão, ao considerar a relação desses dois faores, os movimenos cambiais e o boom de commodiies, no comércio inernacional sul-americano, quesiona-se qual dos dois colaborou mais para a aleração da paua exporadora (supondo que esa esá dividida enre bens básicos e manufauras) dessas economias. Logo, as hipóeses que permeiam o presene esudo são duas: A maioria dos países dessa região é doada de abundanes recursos naurais (erras féreis, reservas minerais), assim, o aumeno dos preços de commodiies produz incenivos para elevar significaivamene a produção de arigos básicos. Pode-se imaginar que as exporações de ais arigos, induzidas pelo efeio desses preços, podem superar as de manufauras a pono de deslocar a paua de comércio exerior em direção a bens inensivos em recursos naurais. Em sínese, supõe-se que o preço de commodiies foi o que mais colaborou ao longo do empo em alerar a composição das exporações sul-americanas. 12

13 Há eorias as quais ressalam que, em nações em desenvolvimeno, a depreciação da axa de câmbio revela-se um induor significaivo no deslocameno da esruura do comércio exerior em direção a bens manufaurados. Mas ambém argumenos que priorizam o efeio que a valorização cambial em sobre as exporações de manufauras ao baraear a aquisição de insumos indusriais. Independene do efeio, as oscilações cambiais êm um papel não desprezível na especialização do comércio exerior; e alvez as mudanças na axa de câmbio sejam mais significaivas do que o preço de commodiies em explicar as alerações na paua de exporações sul-americana. Ao er em mene o problema a ser desmembrado e as hipóeses a serem esadas, infere-se que o presene esudo possui naureza invesigaiva e que será pauado por uma meodologia explicaiva. E adiana-se que no ocane à meodologia, o esudo fará uso de economeria para conseguir enconrar as resposas do problema raado, e com ese inuio, a ferramena uilizada é a consrução de painéis de dados para aplicar mínimos quadrados. A pesquisa será esruurada em cinco segmenos para esudar o problema proposo: no primeiro, é exposo o conexo inerene ao comércio inernacional, em que são exibidas as moivações para abordar o ema dese esudo; a segunda pare perence ao marco eórico rabalhado pela pesquisa, em que são apresenadas as implicações eóricas e práicas do comércio inernacional de uma economia ser mais baseada em recursos naurais (e por isso, há a apresenação dos pensamenos de Nicholas Kaldor e Raul Prebisch); no segmeno seguine, há a apresenação do papel do câmbio em afear a produção e exporação de ransacionáveis indusrializados, conjunamene com a influência dos preços das commodiies no padrão de comércio, o que conduz à lógica do efeio Soper-Samuelson; na quara pare, é explicado o processo meodológico e seus dealhes, e por úlimo, são exibidos os resulados economéricos e suas inerpreações. 13

14 1. O BOOM DAS COMMODITIES NOS ANOS 2000: CONSEQUÊNCIAS 1.1 OS DESDOBRAMENTOS DO CRESCIMENTO ASIÁTICO Ese segmeno busca sublinhar a poderosa influência que o desenvolvimeno chinês (e indiano ambém, mas conforme será viso, o papel dese é diminuo frene à China) esá endo sobre a economia mundial, mais especialmene, sobre o comércio inernacional. O rápido crescimeno da economia chinesa foi acompanhado de uma fore demanda por maérias-primas necessárias para o desenvolvimeno indusrial inenso que o país esava pondo em marcha, e iso eve reflexos sobre o mercado de commodiies no senido de aumenar os preços dos arigos primários. GRÁFICO 1 ÍNDICE DE PREÇOS DAS PRINCIPAÍS COMMODITIES EPORTADAS PELA AMÉRICA LATINA (2005=100) FONTE: UNCTAD (2012). O gráfico sublinha que a parir de 2003, os preços das principais commodiies começaram a er um crescimeno considerável que eve como ápice o ano de 2008, o ano da eclosão da crise mundial. A observação de uma perspeciva longa, iso é, 40 anos, leva a afirmar que ese boom nos preços foi um dos mais noáveis. E conforme já foi dio, essa elevação enconra paralelo com o crescimeno considerável das economias indiana e chinesa, especialmene desa úlima, que em sido exremamene superior ao crescimeno mundial, como evidencia o Gráfico 2: 14

15 GRÁFICO 2 CRESCIMENTO DO PIB CHINÊS E INDIANO EM RELAÇÃO AO MUNDO FONTE: WORLD BANK (2012). NOTA: o crescimeno do PIB é medido em porcenagem anual (% a.a). Esse crescimeno giganesco da China foi acompanhado de um aumeno significaivo de sua paricipação no comércio inernacional ao responder por uma maior faia das imporações ao redor do mundo, o que corrobora a ideia de que os preços usufruíram dessa elevação devido à grande procura gerada pela economia chinesa. Além disso, noa-se no Gráfico 3 que a Índia, desare das axas de crescimeno apresenadas, não eve ano impaco no comércio mundial quano a China. GRÁFICO 3 PARTICIPAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES REALIZADAS NO MUNDO FONTE: WORLD BANK (2012). 15

16 E nese conexo, a América Laina, que desfrua de muias vanagens na produção de bens primários, enconrou-se exremamene beneficiada sob essa circunsância a qual se raduziu na melhora dos preços das commodiies exporáveis. Nauralmene, ocorreu a melhoria dos ermos de roca dos países desa pare do coninene e, além disso, houve impacos posiivos nas conas exernas; enreano, houve ocorreram ambém mudanças imporanes na balança comercial dessas economias. 1.2 OS IMPACTOS DO BOOM SOBRE O COMÉRCIO ETERIOR SUL- AMERICANO Diane desse cenário de melhoria dos ermos de roca, regisraram-se mudanças ineressanes no comércio exerior dos países da América do Sul, pois as exporações deses concenraram-se mais em bens básicos do que em manufauras, conforme evidencia o Gráfico 4. Esse fenômeno pode ser conceiuado como um processo de especialização regressiva das exporações, e com o ranscorrer dessa pesquisa, será viso que há uma série de problemas e vulnerabilidades que esse ipo de especialização causa na economia. GRÁFICO 4 CRESCIMENTO MÉDIO DAS EPORTAÇÕES INDUSTRIAIS E DE BENS BÁSICOS ENTRE 2000 E 2010 FONTE: elaboração própria. NOTA: dados exraídos do BADECEL (2012) 16

17 Logo, uma das explicações plausíveis para essa ransformação na balança comercial deveu-se aos consideráveis crescimenos das economias indiana e chinesa, cujos efeios refleiram-se sobre o aumeno dos preços 1 das commodiies (cobre, ferro, soja, peróleo), e dessa forma, ranspareceram as vanagens comparaivas dos países laino-americanos na exploração de recursos naurais. Enão, seria naural pensar que os bens básicos eriam mais espaço no comércio exerior, e assim, não haveria nenhuma preocupação quano a isso. Porém, o quadro fica mais complexo se for observado que essa conjunura favorável nos países sul-americanos foi acompanhada por imporanes valorizações das moedas deses (cujas fones de apreciação derivaram da enorme liquidez das finanças inernacionais e muias vezes do próprio boom), as quais rouxeram, de acordo com a maioria da lieraura, dificuldades para as exporações de manufauras. TABELA 1 VARIAÇÃO MÉDIA DO CÂMBIO NOMINAL ENTRE 2003 E 2010 Países Variação cambial Argenina 3,24% Bolívia -5,79% Brasil -0,18% Chile -3,51% Colômbia -2,92% Equador 0,00% Paraguai -1,85% Peru -2,65% Uruguai 0,18% Venezuela 11,20% FONTE: elaboração própria NOTA: dados exraídos do WORLD BANK (2012). A axa de câmbio é dada pela quanidade de moeda nacional por dólar nore-americano (coação do incero). Quano às economias que não experimenaram a valorização de suas moedas, iso deve-se a deerminada peculiaridades, como o caso da Argenina e Venezuela, cujos sisemas de câmbio são permeados por inervenções (câmbios múliplos, quarenena de capiais exernos), enquano que a moeda do Equador é o dólar-nore-americano. É percepível que grande pare das economias vivenciou na média imporanes apreciações da axa de câmbio durane esse período. Ao deparar-se 1 Uma ressalva quano ao boom de commodiies é que apesar dese ser facilmene relacionado ao episódio mais recene que envolve o crescimeno asiáico nos anos 2000 (o qual é o mais noável e impressionane) saliena-se que já houve anes disso o boom de preços de algumas maérias-primas, por exemplo, a lã e o café na década de

18 com esses dois fenômenos, saliena-se que alguns economisas, como MULDER (2006), levanaram a possibilidade de manifesação da doença holandesa na América Laina, mas independene dessa possibilidade, compreende-se que há uma grande conexão enre esses faos. Enfim, ao confronar-se com esse quadro, no qual se ressala que já eseve presene em siuações aneriores, como na década de 1970, cujas finanças inernacionais vislumbraram uma grande liquidez que foi acompanhada pelos alos preços de algumas commodiies, noavelmene o peróleo, é ineressane invesigar a influência conjuna de faores ão significaivos sobre a rajeória do comércio exerior sul-americano. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 POR QUE É MELHOR EPORTAR MANUFATURAS? Os porquês para as exporações de manufauras possuírem maiores impacos posiivos do que as de arigos primários envolvem desde os mais simples argumenos aé aos mais complexos, na qual a lieraura econômica (especialmene àquela dedicada ao desenvolvimeno) já realizou diversas conribuições. As razões mais simples para preerir a exporação de bens básicos em relação à de manufauras deve-se ao fao desas possuírem em geral maior valor agregado e diversificação e, além disso, as maérias-primas e recursos naurais são mais susceíveis a virem ser subsiuídas por produos sinéicos, o que é um pono negaivo. A experiência hisórica chilena é exremamene emblemáica nese aspeco, pois aé a década de 1910, o país era o maior produor mundial de salire, insumo imporane na confecção da pólvora e adubos, porém, a descobera do salire sinéico em 1918 pôs um fim a essa aividade que dominava o Chile. Por ser uma economia exremamene dependene das exporações e inserida profundamene na dinâmica primário-exporadora (iso é, dedicava-se somene ao comércio de arigos básicos, e a procura inerna por bens indusrializados era suprida foremene pelas imporações), o país amargou uma grave recessão durane os anos Desconsiderando os impacos negaivos inerenes ao grau de aberura econômica do Chile daquela época, noa-se que as exporações concenradas em bens primários são acompanhadas de maiores vulnerabilidades e 18

19 incerezas que aquelas em manufauras. Cabe comenar que muios produos primários são consiuídos de recursos não renováveis (minérios, essencialmene), o que implica ambém em maiores incerezas quano ao fuuro das aividades econômicas envolvidas na exploração de iens de al naureza. Esses argumenos básicos são acompanhados de dois arcabouços eóricos imporanes quano ao processo de ransformação esruural, os quais fornecem razões para as exporações de arigos primários serem pouco benéficas frene às manufauras: a deerioração dos ermos de roca de Raúl Prebisch e as ideias das disinas axas de crescimeno econômico de Nicholas Kaldor A deerioração dos ermos de roca de Raúl Prebisch Ao observar o comércio exerior de sua erra naal no período de 1876 a 1945, Raúl Prebisch, um renomado economisa argenino, passou a quesionar as razões para a necessidade cada vez maior de exporações de bens primários (rigo, carne) a fim de saisfazer a imporação de bens indusrializados finais (ecidos, calçados). A solução dese problema formulado pelo auor envolveu a consrução de um marco eórico que esabelecia uma suposição imporane referene à divisão da economia mundial: há no mundo as chamadas economias cenrais, as quais são especializadas na produção e exporação de manufauras (desde sapao aé navios) e responsáveis pela propagação do progresso ecnológico que aingia as economias periféricas; exisem as economias periféricas, as quais se concenram nas exporações de maérias-primas (de bananas a cobre) às economias cenrais. Com esa axonomia enre cenrais e periferia, criaram-se os pressuposos de uma lógica que quesionava a ideia predominane de que os fruos do progresso écnico eram divididos equiaivamene enre as nações por meio do comércio exerior regido pela eoria das vanagens comparaivas 2. 2 A eoria das vanagens comparaivas foi formulada por David Ricardo na clássica obra Princípios de Economia Políica e Tribuação, e argumenava que se cada nação especializasse na exporação de bens nas quais possuíssem vanagens comparaivas, o bem-esar de cada nação seria maximizado. 19

20 Devido à educação do economisa argenino pela radição neoclássica das ciências econômicas, a explicação do raciocínio dele envolveu um vocabulário que remee a al radição, como no caso do progresso écnico 3 consiuir-se na melhoria da produividade por meio de maior incorporação de capial por rabalho ( K ). E ao L argumenar em orno de ermos como produividade e renda, o auor remee à suposição neoclássica 4 de que PmgL W P, logo os fruos do mencionado progresso seria a melhoria da produividade, e consequenemene, do salário 5. PREBISCH (1949) acrediava que essa parilha era feia de forma desigual devido às diferenças enre as esruuras econômicas dos países cenrais e periféricos, e para provar esse pono ele consruiu dois esquemas Os ermos de roca quando a renda é consane No primeiro esquema, supunha-se que a renda, a qual se raduz em salário real ( W ), não oscilava, e que nauralmene, os efeios do progresso écnico eram P maiores no cenro que na periferia ( K L P K L C ). Como consequência do progresso écnico, a produividade marginal do rabalho eleva-se ano na periferia quano no cenro. É deduzido que os conceios de renda ( W ) e produividade ( PMgL) eram P uilizados, respecivamene, como proxy para demanda ( D ) e ofera ( S ) de bens. E uma ressalva quano aos incremenos de produividade no rabalho é que a ransmissão desse incremeno originado nas economias cenrais à periferia ocorre por meio do comércio, já que o cenro demandará mais maérias-primas da periferia. W P C PmgL C E assim, P. D S, e como o cenro é especializado em manufauras, MANUFATURAS 3 Infere-se ambém que o progresso écnico pode ser compreendido como melhoria ou avanço ecnológico. 4 Problema de maximização de lucro. 5 Noa-se que a relação enre capial e rabalho, denro da lógica rabalhada por Raúl Prebisch, é complemenar, e não subsiuiva. 20

21 Quano aos países periféricos (exporadores de bens básicos), ambém ocorre aumeno da produividade, e consequenemene, a ofera supera a demanda, porém, como os efeios da produividade são menores na periferia que no cenro ( PmgL P PmgL C ), em-se: W P P PmgL P, logo P. BÁSICOS Em sínese, devido ao progresso écnico, a ofera nos países cenrais e periféricos superou a demanda (já que esa ficou esável), o que acarreou a queda nos preços dos bens, sendo que essa queda foi maior nos bens produzidos pelos cenrais, pois o progresso écnico neses foi maior (e consequenemene, a ofera cresceu com maior inensidade). Assim, ocorrem alerações nos ermos de roca (TT ) 6 a favor da periferia, pois a queda dos preços dos bens foi maior nas manufauras do que nos arigos primários ( P P ). MANUFATURAS BÁSICOS TT P P P BÁSICOS MANUFATURAS 7 Desaca-se que esse esquema envolvendo flechas não foi formulado por Prebisch (1949), e numa enaiva de faciliar o enendimeno das ideias dele (e numa possível formalização), o exo buscou expressar dessa maneira o que o auor escreveu Os ermos de roca quando a renda é variável No enano, a siuação inveria-se no segundo esquema o qual punha o criério de que a renda oscilava. O comporameno do preço dos bens exporados pelas economias cenrais é: 6 Em geral, o conceio de ermos de roca é definido por: (Preço dos bens exporados)/(preço dos bens imporados). 7 Saliena-se que em uma magniude maior que (o mesmo é dio quano ao inverso - ). 21

22 W P C PmgL C, logo, D S, e por isso, P MANUFATURAS. Los precios no han bajado conforme al progreso écnico, pues mienra, por un lado el coso endía a bajar, a causa del aumeno de la producividad, subían, por ora pare, los ingresos de los empresarios y de los facores producivos. Cuando el ascenso de los ingresos fue más inenso que el de la producividad, los precios subieron, en vez de bajar (PREBISCH, 1949, p. 483). E na periferia, ocorrem os mesmos efeios do progresso écnico, porém, devido ao fao de que os incremenos salariais serem menores na periferia do que no cenro W P C W P P, as alerações no preço da mercadoria produzida pela periferia são disinas, conforme é mosrado a seguir: W P P PmgL P, e assim, S D, e P BÁSICOS TT P P P BÁSICOS MANUFATURAS Diane do progresso écnico e supondo que há alerações na renda, noa-se que os fruos de al progresso não são ransferidos para a periferia, na qual esa sofre com a deerioração dos ermos de roca As razões para a deerioração dos ermos de roca Eses dois limiados esquemas aneriores revelam a críica de Raul Prebisch quano à eoria das vanagens comparaivas. Porém, há uma explicação imporane para fechar o pensameno desse economisa sobre a deerioração dos ermos de roca: o porquê das disinas oscilações de preços na periferia e cenro da economia mundial. 22

23 Argumena-se que em épocas de prosperidade, ano as economias cenrais quano as periféricas usufruem do aumeno de preço de seus produos, e em momenos de recessão, ambas as economias sofrem a queda de preço de seus produos de exporação. Quando há prosperidade econômica, os países cenrais desfruam de uma elevação dos preços menor em seus produos que a das economias periféricas. No enano, PREBISCH (1949) afirma que nos momenos de conração da aividade econômica, os preços dos arigos primários caem mais que os de manufauras, pois os rabalhadores dos países cenrais conseguem defender as melhorias salariais por meio de sindicaos, enquano que na periferia, os rabalhadores não oferecem resisência às pressões para a conração de seus salários, e dessa forma, a queda dos preços das maérias-primas é mais acenuado. Ou seja, o empresário do cenro, ao deparar-se com a impossibilidade de maner seus lucros por meio da redução salarial, pressiona a periferia econômica por um menor preço na aquisição da maéria-prima, que é aceio pelos empresários da periferia já que podem reduzir os salários dos rabalhadores. Em sínese, as manufauras possuem menor oscilação de seus preços do que os bens primários, e por isso, ao longo do empo, em meio aos ciclos econômicos, ocorre a deerioração dos ermos de roca para os exporadores de maérias-prima. Uma ressalva imporane quano ao pensameno de PREBISCH (1949) é que ese pressupôs que as maérias-primas, de forma geral, são mais susceíveis ao ciclo de preços da economia capialisa, porém, a análise específica sobre alguns produos revela disinas reações aos ciclos, como o peróleo (cujo preço é basane influenciado pelo carel da OPEP Organização dos Países Exporadores de Peróleo) e o minério de ferro (em que a exploração de al bem é decidida por poucas empresas, como a Vale S.A, o que confere um poder de mercado considerável sobre o produo, conforme é salienado por QUARESMA, 2001). Apesar disso, é imporane er em mene que arigos primários possuem essa vulnerabilidade quano a preços Ouras conribuições à ideia de Prebisch Ouro aspeco ineressane sobre a dinâmica cenro/periferia é uilizar os conceios rabalhados aqui para realizar uma inerpreação sobre a lei de Thirlwall. Anes de apresenar al inerpreação, apresena-se a dia lei, que uiliza uma 23

24 abordagem dinâmica do muliplicador de comércio exerior de Harrod a fim de esabelecer a condição de equilíbrio da balança de pagamenos para o crescimeno econômico de longo prazo. A lei Thirlwall lida com a suposição de que odo renda gerado na economia depende do comércio exerior. Y C OFERTA Y C M DEMANDA (1) M M my M e são imporações e exporações, respecivamene, enquano M e m, as imporações auônomas e o coeficiene de imporações. Condição de equilíbrio da balança de pagamenos: M Subsiuindo a condição de equilíbrio denro de (1): (2) M my (3) M Y ou m Y m M m Derivando (3) em relação a (4) Y 1 m 1 Mm Y 1 m (5) Y (6) m m M Y Ao considerar a condição de equilíbrio da balança de pagamenos, muliplicase o lado esquerdo e direio da equação (5), respecivamene, por Y e Y M. (7) y, x e Y M Y Y M (8) Y Y Y M M Y Y y x ou (9) são, respecivamene, o crescimeno da renda nacional, a axa de crescimeno das exporações e elasicidade-renda da demanda por imporações. Oura noação, por meio da (8) envolve a subsiuição de x por exporações, e o segundo, a renda inernacional. e Z, no qual o primeiro é a elasicidade-renda da demanda por y Z 24

25 As expressões (7) e (8) represenam a lei de Thirlwall 8, e esabelecem que o crescimeno da renda nacional eseja condicionado ao equilíbrio na balança de pagamenos (as imporações equiparando-se com as exporações), e ese marco eórico possui uma significaiva aderência com a visão de Raúl Prebisch sobre o comércio exerior ao analisar as elasicidades-renda disinas enre as economias periféricas e cenrais. Na periferia, a especialização das exporações em maériasprimas, cujos bens possuem uma baixa elasicidade-renda da demanda, é acompanhada pela imporação de manufauras dos países cenrais, as quais são mais elásicas que arigos primários. Siuação oposa observa-se nos países cenrais, os quais se vêem em uma posição mais favorável. Logo, ao supor a complea especialização do comércio exerior (e que há só dois países ), noa-se que as nações periféricas enfrenam maiores dificuldades em susenar um crescimeno econômico de longo prazo. O esquema abaixo demonsra como as disinas elasicidades raduzem-se em diferenes axas de crescimeno de acordo com a lei de Thirlwall: C Suponha que 0, 5, 1, 2, e y 0, 5 (9) C P C P y C 0,5(0,5) 1,2 0,5 1,2 P (10) y 0,2 0, 41 y y P C As expressões (9) e (10) indicam que a periferia, por possuir uma baixa elasicidade-renda das exporações em relação à das imporações, cresce a uma axa que responde a 41% do crescimeno no cenro da economia mundial (essa axa fica ao redor de 20%). O principal aspeco a ser depreendido dessa eoria é que a exporação de manufauras se mosra mais vanajosa frene à de bens básicos, pois eses produos possuem uma elasicidade-renda superior. Enreano, saliena-se, que dado o caráer cíclico da economia capialisa, seria mais lógico especializar-se em bens básicos, como rigo e café 9, os quais deêm menor sensibilidade da renda em relação à demanda, o que é mais vanajoso e seguro em momenos de recessão. 8 Saliena-se que al lei permie fundamenar o crescimeno focado na demanda exerna iso é o crescimeno via exporações (expor-led growh), cujas economias do lese asiáico seguiram (Coreia do Sul e Cingapura). 9 Noa-se que o consumo dessa espécie de alimenos só alcança um deerminado paamar conforme cresce a renda. 25

26 Porém, é preciso er cona que economias que assumem especializações dessa naureza não usufruem de odo poencial dos momenos de expansão da aividade econômica O pensameno de Nicholas Kaldor: a imporância das manufauras Nesa pare do esudo é realizada uma ligação das vanagens das exporações manufaureiras com as ideias de processo de desenvolvimeno econômico, compreendido como mudança esruural, iso é, a ransição de uma economia dominada pelas aividades agrárias para uma de pore indusrial 10. Os enunciados de Nicholas Kaldor são úeis no senido de observar onde as exporações fazem sua conribuição para o desenvolvimeno, no senido quaniaivo (simples crescimeno do produo), porém, abre a margem para ouras inerpreações. Durane a década de 1960, Nicholas Kaldor realizou em uma série de seminários a exposição dos moivos para as disinas axas de crescimeno das economias desenvolvidas capialisas (Esados Unidos, Europa Ocidenal, e em especial, a Grã-Breanha). Esses moivos, derivados de faos esilizados, ransformaram-se nas leis de crescimeno de Kaldor, cujo esudo presene deerá a aenção somene sobre quaro das see leis para mosrar como esas revelam a vanagem das manufauras denro do comércio inernacional. As demais raam sobre assunos referenes à alocação de mão de obra e as dicoomias enre seores de rendimenos crescenes e decrescenes, não que elas não sejam imporanes, mas denro do conexo do esudo raado aqui, elas não se mosram ão relevanes. A primeira lei refere-se à fore relação enre o crescimeno econômico e o crescimeno da indúsria, e por isso, quano maior o crescimeno da produção manufaureira, maior o crescimeno da economia. THIRLWALL (1983) já aponava que al ideia não era inédia, mas reflee o fao de que denro de uma economia capialisa moderna, a indúsria é o moor do crescimeno econômico. A segunda susena a exisência de uma correlação robusa enre o crescimeno da indúsria e a produividade do rabalho envolvido nesse ramo: quano maior a produção manufaureira, maior a produividade dos insumos nessa área. 10 Esa passagem do agrário para o indusrial é denominada na lieraura como a primeira fase de ransformação esruural concebida por Simon S. Kuznes; a segunda fase é marcada pela passagem da indúsria para o seor de serviços. 26

27 Essa segunda lei é geralmene descria como a regra de Verdoorn, que esabelece ambém a relação enre crescimeno da produividade com o crescimeno indusrial. A sexa lei afirma que o desenvolvimeno indusrial não é resringido pela ofera de mão-de-obra, mas inicialmene, é deerminado pela demanda das aividades agrícolas, e no final, pelas exporações. Nese aspeco é esclarecido o impaco da demanda exerna sobre o crescimeno: Expor demand is he major componen of auonomous demand in an open economy which mus mach he leakage of income ino impors (THIRLWALL, 1983, p. 346). Ou seja, o desempenho do produo indusrial, quando al seor é o moor do crescimeno da economia como um odo, dependerá dos ajuses nas conas exernas (exporações e imporações, basicamene). A úlima lei (que é basane perinene ao problema da naureza das exporações) indica que uma rápida axa de crescimeno das exporações do produo nacional pode aivar o processo de acumulação capialisa, iso é, induz ao ciclo viruoso do crescimeno aravés da conexão enre crescimeno da produividade e da renda nacional. Primeiramene, é percepível que essas proposições formuladas por Kaldor mosram que uma nação de core indusrial usufrui de uma série de benefícios (rendimenos de escala, ciclo viruoso) em ermos de crescimeno econômico. Uma forma de sineizar ais benefícios é inerprear que uma economia, cujo cenro dinâmico de seu crescimeno é a indúsria, erá o desempenho de sua renda nacional deerminado por faores (a principio) endógenos, ou seja, a produção e venda de bens de consumo gerará excedenes os quais serão converidos na aquisição de bens de capial (invesimeno), o que expandirá a produção, perpeuando assim, uma espécie de ciclo viruoso. Tendo em mene que esa dinâmica represena uma economia onde a indúsria é o moor do crescimeno, compreende-se o porquê da confecção de manufauras incorporar méodos produivos mais eficienes (rendimenos crescenes). Por fim, em um deerminado eságio do desenvolvimeno indusrial, a economia não possui mais uma demanda compaível com a considerável ofera de bens indusrializados, e dessa forma, a produção manufaureira é escoada para o mercado exerno. Por isso, a demanda exerna passa a er um papel fundamenal na fabricação de manufauras, e é esclarecido o porquê de quano mais rápido forem o rimo das exporações (e do produo) maior será o ciclo viruoso da economia. 27

28 Essa inerpreação das leis de Kaldor a qual mosra a manifesação dos benefícios da aividade indusrial considera o processo de desenvolvimeno 11 dos países de indusrialização radicional (França, Grã-Breanha), no enano, há ouras inerpreações as quais guardam cera relevância para os países em desenvolvimeno, sobreudo ao ressalar o papel das manufauras. Ao conexualizar ais proposições denro da imporância das exporações de manufaurados, pode-se fazer a seguine inerpreação da séima lei de Kaldor: como os bens indusrializados são doados de maior elasicidade-renda (e consequenemene, de maior agregação de valor), e ao supor que durane as fases de expansão econômica eleva-se o rimo das exporações (dada a imporância aribuída à demanda neses argumenos), inui-se que as exporações lideradas por manufauras responderão por uma maior velocidade das exporações durane os períodos de bonança, e dessa forma, maiores serão os impacos posiivos sobre o dinamismo da economia nacional ao fechar a ineração enre crescimeno da produividade e do produo (ciclo viruoso). Com a apresenação dessa inuição, não é desprezível noar a conexão das ideias de Kaldor com as de Thirlwall, pois se as exporações de produos indusrializados fornecem uma maior axa de crescimeno das exporações, o que gera maiores ganhos ao ciclo endógeno de crescimeno 12, na visão de Thirlwall, um maior x (em comparação com renda nacional. ) induz a axas maiores de A visão de FEIJÓ & LAMONICA (2011) corrobora essa análise sobre o papel das exporações de bens indusrializados denro da óica kaldoriana: Uma das conclusões relevanes a que Kaldor chegou foi a de que as exporações, em paricular de produos indusrializados, desempenham papel crucial no dinamismo das economias maduras de longo prazo (FEIJÓ, LAMONICA, 2011, p. 119). Logo, é perinene mencionar o rabalho de DA SILVA CATELA & PORCILE (2008), os quais buscam verificar se a composição das exporações influi sobre o rimo de crescimeno econômico. Os auores criam uma axonomia para as exporações, na qual é consiuída por aquelas de dinâmica schumpeeriana (de 11 A ideia de desenvolvimeno é enendida por Nicholas Kaldor aravés da ransição de uma economia imaura para uma madura. Iso é, quando uma economia é imaura, esa é permeada por um grande volume de faores produivos (rabalho) ao redor de aividades de rendimenos decrescenes (ou consanes), mas conforme há a ransferência desses recursos para seores de rendimenos crescenes (subende-se, a indúsria), essa economia ainge a mauração, ou seja, há a complea homogeneidade enre as aividades econômicas (odas são marcadas por rendimenos crescenes). 12 O conceio de ciclo de crescimeno endógeno no conexo das ideias de Kaldor é explorado por GALA E LIBANIO (2010). 28

29 seores de ala ecnologia) e keynesiana (que envolve iens, cuja demanda inernacional é superior à média ou seja, manufauras de média ou baixa ecnologia). A origem desa classificação remanesce no diálogo que os auores fazem com modelos que êm inspiração em Keynes e Schumpeer, nos quais as eorias de origem keynesiana sublinham o papel da demanda exerna no crescimeno e das disinas elasicidades-renda enre as exporações, ou seja, ais ideias em conexão com o crescimeno resringido pela balança de pagamenos, vide Thirlwall. Enquano aqueles inspirados em Schumpeer desacam o papel dos bens mais inensivos em ecnologia em alavancar o dinamismo ecnológico, além de impacar posiivamene sobre as axas macroeconômicas de aividade de longo prazo (DA SILVA CATELA, PORCILE, 2008). Logo, a especialização exerna em bens, que em conexão com esas duas ideias, é associada a maiores oporunidades no aumeno de produividade e compeição, e argumena-se ambém que as exporações pauadas pela eficiência Ricardiana (a simples ideia de vanagem comparaiva) não garanem que deerminadas especializações desemboquem em círculos viruosos no longo prazo. Por meio de esimadores de mínimos quadrados com painel de dados, o exercício empírico realizado pelos auores comprova que países, cujas exporações são mais concenradas nesas eficiências (shumpeeriana e keynesiana), experimenaram maiores axas de crescimeno econômico enre 1985 a Em sínese, supõe-se que o comércio inernacional de um país se for baseado mais em recursos naurais do que de manufauras não dispõe de anas possibilidades de crescimeno econômico. Ouro pono de visa ineressane sob a perspeciva hisórica é a análise do processo de indusrialização aravés da subsiuição de imporações da América Laina formulada por FFRENCH-DAVIS e al (2008). Na visão deses, uma das razões para o fracasso desse processo laino americano deve-se ao fao de algumas nações não erem se focado na exporação de manufauras, o que poderia de cera forma, er auxiliado em reduzir as fores pressões que a balança de pagamenos sofria pelo processo de indusrialização. Alguns países, como o Brasil e Argenina, lograram a formar uma imporane base de exporação em manufaurados, mas os demais não iveram a mesma sore. Enfim, o pono essencial das leis de Kaldor sobre a imporância de uma especialização do comércio exerior em manufauras, é que a exporação de iens dessa naureza induz a uma maior dinamização da aividade econômica, além de 29

30 ganhos de produividade (ganhos crescenes de escala) e inovação (surgimeno de novos produos, por exemplo) Ouros argumenos Há ouros argumenos que lidam com arcabouços eóricos diferenes, além de observar o problema das exporações de bens primários sob a óica hisórica, e a maioria apona as vulnerabilidades das exporações de bens desse ipo. LALL (2000) monou um quadro da esruura exporadora dos países desenvolvidos e em desenvolvimeno e apona que economias, cujas exporações concenram em iens maior coneúdo ecnológico possuem maior axa de crescimeno, ou seja, a especialização em manufauras é melhor. E diane de um cenário global significaivamene compeiivo é consaado que a maior agregação de ecnologia nos bens exporados depende de uma grande gama de esraégias as quais não podem ser confinadas à simples liberalização comercial. Firs, differen expor srucures have differen implicaions for growh and effecs on domesic indusrial developmen. Technology inensive srucures offer beer prospecs for fuure growh because heir producs end o grow faser in rade: hey end o be highly income elasic, creae new demand, and subsiue faser for older producs. This is why high echnology indusries wihin indusrial and semi-indusrial counries are growing faser han oher indusries. They also have greaer poenial for furher learning because hey offer more scope for applying new scienific knowledge (LALL, 2000, p.5). Essa abordagem sobre o grau de ecnologia inserida nas exporações induz à precaução de que a simples manufaura (calçados, êxeis), apesar de ser mais vanajosa que a venda de maérias-prima, não garane necessariamene maiores axas de crescimeno. Uma óica insiucional sobre as implicações do comércio especializado em arigos primários é de que países, cujas exporações esão mais baseadas em recursos naurais, endem a gerar resisências na modernização políica da sociedade e numa disribuição mais equiaiva da renda. No enano, BUSBY e al (2005) lida com a hipóese de que a exploração de um recurso naural e seu impaco sobre o desempenho insiucional do governo (iso é, se ese em esruuras políicas mais democráicas e livres) depende da forma como é explorado al recurso: seja 30

31 ese de maneira mais difusa (pecuária e agriculura familiar) ou concenrada (minérios, peróleo, agriculura de planaion). As razões para a exploração de recursos naurais do ipo mais concenradas (ou poin source, conforme os auores) enderem a gerar efeios negaivos para a modernização da sociedade é devido às propriedades concenradoras de renda desa forma de exploração; e além disso, ese ipo de esruura exporadora ende a criar conra-incenivos na indusrialização da economia, pois o governo, o qual aufere com os rendimenos dessa aividade, relua na criação de novas fones de poder (classe média, sindicaos operários, indusrialisas) inerenes à indusrialização (BUSBY e al, 2005). Apesar da exploração mais difusa de recursos naurais não mosrar evidências robusas de efeios sobre a naureza das insiuições, os auores afirmam que a esruura exporadora raz doações que moldam a esruura governamenal de um país, o que é percepível naqueles países cujas exporações dirigem-se mais às manufauras. Seguindo essa perspeciva, o arigo de SACHS & WARNER (1995) corrobora os efeios negaivos das exporações de bens básicos ao demonsrar empiricamene a relação inversa enre o baixo crescimeno e a ala doação de recursos numa economia. GYFALSON & ZOEGA (2002) ambém alcançam resulados semelhanes ao aponar que a relação enre abundância de recursos e invesimeno e poupança é inversa, o que conduz à conclusão de que a vanagem comparaiva em arigos primários não é benéfica para o desenvolvimeno. Desaca-se ambém que no ocane à diversificação das exporações, as manufauras oferecem maiores possibilidades de diversificação horizonal (criação de novos produos) que os bens básicos; e ao considerar que a diversificação da paua exporadora em efeios sobre o crescimeno econômico, conforme apona HERZER e NOWAK-LEHMANN (2006), pode-se supor que a diversificação horizonal de exporações manufaureiras conduz a um melhor desempenho econômico. CHAMI BATISTA (2004) forma uma axonomia para as exporações de bens baseados em recursos naurais, e realiza uma análise das exporações lainoamericanas (para os Esados Unidos) enre 1996 e 2002, a fim de verificar se a naureza delas em correlação com maior crescimeno. A axonomia proposa pelo auor divide os bens em diferenciáveis e homogêneos, logo na visão dese, os bens com cero grau de diferenciação deêm algum poder de mercado o que gera maior lucro e incenivos para essa diferenciação por meio do invesimeno em pesquisa e 31

32 desenvolvimeno (P&D); enquano que bens mais homogêneos (ou sem nenhuma diferenciação) são mais sujeios a seguir um mercado onde os agenes são omadores de preço, e por isso, não possuem incenivos para inovar devido aos baixos lucros (CHAMI BATISTA, 2004). Logo, exporações de arigos com maior diferenciação induz a maior dinamização e crescimeno econômico. O resulado é que durane o período analisado, os países que se especializaram em bens não baseados em recursos naurais iveram melhor desempenho econômico (Cosa Rica e México), enquano aqueles os quais se especializaram em bens inensivos em recursos naurais, somene aqueles países que apresenaram maior diferenciação para esses bens (vide Chile) foram mais bem sucedidos. Apesar da análise ser limiada pelo período, o desaque dessa pesquisa é aponar que apesar de geralmene os produos primários serem visos como commodiies, iso é, bens com alo grau de homogeneidade os quais são negociados em mercados organizados (por exemplo, o cobre é negociado na London Meal Exchange, onde decide-se o preço dele); há produos inensivos em recursos naurais que são caracerizados por maior diversificação, elasicidade-renda, e sofisicação dos hábios de consumo, como gasolina e manufauras láceas (queijo e doce de leie), os quais se configuram enre o meio ermo de produos básicos (commodiies) e bens indusrializados. Por isso, não se pode encarar qualquer iem baseado em recursos naurais como meros arigos primários (commodiies). Um conrapono imporane a ser poso é a possibilidade de inerpreação, sobreudo se for avaliada a lei de Thirlwall, de que o ideal seria seguir na área comercial uma esraégia de expor-led growh ao esilo dos países do lese asiáico, no enano, al inerpreação precisa ser seguida de alguma cauela. Primeiramene, é necessário considerar o argumeno da falácia da composição 13, defendida por BLECKER & RAZMI (2009), o qual refua a ideia de que esses emblemáicos exemplos de países exporadores de manufauras (Coreia do Sul, Cingapura, Taiwan, Hong Kong Tigres Asiáicos, China) podem ser seguidos por odos; pois esses exemplos siuaram-se no mercado de forma que não influenciaram os preços das manufauras (a suposição de small economy ), e por isso, iveram ano sucesso. Porém, se ouros países pensarem em seguir al esraégia de exporar 13 A falácia da composição consise em afirmar que caso um elemeno enha ido sucesso em algum assuno, e considerando que ese elemeno faz pare de um sisema, os demais elemenos desse sisema em específico podem er sucesso; o que não é necessariamene verdade. 32

33 manufauras às economias desenvolvidas, é possível que a auação conjuna deses influenciarem os preços dos bens exporados, iso é, a junção dessas economias induz ao comporameno de uma large economy (BLECKER, RAZMI, 2009). Logo, haveria muias economias subdesenvolvidas que não desfruariam das exporações de manufauras, sobreudo se observar que alguns bens indusrializados se comporariam como commodiies (como rigo e cobre). As evidências empíricas aponadas por esses auores cofirmam al hipóese. Apesar desse conrapono, saliena-se que a ideia defendida nese esudo não é advogar que a exporação de manufauras deva dominar a paua exporadora assim como os Tigres Asiáicos fizeram. A exporação de arigos primários esá sujeia a diversas vulnerabilidades, como a maior susceibilidade aos ciclos econômicos, porém, é necessário ponderar as esruuras econômicas de cada nação, como no caso das economias lainas americanas, onde se abundam as vanagens comparaivas em bens inensivos em recursos naurais. Opina-se que essas economias não devem renegar ais vanagens inerenes às commodiies, mas seria ideal se a paua exporadora delas não dependesse muio de bens básicos, de forma que eses não respondessem pela maior pare do oal. Iso caracerizaria uma poencial vulnerabilidade denro do comércio exerior, e por isso, defende-se que haja esforços no senido de que a composição das exporações dos países sul americanos enha uma paricipação mais expressiva das manufauras (incluindo aquelas inensivas em recursos naurais), a fim de ornar mais equilibrada a inserção exerna desses países Mensuração do conceio de vulnerabilidade Nese curo espaço, a pesquisa desaca alguns ponos a ser ressalada sobre o conceio de vulnerabilidade a ser raado, pois pode haver a inerpreação de que uma paua exporadora esá mais vulnerável caso esa eseja concenrada em um só produo. Logo, a vulnerabilidade esá ligada ao nível de diversificação das exporações. Porém, ese não é o caso abordado pela presene pesquisa, pois é conceiuado a vulnerabilidade de uma paua exporadora quando esa em sua paricipação concenrada em commodiies. Quano maior o espaço das manufauras (e menor dos arigos primários) denro da composição das exporações, menor é a vulnerabilidade desa de acordo com o arcabouço eórico rabalhado nese exo. E 33

34 para mensurar esse ipo de vulnerabilidade foi criado para as necessidades dessa pesquisa o índice VNB (em que VNB denoa vulnerabilidade ), em que é expresso pela simples fórmula: VNB BÁSICOS MANUFATURAS e BÁSICOS MANUFATURAS são, respecivamene, as exporações de bens básicos e de manufaurados (expressas em US$ milhões 14 ). A lógica que rege o VNB é exremamene simples: quano maior a exporação de bens básicos em relação à de manufauras, maior será o VNB. Logo, a inerpreação que se exrai de um VNB 1 é de uma paua exporadora equilibrada, pois em a mesma proporção de manufauras e bens básicos sobre o oal exporado, e caso ese valor seja superior a 1, é esclarecido que há uma maior paricipação dos arigos primários no comércio exerior de um país; por exemplo, um VNB de 50 revela que mais de 80% das exporações são dominadas por bens básicos, enquano que há uma faixa diminua de manufauras (ao redor de 1%) desinada ao exerior. Uma ressalva imporane quano ao VNB é que ese lida somene com exremos na escala de agregação de valor e diferenciação, pois os iens baseados em recursos naurais os quais possuem algum grau de indusrialização (bebidas alcoólicas, papel, gasolina), não são capados pelo índice. 2.2 O IMPACTO DO CÂMBIO E DO PREÇO DE COMMODITIES SOBRE A ESTRUTURA DAS EPORTAÇÕES Nesa pare do esudo apresenam-se os possíveis faores que influenciam a composição das exporações divididas enre manufauras e bens básicos, nos quais se configura denro do problema raado, a axa de câmbio e o preço das commodiies. Com base neses dois faores, são apresenados argumenos que mosram o papel dos preços, preconizado principalmene pelo efeio Solper- Samuelson, em esimular o volume das exporações; enquano há ideias que lidam 14 O e o BÁSICOS MANUFATURAS ambém poderiam ser expressos como a paricipação dos bens básicos e manufaurados em relação ao oal exporado, mas o resulado é praicamene o mesmo. 34

35 com a possibilidade de uma axa adequada de câmbio influenciar a naureza das exporações, deerminando assim, a esruura do comércio exerior A influência dos preços A ideia de que os preços dos bens básicos podem deerminar a esruura das exporações remee ao argumeno das vanagens comparaivas, em que a economia especializa-se na confecção de ceros bens ao considerar ais vanagens, logo, uma deerminada aleração dos preços relaivos induz a economia a aprofundar-se na especialização na qual esá condicionada. Por exemplo: imagine um país, cujas exporações concenram-se em arigos agrícolas como bananas, e a especialização do comércio exerior dessa economia é aribuída à abundância de erras féreis e ao clima ropical; enão, se há o aumeno do preço da banana no mercado mundial, haverá um significaivo incenivo na produção dese, ou seja, o país seguirá de forma mais conundene as suas vanagens comparaivas na produção de bananas. Aravés desse argumeno que o presene esudo dialoga com o fao de que os preços de bens básicos afeam a composição do comércio exerior sul-americano, e nese conexo, são apresenadas as idéias de David Ricardo e o modelo Hecksher- Ohlin (H-O). Apesar das vanagens comparaivas serem basane lembradas pelo modelo H-O, é necessário mencionar a pioneira conribuição de David Ricardo, que na clássica obra Princípios de Economia Políica e Tribuação afirmou que um país, se quisesse desfruar de maior bem-esar denro do comércio inernacional, deveria considerar não as vanagens absoluas 15, mas as comparaivas. A lógica era susenada por uma série de pressuposos, cuja conexualização orna-os muio resriivos, porém, maném a coerência do argumeno (CARVALHO, LEITE DA SILVA, 2007): há dois ipos de produos na economia mundial: manufauras ( M ) e arigos primários ( ); 15 Anes disso, Adam Smih já havia argumenado que a especialização de uma economia devia pauar-se pela vanagem absolua, iso é, quando um país possui um cuso de oporunidade menor na produção de arigo enre as demais economias, ao conrário do conceio comparaivo, em que o cuso de oporunidade deve ser menor em relação aos demais iens que ese país fabrica. 35

36 a produção é decidida por um único insumo, o rabalho ( L ), que é usado na fabricação de qualquer iem; iso implica na formação da chamada froneira de possibilidades de produção (FPP ou PPF Producion Possibiliy Fronier), o que leva à seguine resrição: AL Q ALM QM L ; a produção e a ofera de mão de obra são consanes; reornos consanes de escala; as relações enre os países são de compeição perfeia (iso é, ausência de poder de mercado); a mão de obra dirige-se para o seor onde há melhor renumeração do rabalho, ou seja, há perfeia mobilidade dos faores enre as áreas P, M econômicas (mas não enre os países); dessa forma, W, M. A L(. M ) Enão, munida dessas suposições, a condição necessária para uma economia especializar-se na produção de um bem é: A A L LM sendo que A denoa a produividade do rabalho (horas para confeccionar al bem) em al seor, no qual M, é em arigos indusriais, e, em primários. O aserisco (*) indica o reso do mundo, enquano ausência dese, uma economia domésica, como o país especializado na exporação de bananas. A A * L * LM Uma forma de demonsrar a FPP, e especialização de uma economia oriunda de suas vanagens comparaivas, é aravés dessa simples ilusração: 36

37 GRÁFICO 5 FRONTEIRA DE POSSBILIDADE DE PRODUÇÃO PARA MANUFATURAS E BENS BÁSICOS FONTE: elaboração própria. NOTAS: Q e Q M são, respecivamene, as quanidades produzidas de bens básicos e L manufauras, as quais são condicionadas a Q, M. A, M É percepível que a manuenção dessa condição faz com que a economia domésica enha foco na produção de arigos primários, pois é muio menos cusoso (ou mais produivo) confeccionar ais iens em comparação com o reso do mundo, conferindo assim, a dia vanagem comparaiva. Consolidando essa lógica, as consequências dessa condição é que o rabalho será deslocado para o seor onde remanesce o menor cuso de oporunidade (e o maior salário), e assim, a economia produzirá mais arigos básicos que manufauras. Um aspeco ineressane sobre o modelo ricardiano de comércio inernacional é permiir a denoação do progresso ecnológico, o que conduz à inerpreação de que as diferenças de produividade são deerminadas pelas disinções ecnológicas. Enão, quano melhor for a ecnologia (mais produiva) na fabricação de um cero bem, o seor dese apresenará melhor salários relaivos, o que leva à lógica de deslocameno de insumos já mencionada. Ao seguir o argumeno das vanagens comparaivas, o modelo Hecksher- Ohlin inova por acrescenar dois pressuposos imporanes ao modelo ricardiano: a exisência de mais de um insumo (dois geralmene), e cada bem em sua produção inensiva em um deerminado insumo. Para ornar esses pressuposos mais claros, aenha-se ao exemplo anerior em que há dois ipos de bens, manufauras ( M ) e 37

38 básicos ( ), e dois ipos de insumos, rabalho ( L ) e capial ( K ). A fabricação de manufauras é capial inensivo, enquano, a geração de bens básicos é inensiva em rabalho; e consa-se que a renumeração de L é o salário (W ), e de K, a axa de aluguel ( r ). Assim, ao considerar que o país domésico (novamene, imagine o caso do país exporador de bananas) em uma doação de rabalho maior que o reso do mundo, ese se especializará na produção de arigos primários, enquano que a economia do reso do mundo por possuir maior doação de capial erá suas exporações focadas nas manufauras. Assim, repee-se a lógica de que a economia domésica erá sua esruura exporadora concenrada nos bens básicos, graças a deerminadas peculiaridades desa. A apresenação gráfica 16 disso é feia a seguir: GRÁFICO 6 FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO SEM SUBSTITUIBILIDADE DOS FATORES FONTE: elaboração própria. A pressuposição de faores não subsiuos gera duas resrições de capial e rabalho, e deixa ransparecida aravés da grossa linha curvada a froneira de possibilidade de produção, a qual indica que o maior cuso de oporunidade nesa 16 A ilusração é acompanhada das resrições de rabalho e capial (os quais são escassos), cujas formas algébricas são as seguines: AK Q AKM QM K e AL Q ALM QM L. 38

39 economia esá no seor de manufauras. Oura abordagem da apresenação gráfica (e do modelo Hecksher-Ohlin) é permiir a subsiuição enre os insumos, o que implica no desenho da simples curva que indica ambém o menor cuso de oporunidade dos arigos básicos: GRÁFICO 7 FRONTEIRA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO COM SUBSTITUIÇÃO DE FATORES FONTE: elaboração própria. Noa-se uma diferença do modelo H-O em relação ao modelo ricardiano: as diferenças produivas são aribuídas à doação relaiva de faores (rabalho, capial físico, erra), e não à ecnologia. Além disso, devido à ideia da doação de recursos, ouro desaque desse modelo é permiir reornos decrescenes de escala, pois conforme os faores (capial, rabalho) deslocam-se para o seor com menor cuso de oporunidade, maior será a necessidade de absorver faores para maner o nível de produividade consane; uma compreensão dos rendimenos decrescenes na geração de arigos básicos, como banana, por exemplo, deve-se ao deslocameno do rabalho para o seor que melhor renumera, e iso leva à absorção de uma mão de obra pouco apa para ese ipo de aividade (jusamene por ser basane braçal, por exemplo). O aspeco mais imporane do modelo H-O denro do problema raado nese esudo é o efeio Solper-Samuelson, no qual o aumeno do preço relaivo de um 39

40 enre dois bens eleva a renumeração do faor que é empregado mais inensivamene na produção do dio bem, e assim, aumena a fabricação do iem favorecido pelo aumeno relaivo dos preços, enquano o ouro bem em sua produção encolhida. Por exemplo, se aumena o preço dos bens básicos em relação à das manufauras, a renumeração do rabalho (faor mais inensivo na produção de al bem) vai aumenar no país domésico, e isso deslocará a mão de obra do seor de manufauras em direção a de arigos básicos, e assim, a produção desse bem vai aumenar em derimeno do ouro. A figura abaixo demonsra claramene esse raciocínio. GRÁFICO 8 EFEITO STOLPER-SAMUELSON FONTE: elaboração própria. NOTAS: o e denoa o preço relaivo enre os bens básicos e as manufauras E e e'. P P M. Observa-se que quando os preços relaivos pendem a favor dos bens primários, a produção ambém é direcionada para esse ipo de bem, e consequenemene, há a conração da produção de manufauras. O porquê dessa especialização em orno desse seor deve-se ao deslocameno de recursos (e recorda-se que o recurso em que produção de bens básicos é inensiva, é a mão de 40

41 obra) do seor manufaureiro para o de bens básicos devido aos maiores salários oferecidos por esse seor. Uma forma limiada de conexualizar o mencionado efeio é observar o comporameno dos preços e da produção de um bem inserido num mercado exremamene compeiivo: o café. GRÁFICO 9 A EVOLUÇÃO DO VOLUME EPORTADO E DOS PREÇOS DO CAFÉ NA COLÔMBIA FONTE: UNCTAD (2012) e BADECEL (2012). Apesar de não mosrar o efeio sobre a composição das exporações, é percepível que o volume produzido e exporado acompanha a oscilação dos preços do café, corroborando assim, a ideia de que o efeio Solper-Samuelson pode agir sobre a esruura das exporações ao esimular a produção de um bem (café), cuja economia, como a colombiana, em vanagens comparaivas. Porano, o efeio que a elevação dos preços de maérias-primas pode er sobre a composição das exporações sul-americanas, as quais são caracerizadas pela fore presença de recursos naurais, é razer um grande incenivo sobre a esruura exporadora, de forma que a economia concenre-se em suas vanagens comparaivas; em sínese, quano maior o preço das commodiies, maior será a endência de aumenar a paricipação dos arigos básicos na paua exporadora. 41

42 2.2.2 O papel do câmbio na especialização das exporações Desare as vanagens comparaivas oferecerem uma explicação razoável para a especialização do comércio exerior de uma economia, é imporane aenarse a ouros elemenos, especialmene para aqueles que esclarecem as forças que esimulam uma deerminada economia a avançar em ouras aividades econômicas fora a radicional. Como ese inuio, é ineressane observar o rabalho de HAUSMANN e al (2005), os quais mosram que as vanagens comparaivas são imporanes, mas não preponderanes para deerminar os padrões de especialização da produção (e da exporação) de ceros iens. Nese arigo, os auores rabalham com a lógica das froneiras de possibilidade de produção e argumenam que não são somene as doações iniciais de recursos (ecnologia, mão-de-obra, capial, clima) que deerminam o padrão de especialização, mas ambém a quanidade de empreendedores disposos a enfrenar os cusos de descobera (inerene à incereza e ao avanço na curva de aprendizagem de explorar a fabricação de um novo produo) ao adenrar em seores novos e modernos da economia. O cenário conemplado por HAUSMANN e al (2005) mosra que os empreendedores bem sucedidos em explorar novas aividades geram exernalidades posiivas em oda economia ao socializar os cusos de descobera de al aividade. Logo, quano maior o número de empreendedores disposos a se avenurar em seores modernos, maior a possibilidade da economia de expandir a froneira de possibilidades de produção. Esa conribuição é úil no senido de aponar que as vanagens comparaivas deixam escapar muios elemenos imporanes na formação da naureza das esruuras exporadoras. E denro desa linha de pensameno pode-se apresenar uma abordagem que lida com a influência da axa de câmbio sobre os padrões de especialização de uma economia. Enreano, é preciso salienar que há muios rabalhos envolvendo o impaco cambial sobre a esruura econômica e o crescimeno, e não especificamene sobre a composição das exporações, mas ais assunos esão associados. Uma abordagem disina da lei de Thirlwall, a qual envolve elemenos, como o câmbio, ambém indica a não neuralidade desa variável macroeconômica sobre o crescimeno de longo prazo. Conforme THIRLWALL (1982): 42

43 Os pressuposos: (1) Pf e Pd ; (2) Z Pd Pf e M ; (3) y Pd M Pf e - exporações M - imporações Pf - preços exernos Pd - preços inernos e - axa de câmbio (quanidade de moeda domésica por unidade de esrangeira coação do incero) Z - renda exerna y - renda domésica - elasicidade-preço das exporações - elasicidade-renda das exporações - elasicidade-preço das imporações - elasicidade-renda das imporações Ao converer as variáveis em logarimo naural e, ao derivá-las em relação ao empo, elas são ransformadas em axa de crescimeno 17. Após essa ransformação, subsiui-se (1) e (2) na equação (3). (4) ( pf e pd) z pd ( pd pf e) y e pf Ao rearranjar os ermos (isolando y ), em-se: (5) y ( 1)( pf e pd) z 17 Exemplo com : ln (ln Pf ln e ln Pd ) ln Z. Derivado em relação ao empo: ln (ln Pf Pf ln e e Pd ln Pd ) ln Z Z. Enão: ( Pf e Pd ) Z Pf e Pd Z x ( pf e pd) z. 43

44 A expressão (5) 18 mosra que diane das condições de Marshall-Lerner 19 serem posiivas, o câmbio em a capacidade de elevar o crescimeno da renda por meio de um crescimeno da perda de valor da moeda domésica. Essa lógica corrobora as verificações empíricas enconradas pelos esudiosos ciados. Ese efeio do câmbio sobre o crescimeno de longo prazo (resringido pelo equilíbrio da balança de pagamenos) da economia, aravés da lei de Thirlwall, pode ambém sugerir uma inerpreação de al efeio sobre a esruura de comércio exerior de um país, conforme corroboram GALA e LIBANIO (2010). Enão, denro dese conexo, uma axa de câmbio mais compeiiva auxilia no aumeno e redução, respecivamene, da elasicidade-renda das exporações e imporações. Uma políica cambial adequada pode ajudar a esimular o seor de bens comercializáveis não radicionais da economia, especialmene o de manufauras para exporação (GALA, LIBANIO, 2010, p. 13). Esclarece-se que nesa inerpreação, a elasicidaderenda das exporações ende a aumenar devido ao esímulo que o câmbio desvalorizado oferece à produção manufauras, os quais esas endem a apresenar elasicidades-renda maiores do que bens com baixo valor agregado. Oura conribuição de GALA e LIBANIO (2010) refere-se aos esímulos que uma deerminada axa de câmbio abre para o crescimeno econômico, ao demonsrar por meio de um modelo de inspiração kaldoriana, na qual é sineizada pela seguine expressão: (6) Onde y é o crescimeno da renda domésica; ra é a axa auônoma de crescimeno da produividade; pf é o preço exerno; z é a renda inernacional; é a elasicidade-renda das exporações. GALA e LIBANIO (2010) afirmam que há duas inerpreações para a equação (6), as quais conseguem razer a conexão necessária para enender o impaco do 18 Esse modelo é disino do apresenado no começo desse rabalho, por raar-se de uma abordagem capaz de capar os efeios dos fluxos de capiais na lógica de crescimeno resringido pelas condições exernas. 19 A condição de Marshall-Lerner refere-se à diferença das elasicidades-câmbio exporação e imporação ( M 1), as quais esas devem ser superiores a 1 para que prevaleça o efeio posiivo da desvalorização cambial sobre a balança comercial (as exporações serem superiores às imporações). Uma pare da expressão (5), a ( 1) pode ser enendida como uma condição de Marshall-Lerner. 44

45 câmbio nesse modelo condicionada à demanda exerna. A primeira refere-se ao choque necessário que o câmbio subvalorizado pode razer para aivar as exporações, e assim, iniciar o ciclo viruoso implício no modelo (6); impulsiona-se a fabricação de manufauras, as quais elevam, e por seguine o r a, já que ais produos exigem uma produividade maior, e dessa forma, desloca posiivamene o paamar de crescimeno. A segunda esá ligada à suposição (inspirada em Nicholas Kaldor) de que a indúsria é a engrenagem do crescimeno, e se um câmbio depreciado aiva o crescimeno (e o ciclo), logo foralecerá a indúsria, e consequenemene, responderá pela especialização das exporações em bens indusrializados (GALA, LIBANIO, 2010). MISSIO e OLIVEIRA (2011) realizaram uma sínese de como uma axa de câmbio desvalorizada esá geralmene acompanhada de processos significaivos de crescimeno econômico. Um dos argumenos uilizados é que uma axa de câmbio adequada, iso é, esabelecida num nível desvalorizado, favorece a execução de invesimeno (aquisição de capial físico): (...) uma desvalorização aumena a poupança agregada da economia, basa para iso que os capialisas enham maior propensão a poupar do que os rabalhadores. Nesse caso, aumena a disponibilidade de fundos capaz de financiar os invesimenos (funding). Além disso, diane de falhas de mercado, falhas insiucionais e incompleudes conrauais, uma desvalorização do câmbio real, ao aumenar a lucraividade no seor de radables, ende a aliviar os cusos dessas disorções (MISSIO, OLIVEIRA, 2012, p. 3). Ese raciocínio pós-keynesiano invere a lógica de que o invesimeno é mais facilmene realizado diane da apreciação cambial, pois baraeia a imporação de máquinas e equipamenos. Uma críica conundene a esse argumeno póskeynesiano é dada pelo rabalho de TADEU LIMA e PORCILE (2008), em que se afirma que um dos principais problemas das depreciações cambiais gira em orno da disribuição de renda, pois desloca esa a favor dos capialisas, já que deeriora os ganhos reais dos rabalhadores (a inflação aumena como resulado da perda de valor da moeda). A conclusão de MISSIO e OLIVEIRA (2011), por meio de esimadores economéricos de dados em painel (o que envolve ano mínimos quadrados quano 45

46 méodo generalizado dos momenos), é que de fao a depreciação cambial favorece o crescimeno do PIB, o que consolida os resulados de RODRIK (2008); além disso, os auores realizam eses sobre o efeio da depreciação cambial na esruura produiva (que é sineizado por um índice que capa a presença dos bens de alo coneúdo ecnológico no comércio exerior exporação e imporação - de cada país), e afirmam que a relação é posiiva. A ideia de que a axa de câmbio em uma significaiva conribuição qualiaiva e quaniaiva sobre o crescimeno econômico é corroborado por CUNHA e WEISS (2011): Uma axa de câmbio compeiiva conribui para o seor manufaureiro por elevar os preços dos seores de bens comercializáveis relaivamene aos não comercializáveis, e as manufauras, especialmene as não radicionais, enconram-se, basicamene, no primeiro seor. Assim, haveria esímulo para a alocação dos rabalhadores em um seor mais produivo da economia e com reornos crescenes, podendo elevar o padrão ecnológico do país, devido ao progressivo acúmulo ecnológico (com maiores spillovers das empresas manufaureiras) e ao learning by doing (CUNHA, WEISS, 2011, p. 439). No enano, BLECKER & RAZMI (2007) apresenam uma opinião divergene ao argumenar quano à possibilidade de efeios conracionários de curo prazo sobre o crescimeno dos países em desenvolvimeno que a desvalorização da axa de câmbio (em relação aos países desenvolvidos, como moeda domésica/dólar americano, por exemplo) pode provocar. A lógica deriva do fao de que muias economias em desenvolvimeno são imporadoras líquidas de poupança exerna, ou seja, em expressivos débios em moeda esrangeira, e uma depreciação cambial pode aumenar o serviço da dívida, impacando assim, no rimo de desenvolvimeno (resrição na balança de pagamenos). Oura possibilidade levanada pelo auor é que as desvalorizações cambiais as quais levanam efeios posiivos sobre o crescimeno decorrem dos valores das moedas enre países em desenvolvimeno, iso é, a axa de câmbio de um país em desenvolvimeno conra a de ouro país de mesma naureza (o real brasileiro em relação ao peso chileno, por exemplo). Iso decorre do fao de que há uma compeição acirrada enre as economias emergenes quano a exporar manufauras para os mercados consumidores de bens indusrializados (Europa e Esados Unidos), e diane disso, o baixo valor da moeda auxilia na manuenção da compeiividade frene aos demais. 46

47 As evidências enconradas por BLECKER & RAZMI (2007) aravés da economeria (MMG Méodo dos Momenos Generalizados e mínimos quadrados sobre dados de painel) sugerem que ais hipóeses são válidas, e por isso, deve-se aenar sobre as relações comerciais de países com disinas esruuras produivas, e er a precaução de não encarar a depreciação da moeda domésica como uma panacéia. Na quesão específica da esruura do comércio exerior, um argumeno imporane para o problema raado nese esudo é o de FREUND & PIEROLA (2008), as quais sugerem que uma moeda domésica depreciada é precedida por um rápido crescimeno das exporações, o que conribui para o processo acelerado de crescimeno econômico. Apesar de consisir numa ideia básica (desvalorizações cambiais auxiliam as exporações), as auoras focam-se em verificar os efeios que o câmbio em sobre as exporações de manufauras, já que afirmam que as demais exporações, especialmene a de commodiies, são mais susceíveis aos ciclos de preços. Delimiada quais ipos de exporações, o rabalho sugere que o valor da moeda domésica em o poencial de gerar suros de exporações (quando as exporações crescem a uma axa acima de 6% durane 7 anos) ao proporcionar rês condições favoráveis: baraeia os bens domésicos no exerior, gera enradas para novos mercados e orna mais lucraiva a exploração de novos produos, e por úlimo, reduz a possibilidade de falhar na inserção de um novo bem ou de enconrar um novo mercado (FREUND, PIEROLA, 2008). Os resulados da verificação empírica realizada conduzem à conclusão 20 de que uma depreciação ao redor de 20% da moeda (acompanhada de reduzida volailidade cambial) de países em desenvolvimeno é acompanhada de crescimeno susenado das exporações, as quais há efeios sobre a margem inensiva e exensiva (novos mercado e produos). Oura evidência empírica é aponada por ELBADAWI (1998), que faz uso de dados em painel de 60 países 21 em desenvolvimeno (América Laina, Lese Asiáico) para verificar a relação enre a axa de câmbio real e o desempenho das exporações não-radicionais, iso é, aquelas exporações que não se enquadram nas vanagens comparaivas do país (em muios casos manufauras). O auor 20 É ineressane o comenário dos auores quano a afirmar que o rabalho deles, aliado ao esudo de HAUSMANN e al (2005), revela o papel relevane do câmbio compeiivo. 21 As evidências empíricas enconradas pelo auor devem-se à esimação por mínimos quadrados ordinários de um painel de 60 países com dois períodos, 1989/1990 e 1994/1995, o que envolve regressões de 120 observações. 47

48 decompõe o efeio cambial em dois, desalinhameno (como sinal de desvalorização) e volailidade (proxy para insabilidade macroeconômica), e consaa que o câmbio é significaivo para o crescimeno de exporações dessa naureza, enreano, afirma que se o câmbio não esá sobreapreciado, é irrelevane o nível dele sobre o desempenho de ais exporações. É imporane ressalar sobre o rabalho que no caso do desalinhameno cambial, há uma relação posiiva enre ese e a paricipação das exporações não radicionais em relação ao PIB, enquano a volailidade cambial fornece provas de que é danosa para o crescimeno dese ipo de exporação. No enano, um rabalho exremamene relevane em relação ao efeio da axa de câmbio sobre a composição da paua exporadora é o de CIMOLI e al (2011), que mona um arcabouço eórico baseado na lógica do modelo ricardiano (iso é, um insumo e uma ecnologia) a fim de revelar o impaco do valor da moeda sobre a naureza das exporações: P W (7) C W e P N C N Z (8) N N (9) Z,1,..., n 0 Z (10) 1 q W W C P e W são os salários nominais, enquano é produividade do rabalhador (em ermos de quanas unidades de bem são feias em uma hora), e eses dois iens esão presenes ano em países cenrais (C ) quano periféricos ( P ). N é um cero bem produzido, cujo coneúdo ecnológico é diado pelo seor Z, em que o seor de menor inensidade ecnológica (pode-se pensar em bens básicos) é Z 0, e logo, N 1. E q é o inverso da axa de câmbio real baseada em salários, enquano e é a axa de câmbio nominal (unidades de moeda domésica para uma moeda esrangeira). A expressão (7) denoa a condição necessária para que a economia periférica possa produzir um bem N, cujo coneúdo ecnológico esá ligado a Z, o qual indica o seor produivo das economias periféricas e cenrais. Nauramene, a dedução que acompanha é que quano maior for a produividade em relação ao nível de salário, maior a possibilidade de explorar al seor devido à lucraividade. E quano maior Z, maior é quanidade de seores que a economia explora, ou seja, esa é mais diversificada. A inerpreação que se absorve é que a desvalorização do câmbio auxilia na manuenção da desigualdade perperada pela equação (7), auxiliando assim, esa economia a explorar a aividade de al seor. Enão, ao levar em cona a consância da produividade e dos salários (e desconsiderando o cuso de descobera evidenciado por HAUSMANN e al, 2005), as economias periféricas (como a do 48

49 Equador, por exemplo) erão a oporunidade de explorar novos seores com coneúdos ecnológicos maiores (manufauras) se esas esimularem depreciações cambiais. Conforme a ilusração abaixo evidencia com a ajuda da equação (10): GRÁFICO 10 ESPECIALIZAÇÃO E TAA DE CÂMBIO REAL FONTE: CIMOLI e al, Desaca-se que a curva inferior represena os países do Nore, iso é, os países cenrais, já que a economia deses dispõe de mais seores, e que a desvalorização cambial impaca ano na periferia quano no cenro ao expandir as oporunidades das economias explorarem novos seores (deslocando o Z de 1 para 2, no caso do Sul). Enfim, a maioria dessas eorias conduz à lógica de que a (des)valorização cambial em efeios posiivos (negaivos) sobre as esruuras de comércio exerior das economias subdesenvolvidas, ao (des)esimular a exporação de arigos além dos radicionais, o que seria no caso sul americano, os bens indusrializados. Enreano, é necessário considerar a possibilidade da apreciação cambial possuir efeios posiivos sobre a paua exporadora ao auxiliar o seor indusrial. O argumeno chave no qual se siua o benefício da valorização da moeda domésica deve-se à condição de haver grande presença de insumos imporados na produção e exporação de manufauras, que caso seja preenchida, explica porque a apreciação do câmbio mosra-se benéfica pois baraeia as imporações de insumos e esimula a indúsria a elevar o volume das exporações. Além disso, cabe comenar que as imporações faciliam a absorção de ecnologias avançadas oriundas das economias desenvolvidas, o que é imporane para o processo de desenvolvimeno. 49

50 Um rabalho ineressane nesse aspeco é o de AHMED (2009) que avalia o impaco da valorização da moeda chinesa sobre as exporações, no enano, ese divide as exporações (as quais são consiuídas em sua maioria de bens indusrializados finais) enre processadas (que uilizam insumo imporados) e não processadas. O auor conclui aravés de eses empíricos que o crescimeno das exporações em geral é prejudicado pela baixa axa de câmbio; porém, a valorização da moeda chinesa frene às moedas dos parceiros comerciais do lese asiáico (que fornecem muias peças e equipamenos à China) produz um efeio posiivo (mas não muio significane) sobre as exporações de bens processados, enquano que sobre bens não processados, a reação é negaiva e significaiva (AHMED, 2009). O esudo de ABEYSINGHE & YEOK (1998), conecado ambém à realidade asiáica, avalia o impaco das variações cambiais sobre a compeiividade das exporações de Cingapura, ao relevar sobre o grau de coneúdo imporado nos bens (indusrializados) produzidos e vendidos ao exerior. Os auores concluem que o impaco derivado da valorização cambial não afea de forma negaiva as exporações de bens devido à significaiva presença de insumos imporados na confecção desses bens. DOGRUEL e al. (2009) ambém desaca o efeio amorecedor da valorização da moeda na compeiividade das exporações manufaureiras urcas, pois ese argumena que ais exporações fazem ambém uso de muios insumos imporados. Além disso, são salienados por esses economisas os ganhos de produividade nas exporações de bens indusrializados, decorrene da dependência de insumos imporados. GUERGUIL & KAUFMAN (1998) realizam a análise de um país com a realidade mais próxima dese presene esudo ao invesigar o comporameno da economia chilena, a qual vivenciou durane os anos 1990 uma significaiva apreciação cambial. Um dos focos dos auores foi observar o desempenho da composição do comércio exerior chileno, e uma das conclusões deses é que as exporações de manufauras souberam lidar com a valorização real do peso chileno, porém, há uma imporane ressalva deses quano a essa siuação: Noneheless, a furher real appreciaion could become problemaic since inra-firm produciviy gains are likely o face decreasing reurns, and facor inensiy adjusmens oward capial inensive echnologies have limis (GUERGUIL, KAUFMAN, 1998, p. 14). Ou seja, a apreciação cambial como mecanismo de esímulo às exporações de bens indusrializados em imporanes limiações. 50

51 Enfim, é esclarecido que a axa de câmbio em um papel não desprezível no desempenho da economia, sobreudo no aspeco qualiaivo, ao agir especificamene sobre a especialização em orno das exporações de bens indusrializados 22. Além do benefício da desvalorização da moeda, há sob deerminadas condições, o esímulo da apreciação cambial em elevar a exporações de manufauras. Logo, são conrasados dois efeios sobre a paua exporadora: se os preços de commodiies aumenam, possivelmene eleva a paricipação dos bens básicos no oal exporado; enquano que as variações do câmbio real possivelmene esimulam as exporações de manufauras, e consequenemene, expandem a paricipação desse ipo de iem na paua exporadora. E com iso em mene, busca-se pôr à prova qual deses faores foi mais imporane para decidir a composição das exporações para a América do Sul enre 1970 e METODOLOGIA 3.1 DESCRIÇÃO E CONSTRUÇÃO DAS VARIÁVEIS Viso os benefícios da exporação de manufauras (e as desvanagens das de bens básicos), e os possíveis efeios que o câmbio e o preço de commodiies êm sobre a paua exporadora de uma nação, pode-se explicar a consrução empírica que possibiliará esar as hipóeses desse esudo. É salienado que será feio o uso de economeria a fim adquirir a evidência necessária para cumprir o objeivo proposo, mas nese segmeno do rabalho será feia uma descrição das variáveis e como esas serão posicionadas no senido de adequar-se ao esudo O índice de vulnerabilidade do comércio exerior: o VNB Primeiramene, afirma-se que a amosra de países que o rabalho engloba são os 10 países da América do Sul: Argenina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, 22 A axa de câmbio pode er feio ambém sobre as exporações de arigos primários ao elevar a lucraividade de al aividade, porém, desaca-se que as exporações dessa naureza são mais dirigidas pelos ciclos de preços. 51

52 Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, e Venezuela. Países, como Suriname e Guiana, não esão incluídos, por se raarem de colônias e/ou de possuírem baixa represenaividade econômica denro da região. O período da amosra colhida abrange de 1970 a Delimiados os países e o período da análise, foi necessário pensar numa proxy para mensurar a vulnerabilidade da paua exporadora deses, e deixa-se claro que a noção de vulnerabilidade é regida pela ideia de uma maior paricipação dos produos básicos na composição das exporações. Nese senido, foi formulada uma simples razão enre as exporações de bens básicos e manufaurados, o índice VNB. VNB BÁSICOS MANUFATURAS É esclarecido que o VNB denoa vulnerabilidade e que as exporações capadas são desinadas às economias com maior represenaividade no comércio inernacional nos úlimos anos, o que seria a China e a Índia, e os países da OCDE 23 (Organização para a Cooperação e Desenvolvimeno Econômico), exceo Chile, México e Turquia. As exporações são mensuradas por valor em US$ milhões. Desaca-se que a axonomia enre manufauras e bens básicos é inspirada na SITC (Sandard Inernaional Trade Classificaion) revisão 2, em que há uma grande divisão do coneúdo ecnológico 24 de cada bem ransacionado, porém, há dois obsáculos a serem ransposos: o presene rabalho somene quer delimiar a diferença enre manufauras e bens básicos, iso é, dois exremos no processo de agregação de valor; porém, deve haver uma precaução de que há iens baseados em recursos naurais os quais possuem um nível de diferenciação que não permiem ser configurados como commodiies, e além disso, ceros bens, como alumínio e esanho, em uma agregação de valor que os coloca como iens inensivos 23 Esados Unidos, Canadá, Ausrália, Coreia do Sul, Eslovênia, Hungria, Islândia, Nova Zelândia, República Tcheca, Noruega, Israel, Polônia, Esônia, Japão, Finlândia, República da Eslovênia, França, Alemanha, Bélgica-Luxemburgo, Áusria, Espanha, Grécia, Suécia, Holanda, Suíça, Irlanda, Reino Unido, Dinamarca, Iália e Porugal. 24 Cabe comenar que o rabalho de LALL (2000) serviu de base para criar a SITC revisão 2. 52

53 em recursos naurais, ao invés de bens básicos, apesar de serem considerados commodiies; por isso, a axonomia usada no exo conceiua iens negociados no mercado de commodiies como bens básicos; as manufauras não apresenarão diferença ecnológica, iso é, ano bens indusrializados de baixa, média e ala ecnologia serão agrupados na classe de manufauras; quano a bens como chocolae, maneiga e açúcar, eses não são incluídos no índice VNB por raarem de arigos inensivos em recursos naurais com maior grau de diferenciação, ou seja, não são bens primários e nem manufauras; ouro problema refere-se ao fao de que a SITC revisão 2 exibir dados para a América Laina que em geral abrangem o período de 1980 a 2010 (e muias vezes, de 1986 a 2010), o que proporciona em média 30 observações, e iso é exremamene limiado em ermos economéricos; por isso, o rabalho adapa a base de dados da revisão 1, cuja abrangência é de 1970 a 2010 (40 observações), na axonomia do SITC revisão 2, a fim de reproduzir uma amosra maior. Esses dados de comércio exerior são exraídos do BADECEL (2012), a base de dados de comércio exerior da CEPAL (o qual organiza para a América Laina as informações oriundas do COMTRADE banco de esaísicas da ONU). Apesar desses ransornos, o VNB, após sua consrução, revela algumas informações ineressanes sobre a esruura das especializações dos países sul americanos. O desaque remanesce na consaação de que enre os 10 países são exibidos diferenes níveis de vulnerabilidade da paua exporadora, pois há países (que não é por pura coincidência são aqueles que vivenciaram processos de subsiuição de imporações - PSI) os quais em exporações significaivas de manufauras, e por isso, possuem VNB abaixo de 30. Enquano os demais países apresenam níveis de VNB alos devido ao grande peso dos arigos primários nas exporações, porém, com o ranscorrer do empo, odos os dez países iveram imporanes reduções dos níveis de dependência em relação a arigos básicos, o que indica a presença crescene das manufauras ou a maior diferenciação dos iens inensivos em recursos naurais. Enreano, é curioso noar que desde o boom de commodiies a parir de 2003, a maioria dos países em apresenado aumenos do índice VNB (desde elevações leves do Brasil e Chile, aé mais noáveis, como o do 53

54 Equador e Colômbia), e iso sinaliza a possibilidade de que o crescimeno dos preços das commodiies enha alerado a paua exporadora de muios países sulamericanos. Um caso imporane a ser salienado é o do Paraguai, cujas esaísicas de comércio exerior acusam a exporação de manufauras, no enano, poucos desses bens indusrializados são produzidos inernamene devido às excepcionais condições alfandegárias que permie o mercado inundar-se de mercadorias imporadas baraas, as quais são exporadas. Os gráficos abaixo exibem algumas dessas observações: GRÁFICO 11 A EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES VNB DA ARGENTINA, BOLÍVIA, BRASIL, COLÔMBIA, EQUADOR, PARAGUAI, PERU, URUGUAI E VENEZUELA FONTE: elaboração própria. NOTA: a consrução do índice VNB é baseada em dados exraídos do BADECEL (2012). Oura colocação sobre as condições da esruura das exporações dos países sul americanos é que aqueles os quais apresenam em média os maiores valores de VNB são as economias marcadas por fore aividade mineira (Chile, Equador, Bolívia, Peru, e Venezuela). 54

55 GRÁFICO 12 MÉDIA DOS ÍNDICES VNB FONTE: BADECEL (2012). Enfim, com a apresenação deses dealhes, compreende-se como consruiuse o índice VNB, e é percepível que a amosra envolve 10 países com a série anual de 1970 a 2010, ou seja, são 400 observações no oal A axa de câmbio real Oura variável imporane é a axa de câmbio, a qual em caráer real (RER Real Exchange Rae) e segue a coação pelo incero (quanidade de moeda nacional por cada unidade dólar nore-americano US$). Uma descrição simples de como ransformar esse preço macroeconômico em ermos reais é mosrada a seguir: 1 RER NER 1 1 acumuladointernacional acumuladonacional NER refere-se à axa de câmbio nominal (Nominal Exchange Rae), enquano INTERNACIO NAL e NACIONAL, são as axa de inflação inernacional (a dos Esados Unidos) e nacional (que varia enre os 10 países sul americanos). O índice de inflação usado condiz com aquele para deflacionar o PIB, apesar de convencionar-se a uilizar o índice de preços ao consumidor (o CPI Consumer Price Index). O úlimo passo para confeccionar a RER é normalizar no ano de 2005 (ou seja, 2005=100) a expressão 1 RER. Ressala-se que as axas de inflação e de 55

56 câmbio nominal foram obidas, respecivamene, da base de dados do WORLD BANK (2012) e da UNCTAD (2012). GRÁFICO 13 A EVOLUÇÃO DAS TAAS REAIS DE CÂMBIO ( RER) DA ARGENTINA, BOLÍVIA, BRASIL, CHILE, COLÔMBIA, EQUADOR, PARAGUAI, PERU, URUGUAI E VENEZUELA FONTE: elaboração própria. NOTAS: base do índice é 2005 (2005=100). a consrução do índice RERé baseada em dados exraídos do WORLD BANK (2012) e UNCTAD (2012). É percepível que muias das moedas sul americanas aravessaram períodos de alíssima inflação, e que nos anos mais recenes, o conrole inflacionário (seja pela dolarização da economia ou por planos de combae à inflação) permiiu recuperar o valor dessas moedas O índice de preços dos bens básicos exporados pelos países sul-americanos: o PBB Ouro desafio refere-se a criar uma proxy para o preço dos bens básicos ( PBB), pois na paua exporadora dos países da América do Sul há mais de uma commodiy com paricipação significaiva nas exporações gerais, e além disso, há 56

57 muias commodiies que perderam relevância com o ranscorrer do empo, como o café no Brasil, que perdeu a imporância que inha na década de Logo, pode-se fazer em cada ano a média enre os preços das commodiies exporadas pelos países, porém, a consrução dessa média envolve o problema de que cada bem básico er disinas mensurações, por exemplo, o peróleo é mensurado em barris, enquano a soja e o rigo em oneladas. Esse obsáculo é ransposo aravés da simples normalização de cada um dos preços ao longo do empo (2005=100), e assim, consegue-se formar uma média sem essa disorção. Quano às dificuldades inerenes ao fao de algumas commodiies erem perdido imporância no comércio exerior ao longo do empo, essa dificuldade é ransposa aravés de uma média ponderada pela paricipação das commodiies sobre as exporações oais. Dessa forma, uma média ponderada sobre as séries emporais normalizadas logra a formar o índice de preços de bens básicos ( PBB). Cabe comenar que os dados dos preços desses bens foram adquiridos nas bases da UNCTAD (2012) e do WORLD BANK (2012). Na Tabela 2 são exposos os principais bens básicos exporados pelos dez países da amosra: 57

58 TABELA 2 PRINCIPAIS COMMODITIES EPORTADAS PELOS PAÍSES SUL-AMERICANOS AO LONGO DE 1970 E 2010 PAÍS ARGENTINA BOLÍVIA BRASIL CHILE COLÔMBIA EQUADOR PARAGUAI PERU URUGUAI VENEZUELA COMMODITY Carne bovina - cens/kg, nominal$ Milho - Argenina, Rosario, FOB Trigo - Argenina, Trigo Pan Upriver, FOB Proeína de soja - in bulk, 44/45% proein, Hamburg FOB ex-mill Grãos de soja - in bulk, Unied Saes, n 2 yellow, CIF Roerdam Óleo de soja - in bulk, The Neherlands, FOB ex-mill Esanho - Kuala Lumpur Tin Marke, ex-smeler Zinco - special high grade, London Meal Exchange, cash selemen Carne bovina - cens/kg, nominal$ Carne de frango - cens/kg, nominal$ Café - Brazilian and oher naural Arabicas, ex-dock New York ( /lb.) Grãos de soja - in bulk, Unied Saes, n 2 yellow, CIF Roerdam Proeína de soja - in bulk, 44/45% proein, Hamburg FOB ex-mill Peróleo - average of UK Bren (ligh)/dubai (medium)/texas (heavy) equally weighed ($/barrel) Minério de ferro - Brazilian o Europe, Vale Iabira SSF, 64.5% Fe conen, FOB ( /dm Fe uni) Minério de ungsênio 25 - minimum conen of Wo3: 65%, CIF Europe ($/mu Wo3) Barras e cáodos de cobre - grade A, elecroyic wire bars/cahodes, London Meal Exchange, cash Carvão Colombian, $/m, nominal$ Peróleo average of UK Bren (ligh)/dubai (medium)/texas (heavy) equally weighed ($/barrel) Café Colombian mild Arabicas,ex-dock New York ( /lb.) Bananas - Cenral America and Equador, U.S. imporer's price, FOB U.S. pors ( /lb.) Peróleo - average of UK Bren (ligh)/dubai (medium)/texas (heavy) equally weighed ($/barrel) Carne bovina - cens/kg, nominal$ Algodão - U.S. Memphis/Orleans/Texas, Midd.1-3/32", CFR Far Easern quoaions ( /lb.) Proeína de soja - in bulk, 44/45% proein, Hamburg FOB ex-mill Grãos de soja - in bulk, Unied Saes, n 2 yellow, CIF Roerdam Zinco - special high grade, London Meal Exchange, cash selemen Barras e cáodos de cobre - grade A, elecroyic wire bars/cahodes, London Meal Exchange, cash Proeína de peixe - in bulk, 64/65% proein, Bremen, free carrier price Lã - UK 64's Wool (dry-combed basis), New Zealand Wool Markeing Corporaion, Clancon-on Sea, Unied Kingdom Carne bovina - cens/kg, nominal$ Arroz - Thailand, whie milled, 5% broken, nominal price quoes, FOB Bangkok Peróleo - average of UK Bren (ligh)/dubai (medium)/texas (heavy) equally weighed ($/barrel) Alumínio - high grade, London Meal Exchange, cash FONTE: elaboração própria. NOTA: as especificações dos produos, inerenes ao mercado e à mensuração foram iradas da base de dados da UNCTAD (2012) e do WORLD BANK (2012). 25 Tungsênio ambém é conhecido como molibdênio, maéria-prima essencial para a indúsria elerônica. 58

59 GRÁFICO 14 A EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES DE PREÇO DOS BENS BÁSICOS ( PBB) EPORTADOS PELA ARGENTINA, BOLÍVIA, BRASIL, CHILE, COLÔMBIA, EQUADOR, PARAGUAI, PERU, URUGUAI E VENEZUELA FONTE: elaboração própria. NOTAS: base do índice é 2005 (2005=100). Consrução do índice PBBé baseada em dados exraídos do WORLD BANK (2012) e UNCTAD (2012). Como já mencionado na seção 2, houve o impressionane boom dos preços das commodiies a parir de 2003, fenômeno que ransparece no comporameno dos gráficos, porém, é imporane mencionar que alguns países já haviam esemunhado, anes de 2003, imporanes aumenos dos preços de suas maériasprimas exporáveis, como a Bolívia com o esanho e o Uruguai com a lã Ouras observações e consrução do modelo economérico. A variância desses faores ( PBB e RER) enre 1970 e 2010 é ineressane sob o aspeco de que há significaivas disinções enre os elemenos da amosra. O Paraguai configura-se como um dos países que eve ano a axa de câmbio real quano o preço dos arigos exporados com a menor variância com respeio os demais, o que de cera forma, é posiivo, além disso, o Uruguai, o qual apresena 59

60 caracerísicas parecidas (uma esruura agro-pasoril volada para o comércio exerior), ambém demonsra uma baixa dispersão deses faores. Os casos mais exremos de variância são confinados aos exemplos venezuelano e boliviano, em que as condições macroeconômicas do primeiro (mudanças drásicas de regimes cambiais e a convivência com ala inflação) conferem a ala dispersão da RER, enquano no segundo, aribui-se à fore dependência 26 da exploração de esanho, uma commodiy exremamene voláil, a ala variância do PBB. Apesar dessa ala variância no caso boliviano, desaca-se que esse país ambém demonsrou uma das mais baixas dispersões cambiais, o que é surpreendene. A Colômbia ambém apresena uma considerável variância no PBB, devido à ala dependência em orno de um iem de alíssima compeiividade, no caso o café (que em como concorrenes os grãos oriundos do Brasil e da África), possibiliou al oscilação superior aos demais. É perinene comenar que na maioria dos países, o PBB foi mais susceível a dispersões que o câmbio real. GRÁFICO 15 AS VARIÂNCIAS DO ÍNDICE DE PREÇOS DE BENS BÁSICOS E DA TAA DE CÂMBIO REAL FONTE: elaboração própria. NOTA: a consrução dos índices PBB e RER é baseada em dados exraídos do WORLD BANK (2012) e UNCTAD (2012). Enão, com a explicação das variáveis e considerando o marco eórico já apresenado, revela-se a disposição delas denro da seguine lógica maemáica: 26 O Chile, com o ranscorrer de 40 anos, ainda demonsra uma grande dependência dos minérios no seu comércio exerior, porém, recorda-se que ese país é um dos maiores produores de cobre do planea. 60

61 BÁSICOSi MANUFATURAS i f ( i i RER ; PBB ) ou VNB f ( RER i ; PBB i ) i A composição das exporações dos países é deerminada basicamene pela axa de câmbio real e pelo índice de preço de commodiies exporadas por essas economias, a fim de verificar qual desses faores é mais deerminane na aleração de al composição. No enano, desaca-se a possibilidade de comporameno dúbio do índice VNB diane das oscilações cambiais, pois há uma exensa argumenação de que as desvalorizações da moeda nacional possam induzir o crescimeno de exporações manufaureiras; porém, há um imporane argumeno que sublinha os benefícios da apreciação cambial ao basear-se na premissa de que as exporações de bens indusrializados serem inensivas em insumos imporados. Logo, fica esabelecida oura invesigação a ser exraída do ese economérico: se na América do Sul, ao longo do período de 1970 a 2010, a depreciação da axa real de câmbio realmene eve um papel de incenivar a promoção das exporações de manufauras, e assim, reduziu a vulnerabilidade do comércio exerior sul-americano. Quano ao PBB, a influência posiiva dese sobre o aumeno da vulnerabilidade da paua exporadora (iso é, em elevar as exporações de arigos primários) deve-se ao incenivo dado pelos preços das commodiies em valorizar as vanagens comparaivas da América do Sul, as quais se concenram em exporações de maérias-primas bruas. Diane da descrição das variáveis (e sua consrução) e como elas serão disposas, pode-se aplicar o esimador economérico adequado para esar a hipóese raada nesse presene esudo: foi o câmbio ou os preços das commodiies que foram mais imporanes para alerar (nem que seja marginalmene) a paua exporadora? 3.2 ASPECTOS ECONOMÉTRICOS Dados em Painel O presene esudo depara-se com a quesão de avaliar os efeios da axa de câmbio e do preço de arigos básicos sobre a paua exporadora da América do Sul 61

62 numa amosra de 10 países (Argenina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela), em que cada um possui uma série emporal de 40 observações (1970 a 2010). O painel de dados forma uma amosra de dimensões espacial e emporal, iso é, combinam-se as séries emporais dos respecivos países a fim de gerar uma única amosra de (10 x 40) 400 observações. A fim de esclarecer como ocorre essa combinação se faz necessário um exemplo de como isso ocorre. Suponha a Tabela 3: TABELA 3 TAAS DE CÂMBIO REAL DO CHILE E DO BRASIL Ano Países Brasil Chile ,39 83, ,33 100,31 FONTE: elaboração própria com dados exraídos do WORLD BANK (2012) e da UNCTAD (2012). Noa-se que há uma variável (k=1), no caso o câmbio, com rês observações de empo (T=3) e dois cross-secion - dados de core ransversal - (N=2), mas ao consruir um painel depara-se com a seguine junção de dados, dada pela Tabela 4. TABELA 4 TAA DE CÂMBIO REAL DO CHILE E DO BRASIL POSICINADAS COMO PAINEL DE DADOS. Países Ano Grupo (Painel) ,82 Brasil Chile , , ,89 FONTE: elaboração própria. NOTA: axa de câmbio consruída com dados exraídos do WORLD BANK (2012) e da UNCTAD (2012). Logo, êm-se seis observações (n=6) por meio do painel (T x N = 3 x 2 = 6). É assim que é monado um painel de dados o qual proporciona um grau de liberdade significaivo ao aumenar o grau de precisão da esimação economérica, e ressalase que o painel consegue expressar a pare dinâmica (mudança do câmbio ao logo do empo) e o comporameno individual dos elemenos da amosra (core ransversal). Ouro aspeco a ser ressalado sobre essa écnica é a capacidade desa gerar regressões com menor colinearidade enre as variáveis (o que é imporane ao ponderar a relação enre câmbio e preço de commodiies) ao 62

63 proporcionar uma maior variabilidade, além disso, minimiza o viés decorrene da agregação dos países em grandes conjunos (GUJARATI, 2006). Esas são algumas das qualidades dos painéis de dados denro do especro meodológico rabalhado nese esudo, no enano, é imporane relevar algumas especificidades dessa écnica ao comenar sobre as abordagens das regressões com dados em painéis A simples agrupação de dados (pooled) Ese é o modelo mais simples de painel de dados 27 e infere que o inercepo e o(s) coeficiene(s) angular(es) são consanes ao longo do empo e enre indivíduos. y i i u i Algumas vezes essa simples especificação enfrena o problema de auocorrelação do ermo de erro ( u ) para um indivíduo do painel, iso é, o u é alamene correlacionado com o ranscorrer do empo (CAMERON, TRIVEDI, 2005), o que é problemáico 28, especialmene quando T > N. Além disso, perde-se a capacidade de capar as heerogeneidades dos indivíduos da amosra A inclusão de dummies Uma forma de capar as diferenças dos indivíduos denro do painel é incluir variáveis binárias independenes a fim de gerar inercepos disinos na amosra. Pode-se realizar a inclusão de binárias para os períodos de empo, porém, há de ponderar os graus de liberdade da amosra que são adequados nese esudo no qual T> N. y i j N 2 j d j, i i ui i j, se d 1, endo em cona 29 que (N 1) j,i 27 O esimador usado nesa abordagem de dados de painel é o de mínimos quadrados ordinários (MQO). 28 Cabe salienar que al problema pode ser corrigido com a inclusão de uma variável AR (processo auo-regressivo) de 1º ordem. 29 O porquê da suposição de 1 N é necessária devido à armadilha das variáveis binárias que ocorre diane da inclusão de um inercepo. 63

64 Esa especificação é ambém chamada de efeios fixos, no enano, deve-se relevar que a maioria da lieraura sobre efeios fixos, que lida com N>T, somene denomina esa abordagem como a simples inclusão de dummies. O moivo para essa inerpreação por pare da lieraura economérica deve-se ao fao de que a inclusão de muias variáveis binárias pode minar a manuenção de um grau de liberdade favorável (CAMERON, TRIVEDI, 2005). Cabe comenar que essa abordagem ambém é chamada de modelo de covariância, pois o regressor é dado como covariane denro da regressão. O aspeco mais imporane dese modelo é que ese consegue capar a heerogeneidade dos indivíduos ao relacionar os inercepos com os regressores e, além disso, logra a resolver (ou aenuar) o problema de auocorrelação que é dominane no pooled. No enano, al abordagem revela a precaução de que os ermos de erros dos indivíduos possuem a pressuposição de erem uma disribuição normal 2 ( N(0, ) ) idd (independen and idenically disribued), iso é, independene e u i idenicamene disribuída (GUJARATI, 2006) Modelo de efeios fixos (esimador wihin) Conforme já foi mencionado, grande pare da lieraura sobre efeios fixos é desinada à microeconomeria (economeria de cores ransversais), ou seja, lida com amosras em que N>T, e diane disso, não é recomendável a inclusão de binárias para denoar a heerogeneidade não observada. Por isso, criou-se uma abordagem meodológica que consiga capar as diferenças dos dados ransversais, iso é, correlacionar o inercepo com os regressores, e maner um nível óimo de graus de liberdade. O modelo de efeios fixos é reraado nese esudo com a ausência do elemeno de efeio fixo ( i ), o qual é ido como parâmero de perurbação (KENNEDY, 2009), pois o ineresse remanesce na esimação do. As expressões a seguir mosram como isso é realizado: (1) y i i ui 64

65 y (2) i i, onde i i u y 1 T i y i T 1 Effecs): Subraindo (1) por (2), em-se o esimador de efeios fixos (FE Fixed FE (3) yi y ) ( u u ) i ( i i i i É percepível que na expressão (3) o inercepo foi eliminado, porém, pode obê-lo aravés da seguine proposição: FE y i FE i. O principal defeio enconrado na esimação de painel de dados por efeios fixos é que ese remove odas as variáveis explicaivas de aspeco qualiaivo (não variam com o empo), como sexo ou nauralidade Efeios Aleaórios Oura abordagem de regressão em painel de dados, o qual não recorre a dummies para denoar a heerogeneidade não observada, é a de efeios aleaórios, em que se assemelha a de efeios fixos por permiir disinos inercepos no modelo. No enano, a inerpreação desses inercepos é singular em relação à esimação anerior, pois eses são visos como pare do ermo erro, iso é, são idos como aleaórios (assumidas como disribuídas normalmene). Por isso, essa abordagem ambém é chamada de modelo de componene de erros (GUJARATI, 2006). Enão, o modelo de efeios aleaórios possui um inercepo geral que é ido como a variável aleaória, e um ermo erro composo de dois elemenos: um denoa a especificidade dos indivíduos, e ouro, as caracerísicas de core ransversal e série emporal (ou melhor, indica o desvio aleaório de cada indivíduo para a respeciva série de empo). Esa especificação é ideal para siuações na qual o inercepo de cada indivíduo não é relacionado com os esimadores. (1) y i i i ui (2) i i Subsiuindo (2) em (1): 65

66 RE (3) y i i wi, sendo que w i i ui Essa úlima expressão represenação a especificação de efeios aleaórios (Random Effec RE), e conforme já foi mencionado brevemene, é a média dos inercepos aleaórios. Porém, ainda não esá claro como se pode esimar al efeio, mas as equações abaixo auxiliam nesse senido. (4) yi * μ βx i * w i (5) yi * yi θy, e i xi * xi θxi σ (6) θ 1 ε σ 2 σ 2 u ε Para conseguir as variâncias capazes de consiuir (6) é necessário recorrer aos esimadores de efeio fixo e, em especial, de beween 30 (no qual ese úlimo em suas informações desprezadas pelo esimador de efeios fixos) para conseguir os resíduos necessários para a consrução do. (7) (8) σ 2 ε σ 2 u 1 n(t 1) k i n 1 ( y i (k 1) i (y i α x y ) i i (x i 'β B ) 2 x )'β FE i 1 σ 2 T ε 2 Dessa forma, consegue-se confeccionar o esimador de efeios aleaório, e noa-se que ese é uma média ponderada dos efeios fixos e do beween, o qual confere a vanagem de capar caracerísicas que não oscilam com o ranscorrer do empo (sexo, nauralidade). Porém, CAMERON e TRIVEDI (2005) adverem que o painel de efeios aleaórios por observar dealhes que os demais não enxergam, não significa que seja o mais superior; pois se não for especificado correamene, pode acarrear o viés do esimador ao relacionar o regressor ( RE ) com o ermo erro ( w ). Por isso, é necessário avaliar se denro de uma especificação economérica é mais adequado uilizar efeios aleaórios ou fixos. i 30 O esimador beween uiliza a variação do core ransversal e do empo para formar o, e essa abordagem é consisene nos casos em que há a independência enre e o ermo erro. Ese B esimador possui a seguine especificação: y x u (CAMERON, TRIVEDI, 2005). i i i 66

67 Tese Hausman Supondo que o esimador de efeios fixos seja consisene em delinear a heerogeneidade não observada, consequenemene, o modelo de efeios aleaórios será revelado como inconsisene, e nese aspeco, o ese de Hausman é úil ao esar a hipóese nula das caracerísicas individuais não serem correlacionadas com os regressores. Ou seja, se o ese apona a validade da hipóese nula, o modelo apresena aspecos de painel de dados com efeios aleaórios, caso conrário (os regressores êm relação com o ermo erro o qual capa a heerogeneidade não observada), é possível que seja necessário incorporar efeios fixos à regressão (KENNEDY, 2009) Considerações imporanes Uma das complicações presenes nese esudo é a poencial mulicolinearidade oriunda da axa real de câmbio, a qual pode se relacionar de alguma forma com o índice de preço de commodiies. No enano, anes de verificar isso aravés dos faores de inflação de variância 31, uma das formas de amenizar esse problema denro do esimador de mínimos quadrados ordinários é a inclusão defasagens pela abordagem de Almond. Tal inclusão é úil no senido práico, pois denro do problema presene no esudo, a variável câmbio (e mesmo, o preço de commodiies) possui possíveis efeios defasados sobre a paua exporadora, ou seja, é necessário um ou mais anos para a oscilação de um nível de uma variável explicaiva afear a dependene. É imporane mencionar sobre a possibilidade de endogeneidade no modelo economérico, iso é, a composição da paua exporadora pode impacar no câmbio e nos preços das commmodiies. Apesar disso não er sido discuido no exo, a presene pesquisa revela um relaivo cuidado quano a esa possível complicação, e por isso, recorrerá ao Méodo dos Momenos Generalizados (MMG, ou GMM Generalized Mehod of Momens), cuja consrução envolve a inserção de variáveis 1 31 O faor de inflação de variância (FIV) é consruído a parir de FIV i, em que 2 1 R i 2 R i é o coeficiene de deerminação oriundo da regressão da i-ésima variável independene sobre as ouras independenes. E de acordo com KENNEDY (2009), se o faor de inflação de variância ulrapassa o valor de 10, ese apresena colinearidade prejudicial ao modelo. 67

68 insrumenais, o que engloba variáveis independenes originais com defasagens as quais permiem conornar esse problema. Ouro obsáculo a ser mencionado sobre modelos de painel de dados é a inclusão de defasagens da variável dependene como regressores (para aferir maior aspeco dinâmico ao modelo), o qual abre a possibilidade de enviesar a regressão, especialmene quando há efeios aleaórios e fixos nesa, conforme KENNEDY (2009): A ransformação dos efeios fixos subrai o valor médio de cada unidade de cada observação. Consequenemene, cada valor ransformado da variável dependene defasada para essa unidade envolve odos os ermos de erro associados a essa unidade, e por isso é conemporaneamene correlacionado com o erro ransformado. As coisas são ainda piores para efeios aleaórios, pois o inercepo aleaório, pois o inercepo aleaório de uma unidade aparece direamene como um elemeno de ermo de erro composo e como um deerminane da defasagem da variável dependene (KENNEDY, 2009, p. 288). Uma das formas de conserar esse problema de viés é gerando (pelo menos) a primeira diferencial da variável dependene, porém, advere-se que essa ransformação reira a heerogeneidade da amosra, e dependendo do caso (quando se em um grande ineresse em denoar os efeios individuais da amosra), iso é algumas vezes danoso. Cabe comenar que esse consero do viés pode auxiliar denro das séries emporais, o problema de endência. 68

69 3.2.2 Dados não esacionários: um dos principais obsáculos das séries emporais Esacionariedade e raiz uniária As séries emporais assumem uma influência considerável sobre o problema raado nese esudo pelo fao já ciado de que T> N, por isso, é imporane relevar sobre uma das maiores complicações sobre o uso desse ipo de dado: a não esacionariedade das séries. O fao de uma série emporal ser não esacionária significa que esa possui uma endência, iso é, o comporameno de uma série emporal se alera com o decorrer do empo (a média, variância, e covariância dependem do avanço do empo). Em dados como PIB e nível de preços é comum observar a presença de endência, pois ais variáveis sempre endem a crescer conforme ranscorra o empo. Ressala-se que uma série emporal esacionária em geralmene o seu comporameno oscilando em orno de uma média (o que na linguagem maemáica seria análogo a uma função convergene, conforme BUENO, 2007). São exibidas ilusrações a fim de esclarecer o que é uma série emporal diferenciada e como esa perde a endência de crescimeno que é níida na série normal. GRÁFICO 16 PREÇO DO PETRÓLEO CRU SÉRIE TEMPORAL NORMAL COM TENDÊNCIA FONTE: UNCTAD (2012). NOTA: Esse preço é a média do peróleo leve (UK Bren), mediano (Dubai), e pesado (Texas) negociado nos mercados US$/barril. 69

70 GRÁFICO 17 PREÇO DO PETRÓLEO CRU SÉRIE TEMPORAL DIFERENCIADA (ESTACIONÁRIA) FONTE: elaboração própria. NOTA: o preço desse produo, quando diferenciado, oscila em orno do valor médio de 1,92. A quesão em orno dos dados serem não esacionários deve-se à circunsância de que as regressões as quais envolvem eses geram esimações viesadas, além do fenômeno da regressão espúria, em que os valores das esaísicas R² e F são alos, mas os -suden são baixos. Diane dessas graves complicações é preciso verificar a esacionariedade das séries emporais, mesmo diane de painel de dados (ENDERS, 2004). Uma das formas de superar o obsáculo da não esacionariedade é realizar a primeira (e alvez a segunda) diferença da série, ransformando assim, esa numa série esacionária. Por exemplo: a primeira diferença de uma série é dada por Y Y Y 1. Na lieraura economérica, ese conceio é denominado de inegrabilidade da série por meio da noação I (d), a qual indica aravés do d quanas vezes a série deve ser diferenciada para ornar-se esacionária. Por exemplo, se não é necessário diferenciar os dados para reirar a endência, seguese a seguine anoação: I (0). O problema desa abordagem é que essa ransformação faz perder algumas informações imporanes (no caso do painel de dados, a heerogeneidade não observada é perdida) quando é realizada a regressão. Uma das formas mais populares de evidenciar se uma série emporal é esacionária é a deecção de raízes uniárias por meio do ese aumenado de Dickey-Fuller. Tal ese verifica a validade da hipóese nula, que é raduzida no fao 70

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