Semiótica aplicada ao projeto de design
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- Matheus de Mendonça Cipriano
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1 Semiótica aplicada ao projeto de design
2 A ocorrência de um produto é resultante e expressão de um cenário político, econômico, social e cultural, dentro das dimensões histórica e geográfica. O produto está sujeito a interferências várias, determinadas pelas contingências do sistema em que participa.
3 Em sua interação com o indivíduo entram em ação os filtros que atuam nesse processo: filtros fisiológicos (acuidade de percepção), filtros culturais (ambiente, experiência individual) filtros emocionais (atenção, motivação).
4 A percepção do produto dependerá do julgamento a que for submetido. Daí, face a sua estrutura mental, o indivíduo reage ou responde a esse produto. Esse processo de interação é objeto de estudo de diferentes áreas do conhecimento: a ergonomia, a antropologia, etc. Delas, uma é a semiótica.
5 Análise comunicacional em Design Para que algo seja gerado, produzido, empresário e designer se articulam e constituem o lugar que denominamos Gerador. Para projetar/produzir, o Gerador vai lançar mão de um conhecimento que pode acessar, seja do âmbito tecnológico seja do cultural.
6 A partir desse acervo é que o produto toma forma e carrega os elementos que viabilizarão a sua comunicação. Esses elementos serão algo que se destina não só ao usuário, mas a todo um leque de indivíduos que não necessariamente utilizarão o produto, mas o reconhecerão e atuarão para que o produto estruture um processo de identificação.
7 Daí que não empregamos o termo destinatário para essa instância, e sim a de Interpretador, uma denominação mais inclusiva.
8 O Interpretador de um produto não é só o indivíduo único. Ele é multiplicável em vários sujeitos, usuários, consumidores ou não, meros espectadores de uma ocorrência. A mensagem percorre, por diferentes canais, caminhos até chegar ao seu público-alvo, mas não se restringe a esse.
9 O projeto de design pode envolver desde o cliente que contratou o serviço até o usuário ou consumidor final, passando por fornecedores e pessoas que estarão envolvidas na comercialização e na difusão do produto gerado.
10 Portanto, o designer deve conhecer as intenções, metas, exigências e limitações do seu cliente e se preocupar com as características geográficas, temporais e socioeconômicas não só do usuário visado, mas até mesmo da comunidade em geral, e daqueles que dificilmente se aproximarão de fato ao produto.
11 O Gerador e o Interpretador são os interlocutores do processo de comunicação. São elementos ativos no envio e recebimento da mensagem, num processo de alternância de posições com sua reação, o Interpretador passa a produzir mensagens, que por sua vez são processadas (ou não) pelo Gerador.
12 A mensagem tem como objetivos, em primeiro lugar, fazer e crer e, em segundo, levar o Interpretador a fazer algo, tomar uma decisão. Ele é crítico o suficiente para selecionar suas ações em virtude da compreensão da mensagem.
13 O repertório é um recorte do acervo que cada indivíduo constrói no decorrer da sua vida. São todos os valores, conhecimentos históricos, afetivos, culturais, religiosos, profissionais e experiências vividas.
14 O código é o conjunto de signos que compõem a mensagem, perceptíveis ao receptor. O substrato, o meio pelo qual a mensagem é enviada se chama canal.
15 O Gerador é responsável pela escolha das estratégias código, mensagem e canal para se comunicar, mas o repertório do Interpretador será o fator determinante para que os objetivos do processo sejam atingidos.
16 Portanto, é necessário que o Gerador elabore a sua mensagem de modo que os elementos ao passarem por um processo perceptivo do Interpretador tenham repercussão consistente com aquela visada pelo Gerador.
17 Quanto mais o Gerador tem conhecimentos do repertório do Interpretador (e os aplica) maior será a possibilidade de êxito de seu propósito comunicacional.
18 Fatores intervenientes no processo de comunicação
19 Propósito comunicacional: Em todo processo de comunicação há um propósito de transformação de uma situação ou estado. Do desconhecimento para o conhecimento, da junção à disjunção e viceversa. Não há comunicação inocente. Para se dar essa mudança de estado, há dois tipos de processo: o da persuasão e o da manipulação.
20 Persuasão: A persuasão é a estratégia utilizada pelo Gerador para fazer o Interpretador crer em algo. Nessa conduta, o objetivo do Gerador é dar credibilidade à mensagem veiculada. O Interpretador da mensagem precisa estar ou se tornar predisposto à mensagem e isso só acontecerá se ele acreditar no que for apresentado.
21 Persuasão: Estabelece-se assim entre as partes um contrato fiduciário, que é um acordo tácito de confiança. A efetivação da persuasão é indispensável para que o se dê um processo de transformação.
22 Manipulação: No segundo momento, a mensagem comunica pela manipulação do destinatário (somente se este for persuadido). A manipulação é a estratégia utilizada pelo Gerador para que o Interpretador assuma atitudes, comportamentos, conforme a mensagem especificou. Trata-se de um fazerfazer.
23 Manipulação: Nessa conduta o objetivo do Gerador é levar o Interpretador a algum tipo de ação. Há, portanto, um componente persuasivo prévio na mensagem e o estabelecimento também de um novo contrato fiduciário: o prometido vai se efetivar se as pré-condições forem atendidas.
24 As táticas para uma estratégia de manipulação são: Intimidação:em que a punição é vislumbrada. Provocação: na qual um desafio está subjacente. Tentação: quando se acena com uma premiação. Sedução: tática em que há uma tentativa e evocação de envolvimento afetivo.
25 Repertório: Memória, referências, experiência de vida, conhecimento compõem o repertório. É a partir deste repositório que a relação comunicativa se estabelece. Só tem significado o que pode se relacionar com algo já conhecido.
26 Repertório: Para que se efetive um processo de comunicação, é necessário que a mensagem tenha referências ao repertório que o Interpretador partilha com o Gerador.
27 Codificação/Decodificação: Na relação comunicativa, é indispensável que os sujeitos que dela participam tenham o domínio suficiente para o processamento do código escolhido. Este processo se dá tanto na instância do Gerador quanto na do Interpretador.
28 Codificação/Decodificação: O grau de competência para codificação e para decodificação será determinante para a eficácia do processo de comunicação.
29 Utilização do canal: O canal é o meio pelo qual os códigos que compõem a mensagem passam da instância do Gerador para a do Interpretador.
30 Utilização do canal: A eficácia de uma estratégia comunicativa está vinculada à adequada escolha do canal de comunicação: o tipo de suporte para sinais visuais, auditivos, olfativos, táteis, etc.
31 Nível de informação : Em comunicação, o conceito de informação está associado à imprevisibilidade, à novidade. O interesse que uma mensagem desperta está associado à sua originalidade.
32 Nível de redundância: Por oposição, o conceito redundância está atrelado à previsibilidade, à repetição, ao já conhecido e esperado. A eficiência de uma comunicação está na dependência do equilíbrio entre informação e redundância.
33 Nível de redundância: A redundância também se aplica quando a repetição é necessária para garantir a recepção e a fixação de uma mensagem.
34 Nível de ruído: Ruído se refere a toda e qualquer forma de interferência que pode prejudicar a recepção de uma mensagem. O ruído se dá por deficiência de emissão dos sinais do código, de recepção desses mesmos sinais, sejam decorrentes do canal utilizado ou da situação de emissão ou de recepção.
35 Efeitos de sentido: É necessário que, em qualquer projeto, o designer tenha noção de como se dará o olhar das pessoas que terão contato com o produto final. Deve-se prever o modo pelo qual o usuário interagirá com o Objeto, que por meio de sua forma, cores, texturas, materiais, organização, se estrutura como linguagem e comunica como ele deverá ser manuseado.
36 Efeitos de sentido: O designer deverá analisar por que vias haverá a interação entre Interpretador e produto, pois este irá sempre comunicar algo para alguém.
37 Os efeitos de sentido são a resultante de um processo de comunicação: aquilo que se dá no encontro do Interpretador com a mensagem. O conhecimento do Interpretador, de seus valores e de sua cultura possibilita a adequada articulação dos signos para que os objetivos comunicacionais sejam atingidos.
38 Elementos da comunicação: Um produto é formado pela reunião de vários elementos materiais, dimensões, proporção, pelas partes que o compõem, pela organização das suas partes, cores, acabamento, etc.
39 Elementos da comunicação: O produto é definido pela escolha de como cada um desses elementos representará. A escolha de madeira como material estrutural para uma mesa, por exemplo, implica na rejeição de todos os outros materiais, e assim sucessivamente.
40 Exercício: Escolha 3 produtos e defina seus geradores, interpretadores, mensagens, códigos, canais e repertórios dos geradores e dos interpretadores.
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