Seriam as âncoras de carreiras estáveis ou mutantes? Um estudo com profissionais de Administração em transição de carreira 1

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1 Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp Serim s âncrs de crreirs estáveis u mutntes? Um estud cm prfissinis de Administrçã em trnsiçã de crreir 1 Zéli Mirnd Kilimnik 2 Universidde FUMEC, Bel Hriznte-MG, Brsil Andersn de Suz Snt Ann Fundçã Dm Cbrl, Bel Hriznte-MG, Brsil Luiz Cláudi Vieir de Oliveir Universidde FUMEC, Bel Hriznte-MG, Brsil Delb Teixeir Rdrigues Brrs Universidde Federl de Mins Geris, Bel Hriznte-MG, Brsil RESUMO Este rtig present um nálise d evluçã d cnceit de crreir e seus diverss significds, bem cm resultds de estud cmprtiv e lngitudinl de css junt prfissinis d áre de Administrçã, bjetivnd investigr ut-percepções e spirções (âncrs) de crreir. Frm relizds dze entrevists em prfundidde, cm plicçã d Inventári de Âncrs de Crreir de Edgr Schein, tend sid repetid mesm prcess pós dis ns. Cm resultds, âncr Estil de Vid fi mis frequentemente enftizd, em mbs s plicções, refletind imprtânci tribuíd equilíbri entre vid fmilir e trblh. Observu-se, tmbém, que s principis âncrs dignsticds tendem se mnter, lng d temp. Em lguns css, n entnt, s psições se invertem, cm s âncrs secundáris pssnd pr primeir pln. Em utrs, cnstt-se recnfigurçã ds âncrs, sscids trnsições de crreir. Verific-se, ind, que s trjetóris de crreir ds pesquisds trnm-se, cm pssr d temp, mis derentes mdern mdel de crreir, u sej, d tip prten. Plvrs-chve: crreirs; trjetóris de crreir; âncrs de crreir; gestã de crreirs. ABSTRACT: Are creer pths stble r chngeble? A study with prfessinls frm the Administrtin re, in creer trnsitin This rticle presents n nlysis f the evlutin f the cncept f creer nd its vrius menings nd the results f cmprtive nd lngitudinl cse studies crried ut with prfessinls frm the dministrtin re, t investigte their self-perceptins nd creer spirtins (nchrs). Twelve interviews were cnducted in which the Edgr Schein s Inventry f Creer Anchrs ws pplied. The sme prcess ws repeted tw yers lter. The Lifestyle nchr ws the mst frequently fund in bth pplictins, thus reflecting the imprtnce ttributed t blnce between fmily life nd wrk. It ws bserved tht the min nchrs identified tended t remin unchnged. Hwever, in sme cses, the psitins reversed: secndry nchrs becme frefrnt. In thers, it ws pssible t bserve recnfigurtin f nchrs, which is sscited t creer trnsitins. Als the creer pths f thse surveyed ws bserverd t becme, lng time, mre dherent t mre mdern creer mdel, tht is, the prten creer mdel. Keywrds: creers; creer pths; creer nchrs, creer mngement. 1 Agrdeciments: PrPIC/FACE FUMEC e CNPq 2 Endereç pr crrespndênci: Ru d Our, 1920, pt 501A, , Bel Hriznte-MG. Fne: (31) Fx: (31) E-mil: kilimnik@glb.cm

2 44 Zéli Mirnd Kilimnik, Andersn de Suz Snt Ann, Luiz Cláudi Vieir de Oliveir, Delb Teixeir Rdrigues Brrs RESUMEN: Sn estbles cmbintes ls ncls de crrer? Un estudi cn prfesinles de Administrción en trnsición de crrer Este rtícul present un nálisis de l evlución del cncept de crrer y sus diverss significds, sí cm resultds de estudi cmprtiv y lngitudinl de css cn prfesinles del áre de Administrción, buscnd investigr utpercepcines y spircines (ncls) de crrer. Se relizrn dce entrevists en prfundidd, cn plicción del Inventri de Ancls de Crrer de Edgr Schein, repitiend el mism prces después de ds ñs. Cm resultds, el ncl Estil de Vid fue l más frecuentemente enftizd, en mbs pliccines, reflejnd l imprtnci tribuid l equilibri entre vid fmilir y trbj. Se bservó, tmbién, que ls principles ncls dignsticds tienden mntenerse, l lrg del tiemp. Sin embrg, en lguns css, ls psicines se invierten, cn ls ncls secundris psnd primer pln. En trs, se cnstt un recnfigurción de ls ncls, scids trnsicines de crrer. Se verific, demás, que ls tryectris de crrer de ls nlizds se vuelven, cn el psr del tiemp, más dherentes l mdern mdel de crrer, el de tip prten. Plbrs clve: crrers; tryectris de crrer; ncls de crrer; gestión de crrers. Intrduçã Diverss utres têm-se debruçd, em estuds mis recentes, sbre s tems trblh, empreg e crreir, emergind deste prcess expressões cm fim ds empregs, em referênci à reduçã drástic ds vínculs lbris frmis, e surgiment de nvs frms de trblh (Bridges, 1994; Rifkin, 1995; Chnlt, 1996; Freits, 1997; Amherdt, 1999). D mesm frm, cnstt-se expressã cs de crreir, em lusã fim ds crreirs sólids e durdurs e à emergênci de crreirs ut-dirigids e cmprtilhds cm diverss empress (McDniels & Gylbers, 1992; Chnlt, 1995; Freits, 1997; Amherdt, 1999). A crreir, em um perspectiv trdicinl, pde ser vist cm um justment d indivídu um cupçã esclhid u à imgem que el se tribui. Tl prcess de justment implic critéris ds quis se evidenci nçã de hierrqui u de seqüênci de ppéis, cm mires respnsbiliddes, dentr de um mesm cupçã. (Lndu & Hmmer, 1986; Bsts, 1997). N brdgem trdicinl, destcm-se, cnfrme Mrtins (2001), três spects que limitm cnceit de crreir. O primeir é nçã de vnç, cm expecttiv de prgressã verticl n hierrqui de um rgnizçã, à qul se ssci metáfr de escd, que é cmpnhd de sinis de crescente sttus e de gnhs finnceirs. O segund spect é ssciçã entre crreir e prfissã. Um médic, um militr u um scerdte, segund ess cncepçã, terim crreirs, enqunt um funcinári de escritóri, u um perári de indústri, nã s terim. O terceir é pressupsiçã de um estbilidde cupcinl, em que indivídu sempre exerceri tividdes relcinds à su prfissã té psentdri. Assim send, tl cnceit nã incluiri trjetóri de um pess que fsse, cncmitntemente, prfessr de inglês e micrempresári cmercil, pr exempl. A crreir, dentr dess perspectiv, encntrr-se-i, prtnt, mis relcind trblh sslrid e s cupntes de crgs existentes nesss rgnizções. De crd cm Bruch (2004), gerçã tul testemunh despreciment de limites em váris fces d vid e present nvs vlres em relçã à ess e trblh. As implicções desss trnsfrmções sbre s crreirs sã que els trnm-se cd vez mis multidirecinis. Em um perspectiv cnsiderd mdern, pr esse utr, crreir é vist cm um prcess de desenvlviment d empregd, pr mei de um trjetóri de experiêncis e empregs, em um u mis rgnizções (Bruch & Rsenstein, 1992). Tend pr bse tis mudnçs, um cnceit bem mis cndizente cm crreir tulmente trilhd pels pesss prece ser de um cupçã u prfissã representd pr etps e pssivelmente pr um prgressã. Ingressr em um crreir signific vnçr n cminh d vid (Rbert, 1989, p. 259). Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

3 Âncrs de crreir 45 Greenhus, Cllnn e Gdshlk (1999) tmbém prpõem um cnceit de crreir sem s mrrs típics d brdgem trdicinl. Pr esse utr, crreir seri um pdrã de experiêncis relcinds trblh que brnge curs d vid de um pess. Se n pssd s estuds de crreir enfcvm s crgs e cupções d indivídu, n tulidde, dirigem-se, cd vez mis, às sus percepções e utcnstruções ds fenômens de crreir. Em utrs terms, estud d crreir intern e d plnejment pessl de crreir está recebend mir tençã que estud d crreir extern u de seu plnejment de crreir pel empres (Mrtins, 2001). O presente trblh, seguind est tendênci, present s resultds de um estud lngitudinl de css direcind cmpnhment de trjetóris de crreirs, sscid dignóstic de spirções u âncrs prfissinis. Em um primeir etp, frm relizds entrevists em prfundidde, cnjugds cm Inventári de Âncrs de Crreir de Schein (1993) e presentçã de figurs representtivs d crreir, cm 38 prfissinis, luns de prgrm de Mestrd em Administrçã de instituiçã mineir de ensin superir. Pssds dis ns, dze egresss d referid curs, que prticiprm d primeir etp, frm nvmente entrevistds e refizerm Inventári de Âncrs de Crreir, send s resultds qui presentds. Referencil Teóric Amplind nçã de crreir Embr idéi de crreir tenh surgid cm sciedde industril, é pens n sécul XX que el vi encntrr seu plen desenvlviment. McDniels e Gylsbers (1992), prcederem um sistemtizçã ds estuds teórics sbre crreir, prtir de 1900, presentm escl evlutiv de sus cncepções em direçã um definiçã mplid. Segund s utres, cm pssr ds temps, cnceit de crreir fi gnhnd utrs elements, lém d sentid mermente d trblh (u cupçã) que lhe er tribuíd n iníci. Dess frm, flr em crreir ns temps tuis signific vê-l de frm interligd esss utrs dimensões. Signific tmbém que crreir nã é determind priri, é lg ser cnstruíd, sugerind um ppel mis tiv d trblhdr n decrrer d prcess. Além diss, diverss spects d interçã ds cicls d vid, d lzer e ds estils de vid cm cupçã pssrm ser cd vez mis evidencids. Schein (1978), pr exempl, cnceitund que chmu de perspectiv de desenvlviment de crreir, já mencinv necessidde de se estbelecer relções entre utdesenvlviment, desenvlviment de crreir e desenvlviment d vid pessl e fmilir. Pr refletir sbre crreir, seri precis, cnfrme utr, entender s necessiddes e crcterístics d pess, que nã estã ligds pens à vid n trblh, ms sã frut de su interçã cm tds s espçs de su vid. N décd de 1990, s definições mplids de crreir trnrm-se cd vez mis utilizds. Expressões cm espç d vid e prjet de vid precem cnstntemente ns cnceituções psterires esse períd. O fc n cnceit de vid, englbnd seus mis diferentes spects, tis cm necessiddes, desejs, nsiedde, cpciddes, ptenciliddes pessis e tmbém s pressões e cndicinntes mbientis, lém ds respnsbiliddes ssumids n cmp estritmente fmilir, fizerm cnvergir s idéis de desenvlviment de crreir pr própri desenvlviment pessl (Oliveir, 1998). Prcedend tmbém um nálise d evluçã d cnceit de crreir, embr sb um perspectiv distint, Rbbins (1998) cnsider, igulmente, que ppel d Administrçã n desenvlviment de crreir pssu pr mudnçs significtivs em ns recentes. Ele fi d pternlism n qul rgnizçã ssumi respnsbilidde de gerencir s crreirs de seus empregds pi s prfissinis, à medid que esses ssumem respnsbilidde pessl pr seu futur. Pr Rbbins (1998), s cuss desss mudnçs de pstur em relçã à crreir devem-se, em prte, ft de s empregdres nã quere- Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

4 46 Zéli Mirnd Kilimnik, Andersn de Suz Snt Ann, Luiz Cláudi Vieir de Oliveir, Delb Teixeir Rdrigues Brrs rem investir em nerss plns de crreir pr s empregds e, pr utr ld, ft de s empregds nã estrem mtivds prender hbiliddes específics d rgnizçã em que se encntrm, s quis pdem ser incmptíveis cm s hbiliddes necessáris em utrs rgnizções. Além diss, s burcrcis frm prjetds pr trçr cminhs de crreir bem definids pr seus membrs. Els crirm especilists estreits, funcinis, lclizds em um hierrqui de cmds múltipls. Cm s burcrcis frm desmntds gerlmente substituíds pr equipes de funcinlidde cruzd, estruturs chtds e tividdes terceirizds ssim tmbém frm s plns de crreirs. Cm cnseqüênci desse mviment de descentrlizçã empreendid pels rgnizções, plnejment de crreir é um ds funções que gnh utnmi, extmente junt àqueles que vivencim: s empregds. Cncmitntemente, Hll e Mirvis (1995) firmm que, cd vez mis, esses empregds sã, igulmente, vists cm semi-utônms, prfissinis ut-dministrds, cuj segurnç nã está centrd n rgnizçã, ms em sus própris cmpetêncis. De crd cm Oliveir (1998), durnte lgum temp, s rgnizções mntiverm um fls discurs de que crreir er de respnsbilidde d empregd, send que iss, n miri ds vezes, er um tenttiv de escnder ft de fzerem puc u quse nd n sentid de ferecer perspectivs de cresciment s empregds de níveis hierárquics mis bixs. Esse utr, entretnt, citnd Hll e Mirvis (1995), cnsider que situçã se mdificu, ssumind, tulmente, um cráter mis verddeir: ssim cm s rgnizções relmente nã têm cm fzer plnejment individul ds crreirs, s trblhdres, pr utr ld, já nã creditm em prmesss dess nturez. Nvs cncepções de crreir e sus implicções pr s sujeits que vivem d trblh De crd cm Blssin e Cst (2006), cnceit de crreir, cnsiderd cm ds mis cmplexs de se crcterizr, tem sfrid frtes trnsfrmções lng d temp, ntdmente prtir d Revluçã Industril. Cncepções vltds tnt pr áre de frmçã cdêmic u crreirs prfissinis, cm tmbém sã cnhecids, qunt pr s rgnizções u crreirs rgnizcinis, s crreirs n mund cntemprâne tendem ser sscids às trjetóris prfissinis de cd indivídu, independentemente d áre de frmçã, u d rgnizçã em que esss trjetóris se desenvlvem. Segund esses utres, n verdde, crreir mdern trnscende própri existênci de um rgnizçã. Atulmente, vem send dd ênfse tnt às crreirs liberis cm àquels relcinds cm mercd infrml. N Brsil, cnsiderável cntingente de trblhdres desenvlve sus crreirs cupnd lgum funçã dentr d cdei prdutiv d setr infrml. Em resum, crreir, em seu sentid mdern, encntr-se em prcess de desclment tnt n que tnge à áre de frmçã, qunt n que se refere às rgnizções. Já n décd de 1990, Hll (1996) presentv cnceit de crreir prten cm um cntrpnt à crreir rgnizcinl estruturd n temp e n espç, inspird n figur d deus Prteu que, n mitlgi greg, pssuí hbilidde de mudr de frm cmnd de su vntde. De crd cm Hll (1996), crreir prten é um prcess em que pess e nã rgnizçã gerenci su própri trjetóri prfissinl. El incrpr s vrids experiêncis d pess em educçã, treinment, trblh em váris rgnizções, mudnçs n cmp cupcinl, dentre utrs. Esse tip de crreir nã se limit, prtnt, que cntece um pess em um dd rgnizçã. A cntrári, incrpr s própris esclhs pessis de crreir e busc pr utrelizçã. Segund esse utr, el brnge s elements integrtivs e unificdres d vid d indivídu. Sb um utr ângul, pde-se dizer que critéri de sucess é intern sucess psiclógic e nã extern. A crreir prten, cmplement Hll (1996), é desenhd mis pel indivídu que pel rg- Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

5 Âncrs de crreir 47 nizçã e pde ser redirecind, de temps em temps, pr tender às necessiddes d pess. N visã de utrs utres, prém, s mudnçs pels quis pssm s prfissinis, tulmente, pdem ser interpretds cm mers mecnisms de defes, cinds utmticmente e de frm cndicind, pernte s incnstâncis e meçs d mbiente (Clds & Tnelli, 2000; Crvlh & Grisci, 2002). Ness mesm linh, Evns (1996) pnt pr ft de que s crreirs estrim dtnd um cnfigurçã em espirl, em ziguezgue, em substituiçã frmt de escd. Pr esse utr, um trjetóri de crreir em espirl estri muit mis linhd, em mir sintni, cm s necessiddes d nss temp, n medid em que pssibilit desenvlviment de pesss, cm prfundidde e mplitude de hbiliddes, u sej, tnt cm expertise de especilists, qunt cm visã mis mpl, d generlist. Em terms de desenvlviment em espirl, crescent esse utr, s pesss nã seguem pens um únic crreir, ms sim dus, três, u té qutr crreirs diferentes durnte curs de sus vids e, às vezes, de frm simultâne. Apsentdri pr els nã é psentdri, é pens um mudnç em espirl, é um ziguezgue em utr direçã: é um utr crreir, prtunidde de relizr nvs e diferentes tividdes. Nesse cntext, indivídu vê-se cnfrntd fzer esclhs e nem sempre está preprd pr iss. Pr utr ld, esse mesm indivídu necessit se enqudrr em um série de exigêncis d cntext rgnizcinl, cm tmbém pssuir mpl gm de cmpetêncis, que nem sempre se cdunm cm perfil necessári pr trilhr um crreir utdirigid u prten. Tl prdx, u sej, crreir se cnfigurnd r cm utdirigid, r cm subrdind s ditmes d mercd e d cntext rgnizcinl, pde se evidencir n cnfrnt de idéis entre utres que trtm desse imprtnte tem. Segund Lcmbe (2002), prduçã flexível e flexibilizçã estruturl fvrecem prticipçã e integrçã d trblhdr vi trblh em equipe e prvcm um enfrqueciment d víncul crreir/rgnizçã únic. Tl fenômen cnfere um mir pssibilidde de vliçã de su própri vid prfissinl, de mneir prpicir desenvlviment de um prfissã que pss se integrr mis frtemente seu prjet de vid, lém de mir utnmi n prcess decisóri e n t d trblh em si. Sennett (2002), pr utr ld, chm tençã pr ft de que, n md de prduçã flexível, trblh em equipe refrç dminçã sbre s trblhdres, pr mei: (1) d superficilidde de seu cnteúd; (2) d fc ds equipes n mment imedit; (3) d fug à resistênci e cnfrnt, em nme d prticipçã e cmprmetiment. Os trblhdres se deprm cm permnênci d risc em cd prtunidde de trblh cusd pel cultur d mudnç cnstnte e irreversível. Pr s dns d cpitl, risc pde ser cnfrtável; já pr s trblhdres, sugere perturbçã, desrientçã e depressã (Mreir-Albndes & Btist-ds- Snts, 2004, p. 2). A nçã de crreir, entã, enqunt cminh ser trilhd, um cupçã u prfissã representd pr etps e, pssivelmente pr um prgressã (Rbert, 1989, p. 259), perde-se ness nv rdem. El é substituíd pr mudnçs lteris mbígus em que s pesss se mexem pr ld creditnd que estã subind n rede frux (Sennett, 2002, p. 100). As pesss que rriscm fzend mudnçs em rgnizções flexíveis, muits vezes, têm puc infrmçã cncret sbre que implicrá um nv psiçã e só em retrspect cmpreendem que tmrm más decisões (Mreir-Albndes & Btist-ds- Snts, 2004, p. 9). Âncrs de crreir Dentre cnjunt de estuds sbre crreir, merecem destque queles relcinds à investigçã ds crcterístics u ds vlres individuis que se estbelecem durnte frmçã de um crreir u n relçã indivídu-trblh. Schein (1993) define âncr de crreir cm cnjunt de utpercepções reltivs tlents e hbiliddes, mtivs e necessiddes, e titudes Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

6 48 Zéli Mirnd Kilimnik, Andersn de Suz Snt Ann, Luiz Cláudi Vieir de Oliveir, Delb Teixeir Rdrigues Brrs e vlres que s pesss têm cm relçã trblh que desenvlvem u buscm desenvlver. As âncrs prfissinis sã um cmbinçã de cmpetêncis, interesses, spirções e vlres que representm essênci d trblhdr. A âncr de crreir n vid prfissinl de um pess pde ser utilizd cm frm de rgnizr experiêncis, identificr áres de cntribuiçã lng de su trjetóri, gerr critéris pr tips de trblh e identificr pdrões de mbiçã e sucess que pess pde determinr pr si mesm. El serve, prtnt, pr guir, blizr, estbilizr e integrr crreir de um pess. Esse cnceit teve su rigem em estud lngitudinl relizd cm 44 prfissinis que frm re-entrevistds pr Edgr Schein, pós s períds de dez dze ns de cnclusã de seus respectivs prgrms de grduçã. As entrevists fclizvm históri d vid prfissinl de cd pess e s rzões de sus esclhs e decisões prfissinis. Prcedend à nálise ds rzões pr tis decisões, utr cnsttu um clr pdrã de respsts, que lhe permitiu um enqudrment ds similriddes. Observu tmbém que s rzões ds decisões trnvm-se mis clrs, rticulds e cnsistentes cm cúmul de experiêncis n trblh (Schein, 1993). N presente estud, fi plicd um escl de identificçã ds seguintes âncrs de crreir, sugerids pels pesquisdres Schruijer e Tillieu (1996), cm bse n referencil e n Inventári de Âncrs de Crreirs, elbrd pr Schein (1993): Empreendedrism: precupçã cm criçã de lg nv, envlvend mtivçã pr ultrpssr bstáculs, vntde de crrer riscs e desej de preminênci pessl nquil que é lcnçd. Cmpetênci técnic-prfissinl: precupçã cm desenvlviment d períci pessl e especilizçã, cnstruind crreir em um áre técnic específic u determind prfissã. Estil de vid: precupçã em desenvlver um estil de vid cpz de equilibrr s necessiddes d crreir e d fmíli, de md que nenhum dels se trne dminnte. Desfi pur: precupçã primári cm resluçã de prblems prentemente irreslúveis, cm pssibilidde de vencer pnentes durs e de ultrpssr bstáculs difíceis. Autnmi: precupçã cm liberdde e independênci, cm nã ser cnstrngid pels regrs d rgnizçã, cm fzer s ciss su mneir; Segurnç n empreg: precupçã cm estbilidde e cm grnti de empreg, segurnç, benefícis e bs cndições de psentdri. Serviç e dedicçã: utilizçã ds cpciddes interpessis e de jud em serviç ds utrs, cmprmetiment cm um cus imprtnte n vid e cnseqüente devçã el. Gerir pesss: precupçã centrl cm integrçã ds esfrçs ds utrs pr btençã de resultds e cm rticulçã ds diferentes funções de um rgnizçã. Cbe slientr que esclh deste instrument deveu-se ft de ele cdunr-se cm mencind tendênci tul de s crreirs serem utdirigids, u sej, de respnsbilidde ds própris indivídus, que cnseqüentemente, necessitm estr cnscientes de seus bjetivs de vid e vlres em relçã à crreir e desenvlver cmpetêncis dequds pr tl. Métd Em terms metdlógics, este estud pde ser crcterizd cm um pesquis plicd, de nturez qulittiv, que, de crd cm Alves-Mzztti e Gewndsznjder (1999), implic em cnceber pesquisdr cm principl instrument de investigçã. Prtind desse pressupst, esclh d brdgem qulittiv fez-se pertinente, hj vist que investigçã se desenvlveu sb um ótic predminntemente cmpreensiv e interprettiv, que exige d pesquisdr um pstur crític n que tnge à percepçã e ssimilçã de indicdres que uxilirã n clrificçã ds váris fcets d prblem de pesquis. Qunt s fins, pr Gulrt (2002), um estud pde ser crcterizd cm explrtóri n Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

7 Âncrs de crreir 49 medid em que tem cm bjetiv desenvlver, esclrecer e mdificr cnceits e idéis, visnd à frmulçã de prblems mis preciss e hipóteses pesquisáveis pr estuds psterires. Triviñs (1987) firm que s estuds explrtóris permitem investigdr umentr su experiênci em trn de determind prblem. Cnsidernd tis firmções, presente estud pde ser descrit cm explrtóri buscr esclrecer relções, prtir de ctegris ind nã extmente delimitds, cm exceçã d cnstrut de âncrs de crreir, pr qul já fi crid tiplgi, pr Schein (1993) visnd à frmulçã de questões mis preciss à cnduçã d própri estud e u de estuds psterires. Slient-se, tmbém, utilizçã, n segund etp d estud, d métd d estud de css, qul, segund Yin (2004), cnsiste n estud de events cntemprânes, em situções em que s cmprtments relevntes nã pdem ser mnipulds, ms em que é pssível fzer bservções direts e entrevists sistemátics. Prticipntes O estud envlveu dze prfissinis que, pr csiã d relizçã d pesquis, encntrvmse cursnd prgrm de mestrd prfissinl em Administrçã, de um instituiçã mineir de ensin superir. Clet de dds Qunt à clet ds dds, frm relizds entrevists semi-estruturds e em prfundidde, sscids à presentçã de imgens representtivs (metáfrs) de crreir e plicçã d Inventári de Âncrs de Crreir, desenvlvid pr Schein (1993). Pr csiã d cnvite à prticipçã n pesquis, fi slicitd prticipnte levr cnsig, n mment d entrevist, qutr figurs, à su esclh, cletds em revists (mgzines) vrids representtivs de su trjetóri de crreir. De psse desse mteril, prticipnte er submetid à entrevist, cmpst pr três etps. N primeir, er-lhe slicitd discrrer sbre su trjetóri de crreir. Em seguid, pesquisd presentv s figurs esclhids pr representr su trjetóri de crreir e seus significds. Finlmente, er slicitd que preenchesse Inventári de Âncrs de Crreir. A rzã pel qul fi usd técnic de evcçã de metáfrs reside n ft de que às crreirs gerlmente sã sscids terms cm estrd, escld e disput cmpetitiv entre utrs cnceits. Tnt teri frml sbre crreirs qunt s pensments e discurss ctidins sbre crreir estã cercds pr metáfrs (Inksn, 2004). Outr rzã diz respeit ft de que s pesquisdres já usvm esse prcediment em sl de ul e em tividdes de presentçã de luns de nvs turms de Pós-grduçã, cnsidernd-se trnspsiçã d evcçã de metáfrs pr estud dess temátic um interessnte e critiv pssibilidde. Em terms de su relevânci, utilizçã de metáfrs, pr identificçã d sentid que s pesss tribuem às sus crreirs, justific-se n medid em que: pensment é muit mis bsed em imgens d que em plvrs, estnd lingugem verbl diretmente cnectd imgens (visuis, snrs); s metáfrs sã uniddes centris pr pensment, send fundmentis pr frmçã d pensment e d cnheciment, tund nã pens cm meis de expressã ds pensments, ms tivmente crind e mdelnd pensment, n medid em que direcinm tençã e s prcesss perceptuis; e, pr fim, trvés ds metáfrs, estruturs prfunds d pensment pdem ser cessds (Zltmn & Culter, 1995). Sb perspectiv de Zltmn e Culter (1995), um figur represent espelh d mp intern que pess, incnscientemente, us pr rgnizr e entender s sentids que sã percebids. Iss crre n medid em que sã s mdels mentis que dirigem mviment ds lhs e, prtnt, determinm que se enxerg (percepçã), em um figur. Pr mei dest metdlgi, em que se utiliz entrevist sscid à presentçã de metáfrs, esper-se ter cess mund interir de um determind pess e à prtunidde de melhr cnhecer seus nseis e precupções (Krft & Nique, 2002). Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

8 50 Zéli Mirnd Kilimnik, Andersn de Suz Snt Ann, Luiz Cláudi Vieir de Oliveir, Delb Teixeir Rdrigues Brrs Pr nálise de imgens, nve metáfrschve frm cnsiderds crreir cm hernç, cnstruçã, cicl, cmbinçã, jrnd, encntrs e relcinments, ppéis, recurs e históri. Esss metáfrs tum cm estruturs que brcm grnde prte d teri sbre crreirs e cd um present questões específics sbre tem. Junts pssuem ptencil pr primrr s reflexões sbre crreir pr lém d elbrçã de metáfrs fmilires, e prprcinr um cmpreensã mis mpl e brngente sbre s fenômens de crreir (Inksn, 2004). Finlmente, vle ressltr que, pssds dis ns d clet inicil de dds, s prfissinis frm nvmente submetids entrevists, ssim cm respnderm, nvmente, Inventári de Âncrs de Crreir, crcteriznd estud cm de nturez cmprtiv e lngitudinl. Trtment e nálise ds dds Pr trtment ds dds cletds, pr mei de entrevists, fi utilizd técnic de nálise de cnteúd, cnsidernd su dequçã tip de prblem de pesquis e s seus bjetivs, ssim cm, de crd cm Triviñs (1987), s blizments delimitds pel referencil teóric. Os dds btids pr mei d Inventári de Âncrs de Crreir frm tbulds e nlisds visnd à btençã de evidêncis cerc d cnfibilidde d instrument. Pr tl, prcedeu-se à nálise cmprtiv entre s registrs decrrentes d nálise ds entrevists e s resultds d referid instrument. Resultds e Discussã Est seçã nlis evluçã ds âncrs de crreir ds prfissinis pesquisds ns dus etps d pesquis As principis âncrs encntrds em 2005, qund d primeir plicçã d Inventári de Âncrs de Crreir (Schein, 1993), frm: Estil de Vid (37%), Desfi Pur (18%), Serviç e Dedicçã (14%), Segurnç (12%) e Autnmi (10%), sbressind-se, entã, busc pr um mir equilíbri entre s necessiddes d crreir e d fmíli, de md que prfissinl se sint cpz de levr vid à su própri mneir. N segund plicçã, bserv-se predminânci d âncr Estil de Vid, segund Tbel 1, ind que, em lguns css, el tenh se trnd secundári, dnd lugr à âncr Cmpetênci Técnic-Prfissinl. Pel Tbel 1, bserv-se tmbém que n cs ds respndentes E9 e E10, empresáris, mbs n fix de 40 ns e cujs âncrs principis frm indicds n primeir etp d pesquis cm Serviç e Dedicçã e Desfi Pur, respectivmente, crre um mudnç d âncr principl pr Estil de Vid. Tis lterções pdem ser reflexs de um nv estági em sus crreirs, típic de prfissinis que estã chegnd à meiidde, que já btiverm lgum êxit prfissinl e finnceir, e pssm lmejr mir equilíbri entre vid pessl e trblh. Tl âncr, prém, nã pde ser cnsiderd cm exclusiv ds pesss mis mdurs, tend em vist resultds de pesquis desenvlvids pr Rdrigues, Buzd e Kilimnik (2007), cm 50 luns de grduçã, cujs âncrs mis encntrds frm Estil de Vid (39,68%) e Segurnç (19,05%). Verificm-se tmbém lterções ns âncrs inicilmente indicds, tend-se, n cs d entrevistd E2 (cnsultr e prfessr), âncr Estil de Vid cedid su psiçã à utr Serviç e Dedicçã, qul, de crd cm Schein (1993), está sscid crcterístics instrínsecs à dcênci, nv tividde de E2. É tmbém cs de E12 (nlist de Recurss Humns e prfessr), cm diferenç de que nv âncr pssu ser Cmpetênci Técnic-Prfissinl. Em mbs s situções, esse resultd prece refletir trnsiçã pr um intens tividde dcente, n qul pderá ser difícil cntemplr âncr Estil de Vid. Outr spect ser cnsiderd é que, de crd cm Schein (1993), cnceit âncrs de crreir inclui, lém ds áres percebids cm vlres individuis, utr spect referente às cmpetêncis e mtivs ds quis nã se bre mã qund cnfrntd cm necessidde de se fzer esclhs prfissinis. Pressupõe-se, Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

9 Âncrs de crreir 51 Tbel 1 Dds ds Entrevistds e Respectivs Âncrs de Crreir ( ) Códig Idde (ns) Sex Estd Civil N. de Filhs Frmçã e Áre/ de tuçã/ tividde tul Trjetóri de crreir Âncrs principis (2005) Âncrs principis (2007) E1 53 M C s d 2 Frmçã em C. Ecnômics, Adm. e C. Cntábeis Cnsultr de fundçã de pi à pequen e médi empres Cmeçu trblhr muit jvem, especilizu-se em Análise de sistems e fi trblhr em um grnde bnc de desenvlviment esttl, d qul siu pr cuidr de negócis fmilires, que, entretnt nã lgrrm êxit. Pssu tur cm cnsultr de imprtnte órgã de pi pequens e médis empress, cm pssgem pel Diretri de órgã de dirigentes ljists. Pretende tur cm dcente, pós cnclusã d mestrd e, tmbém, relizr utr mestrd. Estil de vid e Serviç e Dedicçã Cmpetênci técnic-prfissinl e Estil de vid E2 32 F C s d 1 Frmçã em Cmunicçã Scil Prfessr e cnsultr n áre de Mrketing de Serviçs Cmeçu trblhr n áre de Mrketing de Serviçs n Ri de Jneir e depis mudu pr Nrdeste nde tmbém tuu cm cnsultr. Psterirmente vei pr Bel Hriznte, nde pssu trblhr cm ssessr de fundçã educcinl de ensin técnic, pr mei de um cleg d curs de mestrd. Antes mesm de cncluir mestrd, pssu lecinr, tividde pr qul vem se dedicnd cm mir intensidde, lecinnd em diverss fculddes. Desfi Pur e Estil de Vid Desfi Pur e Serviç e dedicçã E3 45 F E4 53 M E5 4 M C s d C s d C s d 2 4 Frmçã em Psiclgi Diretr de fundçã e prfessr Cmunicçã Scil Cnsultr de Mrketing e Cmunicçã e prfessr 2 Administrçã Empresári n setr de csmétics Cmeçu su crreir n áre de educçã básic, chegnd ser secretári estdul de Educçã de imprtnte estd brsileir. Atulmente é diretr de fundçã de educçã de nível técnic e prfissinliznte e lecin em curss de pós-grduçã. Cnsider que su inclinçã pr dcênci fi muit influencid pel ft de seu flecid pi ter sid um prfessr renmd. Cmeçu áre rtístic, cm músic, ms ptu pr trblhr em publicidde, n áre de tendiment, embr tivesse interesse n áre de redçã tmbém. Criu um empres n áre de Infrmátic e dus n áre de pesquis de mercd, ms teve que fechr dus dels. Chegu tur cm prfessr, ntes mesm de cncluir mestrd, send hmenged pels luns, ms fi despedid d fculdde em que trblhv e, desde entã, dedic-se à pesquis de mercd. Nunc se dptu em ser empregd, tnt é que briu su própri empres n setr de csmétics e permneci nest tividde, mesm pós cnclusã d mestrd. Desfi Pur e Serviç e Dedicçã Serviç e dedicçã e utnmi Estil de Vid Serviç e dedicçã Cmpetênci técnic-prfissinl e utnmi Estil de Vid Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

10 52 Zéli Mirnd Kilimnik, Andersn de Suz Snt Ann, Luiz Cláudi Vieir de Oliveir, Delb Teixeir Rdrigues Brrs E6 28 F C s d - Te c n l g i d e Prcessment de Dds Atu cm nlist de sistem e já lecinv n áre, ntes mesm de cncluir mestrd. Permnece n áre técnic e n dcênci. Estil de vid e cmpetênci técnicprfissinl Estil de vid e Cmpetênci técnicprfissinl e Desfi Pur Anlist de sistem e prfessr E7 27 F S l t e i r - Administrçã Trblhu em um grnde empres n áre de gestã mbientl e em recurss humns e, pós cnclusã d mestrd, pssu lecinr e tur em um secretri estdul de plnejment, pr indicçã de um cleg de curs. Estil de vid e Serviç e dedicçã Estil de vid Administrdr e Prfessr E8 48 M E9 38 M E10 42 M E11 34 M E12 28 F C s d C s d S l t e i r C s d S l t e i r 2 1 Te c n l g i d e Prcessment de Dds Anlist de sistem e prfessr Administrçã e Direit Empresári - Engenhri Civil 1 Empresári e prfessr Te c n l g i d e Prcessment de Dds Anlist de sistems e prfessr Atuv cm nlist de sistem e já lecinv n áre, ntes mesm de cncluir mestrd. Após cnclusã d mestrd, fi se direcinnd pr crgs de gestã e pssu tur n áre de Administrçã Finnceir. É um ds diretres de um grup de empress de su fmíli que tu n setr de cnstruçã civil e pecuári e nã chegu exercer prfissã n áre de Direit. Já cncluiu seu mestrd e cmeçu lecinr. Cmeçu su crreir, tund n áre de Engenhri, ms depis se direcinu pr dcênci e briu um escl de 2º. Gru pr luns cm dificuldde de prendizgem. Após cnclusã d mestrd, pssu lecinr em curss de nível superir. Atu cm nlist de sistem e já lecinv n áre, ntes mesm de cncluir mestrd. Permnece n áre técnic e n dcênci. - Psiclgi Atuu n áre de Recurss Humns e depis d mestrd, cmeçu lecinr e ssumiu crg de gestã universitári n fculdde em que trblh. Anlist de RH e prfessr Empreendedrism e Desfi Pur Serviç e dedicçã Desfi Pur e cmpetênci técnicprfissinl Estil de vid Desfi Pur Serviç e dedicçã Estil de vid, Segurnç e Empreendedrism Estil de vid Estil de vid e Cmpetênci técnicprfissinl Cmpetênci Técnic Prfissinl e Desfi Pur Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

11 Âncrs de crreir 53 prtnt, que (s) âncr(s) de um determind pess deve(m) permnecer estável(is) lng d temp. Ns entrevists, cntud, pr diverss vezes, s prticipntes fizerm cmentáris sbre cráter situcinl ds âncrs dignsticds, entendend que els nturlmente pderim mudr cm temp e/u, de crd cm s circunstâncis, cm ilustr seguinte relt de E10 (empresári e prfessr): Se eu tivesse respndid esse questinári n épc que eu estv brind meu própri negóci juntmente cm s meus clegs, cm certez ess prte de gestã teri um pntuçã muit lt, prte de utnmi teri um nt muit lt, prte de empreendedrism teri um pntuçã muit lt e tendênci seri bixr um puc s utrs. A prtir d minh experiênci cm vivênci que eu tenh hje, esss nts diminuírm, ess pntuçã diminuiu, pis eu sei dificuldde que é gerir, respnsbilidde que é gerir, trblhr dess mneir é difícil. Entã, hje eu sei e entend que tem que ser cmprtilhd, iss nã pde ser de um pess só, fi prendizd que eu tive. (E10). Em decrrênci desse tip de percepçã, cnsideru-se relevnte replicr questinári de âncrs de crreir, pós determind períd de temp. Cm resultd bservu-se que, n miri ds vezes, embr âncr principl tenh permnecid cm tl, em lguns css, s psições se inverterm e utrs âncrs pssrm pr primeir pln, cnfrme reltd nterirmente. O mencind cs de E1 (cnsultr empresril), cuj âncr Estil de Vid cedeu lugr à âncr Cmpetênci Técnic-prfissinl, trnse um exempl desse tip de crrênci. Esse entrevistd está cncluind um mestrd e plnej cursr utr, pós defes de su dissertçã. Esse ft é prdxl, se cnsiderrms que prfissinl em questã pssu pr séri prblem de súde, puc ntes de inicir curs, tend inclusive tribuíd seu resultd, n primeir plicçã d questinári, à necessidde de cuidr de si e de su fmíli. A que tud indic, nturez de seu trblh tul cnsultri em imprtnte órgã de pi à pequen e médi empres, envlvend crescentes respnsbiliddes e trt cm clientes de elevd nível de exigênci pde estr levnd- relegr su súde segund pln. Outr mtiv pde ser necessidde de se rebilitr d revés sfrid, nterirmente, em su crreir, qund fi brigd encerrr um negóci de fmíli, crretnd em grndes prejuízs. Algums de sus fls refrçm esss dus pssibiliddes: N minh prfissã quem define temp é tividde, necessidde define temp que eu tenh que fzer s ciss, cliente é mis urgente e tud é fcd n cliente, entã ter pciênci eu cnsider essencil. (E1). Eu cnsider renscer sempre um vitóri e símbl que eu cnsider mis frte d rensciment é dquel menininh vietnmit, que é que é Vietnã hje, rensciment. (E1). Bm, pr mim, que é muit imprtnte é ter frç de vntde e frç de vntde eu representei num crrid, u sej, pesr ds prblems pessis, pesr ds prblems de fmíli, vcê tem que prcurr dr tud de si pr cnseguir s bjetivs. (E1). Já entrevistd E4, cnsultr n áre de Mrketing e Cmunicçã, qund d primeir plicçã, indicu Serviç e Dedicçã cm su principl âncr, qul n segund plicçã fi substituíd pel âncr Cmpetênci Técnic-Prfissinl. Nesse cs específic, curis é que tnt entrevistdr qunt respnsável pel trnscriçã perceberm cntrdições entre discurs d entrevistd e su âncr principl, sugerind pssibilidde de que ele nã tenh respndid questinári dequdmente. Nã huve, entretnt, dúvids, n que se refere à su âncr secundári Autnmi qul fi recrrente n segund plicçã e vlidd pel própri entrevistd: Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

12 54 Zéli Mirnd Kilimnik, Andersn de Suz Snt Ann, Luiz Cláudi Vieir de Oliveir, Delb Teixeir Rdrigues Brrs Entã eu sempre prcurei um trblh cm mis utnmi, de fzer s ciss d jeit que eu ch que devem ser feits e sempre prcurei iss, utnmi pr mim é clríssim... Sempre prcurei... Pr exempl, chegv em um empreg e pedi pr bter pnt, h, meu Deus, ch que eu pedi pr sir quse que n di seguinte, eu detest ter hrári rígid pr cumprir e liás um pnt ruim que eu ch em dr ul é que vcê tem que ir, vcê tem que cumprir hrári, ms pr utr ld é utnmi que vcê tem, vcê dá ul d jeit que vcê quer, vcê cri e entã vcê tem um utnmi ttl, 100% de utnmi, dentr de sl de ul. (E4). Segund Schein (1993), s vlres cerc d crreir pdem ser utilizds cm frm de rgnizr experiêncis prfissinis, identificr áres de cntribuiçã lng de su trjetóri, gerr critéris pr tips de trblh e identificr pdrões de mbiçã e sucess que pess pde determinr pr si mesm. N cs de E5, empresári d setr de csmétics, seus relts evidencim clrmente su âncr de crreir predminnte e exclusiv (Estil de Vid): Hje eu estu cm dis filhs, mir prte d meu temp eu dedic em cs, cmpnh menin n escl, reuniões de escl, médic, sempre que minh esps nã vi eu vu, u gente vi junt e nã gst de pensr em um crreir que tem que vijr muit, ficr fr de cs, ter que ficr um semn sem ver fmíli, entã eu estu sempre querend lir ests dus ciss, trblhnd num cis que eu gst e presente em cs, iss pr mim é muit imprtnte, té mis d que s vezes lts sláris e eu tenh migs que cntinurm n mesm empres e hje eles têm crgs melhres que tinhm n épc e qund cnversms eles dizem que melhru tud mens temp pr fmíli, que perdem muit cis vijnd, entã vcê perde muit cis e iss eu nã quer nã, quer deixr espç livre pr iss. (E5). O entrevistd (E5) prece cmprtilhr cm Schein (1993), cncepçã de que âncr prfissinl é um cmbinçã de cmpetêncis, interesses, spirções e vlres ds quis nã se deve desistir, pis eles representm essênci d indivídu; tnt é que briu mã de prtuniddes pr mnter seu estil de vid, cnfrme ilustr seguinte depiment: Aqui que entr estil de vid, fmíli, se nã tiver ligd cm minh fmíli, nã tem interesse... se flr, vcê vi lá pr Mrnhã, pr mim nã tem interesse, vcê vi lá pr s Estds Unids pr gnhr 10 vezes mis, eu nã tenh interesse, nã é só pel dinheir, nã tenh interesse se eu nã estiver junt cm minh fmíli. (E5). Em lguns css, prém, cnsttu-se um lterçã cmplet ds âncrs, que crreu cncmitntemente mudnçs ns trjetóris de crreir ds pesquisds, s quis mudrm de um perfil trdicinl pr um perfil mis sintnizd, cm tendêncis tuis. Tl lterçã fi verificd, tmbém, em relçã entrevistd E8, prfissinl d áre técnic de prcessment de dds, que está grdtivmente migrnd pr áre de dministrçã e pr dcênci, mesm temp em que dquire um visã mis crític em relçã às rgnizções. Sus âncrs iniciis Empreendedrism e Desfi Pur, cederm lugr pr âncr Serviç e Dedicçã (âncr relcind à nturez ds tividdes de ensin). Fi cs tmbém de E9, dvgd e empresári, cuj âncr Serviç e Dedicçã mudu pr Segurnç e Empreendedrism, est últim explicável pel seu crescente envlviment em negócis fmilires. Esse entrevistd (E9) ingressu n tividde dcente, que er su spirçã desde que terminu mestrd. Schein (1993) tmbém firm que s interesses, vlres e cmpetêncis devem servir pr guir, blizr, estbilizr e integrr um crreir e, cm eles em mente, indivídu nã crrerá risc de se trnr um brc sbr ds nds, qui fzend us de metáfrs igulmente. Ele crescent que, qund indivídu nã pssui cnheciment sbre su âncr, incentivs externs pdem tentá-l ceitr situções u cupções Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

13 Âncrs de crreir 55 que nã sejm stisftóris, fzend cm que venh experimentr sensções d tip: iss relmente nã er pr mim. Alguns relts btids nest pesquis frnecem frtes evidêncis em relçã às supsições levntds pr Schein (1993), tis cm depiment de E4, cnsultr n áre de Mrketing e Cmunicçã: Durnte um b prte d minh vid eu tive um grnde dúvid se eu tinh esclhid crreir... A crreir cert, prque n relidde eu tenh um grnde tlent pr músic, eu su um bm músic (...) e eu ptei pr nã desenvlver um crreir n áre rtístic, n áre musicl (...) ptei pr ir pr (...) um trjetóri mis cnvencinl. Entã eu fiz universidde, me frmei em cmunicçã, em publicidde e mesm dentr d publicidde eu nã fui trás d minh grnde pçã n publicidde que seri trblhr n áre de redçã e ptei pr prveitr prtuniddes que surgirm, té cm visã tlvez de curt prz, de ter que trblhr, de ter que dr resultd, entã eu fui ptnd pr prtuniddes que precerm que frm me levnd pr áre de tendiment. (E4). Ess figur qui é um cnfusã, nã é? Est é um figur que nã quer dizer nd, um cnfusã mesm e eu interpretei iss cm se fsse um cnfusã mesm que eu chei cm sempre fi minh crreir té hje e iss se refletiu té mesm ns minhs tuções, té ns empress que eu criei, n relidde eu criei três empress té hje, dus de pesquis de mercd e um que trblhv cm infrmátic. (E4). Agr de qulquer mneir, ess cnfusã, ind té há puc temp trás er muit presente n minh vid, que eu vu fzer, s ciss nã estã dnd cert, nã dã resultd que eu quer, nã dã resultd que precis de dr e eu nã cheguei nde eu queri ter chegd, entã esse ld sempre fi cnfus pr esse ld d cbrnç. (E4). Algums lterções ns âncrs de crreir bservds neste estud, pós segund plicçã d questinári, muit prvvelmente estã relcinds às mudnçs ns demnds ds tividdes prfissinis ds respndentes pós cnclusã de seu mestrd, demnds inclusive riunds d tividde cdêmic, s quis pdem estr levnd-s deixr de ld, ind que temprrimente, determinds vlres e spirções. Além diss, pde ser que s resultds de tis esclhs ind nã tenhm sid devidmente percebids e nlisds pels própris prfissinis, que ensej nvs estuds cm esse mesm grup. Imgens e metáfrs de crreir Ns dze css estudds, s imgens de crreir cm Cnstruçã, Jrnd e Encntrs e Relcinments frm s mis recrrentes, sscids à idéi de fc e direcinment d crreir, de busc de cnheciments, de cnstnte invçã, nvs pssibiliddes e desfis. Outrs metáfrs de crreir tmbém frm identificds tis cm: crreir cm Fmíli, representnd estbilidde, fetividde e trnqüilidde; crreir cm Tecnlgi, simbliznd necessidde de invçã e cntínu tulizçã e, finlmente, crreir cm Cmpetiçã, representd pr figurs cm rlly, mrtn etc. Imgens de crreir relcind Ppéis, Recurss e Cicls, cnstntes d referencil de Inksn (2004) nã frm identificds neste estud. A imgem de crreir Hernç está presente n cs de E3 que explic seu direcinment pr dcênci cm frtemente influencid pel prfissã ptern e, tmbém, pr um verddeir vcçã, diferente d que se pderi imginr, já que s influêncis sciis e fmilires sã freqüentemente sscids esclhs nã-vccinds, em cntrpsiçã às imgens de crreir cm Encixe Perfeit u Cnstruçã. Frm btids imgens que, pesr de pderem ser enqudrds dentr ds ctegris de Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

14 56 Zéli Mirnd Kilimnik, Andersn de Suz Snt Ann, Luiz Cláudi Vieir de Oliveir, Delb Teixeir Rdrigues Brrs imgens sscids à jrnd e à cnstruçã, representm pst, u sej, descnstruçã ds crreirs, descerts, flt de prepr, desrientçã e multidirecinment, tis cm um ccheir vertend em diferentes direções, brcs sbr ds nds, leque e té figurs bstrts representnd um cert cs n crreir, esclhids principlmente pel entrevistd E4, cnsultr n áre de Mrketing e Cmunicçã, que se ressente pr nã ter seguid crreir rtístic. Os chds deste estud tmbém refrçm pressupst de Mrgn (1986) de que nenhum metáfr pr si mesm cntém td verdde. Cncrdms cm Inksn (2004) n sentid de que crreirs, ssim cm s rgnizções, sã entiddes cmplexs; cd metáfr tem sus própris frçs e frquezs, plicbilidde e nã plicbilidde um específic situçã e que verddeir cmpreensã é tingid qund se cnsider um mpl gm de metáfrs, que deverá ser bjet de futurs estuds, mis prfundds, cm desdbrments d presente pesquis. Trjetóris de crreir: Trdicinis u prtens? De md gerl, s trjetóris de crreir nlisds, em um perspectiv lngitudinl, ind que em períd reltivmente curt, de dis ns, indicm tendênci pr crreir d tip prten u sem frnteirs. Ns css de E6 e E11, mbs nlists de sistems e prfessres, tuçã n áre de infrmátic, de nturez técnic e especilizd, sugere enqudrment n crreir trdicinl. N entnt, tl enqudrment nã se present ttl, n medid em que cnsiderrms mviment de ingress n crreir cdêmic, qul present diverss crcterístics típics de crreir sem frnteirs, cnfrme pntd pr Bruch e Hll (2003) e Lcmbe (2005). Já s trjetóris de E1, E2, E3, E4 (pesr de ele cnsiderr su crreir trdicinl, em cmprçã cm de músic), e de E5, E7, E8, E9 e E10 frnecem váris evidêncis fvr d crreir prten, nã smente pel direcinment pr crreir cdêmic, ms tmbém pr presentrem pssgens pr diverss empress, em lguns css, inclusive, brind mã de lterntivs cm mires perspectivs de segurnç e estbilidde. É cs de E1, que pediu demissã de imprtnte órgã públic pr se dedicr negócis fmilires e, tulmente, é cnsultr de empress e sscid imprtnte órgã de pi pequen e micr empresári. Su crreir é lvncd pr diverss trnsições, inicilmente pr tender seus nseis e âncrs de crreir e, psterirmente, mis pr frç de determinds circunstâncis (insucess n recuperçã d empres fmilir). As trjetóris de E1, E2, E3, E4, E5, E7, E8, E9 e E10 indicm clrmente que há mudnçs ns trjetóris de crreir, mtivds pr vriáveis que inflectem sbre cd um ds pesquisds. E2, prfessr e cnsultr de Mrketing de Serviçs, relt um crreir em ziguezgue, em que nã há bediênci um pln predetermind, ms um reçã circunstâncis externs e csinis, cnjugd cm su âncr Desfi Pur e cm um grnde hbilidde em rpidmente crir netwrks em qulquer lcl em que se estbeleç. Assim, multidirecinlidde de su crreir crrespnde à multiplicidde de lcis de mrdi e de trblh: d Ri de Jneir pr Nrdeste, dí pr Mins Geris, nde lecin em váris fculddes. D mesm frm, relt tividdes n áre de mrketing, cnsultri, ssessri e mgistéri. Há um fi cndutr, su frmçã em Mrketing, que lhe grnte um mínim de identidde n crreir, ms que nã impede que est se crcterize cm prten. O relt de E4 é semelhnte: d músic mud-se pr publicidde, nde se divide entre tendiment e redçã, dis fcs de interesse. Tem um cráter empreendedr, tend bert três empress, n áre de infrmátic e de pesquis de mercd. Atulmente, é prfessr e tmbém empresári, fzend pesquis de mercd. Cm E2, demnstr instbilidde durnte determind períd d crreir, cm um tendênci cert estbilidde, ms nã pr mei de vínculs tã frmis cm d trblh sslrid em um únic empres. Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

15 Âncrs de crreir 57 E10 inici crreir cm engenheir, cm empregd, ms deixu engenhri pel dcênci e pel empreendedrism, brind um escl pr luns cm dificuldde de prendizgem. Cm mestrd, pssu tur tmbém n ensin superir. Cm s utrs pesquisds, present diverss mments de trnsiçã em su crreir, em que se evidenci su ut-determinçã. E3 present um cerênci mir, n medid em que tnt su frmçã, cm su crreir se relcinm mgistéri, ms demnstr multidirecinlidde, mudr-se gegrficmente, de um Estd pr utr, e, mudr, ssumir funçã de direçã n ensin médi e, cncmitntemente, pssr tur n ensin superir. E1 inici crreir de frm trdicinl, cm bncári, ms deix um pssível e previsível estbilidde pr ssumir negócis fmilires. Cm esses nã dã cert, pss cnsultr/ssessr e pretende trblhr cm dcente. Observ-se que, cm s demis prfissinis, ele cnstrói um crreir que scil de crd cm sus âncrs de crreir, ms sfrend influênci ds pressões u sugestões d mbiente, que chegm prvcr mudnçs em sus inclinções prfissinis. A crcterístic cmum tds, de frm mis u mens centud, é que nã trçrm e nã estã trilhnd, de ft, um crreir ns mldes trdicinis. Ess crcterístic prten ds respectivs crreirs fz cm que ceitem desfis de mudr trjetóris de crreir, de md mis u mens rdicl, deixnd de imprimir às crreirs um evluçã hierárquic, u liner. Esse cmprtment, indic um cnfigurçã de crreir prten, direcind pels âncrs de crreir ds entrevistds, ms tmbém fetd pr circunstâncis externs e csinis. A cnfluênci de tds s pesquisds pr mgistéri tmbém permite crcterizr esss crreirs cm prtens, um vez que prfissinl d áre está submetid estímuls que se lterm permnentemente, exigind nvs respsts cd situçã legl, institucinl e, té mesm, s que sã decrrentes d relçã dcente-discente, em sl de ul. Cnclusões As trjetóris de crreir nlisds, ssim cm s metáfrs de crreir, revelrm-se exemplres de tendêncis, tis cm necessidde de mpliçã sistemátic ds cmpetêncis individuis e vlrizçã d quisiçã de cnheciments técnics, prém, sscids à busc d desenvlviment pessl. Refletem tmbém busc cmum pr nvs lterntivs de tuçã prfissinl, sem necessrimente bndnr tividde tul, já que se vive um mment crcterizd pel instbilidde e pel cnstnte mudnç. A âncr Estil de Vid fi mis encntrd, ns dus plicções, refletind necessidde de se equilibrr vid fmilir e trblh. Observu-se, tmbém, que s principis âncrs dignsticds gerlmente permnecerm cm tis, ms, em lguns css, s psições se inverterm, cm âncrs secundáris pssnd pr primeir pln. Em utrs css, inclusive, cnsttu-se um recnfigurçã ds âncrs, cncmitntemente cm s trjetóris de crreir ds pesquisds que mudrm de um perfil trdicinl pr um mis sintnizd cm tendêncis tuis. Determinds lterções ns âncrs, muit prvvelmente, estã relcinds nvs demnds d crreir que, prdxlmente, pdem estr levnd lguns prfissinis deixrem de ld, ind que temprrimente, seus vlres e spirções. Nã bstnte tis clcções, nvs estuds sã recmendds, de frm que permitm investigr, mis mplmente, s influêncis de ftres cntextuis e de nvs demnds prfissinis ns âncrs individuis de crreir. Afinl, de crd cm s pressupsts d brdgem de Edgr Schein (1993), nã serim de se esperr mudnçs ns âncrs, em um curt intervl de temp (dis ns), cm s que frm bservds n presente estud. Cbe mencinr, ind, que replicçã d questinári de âncrs de crreir e nálise qulittiv de sus pssíveis vrições permitiu cnsttr que s âncrs permnecerm reltivmente estáveis, cdunnd-se cm s trjetóris Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

16 58 Zéli Mirnd Kilimnik, Andersn de Suz Snt Ann, Luiz Cláudi Vieir de Oliveir, Delb Teixeir Rdrigues Brrs de crreir nlisds, pssibilitnd explicr pssíveis descerts e frcsss, em decrrênci de su nã cnsiderçã u bndn. Vle slientr, tmbém, bservções ds prticipntes qunt à plicbilidde e cntribuições d Inventári de Âncrs de Crreir, cujs resultds frm reiterdmente cnsiderds pr eles cm cerentes sus utpercepções. Referêncis Alves-Mzztti, A. J., & Gewndsznjder, F. (1999). O métd ns ciêncis nturis e sciis: Pesquis quntittiv e qulittiv. Sã Pul: Thmsn. Amherdt, C. (1999). Le chs de crrière dns les rgnistins. Mntrél: Editins Nuvelles. Blssin, M., & Cst, I. A. S. (2006). Gestã de crreirs: Dilems e perspectivs. Sã Pul: Atls. Bruch, Y. (2004). Trnsfrming creers: Frm liner t multidirectinl creer pths: Orgniztinl nd individul perspectives. Creer Develpment Interntinl, 9(1), Bruch, Y., & Hll, D. T. (2003). Creers in cdemi s rle mdel fr creer systems. Jurnl f Vctinl Behvir, 64(2), Bruch, Y., & Rsenstein, E. (1992). Creer plnning nd mnging in high tech rgniztins. Interntinl Jurnl f Humn Resurce Mngement, 3(3), Bsts, A. V. B. (1997). A esclh e cmprmetiment cm crreir: Um estud entre prfissinis e estudntes de Administrçã. Revist de Administrçã, 32(3), Bridges, W. (1994). Jb Shift: Hw t prsper in wrkplce withut jbs. New Yrk: Addisn-Wesley. Clds, M. P., & Tnelli, M. J. (2000). O hmem cmleã e s mdisms gerenciis: Um discussã sócipsicnlític d cmprtment mdl ns rgnizções. Em F. C. P. Mtt & M. E. Freits (Orgs.), Vid psíquic e rgnizçã (pp ). Ri de Jneir: FGV. Crvlh, M. L., & Grisci, C. L. I. (2002). Gerenciment de impressã em entrevist de seleçã: Cmleões em cen [CD ROM]. Em Assciçã Ncinl ds Prgrms de Pós-Grduçã(Org.), Anis d Encntr Anul d Assciçã Ncinl ds Prgrms de Pós-Grduçã em Administrçã, 26. Slvdr: ENANPAD. Chnlt, J. F. (1995). Quis crreirs e pr qul sciedde? (I). Revist de Administrçã de Empress, 35(6), Chnlt, J. F. (1996). Quis crreirs e pr qul sciedde? (II). Revist de Administrçã de Empress, 36(1), Evns, P. (1996). Crreir, sucess e qulidde de vid. Revist de Administrçã de Empress, 36(3), Freits, L. A. (1997). E um crreir prfissinl sólid se desmnch n r...: Um estud psicsscil d identidde. Tubté, SP: Cbrl. Gulrt, I. B. (2002). Estuds explrtóris em psiclgi rgnizcinl e d trblh. Em I. B. Gulrt (Org.), Psiclgi rgnizcinl e d trblh: Teri, pesquis e tems crrelts (pp ). Sã Pul: Cs d Psicólg. Greenhus, J. H., Cllnn, G. A., & Gdshlk, V. M.. (1999). Creer mngement. Orlnd, FL: Hrcurt. Hll, D. T. (1996). The creer is ded, lng live the creer: A reltinl pprch t creers. Sn Frncisc, CA: Jssey-Bss. Hll, D. T., & Mirvis, P. H. (1995). Creers s lifelng lerning. Em D. T. Hll & P. H. Mirvis (Orgs.), The chnging nture f wrd (pp ). Sn Frncisc, CA: Jssey Bss. Inksn, K. (2004). Imges f creer: Nine key metphrs. Jurnl f Vctinl Behvir, 65(1), Krft, S., & Nique, W. M. (2002). Desvendnd cnsumidr trvés ds metáfrs: Um plicçã d Zltmn Metphr Elicittin Technique (ZMET) [CD-ROM]. Em Assciçã Ncinl ds Prgrms de Pós- Grduçã em Administrçã (Org.), Anis d Encntr Anul d Assciçã Ncinl ds Prgrms de Pós-Grduçã em Administrçã, 26. Slvdr: ENANPAD. Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

17 Âncrs de crreir 59 Lcmbe, B. M. B. (2002). A relçã indivídu-rgnizçã: É pssível nã se identificr cm rgnizçã? [CD-ROM]. Em Assciçã Ncinl ds Prgrms de Pós-Grduçã em Administrçã (Org.), Anis d Encntr de Estuds Orgnizcinis, 2. Recife: ANPAD. Lcmbe, B. M. B. (2005). Buscnd s frnteirs d crreir sem frnteirs: Um pesquis cm prfessres universitáris em Administrçã de Empress n Brsil. Em Ibermericn Acdemy f Mngement (Org.), Anis the Ibermericn Acdemy Of Mngement, 4. Lisb: Ibermericn Acdemy f Mngement. Lndu, J., & Hmmer, T. H. (1986). Clericl emplyees perceptins f intrrgniztinl creer pprtunities. Acdemy f Mngement Jurnl, 29, Mrtins, H. T. (2001). Gestã de crreirs n er d cnheciment: Abrdgem cnceitul & resultds de pesquis. Ri de Jneir: Qulitymrk. McDniels, C., & Gylbers, N. C. (1992). Cunseling fr creer develpment: Theries, resurces nd prctice. Sn Frncisc, CA: Jssey Bss. Mreir-Albndes, L. A., & Btist-ds-Snts, A. C. (2004). Qulidde, sublternidde, subjetividde e rgnizçã: O testemunh de um trblhdr e cmpreensã crític de um sistem de gestã pel qulidde [CD-ROM]. Em Assciçã Ncinl ds Prgrms de Pós-Grduçã em Administrçã (Org.), Anis d Encntr Anul d Assciçã Ncinl ds Prgrms de Pós-Grduçã em Administrçã, 28. Curitib: ENANPAD. Mrgn, G. (1986). Imges f rgniztins. Newbury Prk: Sge. Oliveir, F. D. (1998). A crreir prfissinl em trnsfrmçã: Vriáveis que interferem ns estrtégis de crreir ds funcináris d Bnc d Brsil. Dissertçã de Mestrd nã-publicd, Universidde Federl d Bhi, Slvdr. Rifkin, J. (1995). O fim ds empregs. Sã Pul: Mkrn Bks. Rbert, P. (1989). Le petit Rbert. Mntrél: Les dictinnires Rbert. Rbbins, S. P. (1998). Cmprtment rgnizcinl. Ri de Jneir: Livrs Técnics e Científics. Rdrigues, C., Buzd, V., & Kilimnik, Z. (2007). Estil de vid e segurnç: Serim esss s âncrs ds futurs detentres de crreirs prtens u sem frnteirs? Um estud cmprtiv entre luns de grduçã e de mestrd em Administrçã. Em Anis d Cngress Virtul Brsileir de Administrçã. Schein, E. H. (1978). Creer dynmics: Mtching individul nd rgniztinl needs. Msschusetts: Addisn- Wesley. Schein, E. (1993). Creer nchrs: Discvering yur rel vlues. Sn Dieg, CA: Pfeiffer & Cmpny. Schruijer, S. J. L., & Tillieu, T. C. B. (1996). Perspectivs rgnizcinis e individuis sbre s crreirs interncinis de gestres. Em C. A. Mrques & M. P. Cunh (Orgs.), Cmprtment rgnizcinl e gestã de empress. Lisb: Publicções Dn Quixte. Sennett, R. (2002). A crrsã d cráter. Ri de Jneir: Recrd. Triviñs, A. N. S. (1987). Intrduçã à pesquis em ciêncis sciis: A pesquis qulittiv em educçã. Sã Pul: Atls. Yin, R. K. (2004). Estud de cs: Plnejment e métds. Prt Alegre: Bkmn. Zltmn, G., & Culter, R. (1995). Seeing the vice f the custmer: Metphr-bsed dvertising reserch. Jurnl f Advertising Reserch, 35, Recebid: 11/03/2008 1ª Revisã: 10/06/2008 Aceite finl: 26/06/2008 Sbre s utres Zéli Mirnd Kilimnik é prfessr ds curss de Dutrd e Mestrd em Administrçã d Universidde FUMEC-Mins Geris, psicólg, Mestre e Dutr em Administrçã pel CEPEAD/ FACE/UFMG. Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp

18 60 Zéli Mirnd Kilimnik, Andersn de Suz Snt Ann, Luiz Cláudi Vieir de Oliveir, Delb Teixeir Rdrigues Brrs Andersn de Suz Snt Ann é prfessr d Fundçã Dm Cbrl e d Prgrm de Mestrd Prfissinl em Administrçã d Pntifíci Universidde Ctólic de Mins Geris, dministrdr, Mestre e Dutr em Administrçã pel CEPEAD/FACE/UFMG. Luiz Cláudi Vieir é prfessr ds curss de Dutrd e Mestrd em Administrçã d Universidde FUMEC-Mins Geris, Mestre em Litertur Brsileir e Dutr em Litertur Cmprd pel Universidde Federl de Mins Geris (UFMG). Delb Teixeir Rdrigues Brrs é prfessr d curs de psiclgi d FAFICH- Universidde Federl de Mins Geris(UFMG), fi presidente d Assciçã Brsileir de Orientdres Prfissinis (ABOP) n gestã , crdendr d Prgrm de Orientçã Prfissinl d UFMG, psicólg, Mestre e Dutr em Psiclgi Clínic pel Pntifíci Universidde Ctólic de Sã Pul (PUC-SP). Revist Brsileir de Orientçã Prfissinl, 2008, 9(1), pp